segunda-feira, 15 de junho de 2015

- 10 pontos negativos da nossa vida no Canadá


Já estava na hora de falar um pouco das coisas que para nós são pontos negativos aqui no Canadá, ou melhor, na nossa vida canadense. Antes de mais nada, a ideia não é comparar o Brasil e o Canadá, até porque, a vida de cada um pode ser muito boa aqui ou lá.
A proposta é pontuar alguns itens que não tem sido fácil lidar e/ou se adaptar. Exceto pelo primeiro item, nenhum dos pontos seria motivo para nos fazer voltar. São algumas poucas "pedras no nosso sapato”:
 
1) SUA FAMÍLIA NÃO ESTÁ AQUI
 
Este item vale por muuuuitos outros. Aliás, nada supera isso. Como eu já disse anteriormente, este é um ponto que eu nem deveria mencionar neste post pois acredito que não podemos parar para avaliar a ausência da família, caso contrário, a imigração seria impensável. Mas ainda assim, não dá para fantasiar e fingir que isso é algo que dá para ignorar sempre. A falta das pessoas que amamos é imensurável. São incontáveis as vezes que eu quis sair correndo para os braços dos meus pais e pedir colo, ou simplesmente, tê-los ao meu lado, somente pela presença. Na realidade, no meio de tantos motivos que fazem uma pessoa retornar à sua nação, tenho convicção de que a falta da família é o único que seja de falto real e considerável. (Quase) tudo nesta vida é superável. Mas a falta das pessoas que você ama chega a ser irritante, muito irritante.


2) RECOMEÇO DE VIDA

Recomeçar a vida é um saco! Claro que há um lado positivo nisso, afinal, todos os dias temos algo novo para aprender e/ou se adaptar. Isso significa que recomeçar acrescenta muito para o desenvolvimento pessoal. Mas cansa. Já faz parte da nossa rotina coisas pequenas e simples se tornarem complicadas. Todo dia um novo aprendizado. Mas gente, juro que aprender tanto é exaustivo. Nós só percebemos o quanto sabemos na vida quando temos que reaprender tudo novamente. E isso vai além da adaptação pessoal, recomeçar a carreira é muito mais difícil do que se imagina. Muita gente acha legal e valioso a vivência de morar fora, e eu concordo com isso. Acho incrível todas as experiências que temos vivido aqui, principalmente as minhas que tive que começar bem do zero. Eu percebi em mim um grau de adaptação e paciência que jamais imaginei ter. Descobri que a minha persistência e humildade é maior do que eu pensava que fossem. Mas mesmo diante de toda esta percepção e superação, eu repito, a prática é extremamente difícil. Ver as pessoas ao redor te tratando como estagiário ou inexperiente é algo que às vezes aborrece. Claro que existem as ocasiões em que somos realmente leigos por falta de conhecimento local, mas depois de anos de experiência profissional, a maturidade e nível de aprendizado têm os seus valores. Às vezes tenho vontade de falar para o meu chefe: "Querido chefinho, sei que sou nova aqui no Canadá, mas calma aí, não precisa me tratar como criança!". Óbviamente, isso fica só na minha imaginação. Mantenho o sorriso no rosto e "bola pra frente". Mas o pior do cenário profissional nem é isso. Eu ainda acho que o mais difícil é ter que deixar de lado parte da experiência já adquirida para exercer outras funções, mesmo que esteja trabalhando na área de formação. No meu caso por exemplo, apesar de trabalhar em uma empresa da minha área, muitas das minhas funções não estão diretamente relacionadas com o meu histórico profissional. Ok, e mais uma vez estou aprendendo coisas novas. Até aí, legal. Mas poxa, eu acabo não oferecendo para a empresa o que eu poderia, e nem no grau de qualidade condizente ao meu conhecimento. Não me importo em aprender mais, muito pelo contrário, eu adoro aumentar meu conhecimento. Mas acho frustrante ter que deixar de lado habilidades já desenvolvidas, principalmente por saber que poderia fazer muito mais, e receber mais (rsssssss). Além disso, eu deveria estar caminhando rumo ao ápice da minha carreira nos próximos anos. Parece que terei que prorrogar pelo menos uma década para chegar lá. Agora não tem jeito, tem que ter paciência e reconstruir a carreira, aos 35 anos. E coloca paciência nisso!!!

