sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

- Tempo para refletir



Gente, eu simplesmente adoro escrever aqui no blog. Acho uma delícia contar as histórias, mostrar os fatos e ver que muita gente torce por nós. De maneira bem despretenciosa, eu comecei este diário que foi ganhando espaço e importância na minha vida. Tornou-se uma forma de registrar acontecimentos, expôr ideias e, involuntariamente, dar uma pequena ajuda a algumas pessoas que pensam em vir para cá ou já vivem algo parecido. 

Tenho dividido muitos dos meus pensamentos com bastante carinho e sinceridade, mas devo admitir que ultimamente tem sido difícil manter o blog atualizado no meio da correria. Certamente vocês já perceberam isso.  E apesar deste novo hobby ter se tornado tão importante, vou tirar umas férias de tudo. Juro que será breve. Não pretendo encerrar o blog de maneira nenhuma. Muita calma nesta hora! Vou mantê-lo ativado e continuarei a responder os comentários. Só vou parar temporariamente de publicar posts. 

Espero voltar a compartilhar várias histórias em breve, quem sabe logo no início do ano que vem? É só falta de tempo mesmo. Marido e eu vamos aproveitar este fim de ano para descansar e refletir um pouco, assim, estaremos com a mente renovada para dividir mais um monte de novidades! Nós já temos um monte de histórias para contar... Juro! Vamos alí fazer umas coisinhas e já retornamosSerão apenas umas férias, aliás, muito merecidas!!!! 

Devo admitir que este ano foi beeeeeeem intenso desde o primeiro mês, com muitas emoções envolvidas. Quem acompanha a nossa história sabe que começamos 2015 com uma difícil batalha que deixou os nossos corações relativamente desequilibrado. E isso refletiu muito no decorrer do ano. Sabemos que sempre há uma razão para cada circunstância e lá na frente tudo fará sentido. Hoje estamos confiando de que o futuro reserva boas surpresas para nós. Temos convicção de que nenhuma luta foi e será em vão. 

Até lá, agradeço imensamente o carinho dos leitores que vem acompanhando a nossa história desde o início, ou desde o fim para aqueles que começam a ler de trás para frente (rssss). Obrigada pela paciência de esperar os nossos contos, desabafos, alegrias, conquistas e tudo o que vem no pacote da imigração. Obrigada pelos comentários e participação.

Que 2016 seja maravilhoso a todos. Que este próximo ano venha com energias renovadas para fortalecer a coragem que precisamos para transformar ideias em planos, planos em caminhos, e caminhos em realizações. Que a nossa fé seja capaz de mudar o mundo, virar o eixo, trocar as direções, compôr novos sentidos, e criar asas para nos fazer voar. E que o nosso futuro não fique apenas restrito ao ano que vem, mas que seja o início muitas realizações.

Desejo a vocês, amigos e cúmplices de blog, muita saúde, amor e união, porque o resto a gente corre atrás!


Bora entrar em 2016 com tudo!!!!

Obrigada!


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

- O paradoxo do imigrante

 

Quis viver longe de casa?
“Get over it, princess. If you can...”

É engraçado como a vida nos prega peças… Eu tenho plena convicção de que não temos controle sobre a vida. Por nossas decisões sim, mas as consequências… aaah as consequências… estas nem sempre são como esperadas. A gente vai lá, faz planos, estuda possibilidades, lê a respeito, pensa nos pros, nos pros novamente (porque os contras geralmente a gente deixa de lado), e finalmente opta por um caminho quase que certo. E mesmo que a trajetória esteja seguindo rumo ao esperado, existe aquela sensação de que algo está faltando. Parece que tem um espaço para completar. A gente corre, corre, corre e corre mais um pouco para tentar alcançar metas e viver um sonho. Vamos completando as lacunas como se a vida fosse um quebra-cabeça. E mesmo que você tente ser um super herói para ter tudo o que quer, tem a sensação de que ainda há um fragmento deste puzzle em aberto. Aí você se dá conta de que tinha razão e realmente ainda tem uma peça faltando, e o pior, que sempre haverá um espaço em branco, um vazio que nunca será preenchido.

Gente, eu não estou louca, não virei escritora e nem poeta.  Também não estou querendo fingir ser terapeuta. Apenas percebi que vivo um eterno paradoxo. E por que isso? Porque eu sou o tipo de pessoa que gosta de olhar para frente e enfrentar a vida. Sabe aquela história “é melhor se arrepender de ter feito do que de nunca ter tentado”? Pois então, sempre segui este pensamento. Na dúvida, é melhor fazer! E nem precisa mencionar que viver em outro país foi uma destas decisões de “arriscar” e tentar o desconhecido. “Vamos lá Priscila, corre que a vida está aí para te dar a chance de tentar.” E tudo isso é muito legal, viver criando experiências dia a dia. Mas agora que estou aqui, percebi que estarei incompleta mais do que nunca. Viver no Canadá significa estar sem a minha família por perto. Voltar para o Brasil, implica em abrir mão do meu novo modo de vida. Não tem jeito, os dois eu nunca terei. E de agora em diante, viverei arrependida de qualquer maneira, ou por ficar aqui ou por voltar. 

Eu percebi que quanto mais exploramos, mais descobrimos. Quanto mais experiências passamos, mais crescemos. Mas quanto mais vivemos, mais incompleto ficamos. Não parece loucura??? De agora em diante, além de agradecer as oportunidades, eu também lamentarei pelo o que não vivo. Agora sentirei o eterno arrependimento de estar aqui ou lá, de ficar ou voltar. Aqui, sentirei a dor da ausência dos meus pais na minha vida e, a minha ausência na vida deles. Do tempo estar passando para todos… Claro que isso pode parecer insensatez, mas quando deixamos o país, por algum motivo inexplicável, temos a sensação de que só nós estamos mudando. Parece que o tempo só passará para nós. No fundo, é o que queremos. De forma egoísta, eu queria mesmo era poder parar o tempo para as pessoas que eu amo para que sempre estivessem ali, do mesmo jeitinho que estavam quando vim embora. Quando decidi imigrar, eu estava determinada em olhar para frente. Eu não quis olhar para trás. Me foquei no que ganharia. Não imaginei o que perderia. O fato é que eu não quis ser realista. Evitei enfrentar a verdade. Todo mundo fala das dificuldades de adaptação, do idioma, da cultura. Eu mesma só falo nisso. Mas a maioria das pessoas evitam se aprofundar na maior dificuldade, que é viver longe da família. A gente menciona isso de forma muito superficial como se fosse algo administrável. Não é. A verdade pura e simples é que não sabemos lidar com esta ausência. Todo mundo já ouviu falar que a palavra “saudade” é exclusiva da língua portuguesa. E quer saber? Nem no português e nem em nenhum idioma existe uma palavra capaz de explicar esta falta. Não é saudade, não é “missing”, não é distanciamento, não é nada disso. É algo mais forte. 

Eu procuro razões para ficar, porque isso é algo que eu realmente quero. É uma proposta que fiz a mim mesma, um desafio que tem agregado muito à minha personalidade e visão do mundo. Quero ficar. Mas sei que lamentarei por isso. Se voltar, arrependerei-me também. 

De agora em diante, viverei a insatisfação de estar incompleta. A dúvida viverá comigo, as possibilidades condicionais estarão presentes, a ausência já faz parte de mim. Não importa onde eu vá, onde eu esteja, quanto mais eu viver, mais falta eu vou sentir.

