quinta-feira, 30 de maio de 2013

- Coquitlam, BC - uma cidade para se morar












Coquitlam é a cidade que escolhemos “forçadamente” para morar no Canadá. Claro que isso é uma simples expressão, mas digo que viemos forçados poque quando procurávamos um imóvel para alugar, foi apenas nesta cidade que encontramos algo que nos atendesse. Na realidade, queríamos ficar em Vancouver por diversos fatores como já mencionados no post “A escolha da cidade”, mas na ocasião da busca, tivemos enormes dificuldades para encontrar um imóvel que aceitasse nossos dois cachorros (ver post “Procura de imóvel em Vancouver”). Apenas em Coquitlam achamos uma locadora “santa” que permitiu nossos dois peludos.

Para a nossa felicidade, ficamos encantados com o local e, pelo tempo que estamos aqui, hoje diríamos que Coquitlam é um lugar para se morar. Mas porque pensamos assim? Bem, vamos aos fatos:








Claro que muitas das características de Coquitlam não são exclusivas desta cidade, e sim aspectos da cultura canadense na forma de pensar, viver e ocupar espaços. Mas cada região do país tem suas peculiaridades, por isso, a escolha do local pode fazer muita diferença na adaptação de um imigrante. Geograficamente a posição da cidade faz toda a diferença nos aspectos físicos, climáticos e até de certos costumes da população e assim, Toronto, Quebec, Montreal, Regina, Vancouver e muitas outras cidades são diferentes umas das outras nos detalhes e nós, de certa forma, tentamos achar alguns pontos que pudéssemos nos identificar para tentar facilitar nosso dia a dia. E onde fica afinal Coquitlam???

LOCALIZAÇÃO

Coquitlam fica na província de British Columbia (BC) e é uma das 21 cidades que compõe a região metropolitana de Vancouver (Metro Vancouver). É considerada região de subúrbio e fica cerca de 10 a 15km a leste desta cidade, portanto, está no Pacific Time Zone. Isso significa que no verão local a diferença de horário para o Brasil (horário de Brasília) é de 4h a menos e no inverno de 5h (UTC-7, UTC-8 respectivamente). Por causa do horário de verão brasileiro, a diferença chega a ser de 6h durante alguns meses. Em termos de dimensão este município tem aproximadamente 122 km² de área, mais ou menos 12 vezes menor do que a cidade de São Paulo. 

Coquitlam basicamente segue o ritmo da província em que está, e uma das principais diferenças de British Columbia das outras regiões do Canadá é a presença forte da natureza. Para quem gosta de locais marcados por paisagens naturais e esportes "outdoor" esta província é o lugar certo, esqueça os enormes "skylines" das cidades grandes e forte concentração de prédios gigantescos. Se quiser matar a saudade da paisagem urbana, Vancouver Downton atenderá um pouco a expectativa pela presença dos arranhas-céu e tecnologia, mas não espere muitos kilômetros de área vertical.






AS PESSOAS

Coquitlam é uma cidade pequena e possui apenas 126.500 habitantes aproximadamente. Para se ter uma idéia melhor do que este número representa, São Paulo tem 85 vezes mais habitantes. A concentração de pessoas também é chocante se comparada à capital paulista, enquanto Coquitlam tem uma densidade demográfica de 1.034 hab/km², a cidade brasileira gira em torno de 7.383 hab/km².  Aqui não há super concentração de pessoas, ao contrário, a galera fica dispersa mesmo!

Como já é comum no Canadá, Coquitlam (assim como toda a região de Vancouver) possui muitos imigrantes, principalmente os asiáticos. Ainda não chega a ser a maioria da população, mas já ocupam uma parcela de quase 40%. Para a nossa sorte, os canadenses ainda são maioria!! Pelo menos isso é o que o Censo de 2011 constatou.