3) BAIXO ORÇAMENTO
 
Recomeçar a carreira também significa recomeçar a vida financeira. E uma coisa leva a outra. Não vamos nos enganar, uma coisa é fato, aqui no Canadá nosso orçamento familiar é bem mais baixo do que o que tínhamos no Brasil. Concordo que a vida não é feita só de dinheiro e que há milhares de pontos positivos em viver num país desenvolvido e blá blá blá. Mas também não dá para fantasiar e dizer que tudo está mil maravilhas. Aqui contamos moeda, literalmente. Nosso orçamento é super justo e tudo tem que ser milimetricamente planejado, sem direito a emergências e dores de barriga inesperadas. Marido diz que temos que vender o almoço para pagar a janta! Exageros à parte (ou não), compartilho com vocês de que este é um lado difícil de administrar. Manter o "credit score" em um bom patamar e ainda viver com o limite baixo é outra coisa que aborrece aqui. E o pior é que não temos perspectivas de grandes mudança num futuro muito próximo. Antes mesmo de vir para o Canadá, sabíamos que viver com um orçamento baixo faria parte da nossa fase de adaptação à vida de imigrante. Isso tudo fez parte do nosso plano de vir. Por opção, mantivemos nossas coisas no Brasil e não trouxemos nenhuma reserva financeira. O nosso orçamento atual vem única e exclusivamente da nossa receita atual. Ou seja, vivemos aqui com o que recebemos aqui. Mas como tudo na vida, é diferente viver na prática o que se sabe na teoria. É chato demais ver tantas oportunidades ao redor e não poder aproveitá-las. São milhares de programações e viagens que poderiam estar ao nosso alcance se não fosse este pequeno detalhe de falta de dinheiro sobrando. Agora não em jeito. Mais paciência... Planejamos isso porque queríamos manter uma segurança, um projeto de escape se fosse necessário. E apesar das dificuldades, fico satisfeita em saber que de certa forma, estamos conseguindo lidar com isso também. Mas isso não elimina o fato de que é mais um item difícil de conviver.


4) IDIOMA
 
A língua é algo que acho que sempre vai ser uma pedra no sapato. Claro que com o passar do tempo a tendência é disso melhorar e o sofrimento diminuir. No entanto, não vejo no futuro um momento em que o inglês se torne algo natural e confortável. É muito chato quando você entra em desgaste se esforçando para expressar algo quer, e no fim, não fala o que deseja, e sim o que consegue. Já perdi as contas das ocasiões em que falei um monte para explicar algo extremamente simples. Coisa que em português meia dúzia de palavras teriam resolvido. Preciso de muito ainda para construir um bom vocabulário que me faça capaz de expressar extamente os meus pensamentos. Se é que isso um dia vai acontecer, porque muita gente que eu conheço reclama da mesma coisa. Outro dia mesmo eu estava conversando sobre isso com uma colega de trabalho, que é italiana, e fala super bem inglês. Quer dizer, eu achava que sim. Porque a impressão que eu tinha é que ela falava um monte, super fluente, bem desenvolta, feliz da vida. Até que um dia ela sentou do meu lado e falou: “I hate English, I hate second language”. Nem acreditei quando ela mencionou: “Como assim? Você fala tão bem.”. Ela respondeu: “Bem??? Nunca falo o que quero! Cansa não conseguir me expressar e às vezes parece que nada faz sentido quando me ouço falando.” Achei aquilo muito engraçado. Não porque eu a quero mal, mas porque outras pessoas passam as mesmas dificuldade e às vezes achamos que o problema é exclusivamente nosso. E tudo isso fica muito mais evidente em situações do dia a dia, que tendem a mostrar que viver afundado num outro país vai muito além da simples e pura comunicação. Trata-se também de conceitos e costumes, que é o que de fato traz esta sensação de que somos ignorantes quando estamos fora da nossa posição de conforto. E às vezes isso acontece até em coisas bem simples e bobas. Por exemplo,  já aconteceu de eu não entender piadas canadenses, não pela falta do inglês, mas porque não pego o senso de humor da brincadeira. E o mesmo vale para o lado contrário. Quando faço algumas tiradas tipicamente brasileiras, o canadense faz cara de paisagem. Mas estas pequenas coisas do dia a dia são superáveis e dá para tirar de letra. O problema vira um tormento quando se trata de coisas sérias, sobretudo assuntos profissionais quando se expressar faz a diferença. E são estes os casos que nos desgastam no final do dia. Quando uma palavra pode te fazer ir para frente ou para trás, dependendo do ponto de vista. Pensar para falar é um exercício que cansa!
Eu sei que tem gente que não liga para isso e se cobra menos, conseguindo conviver bem com esta questão, tipo “falo o que dá e entende quem quer”. Talvez a diferença esteja em como cada um lida com isso, sendo mais importante para uns, e não tão relevante para outros.