Vale mencionar que eu havia escrito este post há um ano atrás, e que na verdade era bem mais longo. Mas hesitei em publicá-lo pois era algo muito pessoal e talvez eu estivesse me expondo demais (como se isso fosse possível). Aí outro dia li um texto que descrevia muito bem o que eu sentia sobre o mesmo assunto. E assim, percebi que eu não era a única a pensar desta maneira. Por isso, acabei cortando grande parte do que eu havia escrito para dar espaço ao texto que me confortou. Não porque resolveu o meu problema, mas porque me fez sentir mais “normal”. 

Abaixo compartilho os pensamentos que passam pela minha cabeça através de uma publicação feita pela autora Ruth Manus. Vale a pena a leitura. Faço destas palavras as minhas, literalmente, sem exceção.

Obrigada Ruth Manus, pelo texto sutil e delicado de um assunto tão difícil...
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Muito além do valor do aluguel.

Voar: a eterna inveja e frustração que o homem carrega no peito a cada vez que vê um pássaro no céu. Aprendemos a fazer um milhão de coisas, mas voar… Voar a vida não deixou. Talvez por saber que nós, humanos, aprendemos a pertencer demais aos lugares e às pessoas. E que, neste caso, poder voar nos causaria crises difíceis de suportar, entre a tentação de ir e a necessidade de ficar.

Muito bem. Aí o homem foi lá e criou a roda. A Kombi. O patinete. A Harley. O Boeing 737. E a gente descobriu que, mesmo sem asas, poderia voar. Mas a grande complicação foi quando a gente percebeu que poderia ir sem data para voltar.

E assim começaram a surgir os corajosos que deixaram suas cidades de fome e miséria para tentar alimentar a família nas capitais, cheias de oportunidades e monstros. Os corajosos que deixaram o aconchego do lar para estudar e sonhar com o futuro incrível e hipotético que os espera. Os corajosos que deixaram cidades amadas para viver oportunidades que não aparecem duas vezes. Os corajosos que deixaram, enfim, a vida que tinham nas mãos, para voar para vidas que decidiram encarar de peito aberto.

A vida de quem inventa de voar é paradoxal, todo dia. É o peito eternamente divido. É chorar porque queria estar lá, sem deixar de querer estar aqui. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras mil pedras preciosas.

E começamos a viver um roteiro clássico: deitar na cama, pensar no antigo-eterno lar, nos quilômetros de distância, pensar nas pessoas amadas, no que eles estão fazendo sem você, nos risos que você não riu, nos perrengues que você não estava lá para ajudar. É tentar, sem sucesso, conter um chorinho de canto e suspirar sabendo que é o único responsável pela própria escolha. No dia seguinte, ao acordar, já está tudo bem, a vida escolhida volta a fazer sentido. Mas você sabe que outras noites dessa virão.

Mas será que a gente aprende? A ficar doente sem colo, a sentir o cheiro da comida com os olhos, a transformar apartamentos vazios na nossa casa, transformar colegas em amigos, dores em resistência, saudades cortantes em faltas corriqueiras?

Será que a gente aprende? A ser filho de longe, a amar via Skype, a ver crianças crescerem por vídeos, a fingir que a mesa do bar pode ser substituída pelo grupo do whatsapp, a ser amigo através de caracteres e não de abraços, a rir alto com HAHAHAHA, a engolir o choro e tocar em frente?

Será que a vida será sempre esta sina, em qualquer dos lados em que a gente esteja? Será que estaremos aqui nos perguntando se deveríamos estar lá e vice versa? Será teste, será opção, será coragem ou será carma?

Será que um dia saberemos, afinal, se estamos no lugar certo? Será que há, enfim, algum lugar certo para viver essa vida que é um turbilhão de incertezas que a gente insiste em fingir que acredita controlar?
Eu sei que não é fácil. E que admiro quem encarou e encara tudo isso, todo dia.

Quem deixou Vitória da Conquista, São José do Rio Preto, Floripa, Juiz de Fora, Recife, Sorocaba, Cuiabá ou Paris para construir uma vida em São Paulo. Quem deixou São Paulo pra ir para o Rio, para Brasília, Dublin, Nova York, Aix-en-provence, Brisbane, Lisboa. Quem deixou a Bolívia, a Colômbia ou o Haiti para tentar viver no Brasil. Quem trocou Portugal pela Itália, a Itália pela França, a França pelos Emirados. Quem deixou o Senegal ou o Marrocos para tentar ser feliz na França. Quem deixou Angola, Moçambique ou Cabo Verde para viver em Portugal. Para quem tenta, para quem peita, para quem vai.

O preço é alto. A gente se questiona, a gente se culpa, a gente se angustia. Mas o destino, a vida e o peito às vezes pedem que a gente embarque. Alguns não vão. Mas nós, que fomos, viemos e iremos, não estamos livres do medo e de tantas fraquezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado. Keep walking.
(MANUS Ruth, O alto preço de viver longe de casa, 24/06/2015)
Para ler a publicação original, clique aqui.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

- Todo mundo fala inglês (só que não)



O MEU TRAUMA
 
Eu confesso que quando morava no Brasil, eu sentia vergonha de NÃO falar inglês. E isso é justificável, pois todo mundo que eu conhecia falava. E quando digo todo mundo, eu quero dizer “todas as pessoas que eu conhecia falavam inglês – e FLUENTE”. Eu era única que não. Isso era algo que fazia eu me sentir constrangida, às vezes ignorante, como se a falta deste idioma fosse o suficiente para anular qualquer outro conhecimento que eu tivesse. E isso era muito chato. Eu odiava aquela sensação. Muitas pessoas tiravam sarro de mim, outras se achavam superior, algumas faziam piadas que eu não entendia, e assim foi indo…

Muito desta história foi culpa minha mesmo. Quando nova, eu não tinha o menor interesse em falar inglês. Ou melhor, corrigindo o que eu disse, eu até queria falar outro idioma, mas não tinha a menor vontade de passar pelo processo de aprendizado. Na minha fase de criança/adolescência, minha mãe tentou me convencer a frequentar escolas de inglês, mas na ocasião eu tinha outro foco e não quis me dedicar a uma segunda língua. Nesta época, o meu interesse era pela dança, principalmente balé clássico. Houve períodos em que eu tinha 20 horas semanais de aula de dança. Além disso, na escola que eu frequentava havia classes obrigatórias no período da tarde, o que ocupava ainda mais tempo na minha vidinha de jovem. Com estas coisas acontecendo, meus pais nem foram insistentes, afinal, eu estava dedicada aos estudos e às atividades físicas. O inglês eu poderia aprender mais tarde a qualquer momento (ou não).