EDUCAÇÃO

Coquitlam é bem estruturado quanto a área educacional. Possui boas escolas públicas com capacidade para atender toda a demanda da região, desde a idade infantil, passando pelo ensino fundamental e secundário até o grau universitário. Além disso, o complexo educacional da região metropolitana complementa o nível de graduação para todos os tipos de cursos. As principais universidades desta província estão no entorno com distância máxima de 15km: University of British Columbia (UBC), Simon Fraser University, Columbia Institute of Technology britânico (BCIT), Emily Carr University of Art and Design e Vancouver Film School (VFS). Esta última é conhecida mundialmente no ramo do cinema.

Aliás, é muito comum estar andando pelas ruas da região metropolitana de Vancouver e ver algumas vias reservadas às filmagens de produções americanas. As paisagens naturais e urbanas locais já são conhecidas por todos, mesmo que não saibam, pois é comum as produções de Holywood serem filmadas por aqui em British Columbia. O mercado do entretenimento é famoso e bem abastecido, o que faz da VFS estar no topo da lista das escolas (no mundo) na formação de profissionais direcionados às produções e animações do cinema e TV. Sendo assim, não se impressione caso trombe com algum artista famoso aproveitando um cafezinho canadense em um esquina desconhecida.




ÁREA DE LAZER E PARQUES

Coquitlam tem um número considerável de espaços verdes abertos, com mais de 80 parques municipais e áreas naturais a disposição da população. É comum estar caminhando pelas calçadas e se deparar com uma placa indicando alguma trilha natural nas proximidades. A cidade é convidativa aos esportes e eventos outdoors pela presença intensa de jardins, parques urbanos e parques naturais. Há espaço para todos os tipos e gostos de pessoas.

Para quem prefere as áreas organizadas, são muitas as opções de parques urbanos que contemplam enormes gramados, bosques, áreas recreativas e quadras de variados esportes. Para os apaixonados por natureza, não faltam opções de parques naturais e reservas com trilhas, rios, lagos e vegetação virgem. Aos finais de semana os piqueniques e churrascos ao ar livre ficam distribuídos em meios às árvores por todos os lados. Existem também os clubes públicos com piscinas que complementam as áreas verdes espalhadas pela cidade.










ESTAÇÕES DE ESQUI

Não daria para escrever sobre uma cidade canadense e não citar a neve. Mas apesar da enorme quantidade de montanhas que rodeiam Coquitlam propriamente dita, não há nenhuma preparada para os esportes de inverno. Mas não precisa desanimar quanto a isso, pois facilmente chega-se a algumas estações de esqui. O acesso é simples e bastam cruzar 35 km para chegar à mais próxima chamada Grouse Mountain. Além desta, num raio não maior do que 45 km alcança-se mais duas opções: Cypress Mountain e Mt Seymour.
Para os apaixonados pela neve, a boa notícia é que precisa apenas dirigir duas horas em direção ao norte de Vancouver para chegar em Whistler, cidade conhecida por estar entre as melhores do mundo para esquiar (ver post “Whistler: umlugar para se conhecer”)


SALMÃO

Em Coquitlam há reservas protegidas de mananciais que suportam populacões selvagens de Salmão Prateado. É comum andar pela cidade e ver sinalizações de rios com presença deste peixe. Por curiosidade para quem não sabe, o salmão é um peixe “híbrido” que nasce nas cabeceiras dos rios e permanece na água doce nos dois ou três primeiros anos de vida antes de ir para o oceano em busca de alimento. Quando chegam à desembocadura do rio, onde a água doce se mistura com a salgada, passa por uma série de transformações que o torna capaz de viver em alto mar, entre elas, a química de seu corpo se altera para permitir a vida em um ambiente com alta salinidade. Uma vez no oceano cresce rápido e, em um ano, retorna ao rio onde nasceu, na época do acasalamento, para se reproduzir. 


Além de todos os itens citados acima, muitas outras características de Coquitlam a faz uma boa opção de cidade para se morar. Mas aí é assunto para outros posts.