5) INTERATIVIDADE
 
O problema do idioma não para na dificuldade de expressão e compreensão. Não, não, não, nada disso. Ainda existe o obstáculo comportamental que uma conversa compreende. Neste caso, não estou me referindo à comunicação de turista ou das tarefas rotineiras. Estou discutindo o envolvimento e relacionamento com as pessoas em volta. Como parte da cultura,  aqui as pessoas têm comportamentos diferentes durante as conversas e não têm o “adorável”  hábito de te interromper enquanto você está falando. Acredita que aqui todos (exceto os brasileiros) esperam você concluir a idéia do que está dizendo???? Um absurdo!!! Sim, não pensem que estou sendo louca, mas como boa brasileira estou acostumadíssima a ser interrompida durante qualquer conversa. Mas isso que todos criticam e chamam de “interrupção”, “má educação”, ou “falta de paciência”, eu chamo de interatividade. O brasileiro fala junto, tenta advinhar a sua ideia, completa as suas frases, e coisas do tipo que tornam qualquer diálogo uma verdadeira bagunça. Brasileiro que é brasileiro compete para falar! Aqui ninguém faz isso, um horror!!!! Para mim, é esquisito conversar com alguém que fica em silêncio, me encarando e esperando eu terminar de falar a ideia com-ple-ta-mente. “Para com isso! Interrompe aí canadense, fala junto, acorda pra vida! Quer uns Red-bulls para dar um pique???” É esquisito demais. E volto a dizer, não estou louca e vou me justificar. Primeiro, você não sabe se a pessoa está acompanhando o seu raciocínio com aquele pleno silêncio. Segundo, você não sabe se o outro está interessado no que está sendo discutido. Terceiro, sempre parece que o problema está no seu inglês e tudo o que você está esforçadamente dizendo não está fazendo sentido nenhum, mesmo que faça. Vira e mexe me pego perguntando: “Você está entendendo o que estou falando?” ou “Isso faz algum sentido para você?” Para mim, na minha humilde opinião brasileira, parece apatia. É muita educação!! Às vezes é bom relaxar um pouco canadense! Mas não pense que o problema para por aí. Porque existe a questão contrária né. Eu também sou ouvinte (às vezes rsssss). Aí eu tenho que me segurar muito para não interromper a pessoa do outro lado que está falando. Nossa, que vontade de interromper, me intrometer na história, tentar advinhar o final, completar frase, tipo.... interagir né?! Ai ai, se eles soubessem o quanto é bom atropelar as conversas! Não é à toa que é comum reconhecer grupos de brasileiros por aí. Basta ouvir uma gritaria descontrolada e pronto, brasileiro na área! Juro, não é brincadeira. Outro dia eu estava correndo no Stanley Park (chique!) num dia lindo ensolarado, horário pós-trabalho. Eu via vários grupos de pessoas se divertindo, praticando esporte, fazendo pic-nic e afins. De longe, enquanto eu corria, conseguia reconhecer os grupos da galaera da terrinha justamente pelo volume das conversas e risadas. Claro que dá uma vergonha na primeira olhada. Mas para ser bem honesta, garanto que eram as galeras que mais estavam se divertindo e dava até vontade de entrar no meio da roda (rsssss). Nós somos assim mesmo, não tem jeito, está no sangue ser relaxado e gostar de uma boa conversa descontraída num boteco qualquer, mesmo que o boteco seja o saguão da empresa que você trabalha. 