O tempo foi passando, a vida de adulta chegando e a minha dedicação se direcionando à carreira profissional (que não foi nada relacionado ao balé). Aí a falta do inglês começou a incomodar um pouco, aliás, muito. Já estava na hora de começar a aprender esta porcaria de idioma! Aí eu tive um ótimo plano de estudar em uma escola para adultos onde as classes poderiam ser exclusivas para pequenos grupos. Fechamos uma turma só para mim e para o meu pai querido. Meu pai levava tudo na brincadeira e até fazia guerra de papel. Sério!!! Só entre nós dois! Além disso, era chato ir a noite, com a cabeça já cansada após um dia de faculdade e trabalho. Frequentamos a escola por um mês, duas vezes por semana, faltamos algumas aulas, e desistimos. Depois disso, meu amado-nada-dedicado pai teve a brilhante ideia de contratar um professor particular para ir em casa nos ensinar. Assim, não teríamos como faltar! Mas com 20 e poucos anos e uma vida relativamente ocupada entre o curso de arquitetura e trabalho, não havia ânimo para estudar mais uma coisa e ainda ter lição de casa. As coisas não entravam na minha cabeça. Foi só mais um mês de aula e outra desistência. Passado um tempo, após terminar a faculdade, fiz mais uma tentativa: aulas particulares, pela manhã, e sem a presença do meu colega-do-fundão pai. Agora ia dar certo! Cabeça fresca antes de ir para o trabalho, sozinha, com o professor todinho para mim. Este seria um plano infalível. Ou não. Eu vivia cancelando as aulas novamente. Sempre havia uma desculpa e acabei desistindo desta terceira tentativa de plano antes mesmo de começar a falar "hello". Não adiatava. Eu precisva daquilo, mas a dificuldade de encarar outra língua era uma barreira. Eu era boa com números, não letras. Continuei a vida sem inglês mesmo. O que não era o fim do mundo, apenas uma pequena pedra no meu sapato. Neste momento, eu mal sabia o que o futuro reservava para mim. Eu ainda nem imaginava que um dia moraria no Canadá.

OH CANADA

Planos e malas prontas para ir para o Canadá! Agora sim eu aprenderia o bendito inglês, na marra. Eu estava ansiosa para começar a vida nova e tirar da frente o sufoco de não entender o mundo da internet, softwares e notícias globalizadas. A-há! As piadas acabariam!!! Eu não seria mais a excluída da turma!!! Não que neste ponto da vida eu estivesse preocupada com isso, pois afinal, eu nem sabia se um dia reecontraria aquela “galera-que-falava-inglês–fluente”.

Meus planos eram bem realistas. Eu chegaria no Canadá, aprenderia inglês depois de um ano de estudo, e pronto! Vida feita. E falo que os planos eram realistas porque eu me baseava no que “a-galera-que-falava-inglês–fluente” dizia. Uns haviam aprendido o idioma após intercâmbio de 1 ano, outros de 6 meses. Alguns, os mais espertinhos, haviam estudado por 3 meses fora e já falavam tudo em inglês, se bobear melhor que o português. Cada um tinha uma história, mas de maneira geral, estudar por um período “imersa na cultura do idioma” seria o suficiente para aprender o inglês e me tornar fluente.

Eu, que não sou boba nem nada, já pensei de cara que eu precisaria de 1 ano inteiro para chegar lá. E isso era razoável para mim, pois eu já sabia das minhas dificuldades com a coisa. Um aninho para a Priscila e pronto. Eu sabia que seria difícil o começo da vida de imigrante, adaptação e início de carreira. Mas eu precisaria aguentar por apenas um ano. Após me tornar uma ninja do inglês, certamente as coisas fluiriam.

AS ESCOLAS

Assim que cheguei aqui, o meu plano já foi alterado um pouco. Na verdade adiado. Eu queria chegar no Canadá e já iniciar os estudos. Mas o processo do governo era diferente do meu plano e eu precisei esperar por um tempo até ser avaliada e direcionada para uma escola que tivesse vaga disponível. Isso tudo porque eu não estudaria em instituição particular, afinal, o país oferecia um curso gratuito para imigrantes na minha condição. Enfim as minhas aulas começaram, e junto delas o desespero. No início, foi muito difícil entender qualquer coisa e começar a me familiarizar com o mundo a volta. Passado uns dois meses de aulas, eu ainda estava bem perdida. Aí comecei a achar estranho pois parte da “galera-que-falava-inglês–fluente” no Brasil havia estudado por apenas 3 meses fora. Eu estava quase neste tempo e muuuuuuito longe de falar uma sentença completa. Desespero batendo, fui tentar conversar com a minha professora para entender quanto tempo eu precisaria para estar fluente no inglês. Com um sorriso sarcástico e solidário ao mesmo tempo, ela respondeu: “de 3 anos a 5 anos de estudo contínuo”. Wow! Imagina a minha cara… engoli seco e perguntei novamente porque eu tinha certeza de que não havia entendido a resposta. Ela repetiu enfaticamente: “para começar a ter alguma fluência, uma pessoa precisa de pelo menos 3 anos de estudos local sem interrupção”. Naquele momento meus planos foram por água abaixo. Até certo ponto eu achava que ela estava exagerando e falei que meus amigos da “galera-que-falava-inglês–fluente” haviam feito intercâmbio por 1 ano e falavam inglês fluente. Lembro-me dela perguntando: “Quem disse que eles falam inglês fluente?”. Sem graça respondi: “Eles.” Aí neste momento me senti meio boba, aliás, ela tinha razão, afinal quem disse que eles falavam inglês fluente? Além disso, o que é inglês fluente???

E juro, eu nem acho que a “galera-que-falava-inglês–fluente” mentia para mim quando diziam que eram craques neste idioma. Sério. Tenho convicção de que eles acreditam fielmente nisso. E eu mesma acho que muito deles falam um excelente inglês. Juro que eu acho. Mas daí falar que são fluentes há uma enoooorme diferença.

Continuei a tentar entender esta história mal contada. Foi aí que a minha professora pacientemente sentou comigo para uma longa conversa. Óbvio que ela percebeu minha frustração através da minha cara de “quase” choro e desapotamento. Ela mesma dava aula em escola de intercâmbio. Na época, ela explicou que o estudante vai aprender inglês, é claro. Mas isso não significa que falará fluentemente. Uma coisa é ser turista e conseguir se virar, outra coisa é viver dependendo de uma determinada língua. E mais uma vez. A situação de quem vem para cá para fazer um curso de idioma é completamente diferente de quem mora aqui. As necessidades do imigrante não são as mesmas das do estudante, que sabe que vai voltar e não precisa se adaptar em todas as perspectivas da vida. As circunstâncias são tão diferentes que fica até difícil expôr as dificuldades que se passa quando vive o dia a dia. São detalhes que não são perceptíveis aos olhos da experiência temporária.

UMA QUESTÃO DE REALIDADE

Pensando nisso tudo, falar inglês (ou não) é uma questão de realidade e necessidade. Cada um na sua. Ser turista não é a mesma coisa que ser estudante, que não é a mesma coisa que ser imigrante. Falar inglês, independente do tempo de estudo, não necessariamente significa ser fluente. E isso serve para qualquer outro idioma.

Por isso, sugiro às pessoas que planejam morar por estes lados (ou mesmo ir para os EUA, Austrália, ou qualquer outro país que não fala português): seja realista. Antes de se achar um mestre da língua, pense duas vezes. A sua expectativa pode não condizer com a sua realidade.

Vale mencionar que eu não quero que ninguém me odeie por isso tudo o que estou falando, a minha ideia não é colocar ninguém para baixo ou desanimar as pessoas por aí. Também não quero me vingar da “galera-que-falava-inglês–fluente”. Nada disso. Muito pelo contrário. A minha sugestão é que as pessoas coloquem os dois pés no chão antes de acharem que estão 100% prontos para encarar a nova vida em outro país. Evitar qualquer decepção poderá aliviar o estresse desta experiência.