E por que gostamos disso tudo??? Porque viemos de São Paulo, selva de pedras, com mais de 11 milhões de habitantes que vivem na correria, confusão e loucura. Não sou hipócrita em dizer que não gostamos de lá, pelo contrário, amávamos a cidade e tudo o que o complexo urbano nos oferecia. Mas com a proposta de mudança de vida, queríamos o oposto do que tínhamos. Digamos que Coquitlam se encaixou perfeitamente no que imaginávamos.













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domingo, 19 de maio de 2013

- Tarefas domésticas no Canadá



Antes de vir para o Canadá, eu tinha algumas curiosidades de como seria lidar com as coisas básicas do dia a dia. Entre as primeiras da listas estava a dúvida de como seria cuidar da casa.

As tarefas domésticas são um pouco difíceis para mim, além de considerar o assunto extremamente chato não tenho a mínima habilidade para isso. Mas infelizmente é uma obrigação da qual não dá para fugir. E por mais que queiramos ser um casal moderno, a maior parte destas atividades sobraram para a "esposa".

E o pior de tudo, é que no meu caso cuidar da casa não é algo familiar, pois nunca tive que fazer atividades "do lar". Quando morava com minha mãe não precisava nem arrumar a cama. Depois que casei, tive o auxílio de uma secretária diariamente, ou seja, sempre passei longe dos afazeres domésticos. Claro que não sou a pessoa mais leiga do mundo, afinal, como uma boa mulher aprendi a fazer um pouco de cada coisa para pelo menos administrar a casa. Mas colocar a mão na massa foi em casos excepcionais. Como agora cuidar da casa já não é mais uma opção, tive que encarar a realidade de frente.

Para a minha sorte, ou menos azar, no Canadá as coisas são bem mais simples. A principal diferença entre os países está na cultura mesmo. Os canadenses valorizam demais o tempo e, definitivamente, gastá-los com obrigações não é a preferência nacional. Até no trabalho o horário é bem controlado para evitar que o tempo profissional invada a vida particular. Se para as responsabilidades já há um controle de horário, não precisa nem falar para as atividades da casa. Por conta disso, existem milhares de "facilitadores" para as tarefas residenciais. E ainda, o conceito de "limpo" por aqui é bem diferente do brasileiro, nada de faxinas extremas, limpa-se o básico e pronto. E o melhor de tudo, é que ninguém morre por isso. Talvez, o exagero esteja no Brasil!!

Somado à questão cultural (e uma coisa justifica a outra), existem dois pontos principais que diferenciam os dois países. Em primeiro lugar, nada de ajuda daquelas que tanto gostamos no Brasil. Secretária doméstica por aqui é luxo, mas luxo mesmo! Além disso, e o mais estranho para os brasileiros, é que não é comum área de serviço. É isso mesmo o que você está pensando, lavanderia em casa é raridade. Não é fácil encontrar imóveis que tenham um ambiente inteiro reservado somente para administrar a limpeza, e isso também é luxo e um privilégio (ou não) para as casas grandes, o que não enquadra a maioria das pessoas. Por isso, geralmente não há tanque de lavar em casa. Não tendo área de serviço e nem tanque, o que dizer do varal. Você até pode usar o seu terraço para estender a roupa, mas acredite, será o único intervindo na fachada do prédio ou "decorando" a vizinhança.

O valor dado ao tempo, mais a ausência da área de serviço e da secretária doméstica, explica todo o resto. Nenhuma mulher que passou o dia trabalhando ou cuidando dos filhos, vai querer gastar horas a noite se matando na organização da casa. Por isso, as opções disponíveis de métodos e ferramentas de limpeza são enormes. Não tem fim a variedade de coisinhas que existem para ajudar no trabalho doméstico. E claro, estamos aproveitando tudo o que está ao nosso alcance. Desculpe a mudança de costume, mas irei me encaixar ao grupo das mulheres canadenses. Menos é mais, ou seja, menos limpeza é mais tempo para lazer. Acreditem, não estou me referindo a "porquisse" ou casas imundas, juro que o resultado é bem satisfatório.