6) EMPREGADA DOMÉSTICA
 
Este é um ponto fraco aqui. E põe fraco nisso. Empregada doméstica é uma mão de obra relativamente cara, e portanto, fora do nosso orçamento. Geralmente, este tipo de profissional recebe por hora, algo em torno de CAD$ 20.00/hora. Por isso, não se contrata este serviço por menos de CAD$ 100.00 para uma diária de 5 horas apenas. Para pessoas de classe média, esta conta pesa no orçamento, mesmo que seja algo semanal. Além disso, já dá para imaginar que o serviço doméstico uma vez por semana por apenas 5 horas não é o suficiente para atender tudo o que uma casa precisa. Então, tem que manter em mente que o profissional fará algo mais geral, e não uma faxina profunda, roupa passada, comida, arrumação e tudo mais. É algo cultural. Serviços deste tipo são muito bem valorizados, e isso tem alto um preço. E isso é mais uma coisa que tivemos que nos adaptar. Dou uma ajeitada na casa, mas longe (bem longe) do que "santa Adriana" fazia por mim, pelo marido e pelos cachorros. Minha ex-secretária doméstica no Brasil era perfeita, e sim, uma santa milagreira. Sinto falta demais dela e dos seus serviços. Roupa impecavelmente lavada e passada, casa perfumada e limpa nos pequenos detalhes, comidinhas pre-preparadas. Coisas que sempre valorizei. Nossa, lembro-me o quanto era bom chegar em casa e não ter que me preocupar com estas coisas. Agora, quando chego do trabalho, sempre tem algo pra fazer. Nunca vou direto para o banho ou sofá. Ou tenho que cozinhar, ou mexer com roupa, ou limpar algo, ou ir ao mercado, ou whatever. Roupa passada nem por decreto. Somente as camisas do marido vão para a tábua, e ainda assim, somente uma vez por mês. Para a minha sorte (ou dele) ele só usa camisa de vez em quando. Cozinhar então?! Não consigo transformar isso em algo prazeroso. Morro de inveja das pessoas que gostam de cozinhar e fazem aquelas comidas maravilhosas e bolos decorados. Acreditem, já tentei pegar gosto pela coisa, mas não consigo. Cada vez que tenho que limpar a cozinha depois de tudo feito, quero morrer. E com tudo da casa segue no mesmo ritmo. Faço tudo porque gosto do resultado das coisas organizadas, mas odeio ter que fazê-las. E independentemente do quanto eu faço, nunca tenho o efeito que eu quero. Não tenho jeito para a coisa. Todos os dias pergunto para o marido porque não usamos roupa descartável. Não seria ótimo?!


7) COMIDA
 
Claro que já estamos adaptados com a comida daqui, mas confesso que nos alimentávamos bem melhor no Brasil, gastando muito menos. Aqui me esforço mais para atingir a cota de proteína e vitaminas necessárias diariamente. Em compensação, tranqueira não falta. Apesar de eu ouvir que tudo está muito caro no Brasil, eu ainda julgo que aqui os preços são mais altos deste lado no que se refere a alimento. Não penso no valor individual, mas na relação do poder de compra. Os salários são menores aqui e as pessoas de forma geral tem um custo alto de vida para manter o básico. E comida é algo que faz esta conta aumentar muito. Sério, pagar CAD$ 5.00 por um mamão papaia pequeno é um absurdo para quem recebe um salário médio. Marido e eu até fazemos piada disso. Quando compro esta fruta, ele sempre fala que estou abusando e pergunta se recebi aumento (rssssss). Brincadeiras a parte, aqui faço muito mais conta do que fazia no Brasil para conseguir manter o cardápio equilibrado e relativamente saudável. E ironicamente, apesar de fruta ser bem mais barata no Brasil, consumimos mais hoje em dia, mesmo no inverno. E isso não é a toa. Como eu cozinho bem menos aqui, naturalmente o número de refeições completas são menores, então a fruta passou a ser um complemento alimentar para mantermos a qualidade do nosso consumo. Nunca mais tivemos refeições no horário da janta. Só no almoço. Hoje, ou é lanche ou é salada a noite. E ainda me esforço para preparar almoço decente para levarmos ao trabalho. Separo duas noites da semana para cozinhar de verdade, aí já preparo "marmita" para os dias de trabalho subsequentes. Mas faço reclamando (rsssss). E não é a toa. Depois de um dia todo trabalhando ter que chegar em casa e ainda gastar umas duas ou três horas cozinhando é de matar qualquer humor né. Tento aliviar a tarefa tomando um vinho junto de vez em quando, mas não é algo que resolve o assunto, a preguiça ainda é bem maior. Para resumir, nosso café da manhã é bem completo, almoço é comida caseira e janta algo leve e prático, mas nunca comidinha preparada. E como falei, duas porções de fruta diariamente como snack. É isso aí, jogamos com as cartas que temos na mão, pagando bem alto.