E isso não é o meu julgamento, a dificuldade com a língua é senso comum (e não exclusividade dos brasileiros). Mesmo as pessoas que são experts no inglês antes de vir, sofrem muito até entrarem no ritmo. E isso faz total sentido. Nós levamos uma vida toda para aprender a falar e aperfeiçoar o idioma nativo. Por que então achamos que a segunda língua vai ser aprendida de uma hora pra outra? Não vai. Não há milagre. E fui muuuuito ingênua em acreditar que em um ano eu já estaria falando inglês bem. Muitas coisas só são aprendidas conforme as situações aparecem à frente. Ninguém tem tempo para ficar lendo livros e mais livros divididos por assunto para construir um super vocabulário. E mesmo quem tem tempo para isso, vai sofrer para absorver as novas palavras se não as usar constantemente. Ou você lembra de todas as fórmulas de física e/ou química que aprendeu lá trás no colegial??? Provavelmente não, pois são coisas que não fazem mais parte do seu dia a dia. E o mesmo funciona para o idioma. Só se aprende o que se usa.

E se ainda assim duvida do que estou falando, então pense em situações que já viveu no Brasil. Agora avalie se você conseguiria se expressar nas respectivas situações da mesma forma em inglês (ou no idioma que preferir). Você seria capaz de falar com a gerente do banco na mesma performance? Com o médico? Professor do seu filho? Mecânico do carro? Pedreiro que fará uma manutenção da sua casa? Com a costureira? Poderia explicar para a polícia porque estava fazendo determinada coisa errada? Você está pronto para falar com o veterinário do seu cachorro? Com o jardineiro do seu prédio?? Com o sem-teto que está pedindo ajuda? Com um advogado??? Com um dentista?

Mais uma vez, não estou desafiando ninguém aqui. Apenas sugerindo que as pessoas percebam que a comunicação vai muito além das necessidades de turista ou das reuniões do trabalho em língua estrangeira. O mundo é muito maior do que imaginamos. Geralmente não percebemos isso até que estejamos dentro de uma situação que exija de nós a comunicação antes desconhecida.

E claro, se você não se imagina falando em inglês com o jardineiro da sua casa, não significa que você não fala o idioma. Mas muitas vezes subestimamos ou superestimamos nosso conhecimento, o que não é saudável. E isso pode fazer a diferença entre conseguir ou não enfrentar a nova realidade em um outro país. E nem é só isso, vejo muita gente que se julga excelente no idioma estrangeiro escrevendo cada absurdo nas redes sociais… Dá até medo! E muitas delas são parte da “galera-que-falava-inglês–fluente”. Ironia!

Aliás, se existe uma coisa que eu odeio é quando alguem lá no Brasil me pergunta: “E o inglês Priscila? Já está expert né?!”. Tipo…. Não, não estou. E cada vez que respondo isso, as pessoas me olham com aquelas caras de “você é burra então”. A vontade que eu tenho é de soltar uma resposta bem educada como: “Meu inglês ainda está um cocô, mas certamente melhor que o seu!”. Será que seria muita grosseria?

Pior são aquelas pessoas que querem vir pra cá e já dizem: “Inglês eu já sei, porque estudei por X anos na escola tal, duas vezes por semana em aulas de 1 hora, e blá blá blá”. Outra vez, não quero desmerecer ninguém e sei que muita gente fala bem demais. Mas muitas estão longe disso. Inclusive familiares meus que vão para a Disney, conseguem comprar um hamburguer no McDonalds sem molho especial e juram que isso é o suficiente para ser CEO da Microsoft ou Apple. Pelo amor né gente, realidade nesta vida! (este exemplo do McDonalds é o marido que fala!) Já vi mil casos de pessoas que juram que são fluentes, aí quando vão fazer a prova do IELTS entram em pânico e torcem para tirar pelo menos o mínimo necessário. Ué, cadê a fluência??? Cadê o whatever, whenever, whoever que você insiste em escrever nas redes sociais???? Cadê, cadê, cadê?

Por outro lado, várias pessoas estão bem mais consciente do que vai vir pela frente. E não são poucas que assumem isso. Vira e mexe aqui no blog mesmo recebo comentários/emails fofos de gente dizendo que “arrasta” no inglês, ou que fala o suficiente para viajar, outras coisas.

COMPORTAMENTO

Eu já estou aqui há mais de dois anos e meio e ainda sofro bastante. O marido chegou aqui já sabendo falar inglês, e muuuuuito bem, e ainda sofre. Tenho amigos que estão aqui há anoooos e ainda faltam aquelas palavrinhas essenciais para expressar o que quer.

Por exemplo, tenho uma amiga brasileira muuuuuito querida que está aqui há quase 20 anos. Ela chegou no Canadá com 19. Outro dia mesmo ela me perguntou: “Priscila, você consegue ser a mesma pessoa falando inglês?”. Na hora eu nem entendi o que ela quis dizer, mas ela explicou que eu sou “engraçada demais” (acreditem, não sou, ela é que é louca rssss), então ela queria saber se eu era capaz de fazer os mesmos comentários em inglês ou contar as minhas histórias da mesma maneira que eu falo em português. Tipo… eu nunca havia pensado nisso, mas tenho plena convicção de que não. Certamente não sou a mesma pessoa na forma de me expressar. E isso é muito esquisito. Para começar, para falar inglês eu uso outra voz (oi?). Além disso, as expressões são diferentes e a forma de as falar também. No inglês, para a maioria dos estrangeiros é difícil identificar a diferença entre educado, gentil, formal, coloquial. Óbvio que sabemos algumas coisas, mas muitas vezes acabamos sendo educados demais ou muito formais quando não há necessidade. Ou despojado ou rude em ocasiões que deveríamos ser mais educados ou delicados. São detalhes que não vem naturalmente no início. Leva tempo para pegar estas coisas. No fim das contas, percebi que a Priscila brasileira é bem mais coerente e legal! (rssss)

O fato é que cansei de ouvir histórias de gente que chega aqui e se frustra com o país por causa da dificuldade de adaptação. É difícil mesmo. Não é a toa que falo isso repetidamente aqui no blog. E junto com o desafio da língua, todo o resto vem junto. É muito difícil a colocação profissional sem uma boa comunicação. E isso vale para todas as habilidades (escrita, leitura, fala e audição). Acreditem, quando me refiro a um bom inglês, não estou dizendo que tem que saber todas as regras gramaticais e palavras do dicionário, muito pelo contrário. O bom inglês é aquele que possibilita se comunicar com clareza e compreender o mundo ao redor. A sua maneira de falar não precisa ser igual a minha e vice-versa. Você não precisa usar as mesmas palavras e/ou expressões que os outros. O importante é ser claro e coerente.

Então, se você fala inglês, venha com bastante humildade que as coisas vão dar certo. Confie em você mesmo, mas não se superestime. Se você está vindo e não fala nada, igual a mim quando cheguei, relaxa que uma hora você vai falar!

Outro dia ouvi uma teoria sobre imigrante que achei excelente: “Imigrar é igual abrir uma empresa. O lucro só vai começar aparecer depois de 5 anos.” Acreditem, apego-me a isso todo dia!!!


terça-feira, 24 de novembro de 2015

- Cabelereiro no Canadá


 

VERSÃO FEMININA DO BLOG 

Atenção: esta história é baseada em fatos reais e contém cenas descrições fortes (rssss)

Imigrar não é a mesma coisa que uma experiência temporária fora de um país. Não é igual às férias, ou ao intercâmbio, ou ao período de estudo, etc. Um imigrante em teoria não tem data marcada para ir embora, e inevitavelmente vai ter que se virar em todos os ângulos da vida. Parece bobagem, mas este “tudo” é maior do que eu poderia imaginar. 