A CASA

O pessoal não tem o costume de usar panos para limpar piso e móveis. O comum é utilizar equipamentos que possam facilitar e agilizar a higienização. A variedade é enorme e, na maioria deles, o pano é substituído por materiais descartáveis com reposição de refil. Em casa temos basicamente três modelos que tem funcionado de forma relativamente bem, desde que aliados ao aspirador, que não pode faltar. O aspirador é usado em todos os ambientes para evitar vassoura e pá. Nos móveis, o espanador resolve e para finalizar usamos lenços umedecidos com produtos apropriados. Estes lenços são bem comuns e já vem prontos em uma embalagens com vários, semelhante ao Baby Wipes. Vidros das janelas (que não são poucos) raramente eu encaro. Uma vez ao mês e olhe lá. Como aqui chove bastante durante outono, inverno e primavera, limpar as janelas por fora é praticamente uma perda de tempo. Por dentro, vai um paninho aqui e outro acolá de vez em nunca. A preocupação está mais na altura do alcance do nariz da nossa cachorrinha (rsssss). No verão eu lavo com mangueira mesma, e ainda assim com uma frequência relativamente baixa. O mais chatinho de tudo é o carpete (que só tem no quarto), mas como já veio no apartamento, tive que aceitar. Diariamente eu o aspiro e, uma vez a cada três meses marido faz uma limpeza profunda utilizando um equipamento apropriado que faz a lavangem do tecido. Nós compramos um, mas para quem não quiser ter o próprio utensilio é possível alugar facilmente em qualquer supermercado ou Home Depot. Produtos de limpeza também estão disponíveis em uma gama grande de opções, mas não são baratos. Por isso, recomendo o uso de equipamentos a vapor que dispensam o uso de tais produtos químicos, além de sere econômicos e eficientes.


AS ROUPAS

No Brasil, as roupas são bem mais caprichadas. Em casa, minha secretária lavava a mão nas partes mais críticas com sabão de côco antes de colocá-las na máquina. Depois as estendia no varal em cabides e passava uma a uma. Era perfeito. Aqui, não faço isso de maneira nenhuma, até porque nem tenho tanque (thanks God). A roupa vai direto para a máquina de lavar e depois para a máquina se secar. Esta última é muito eficiente e deixa a roupa bem macia, sobretudo as toalhas de banho que ficam maravilhosas. Produtos para deixar o tecido perfumado e macio tem aos montes e são ótimos. Mas assumo que não sinto a limpeza tão eficaz como a brasileira, mas jogamos com as cartas que temos! O maior cuidado que devemos ter é que nem toda roupa comprada no Brasil pode secar em máquina, então o risco de encolher algumas é grande.

Passar roupa apenas para casos extremos, ou seja, roupas sociais. A regra é tirar a roupa da máquina de secar e levar diretamente ao guarda-roupa. Se guardá-las ainda quente, não ficam tão amarrotadas e dá para encarar. O problema maior são as camisas, pois estas tem que passar mesmo, não tem jeito. Este é o meu maior sofrimento pois estou aprendendo na raça como fazer. Coitado do marido que às vezes vai trabalhar "meia boca". Mas estou evoluindo aos poucos. As dicas peguei na internet em vários vídeos e estou criando meu próprio método juntando as informações de todos eles. E mais uma vez a Dona de Casa Google me ensinou alguma coisa. O ruim é que levo uma eternidade para passar cada camisa. O tempo que levo para passar uma única, minha secretária brasileira teria feito umas dez. Pelo menos ainda não queimei nada!!!