8) SISTEMA DE SAÚDE
 
Quanto a este item, não vou me estender muito porque recentemente escrevi três posts gigantes sobre o assunto. Se você perdeu, vale a pena a leitura clicando aqui, aqui e aqui. Para resumir a minha opinião, eu  cuidava melhor da minha saúde no Brasil no que diz respeito à medicina. Não estou me referindo ao sistema de saúde de forma geral, nem quanto ao fato de ser justo e acessível a todos, ser igualitário, e blá blá blá. Estou única e exclusivamente falando da minha experiência pessoal. Eu tinha plano particular no Brasil e era infinitamente mais fácil ir aos médicos e fazer exames. Ponto. Então para nós, no nosso caso, preferíamos a medicina que tínhamos lá. Só para esclarecer, estou me referindo ao acesso a médicos, exames e medicamentos, porque de maneira geral, a minha vida é mais saudável aqui. E põe mais nisso. Como aqui meu nível de estresse no trabalho é menor e pratico mais exercícios, eu acredito que minha saúde é melhor no aspecto geral. Mas sendo focada no assunto, nota baixa para o Canadá no quesito "acesso à medicina".

9) CUIDADOS FEMININOS (item exclusivo da Priscila)
 
Ser mulher não é tarefa fácil e nem barata. E acredito que isso seja universal, não importando se é no Brasil, no Canadá ou qualquer lugar no mundo. São vários itens capazes de deixar qualquer mulher louca de preocupação: unha, depilação, sobrancelha, cosméticos, maquiagem e claro, cabelo. Ah o cabelo!!! Este sim é de preocupar qualquer pessoa. Até mesmo a menos vaidosa cuida um pouquinho da cabeleira. E eu, que não sou exceção da regra, julgo isso um ponto negativíssimo aqui no Canadá. Depois de dois anos vivendo aqui, ainda não me achei com cabelereiro. Sério, isso tem sido uma novela na minha vida. Os outros itens até consigo me virar. Por muita sorte e conveniência, unha e depilação são coisas que eu mesma já fazia em mim lá no Brasil. Então bastou pouco para me ajeitar nestas vaidades. E pelo mesmo motivo, não sei o preço destes serviços aqui. Além disso, a cera de depilação eu ainda trago do Brasil. Cada vez que alguém vem me visitar, a pessoa me traz refil (rsssss). Mas não porque não tenha aqui. A questão é simples e puramente financeira. Eu estou acostumada a usar cera quente tipo roll-on, que aqui encontra-se facilmente em qualquer mercado. Mas custa CAD$ 13.00 o refil que rende uma única vez as pernas inteiras. A que eu trago custa CAD$ 1.50 (R$ 4.50) e rende duas depilações das pernas inteiras. Aí neste caso não dá para comparar e vale muito a pena trazer. E ainda assim, mesmo que o meu estoque brasileiro acabe, não preciso me desesperar pois poderei me virar mesmo que pagando mais. Unha eu também faço sozinha. E aqui tenho resultado até melhor pois há mais opção de produtos. Quando estou com paciência (porque demora), aplico um esmalte com gel bem legal que dura umas duas semanas. Cosmético nem se fala. O que tem nos EUA, tem aqui. Creme e maquiagem tem de sobra e é fácil de se adaptar. Ah, mas o cabelo. Santo cabelo! Isso tem sido um capítulo à parte na minha vida e ainda não achei nenhum profissional que atendesse o que eu preciso. Para não ser desonesta e injusta, conheci uma cabeleireira fofa e super cuidadosa que tem me ajudado, chamada Paula. Mas infelizmente, ela não faz o tratamento que eu fazia no Brasil, e não tenho conseguido manter o meu alisamento da mesma forma que eu fazia antes de vir. Muito pelo contrário, uma cabeleireira canadense fez um estrago no meu cabelo há mais de um ano e até hoje não o recuperei. Nem mechas estou podendo fazer porque corre o risco de eu destruir ainda mais os fios, e até perdê-los. Imagina ficar careca por erro de cabelereiro??? Passei dias chorando por causa disso. E depois do trauma não tentei mais fazer o retoque do tratamento. O caso só não está mais dramático porque no final do ano passado quando fui ao Brasil aproveitei para retocar o tratamento e dar uma recuperada no aspecto geral. Mas o pior disso tudo é que cedo ou tarde vou ter que enfrentar o problema e ir a algum salão retocar a raiz, ou logo logo será o comprimento todo. Então para mim, apesar de ter a santa Paula na minha vida, continuarei a julgar cabelereiro um ponto negativo neste país. Só mudarei de opinião no dia que eu achar alguém que faça o mesmo tratamento na mesma base qualidade que eu tinha no Brasil. Até lá, me desculpa Canadá, você está perdendo feio neste quesito!!! Ai que raiva disso!!!
 