E devo admitir, cuidados pessoais podem virar um trauma na vida de qualquer um. É difícil manter a vaidade na mesma proporção que se tem no país nativo. As questões fincanceiras somadas à nova cultura podem fazer uma micro experiência virar um desastre total. E sem querer ser injusta com os “garotos”, acho que a vida DA imigrante pode ser um pouco mais complexa e assustadora. 

Desde que eu cheguei no Canadá, eu tenho passado algumas aventuras femininas que eu preferia nem lembrar. Cuidado com o cabelo está entre elas, e tem sido um show de horror!! Se eu fosse homem já teria optado pela versão “careca”. E ainda não decidi se fico feliz ou triste em saber que aparentemente o problema não é exclusivamente meu. Parece que todo mundo que muda para cá sofre com a questão. 

Quando cheguei aqui, meu cabelo era comprido, castanho, com mechas claras, com alisamento definitivo e super cuidado. Os meses foram passando e este aspecto foi mudando. As delicadas madeixas de princesa foram dando lugar a algo esquisito, mais parecido com cabelo de bruxa de conto de fadas. Os fios foram crescendo, a raíz sem alisamento aparecendo, as mechas implorando por retoque, e claro, ficando sem corte. Nos primeiros meses, eu fui tentando lidar sozinha com a peruca. Sem grana sobrando e sem conhecer nenhum profissional, tentei resistir ao máximo colocar o meu amado cabelinho em risco. Por um tempo fui mantendo as coisas em ordem do jeito que dava, aparando as pontas com tesourinha em casa, hidratando os fios de forma caseira, secando ali, alisando acolá, e ajeitando da forma que fosse possível. 

Mas chegou aquele momento em que não dava mais para negar o problema. Eu queria mesmo era esperar para refazer tudo no Brasil, mas marido insistia de que eu deveria achar um profissonal aqui e cortar o “codão umbilical” com a terrinha. Afinal, de agora em diante as coisas deveriam ser feitas no “meu novo país”. Resolvi dar ouvidos a ele. Assim, comecei a procurar um monte de indicação de profissionais. Até que uma brasileira me recomendou um salão que é bem conhecido por aqui. Eu até que gostei da ideia de recuperar meu cabelo com profissionais de renome, afinal eles teriam uma reputação a zelar. 

PARTE 1 

A primeira tentativa foi retocar o alisamento definitivo, após seis meses que eu havia imigrado. Liguei para agendar o serviço no tal salão indicado, quando me disseram que eu deveria passar por uma consulta com o profissional para avaliar o meu cabelo antes de fazerem o serviço. Eu já gostei disso: “Opa! Beleza! Profissionais cuidadosos!” (ponto positivo). Fui até o local para conversar com a hair stylist com meu inglês “bem vergonhoso”. Na ocasião, eu só havia tido três meses de aula de inglês. Admito que eu estava preocupada com a comunicação e medo de explicar tudo errado. Imagina só se saio do salão com o cabelo tingido de roxo e corte moicano??? Mas tudo bem, parecia que ela estava entendendo o que eu queria. Além disso, eu também tomei as minhas precauções. Para ter certeza de que não ficaria careca assim de cara, conversei com a minha cabelereira no Brasil e peguei as informações dos produtos que poderiam ser usados sem riscos. Ela me deu várias dicas e nomes de produtos que seriam compatíveis ao que já havia sido feito anteriormente. Devo frisar que já faço alisamento definitivo há 12 anos. Ou seja, eu ja sou experiente na coisa! Por sorte, a cabeleria canadense ia usar exatamente o que a brasileira havia sugerido (mais um ponto positivo). Sai de lá feliz da vida e com a data marcada. 

Enfim, chegou o dia D. Eu estava com medo e apreensiva. Até parecia que eu ia passar por uma cirurgia. “Ridículo Priscila. Para de ser criança! Estamos falando de um cabelo!!! Simplesmente um cabelo!”. Chegando no local, fui bem recebida, direcionada para uma cadeira onde já havia uma bandeja com todos os produtos e utensílios que seriam usados. Realmente parecia que seria uma cirurgia (mais ponto positivo). Tudo mega organizado. Enfim, tudo foi feito de forma bem parecida com o procedimento que eu estava acostumdada no Brasil, desde o produto até o procedimento por completo, exceto pelo tempo. Em duas horas eu já estava pronta para ir para casa. Fato que estranhei pois no Brasil eu nunca saí do salão antes de 5 horas. Mas até aí tudo bem, de repente o canadense sabe mais né?! Isso eu só saberia no dia seguinte após lavar o cabelo e ver o resultado. 

E tchan tchan tchan…. Qual foi o resultado???? Uma porcaria! No dia seguinte após lavar o meu cabelo, a droga do serviço não tinha ficado bom. Que raiva. Só para esclarecer, meu cabelo natural nem é enrolado, é apenas ondulado. Para mim, alisar o cabelo é uma questão de praticidade e conveniência, para ser independente do secador e viver livre para tomar chuva (impreterível em Vancouver). Só quem alisa entende o vício de manter os fios ajeitados. Voltando à história… nem pensei duas vezes e liguei para reclamar. O salão agendou uma nova data para refazerem o serviço. Na semana seguinte voltei para o local. A profissional jurava que estava bom. Segundo ela, o problema estava no “conceito de liso”. Ela dizia que o canadense não gosta de cabelo muito liso. (Oi????) Tipo… você acha mesmo que eu pagaria caro pelo serviço para alisar só um pouco???? Eu fui clara que eu queria retocar o alisamento da raiz para manter o mesmo padrão. Na verdade eu nem precisava explicar como eu queria, afinal, o resto do cabelo já estava alisado e dava para ver como deveria ficar. E tudo foi refeito, mas desta vez a filha da mãe levou 5 horas para fazer tudo. Pelo menos algo familiar.

E lá fui eu no dia seguinte lavar meu cabelo. Uhuuuuuul. Estava quase liso. Que alívio né?! NÃÃÃÃÃO. Conforme eu penteava meu cabelo, vários fios começaram a quebrar. Não cair pela raíz, mas quebrar no comprimento. Entrei em desespero!!! A besta quadrada da cabelereira fez o alisamento duas vezes na minha raíz certo? Só que a FDP (leia-se: efe dê pê) estendeu o produto além da raíz que deveria ser retocada. Então parte do cabelo que já estava alisado acabou recebendo o tratamento também, ou seja, três vezes no total!!!

Nossa, eu chorava muito. Não tinha mais o que fazer, o estrago já estava feito. Eu nem queria mais reclamar, porque se eu visse a mulher novamente, eu a esganaria. Enfim, meu cabelo ficou um horror. E olha que eu nem cheguei a cortá-lo. O resultado foi um cabelo sem corte, meio liso, um terço podre e sem retoque das mechas. Ficou pior do que antes, quando eu parecia apenas uma bruxa. Agora eu estava mais para zumbi. 

PARTE 2 

O trauma foi tanto que eu queria distância de qualquer profissional canadense. Eu só entrei novamente em um salão quando fui visitar meus pais no Brasil e a cabelereira brasileiríssima ajeitou minhas madeixas. Aí sim, um corte descente e um retoque de alisamento profissional!!! Para se ter uma idéia do estrago feito pela FDP canadense, a cabeleira da terrinha se recusou a fazer a mechas. Segundo ela, certamente eu ficaria careca se eu tentasse passar qualquer coisa para alterar a cor. Na ocasião, ela sugeriu que eu cortasse o cabelo para retirar toda a parte danificada, o que significaria um cabelo chanel. Eu não quis. Optei em fazer um super tratamento para recuperar os fios o máximo possível. Ajudou um pouco, mas ainda estava muito danificado. 