Mas uma coisa é certa, o tempo gasto no processo de lavar roupa é proporcional ao resultado, quer dizer, infinitamente mais rápido. O Maurício até brinca com isso e diz "é melhor não caprichar muito porque senão ficaremos diferente dos canadenses!". Na verdade, eles nem andam muito desarrumados, a diferença é que eles usam roupas que a manutenção é mais prática. Camisas a maioria veste amarrotada mesmo. Mas aí eu já acho exagero. É melhor não ter camisa!!!

área de serviço "resumida" em um armário

O fato é que se quiser fazer igual ao Brasil também dá. Não estou dizendo que isso é impossível. Se for ao mercado, encontrará vassoura, pá, panos, varal, etc..., talvez o tanque seja um pouco mais complicado. Mas a questão principal é que a mudança abre novas alternativas e, cabe a nós estarmos abertos a elas. A escolha é nossa de mudar ou não. Por questões óbvias, eu e o Maurício escolhemos a deles!!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

- A vida canadense começou, e agora???





Se eu tivesse que traduzir o que temos passado como imigrante em uma única palavra, certamente seria ADAPTAÇÃO.


Ok, ok, ok, eu sei que estou falando um conceito meio óbvio, mas por mais que você saiba disso antes de chegar em um outro país, o processo de adaptação é algo mais forte do que se pode prever.

Tenho a sensação de que voltei a ser criança e tenho que aprender tudo novamente. O único problema é que eu levei 32 anos para conhecer o que sei hoje. Claro que isso é muito pouco frente ao que ainda passarei na vida, mas quando tem que reaprender quase tudo novamente, parece até que eu sabia demais!!!

Além de toda a questão cultural, várias coisas extremamente básicas viraram enormes enigmas. Ultimamente minha vida se tornou uma gigante interrogação e a única expressão impressa no meu rosto é a famosa "cara de paisagem".

O dia a dia ficou complexo e as atividades que antes eram automáticas agora precisam ser pensadas. Ir ao supermercado, ao correio, ao banco, à biblioteca, andar de ônibus, etc, etc e etc, tudo novo e diferente. Já percebi que terei que juntar muitas peças para fazer este quebra-cabeça canadense funcionar, ou senão, será a minha cabeça que vai parar!!!

Por isso, espero que nos próximos posts eu comece a relatar algumas das experiências que estamos passando por aqui, mesmo as mais bobas. 

Até agora escrevi neste blog sobre o nosso plano de imigração e a fase final do processo, ou seja, dos nossos preparativos para vir ao Canadá, onde estamos neste momento. Agora que esta etapa de imigração acabou, já consigo enxergar de forma mais clara o que passamos. Hoje eu faço uma comparação do processo com uma festa de casamento. Quando um casal decide casar e fazer uma cerimônia tradicional, os noivos ficam por um tempo correndo atrás dos preparativos da festa, da lua de mel e da nova moradia. Isso demanda muita dedicação e meses (às vezes anos) em cima de planejamentos e da construção de sonhos e expectativas. Ao fim deste período encantador de festa, viagem e mudança de casa, vem a realidade... E você pensa consigo mesma "bom, casei, a festa foi ótima, deu tudo certo, a lua de mel foi um sonho, minha casa está pronta e..., bem, e..., hã, hummmm, bom, E AGORA??? Qual é o próximo passo?" Depois de tanto tempo cuidando do casório e afins, de repente percebe-se que nem parou para pensar como seria o depois, a parte prática do negócio. E aí vem um processo de adaptação à vida a dois.

No caso dos imigrantes, não é muito diferente. Primeiramente passamos um longo período dedicados ao processo de imigração junto aos órgãos canadenses e correndo atrás de documentos e pagamentos de taxas. Depois de tudo certo nesta etapa, inicia-se os preparativos para a mudança de país e começam novas expectativas e sonhos. E mais uma vez, ficamos muito focados em um único objetivo (imigração) e acabamos deixando de lado os planos do depois, do que virá lá na frente. Após a viagem, vem mais uma vez a realidade e, junto dela, novamente a pergunta: "E AGORA?" De repente, nos encontramos  completamente perdido. Apesar da ansiedade tomar conta de nós dia a dia, temos a sensação de sermos um peixe fora d'água.