10) CLIMA (item exclusivo do Mauricio)
 
Muitos diriam o frio como algo negativo, mas já falei inúmeras vezes que gosto da neve, então não posso citar isso como algo negativo na minha lista pessoal. Como estamos em Vancouver, a quantidade de neve que cai na cidade é quase inexistente, então para nós, é algo que faz parte do final de semana quando vamos esquiar. Por conta disso, até certo ponto, para mim o frio é relativamente um ponto positivo, porque eu em particular odeio calor forte.
Agora para o marido, a questão é completamente diferente. Ele só se imagina bem no calor. Frio para ele somente na montanha com snowboard nos pés. Então este item, fica sendo algo negativo só para o Mauricio. Cada vez que ele pode vestir bermuda e chinelo ele comenta (se refereindo ao calor): "Isso é perfeito! Isso é que é vida!". O sonho dele ainda é viver em um local de praia e calor. Quem sabe no futuro? Já para mim, a questão é outra.  Eu sou o tipo de pessoa que sofre com o calor. Claro que se estou de férias em uma praia com aquela brisa fresca e amigos ao redor, o clima quente ensolarado é perfeito. Mas tirando este cenário, eu não sei conviver com temperaturas muito altas. Uma coisa é estar debaixo de 30 graus nas férias, outra é trabalhar vestindo roupa social e enfrentar o trânsito em dias como este. Aí você tenta resolver o problema com ar condicionado, que eu acho pior que a calefação no inverno. Por alguma razão inexplicável, o ar condicionado me deixa doente. Por exemplo, acabamos de voltar das nossas férias na Flórida, onde estava em torno de 35 graus de temperatura. Nesta brincadeira entre calor e ar condicionado, fiquei doente já no segundo dia de viagem. Para mim, Priscila, acho isso insuportável. Eu sofria absurdo no Brasil em dias quentes, e olha que eu morava em São Paulo onde o verão nem é tão forte. Eu acho mais fácil me esquentar com um chá quente no inverno do que me refrescar com um sorvete no verão. Vale frisar que eu AMO sol. Acordar com dias ensolarados e céu azul não tem preço. Anima qualquer pessoa. A gente já acorda de bom humor. Mas isso não está diretamente relacionado à temperatura. Então para mim, ainda acho que o frio é melhor do que o calor. Agora, independente da temperatura, existe algo que é comum para nós dois: a chuva. Nestes lados em que estamos, o que fica sendo negativo é a quantidade de dias chuvosos, sobretudo no inverno. Isso é bem irritante, ao ponto de ter dias que ficamos de mal humor por causa disso. Tempo cinza e úmido é algo que derruba qualquer um né. 
 
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Bom, é isso. Aparentemente estes são pontos negativos que convivemos aqui na nossa vida canadense. Como a vida não é feita somente de flores, não podemos ficar só fantasiando aqui no blog. Espero no próximo falar de coisas mais legais :)

Até mais!