Depois deste trauma, ainda com os cabelos podres no comprimento, conheci uma brasileira no Canadá que é cabelereira. Hoje ela uma amiga queridíssima. Ela tem mantido o corte e a qualidade dos meus fios através de tratamento de recuperação. O único ponto negativo, é que ela não faz alisamento definitivo. Ou seja, esta saga ainda não havia acabado na minha vida. 

PARTE 3 

Sabe como a vida é, o tempo não pára. E assim como o tempo continua passando, o cabelo continua crescendo. E mais uma vez chegou a hora de achar um outro profissional. Louca, pedi indicações novamente. Entre várias que eu recebi, decidi ir a um salão bem simples, pequeno e só com profissionais japoneses, como me sugeriram. Neste momento, eu queria o oposto de tudo o que procurei antes. 

Desta vez, nada de frescura, nada de consulta prévia com o profissional. Tudo prático e sem delongas. Liguei, marquei e fui. Vamos lá Priscila. Vamos arriscar novamente. Eu repetia para mim mesma: “Na pior das hipóteses, vou ter um cabelo ‘não muito liso’. E se desta vez não ficar bom, eu NÃO vou reclamar e menos ainda deixar que refaçam qualquer coisa”. 

Chegando ao local, de fato era extamente como haviam descrito. Só japoneses. Bom, pelo menos eu teria o autêntico alisamento definitivo japonês. Tudo foi diferente do que eu estava acostumada. O tempo, o processo, o idioma. Tudo!!! Eu queria sair correndo de lá. Eu só pensava que estava tudo errado. Desta vez certamente eu sairia de lá com o cabelo roxo, no mínimo. De vez em quando eu perguntava para o profissional o que ele estava fazendo. Às vezes eu tentava dar umas dicas sobre o meu cabelo e o relembrava do meu trauma. Ele só dizia que eu conheceria o verdadeiro alisamento japonês. Cada vez que ele favala aquilo, na minha cabeça já vinham umas imagens de Hello Kitty e daqueles orientais Cosplay. Socorro!!! Hoje sairei daqui igual a um daqueles adolescentes coloridos. Só vai faltar o sapato plataforma. 

Depois de umas 3 horas tudo terminado. Até este momento eu não estava com cabelo colorido e nem careca. Já era um bom começo. De qualquer maneira, eu só saberia qual seria o resultado no dia seguinte. Uhuuuuuuul, ficou ótimo!!! Excelente! Na verdade, eu até gostei mais do que o alisamento que eu fazia no Brasil. Desta vez ficou bem liso, mas com aspecto bem natural. Sedoso, brilhante, e eu feliz da vida!!! 

Agora só preciso fazer de vez em quando um tratamento de recuperação dos fios. Mas isso nem é obrigatório, é só um cuidado que sempre tive e quero manter pois ajuda na qualidade dos fios. Nem é por frescura. Apesar de não frequentarmos praia aqui, o clima local também danifica bastante a cabeleira. 

E o corte???? Este trabalho ficará para a minha querida amiga. De jeito nenhum eu arriscaria com o japonês. Imagina eu explicando em inglês como eu queria as camadas??? No way! A minha santa amiga continuará a cuidar das madechas. E as mechas??? Desisi delas por um tempo. Vou aproveitar a cor natural do cabelo enquanto posso. Os fios brancos já estão começando a aparecer e logo logo será inevitável ter que disfarçá-los (rssssss).

VERSÃO MASCULINA DO BLOG 

PARTE ÚNICA

O marido também tem história. Vou contar como foram são as experiências dele por aqui. Ele entra em um salão qualquer, de uma hora para outra, sem agendar, pergunta se alguém está disponível. Se sim, ele mostra uma foto antiga dele para o profissional e pede para fazer igual. Enquanto o cabelereiro corta, ele fica lendo notícias. Quando o hair stylist termina o serviço, o marido olha para o espelho, diz “ok”, paga, e vai embora. E sempre dá certo!!!!! Não que o marido não ligue para isso, mas sempre fica bom. E mesmo que não ficasse, ele diz que na pior das hipóteses rasparia careca ou usaria boné. Fácil né?! 

Mas calma aí rapaziada, sugiro que não sejam tão confiantes como o maridão. Já ouvi umas histórias de homens que tiveram resultados completamente diferentes do que esperavam. Cautela é sempre bem vinda!

E assim nossa vida vai entrando na rotina… Careca ou não...

domingo, 27 de setembro de 2015

- Emburrecendo


Você já teve a sensação de que está emburrecendo, ou melhor, desaprendendo? Ou que está completamente desatualizado? Pois bem, esta é a minha mais nova fase de vida. E como isso foi acontecer?


Well, vida de novo imigrante justifica tudo. Enquanto a maioria das pessoas gostam de compartilhar publicamente o lado poético da
vida em outro país, eu me vejo perdida no meio de infinitas informações ao meu redor. E mesmo depois de mais de dois anos de Canadá, ainda existe muita novidade sendo absorvida diariamente. E quando digo muita, quero dizer muuuuuuita mesmo. Acho que não existe uma hora do dia em que não aprendo algo novo. E nem sem quando isso vai diminuir... Claro que aprender é uma atividade constante na vida de qualquer pessoa, ainda bem. Mas atualmente, apesar de já ser adulta, sinto que voltei a ser uma criança que está tentando entender tudo e qualquer coisa ao alcance dos 5 sentidos. O problema é que o meu "HD" já está relativamente ocupado, e às vezes parece que tenho que apagar algumas informações para armazenar outras novas. E é bom mesmo fazer isso, porque quando não se apaga o que já sabe, corre o risco de misturar tudo (rsssssss).

A verdade é que sinto que estou "emburrecendo". Sim, em-bur-re-cen-do. E o pior, em vários ângulos da minha vida. Obviamente o idioma é um dos itens problemáticos. Assassino a língua portuguesa a todo instante. O inglês nem se fala. Agora estou criando o "Priscilanês". Para quem quiser, posso dar cursos particular sobre o novo idioma criado por mim mesma. Uma maravilha! Marido até se assusta de vez em quando. Não somente pelas minhas derrapadas grosseiras, mas porque antes de vir para cá eu era bem "chatinha" com a minha forma de lidar com o Português. E apesar de nunca ter sido perfeita na escrita e na fala, eu tinha orgulho de tentar falar tudo "quase" corretamente.

 

Ultimamente adquiri a terrível mania de criar palavras novas, ou até concordâncias inéditas. Às vezes eu lembro das palavras em português e seus derivados pela metade, e aí invento qualquer coisa no meio da conversa. E são coisas do tipo "intensamente ou intensificadamente", "adequação ou adequadação", "incansadamente ou incansavelmente", "variavelmente ou variadamente", entre outras coisas absurdas. No meio da conversa falo algo esquisito, percebo que eu disse alguma coisa errada, paro de falar, fico repetindo a palavra de formas diferentes até encontrar aquela que encaixa melhor no contexto, não necessariamente a correta. Um show de horror!!!! Eu não sabia que idioma poderia ser desaprendido, ou confundido desta maneira. Sério. Confesso que outro dia falei "menas". Gente, "menaaaaaas". Este é o pior deslize possível. "Menas" não poderia ter acontecido. Quando eu falei esta palavra, no mesmo instante eu me corrigi. Juro! Mas não tem como voltar no tempo e esta derrapada aconteceu. Não é para começar a se preocupar? Será que já está no momento de procurar psiquiatra? Ai que medo de mim mesma (hahahah).