Isso definitivamente não é um conto de fadas no qual aparece no final "e eles foram para o Canadá e viveram felizes para sempre..." Esta história não tem um fim depois que se faz a imigração, pelo contrário, tem um começo. Agora estamos numa nova fase da vida, nada fácil, mas gostosa. Começamos o momento das descobertas.

Diferente de tudo o que fizemos até hoje, teremos que ficar um período sem muito plano definido e muitos objetivos, pois ainda não sabemos nem o básico do país. Sem conhecer direito onde pisamos, não dá para inventar muita coisa. Como já percebemos que se adaptar não será algo automático, que basta apertar um botão e resolveu o assunto, estabelecemos que daremos a nós mesmos um tempo para adaptação, ou seja, o plano mais simples possível. Até hoje fizemos milhares e milhares de coisas simultâneas. Foram empresas, cursos, viagens, especializações, trabalhos, tudo junto, uma coisa atropelando outra e, foi tudo exatamente esta enorme bagunça que nos levou ao estresse extremo. 

Como nossa principal proposta de imigração é a mudança do modo de vida, e isso inclui o nossos próprios costumes, então nada de grandes ambições para o próximo semestre, já basta estarmos aqui. Querendo ou não, é um choque de cultura, além das questões emocionais por estarmos longe da família e amigos. Faremos o básico do dia a dia e tentaremos curtir um pouco as coisas simples. Pela primeira vez tentaremos deixar a "vida nos levar". Daremos um "time" para as peças deste quebra-cabeça se encaixar.

O Maurício já está trabalhando (thanks God) e quer se aprofundar nos conhecimentos técnicos da profissão através das próprias experiências que já está passando. Além disso, quer aperfeiçoar o inglês. No meu caso, começarei bem da base, inciando pelo aprendizado do idioma. A única coisa que farei será um curso de inglês e, talvez mais para frente (quem sabe) fazer uma pós graduação na minha área predileta. Mas isso será algo a se pensar depois.

O que eu posso dizer é que viemos atrás de uma nova forma de viver e é isso que vamos buscar. Queremos evitar erros já cometidos e queremos aprender uma nova forma de ver o mundo e outros valores diferentes dos já adquiridos.

Ainda é tudo muito desconhecido para pensarmos no futuro ou em algo a longo prazo. E o que vai acontecer de fato daqui uns meses? Pela primeira vez direi que "a vida vai nos mostrar". Será que conseguiremos viver com esta naturalidade???

Só o tempo nos dirá. O que posso dizer hoje é apenas o seguinte: estamos aqui e vamos tentar aproveitar o máximo que pudermos!!!


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domingo, 12 de maio de 2013

- Dona Rose (Mãe da Priscila)






No dia das mães, nada mais natural que o post seja dedicado a elas e, neste caso, o texto será sobre a Dona Rose, minha mãe (Priscila):



"O que dizer da minha mãe... Bem, isso não é algo fácil, pois descrever sentimentos é praticamente impossível. Passar o dia das mães longe dela é inédito e posso dizer que não é nada agradável. Mas como hoje é dia das mães, focarei o post nas coisas boas.

O que dizer da Dona Rose (abreviação de Rosangela)?


É uma pessoa de gênio bem rígido, para não dizer difícil (rsss). De personalidade forte, sabe o que quer e briga pelo que acredita ser certo. Quem a conhece sabe, é a pessoa mais brava do mundo, se fosse do exército, certamente estaria no topo da cadeia hierárquica.


Mas mais do que isso, é pessoa mais justa que conheço, e talvez a mais justa do planeta. Se pudesse seria Robin Hood, mas não para defender os pobres, e sim, para defender quem precisa.  Poderia ser juíza pois sabe avaliar as situações com imparcialidade e defender o lado certo.


Tem um coração enorme. Sabe aquela frase "coração de mãe sempre cabe mais um"? No da minha mãe isso é literal. Acolhe quem precisa, ajuda como pode, faz de tudo pelo melhor do próximo, desde que a necessidade seja verdadeira e não oportunista. Por toda a vida cuidou de muita gente e ajudou a criar pessoas além dos próprios filhos. É generosa e com um coração sem limite. Coloca todos acima de si própria. Nunca vi pessoa igual. Sempre está de braços abertos!


Guerreira, não foge de nenhuma batalha. Sabe apoiar e encorajar como ninguém. E de uma forma incrível sempre tem a palavra certa para falar nas horas difíceis. É boa confidente e amiga verdadeira. Não sabe ser falsa, nem quando deveria (rssssss)!Sabe ser compreensiva e estar ao seu lado.


Mas o mais importante de tudo, é uma mãe de verdade. O que eu quero dizer com isso? Que ela da forma mais simples e amável sempre foi e ainda é uma mãe em todos os sentidos de que um filho precisa. Tive esta sorte na vida.


Quando eu e meu irmão éramos crianças, fez o papel de "super mãe". Ela foi do tipo de ler histórias de contos de fadas e preparar a lancheira para a escolinha, com direito a sanduíches e frutas picadas. Ajudou nos estudos, feiras de ciência e sempre foi participativa em tudo. Foi aquele tipo de mãe que fez lição de casa junto e arrumava impecavelmente nossos uniformes. Bordou muitas fantasias do ballet e sempre estava aplaudindo as apresentações. 
Torceu na natação, cantou junto nas aulas de violão e piano. Preparou festinhas de aniversário e teve paciência com os filhos para entender cada vontade infantil que tínhamos. 

Preparou lanches, fez brigadeiros, pudim, pipoca e milkshake. Bricava de bolinha de sabão. Foi mãe multitarefas e se esforçou para estar com todos a toda hora.


Entre todas as dificuldades que ela e meu pai passaram nesta época, não deixou que nada nos faltasse. Nos fez viver as fantasias de crianças, nos apresentou Papai Noel e nos mostrou o Coelhinho da Páscoa. Teve cuidado nos momentos de aperto para passar despercebido por nós quando ainda éramos pequenos. Ensinou as dificuldades da vida e nos passou os valores.


Mostrou o que era responsabilidade e nos deu o divertimento. Montou cabana com cobertor, fez teatro, dançou junto, assistiu filmes no meio da tarde. Passou noites e noites em claro quando estávamos doentes. 


Quando éramos adolescentes, foi presente e nos educou. Mostrou o que é respeito e exigiu isso de nós. Nos deu formação como profissionais e como cidadãos. Viajamos juntos. Nos mostrou partes do mundo. Apontou as oportunidades.


Hoje, além de mãe é uma super amiga. Oferece colo e ombro nas horas de tristezas e de alegrias. Ri junto. Abraça, beija e diz que nos ama. Está sempre do nosso lado.


Eu e meu irmão temos obrigação de sermos boas pessoas, pois fomos criados por nossos pais com muito amor, carinho, apoio e compreensão. Fomos rodeados por sonhos e realizações. Aprendemos a lutar. E o principal de tudo, nossos pais nos ensinaram o real significado do amor e que devemos lutar pela felicidade.

Mama, mais uma vez quero lhe agradecer por ter sido minha mãe. Nunca conseguirei retribuir ou expressar minha gratidão, sobretudo por sempre estar presente.

Pai, obrigada por ter casado com minha mãe e terem juntos, formado a nossa família.

Amo vocês!!!

Pri"










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- Happy Mother's Day



Feliz dia das mães a todas as mamães!!!



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domingo, 5 de maio de 2013

- Dia D - a hora de ir - A vez dela




Finalmente chegou o dia "D", 22/04/2013.