Ainda bem que matemática é igual no mundo todo. Ou não. Claro que sim Priscila! Com certeza é. Deve ser. Talvez seja. Não sei mais. Brincadeiras à parte, como arquiteta uso o sistema imperial, o que parece não ter lógica nenhuma. E não se trata somente de operações matemáticas com fração. Trata-se de mistura mesmo. Por exemplo: 3'-4 5/8" + 28" = 5'-8 5/8" ou 68 5/8" (??????). Aí você lembra que a sua calculadora não tem sistema imperial. E mesmo que tivesse, você não saberia usar. Mas tudo bem, porque afinal, eu aprendi a fazer conta de fração na escola lá na quarta série quando eu tinha uns 10 anos. E é muito simples, basta usar o "mdc" (mínimo divisor comum), ou será que eu deveria usar o "mmc" (máximo múltiplo comum). Sei lá, só sei que não posso somar 3/8 com 1/4 se não tiverem o mesmo divisor (posso???). E o pior, 1' = 12" (leia-se um pé é igual a doze polegadas, ou one foot comprises twelve inches). Por que doze????????? Pelo amor de Deus! Estou acostumada a fazer conta de dez em dez!!! Por que doze????? Por que doze????? Aí vira aquela confusão. 5" + 9" =14", ou seja, 1'-2" (um pé e duas polegadas). E isso é simples, porque 14-12 =2, então temos 1 pé inteiro e 2 polegadas, porque no pé cabem 12 polegadas então.... Socorro!!!!! E eu jurava que era boa de matemática. Só faltava ter que usar logaritmo... Será que tem e ainda não estou sabendo?


Aí vai juntando tudo né. As novidades da vida, as contas para pagar, o emprego novo, o inglês, o sistema imperial, o sistema de construção no Canadá... Calma Priscila, sem pânico. Respira fundo e conta até 10 (ou seria melhor contar até 12 para se acostumar com o sistema imperial). Sei lá minha filha, conta qualquer coisa para colocar oxigênio nesse cérebro porque o negócio tá feio!!!!


Mas calma, ainda tem mais coisa me emburrecendo. Na minha "pacata" vida brasileira eu tinha o ótimo hábito de estar antenada a tudo (até então eu não sabia que a minha vida era pacata). Eu simplesmente amava ler e ouvir notícia. Eu adorava ler jornal impresso pela manhã. Sei que é coisa de gente mais velha, mas é a verdade. E isso não bastava, no carro eu só ouvia AM. E não somente porque eu era nerd, mas também porque escutar notícias era um
mecanismo contra enxaqueca. E só quem sofre disso sabe o que eu estou dizendo. Eu não conseguia (e ainda não consigo) ouvir música por longos períodos pois vira um barulho atormentador. Por isso acabei adquirindo o hábito de ouvir notícias no carro como distração no trânsito, unindo o útil ao agradável. Eu sabia tudo o que estava acontecendo no mundo. 

Mas hoje eu não consigo mais ler notícias, nem ouvir! Não dá tempo. Não sei mais o que está acontecendo no Brasil, no mundo. Socorro!!!! Presidente de onde? Dólar subindo? Impeachment de verdade? Guerra? Crise? Refugiados de onde? Coitados! Jura que isso está mesmo acontecendo? Descobriram isso agora? Inventaram esta coisa aí? Cientista quem? Novo planeta? Vão mesmo para Marte? Vacina nova para esta doença? Que ótimo! Que doença é esta mesmo?


Gente, é desanimador. Atualmente tenho que escolher entre ler sobre arquitetura, sistema imperial ou aperfeiçoar o inglês. Ainda preciso saber mais sobre o cantinho que vivo hoje e como fazer a minha vida funcionar por aqui. Eu nunca imaginei um dia que ficaria em déficit com as informações gerais do mundo. E isso me dá um aperto no coração. Sinto que às vezes estou regredindo ao invés de progredindo. Sei que isso não é verdade, espero! Mas é triste sentir que estou meio deslocada do mundo. E podem até dizer que falta de tempo é desculpa. Mas não é somente a questão de tempo, mas sim o foco atual. E é por isso que digo que imigrar é "FODA", pois as dificuldades estão nos detalhes. Sabe quando parei para imaginar que aprender tanto me faria desaprender tanto? Que ironia! Ok, sei que não estou desaprendendo. Estou apenas deixando algumas questões de lado temporariamente. Todo momento tem as suas devidas prioridades. E hoje tenho as minhas. E não tenho como fugir disso. Por isso, só me resta torcer para que isso realmente seja apenas uma fase passageira.


"Desculpa mundo, vou ter que te deixar um pouco de lado. Espero que possamos nos encontrar novamente num futuro próximo e compartilhar as novidades. Hoje, realmente preciso me focar no pequeno mundo em volta do meu umbigo por uma questão de sobrevivência. Não fique magoado, um dia estaremos sintonizados novamente, prometo!"


 

domingo, 30 de agosto de 2015

- Nossa nada mole vida de domingo



Hoje resolvi escrever um pouco sobre como passamos o nosso maravilhoso domingo... trabalhando em casa :(

Eu sei que já escrevi aqui sobre isso há um tempo atrás, mas depois de mais de dois anos, a nossa vida mudou bastante e já vale fazer um update.

Não é nenhuma novidade que não temos ajuda de secretaria doméstica ou diarista por aqui, e todas as tarefas relacionadas à casa ficam por nossa conta mesmo. E não tem como fugir disso, afinal todo dia a casa suja, trocamos de roupa e, acredite ou não, nos alimentamos. Então por mais que odiamos trabalhar em casa, inevitavelmente nós precisamos dedicar algum tempo a isso.

E para que estas obrigações não se tornem um problema diário, marido e eu temos tentado dividir as tarefas para mantê-las mais ou menos em ordem. Não que isso tenha sido um caso de sucesso, mas estamos tentando nos adaptar. Depois de mais de dois anos de Canadá, ainda estamos procurando uma fórmula que seja mais eficiente e menos trabalhosa. Mas continuamos longe de chegar na equação ideal.

A nossa dificuldade é criar coragem para fazer alguma coisa depois da correria do dia. Marido e eu costumamos dizer nestas horas estamos com "preguicite", que seria a inflamação da preguiça (rssssss). Além disso, geralmente nós tentamos fazer algo legal e interessante após o trabalho, o que não inclui afazeres domésticos. E entre encontros com os amigos, esportes, passeios e seriados do Netflix e HBO, é quase impossível sobrar tempo para fazermos alguma tarefa da casa a noite. E no fim estas chatices acabam ficando para o sábado e domingo. E vamos admitir, isso atrapalha um pouco o nosso momento de lazer.

Para ser honesta, nos esforçamos para gastar o menos tempo possível com as tarefas de casa. Geralmente fazemos tudo "meia-boca" e gastamos a maior parte deste tempo cozinhando. Em relação a limpeza geral da casa, eliminamos o costume brasileiro completamente e aderimos o canadense 100%, o que significa limpar rapidamente a casa passando um paninho aqui e outro acolá. Nada de faxina profunda. Exceto pelos dias de arrumação que eu resolvo fazer num cômodo ou armário específico, quando saio eliminando tudo o que está na minha frente. Neste sentido, marido e eu somos muito diferentes. Enquanto eu odeio guardar coisa, ele adora juntar tralha. Então às vezes eu preciso me dedicar mais em uns pontos da casa. Mas isso é exceção. Nosso quintal então, nem se fala. Uma vez ao mês e olha lá. E nem temos opção de fazer mais, porque o condomínio tem regras que especificam os dias exatos para limparmos o nosso pátio. O que eu acho ótimo pois a falta de opção tira este peso da minha consciência (rssssss).

Roupa também tentamos seguir o padrão canadense e simplificar o máximo possível. O processo é bem prático: a roupa vai do cesto para a máquina de lavar (nada de tanque), depois máquina de secar e em seguida cabide. Nada mais do que isso. Fazemos o "laundry" duas vezes por semana, tipo roupa escura no sábado e roupa clara no domingo. Passar é algo que eu fujo assim como o diabo foge da cruz. Até já tem umas camisas acumuladas que preciso enfrentar. Para resolver esta questão, marido tem comprado algumas camisas que não precisam passar. Parece mentira, mas elas existem!!! Como não são baratas, ele tem comprado "once in a while". Nosso objetivo é eliminar as camisas convencionais aos poucos até que todas tenham sido substituídas pelas camisas mágicas ;)

Mas de todas as tarefas domésticas que temos que fazer, cuidar da alimentação tem sido a mais trabalhosa e a mais difícil. E isso tem acontecido porque ainda estamos tentando manter a qualidade das nossas refeições, misturando um pouco da cultura canadense e um pouco da brasileira. E como fica isso?! Bem, nós temos almoçado diariamente comidinha caseira igual ao brasileiro. A noite fazemos igual ao canadense, ou seja, só salada ou sopa ou sanduíche, aquilo que for mais rápido. Além disso, aderimos o costume da marmita canadense. Levamos o nosso almoço para o trabalho diariamente, o que ajuda a mantermos a qualidade e a economizar uma graninha. Aliás, nem sei se economizamos de verdade, pois já ouvi falar que aqui sai mais barato almoçar fora. Mas nós não queremos nos arriscar nas opções práticas de jeito nenhum, pois normalmente não são muito saudáveis. Aqui não existe restaurante por quilo, que vamos adimitir, é algo que facilita muito a vida de nós réles mortais. Mas para não ser injusta, há alguns lugares muito bons que oferecem opções saudáveis ou tipo buffet onde você monta o seu prato de forma meio personalizada. Mas neste caso eu já sei que não é nada em conta pois quando preciso comer fora, recorro a estes lugares. Sendo assim, marido e eu concluimos que para nós, seria melhor fazermos a nossa própria comidinha do dia a dia.

E apesar de termos a melhor intenção do mundo em planejar o nosso cardápio cuidadosamente, confesso que isso dá um trabalhão.  E como eu já mencionei, fica difícil fazer estas coisas durante a semana, então ultimamente temos reservado o domingo para nos dedicarmos à culinária e a maior parte das tarefas domiciliares. Então enquanto a maioria das pessoas está com o pé para cima curtindo um momento especial, nós deste lado estamos com a barriga no fogão na correria em pleno domingo. Luxo total!!!!

Eu sei bem que ultimamente a galera resolveu que cozinhar é algo bacana e que o espírito gourmet está na moda. Muitas pessoas curtem uns momentos na cozinha. Tem gente que até considera isso terapêutico e relaxante (oi???). Vira e mexe vejo meus amigos brasileiros postando em rede sociais várias fotos de pratos preparados por eles mesmos. Sempre acompanhados de um excelente vinho e rodeado de um clima sofisticado e chique.

E gente, não estou julgando ninguém. Muito pelo contrário. Porque apesar de eu ser mega preguiçosa e não ter o menor jeito para culinária, admito que eu adorava visitar meus amigos brasileiro com habilidades de chef. E acho super legal quem curte isso. De verdade. A questão é que aqui as coisas são "levemente" diferentes.
 
Enquanto meus queridos amigos estão desenvolvendo seus dotes culinários como hobby, aqui fazemos por obrigação no clima "senzala" mesmo. Enquanto eles preparam os pratos bem decorados com todo o requinte, aqui a comidinha vai para a marmita de plástico, pronta para ser esquentada no microondas dias à frente. Enquanto eles apreciam suas inovadoras receitas sentados à mesa decorada com belo faqueiro, guardanapo de linho, taças de cristal e um maravilhoso jogo de jantar, aqui comemos à frente do computador, na marmita (já falei de plástico???), geralmente com talher descartável para evitar mais louça para lavar. E a bebida??? Pelo amor né! No horário do almoço tem que ser um café para nos mantermos acordados ou um chá digestivo para ajudar o corpo a processar aquela comidinha que temos que devorar em poucos minutos já que ninguém reserva uma  hora inteira para o almoço.

Mas calma, nem tudo está perdido. Às vezes nos damos ao luxo de almoçarmos comida japonesa no meio da nossa jornada de trabalho, o que não significa frequentar um restaurante e relaxar um pouco. O hábito da marmita é tão forte aqui, que as pessoas se dão o trabalho de se deslocar a um restaurante, comprar o combo "to go", voltar para o escritório, e apreciar todos os sushis e sashimis à frente do computador em poucos segundos. É inacreditável! E o pior, estamos fazendo igual!!! Nada de momento "relax".

Claro que nós poderíamos levar a vida de forma mais prática em relação à nossa alimentação. Mas infelizmente, facilidade e conveniência geralmente não andam juntos de vida saudável. E como solução para a nossa maravilhosa ideia de manter o "shape" em ordem para evitar qualquer infarto futuro, reservamos o domingo para cozinhar. Ou seja, cortamos algumas boas horas do lazer para organizar a nossa rotina alimentar semanal. Mas vale repetir que parte deste trabalhão é uma opção nossa.

Então agora já dá para imaginar o quão luxuoso é o nosso domingo. Normalmente gastamos parte do dia
organizando o cardápio semanal, indo ao mercado, guardando as coisas, cozinhando, cortando frutas,  ajeitando as marmitas e ufa, finalmente tudo, o quase tudo, pronto para a semana que está por vir. Na prática, deixamos tudo preparado para três dias (segunda, terça e quarta) e algumas coisas adiantadas para quinta e sexta. Na quarta-feira a noite, montamos as marmitas dos dois dias seguintes com alguns itens já semi-preparados no domingo e com acompanhamentos fresquinhos. Assim, a comida fica realativamente fresca.

A parte boa desta história é que realmente mantemos a nossa dieta bem balanceada. O lado chato é que o cardápio se repete muito. E nem é somente por questão de manter a forma, mas também pela qualidade do sabor. Na nossa opinião, nem todas as comidas mantém o sabor quando esquentada dias à frente, o que acaba restringindo bastante as nossas opções. Minha mãe mesmo acha isso bem bacana no sentido de saúde, mas ela vira e mexe me pergunta como conseguimos comer sempre a mesma coisa. Honestamente??? Nem percebo que repito o mesmo cardápio. E isso porque deixamos a curtição para os finais de semana quando vamos aos restaurantes ou bares com os amigos. Durante a semana, o nosso foco é nos mantermos vivos!!!

Bom, e o resultado do nosso domingo de requinte??? Pois bem, as fotos podem mostrar melhor o nosso momento luxuoso e o resultado da semana...



 




cardápio de um dia todo
 E você, tem alguma sugestão para nos dar???