E pela primeira vez fiz uma viagem sem data marcada para a volta. Nestes últimos meses foram tantas idas e vindas que nem conseguia imaginar a possibilidade de não voltar, pelo menos não tão cedo. A sensação realmente era estranha e uma enorme mistura de sentimentos. Tristeza sem tamanho por dar tchau para a família e felicidade por reencontrar o maridão.

Neste momento, estou escrevendo este Post já estando no Canadá. Na correria, não consegui postar nada antes... Mas antes tarde do que nunca!!

No próprio dia da viagem já estava tudo pronto, bastava fechar as bagagens. Aproveitei para tomar um café da manhã gostoso com meus pais e separar pequenas coisinhas que ainda estavam para fora da mala. Às 15h fomos para o aeroporto, em dois carros pois eu havia planejado 04 bagagens grandes. Sem tumulto, foram comigo minha mamãe, meu papai e meu irmão. Logo que chegamos entramos na fila e o pessoal da Air Canadá já me pediu que pesasse as caixas, antes mesmo de fazer o check in. Como já sabia, estavam dentro das conformidades, e simplesmente paguei os excessos como já esperado.

A pior hora foi a de dizer tchau. Segurei o choro o máximo que pude pois não queria mostrar fragilidade aos meus pais e, assim evitar preocupações. Mas foi só eu passar pela imigração que bateu o desespero! Aí sim, fiquei chorando enquanto aguardava meu vôo.

Não vou escrever nada sentimental neste post pois preciso de muitas linhas para descrever o que senti.

De qualquer maneira, lá fui eu para a maratona aérea. Para mim isso não foi nenhuma novidade pois nos últimos 90 dias fiz a mesma viagem três vezes. Eu já sabia o repertório dos horários, filmes do avião, refeições e etc. A novidade foi que pela primeira vez um canadense sentou ao meu lado. Confesso que foi ótimo, pois no momento de ansiedade que eu estava, ele ajudou muito me divertindo e conversando bastante. Durante a viagem ele contou as aventuras que passou no Brasil e falou do próprio Canadá. Neste momento, ter um canadense simpático e receptivo ao lado foi bem confortante para mim que estava prestes a conviver com estes nativos.

O engraçado é que ele comentou que achava impressionante como o brasileiro é amigável. Disse que achava muito legal a maneira receptiva do país e interessante a maneira que as pessoas interagem com os estranhos, conversando com qualquer um e a qualquer hora. Segundo as palavras dele, "todo mundo é amigo de todo mundo". E a ironia disso tudo, é que o próprio canadense é assim. Eles mesmo não percebem isso pois vivem o cotidiano e estes detalhes passam despercebidos. Mas eu, como imigrante, digo claramente que os canadenses são muito simpáticos e educados. É fácil distinguí-los dos estrangeiros que vivem no Canadá. Se uma pessoa desconhecida passar por você, cumprimentar e lhe desejar um "bom dia", pode ter certeza de que é um canadense. Talvez eles não sejam tão calorosos como os brasileiros, que oferecem a casa para qualquer um, mas da maneira deles, são muito receptivos e ajudam muito as pessoas que acabam de chegar.

Voltando à maratona do aeroporto, fiz conexão em Toronto onde já passei pela imigração e, coincidência ou não, pela primeira vez recebi do agente um "Welcome back home". Na hora de retirar as bagagens, precisei da ajuda de um "carregador" do próprio aeroporto, pelo valor de CAN 10,00.  Depois disso, mais 5 horas de vôo para Vancouver.

Chegando em Vancouver, foi uma enorme alegria dar uma abraço no maridão que já estava no saguão me aguardando. Desta vez, ele mesmo pegou as pequenas malas de mais de 30kg. Chegando em casa, na nova casa, fui recebida com festa pela Jesse que estava super feliz e abanando muito o rabinho.

E foi no dia 23/04/2013, em um dia de céu azul com temperatura de 12 graus, que começamos mais um capítulo da nossa história....

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