quarta-feira, 6 de abril de 2016

- Mercado de trabalho



Finalmente resolvi escrever sobre mercado de trabalho (ou não).

A maior preocupação das pessoas interessadas em mudar para o Canadá (ou qualquer outro lugar no mundo) está relacionada ao mercado de trabalho. A boa notícia é que você não está sozinho, não é uma pessoa louca, e nem paranoica. Preocupar-se com o “ganha-pão” e questões financeiras é perfeitamente natural, aliás, uma premissa para pensar em sair do país nativo. A má notícia é que eu sou a última pessoa para lhe ajudar com isso, sorry!!! 

Eu queria muito sair por aí falando sobre este assunto, divulgar oportunidades e dar dicas maravilhosas para ajudar todo mundo. Eu amaria falar sobre as profissões, cargos, salários, e tudo o que traz dúvidas às pessoas que pensam em imigrar. Mas infelizmente, isso é impossível para mim. E não é a toa: 
  1. Não sou especializada em avaliação de mercado; 
  2. Não sou economista (menos ainda uma Miriam Leitão) para dar números e gráficos reais sobre o país; 
  3. Não tenho tempo de vivência local nem para dar um micro palpite; 
  4. Ainda estou muuuuuito longe de trabalhar na mesma posição que eu ocupava no Brasil; 
  5. E se eu não sei NADA sobre arquitetura que é o meu mercado de atuação, certamente sei menos ainda sobre outras profissões. 

Gente, não quero criar inimigos com este post e nem desanimar as pessoas. Mas eu não sei nada sobre mercado de trabalho. Simples assim. Se mal consigo resolver a minha própria situação, o que eu poderia dizer dos outros (rssss)???

As pessoas têm feito umas perguntas que eu não tenho (e nunca terei) a resposta. Todo dia tem gente me questionando sobre como está o mercado de trabalho por aqui (oi???). Nossa, não existe pergunta mais genérica e redundante do que esta. Eu nem imagino qual é a resposta que estas pessoas querem receber de mim, de verdade. Será que esperam que eu diga o número de vagas disponíveis, valores de salários, profissões em alta? Eu nem saberia por onde começar um assunto deste. Aliás, "mercado de trabalho" nem poderia ser tópico de uma única pergunta, e sim algo a ser discutido em um blog só sobre este tema. Isso é um assunto a ser estudado e compreendido por meio de várias perspectivas e interfaces. Não é algo simples que poderia ser dado em um único texto. Infelizmente não tenho conhecimento para arriscar qualquer palpite sobre economia e oportunidades. 

Sobre este bicho de sete cabeça, o que eu posso dizer é que eu sei que a vontade de mudar de país ou passar por uma experiência no exterior traz insegurança e todo mundo quer se resguardar o máximo possível antes de tomar uma decisão de sair da posição de conforto. O medo é natural. Acreditem, já estive nesta situação (aliás, ainda estou). Mas não existe fórmula infalível para entender o mercado de trabalho. Não há pesquisa capaz de apresentar números que garantam uma oportunidade. Não existe vaga com o seu nome. Não há empresas esperando por você, independente de qual seja a sua área ou especialização. Não existe informação suficiente para assegurar qualquer sucesso profissional. 

Não tem fórmula mágica. Não existe bola de cristal. Não tem jeito, não há outra forma de vir se não for assumindo um risco. 




>> IMIGRAR = RISCO <<

Eu não quero assustar ninguém. E sim alertar de que não adianta sair que nem louco pesquisando um monte para ver se acha a previsão para o seu futuro aqui no Canadá. Muito pelo contrário, quero é confortá-lo dizendo que toda esta insegurança e ansiedade por resposta às suas dúvidas é completamente normal. Aliás, fico até assustada quando alguém vem 100% seguro e confiante de que basta fazer as malas e pegar um avião para dar continuidade na vida por aqui. Mas mais uma vez, não há solução. É triste, eu sei. Mas se quiser vir, vai ter que ser na raça e tentar a vida nova passo a passo igual a todas as outras pessoas. 

Vai ter que começar do zero, voltar ao início da carreira, mudar o modo de vida, enfrentar o medo, o preconceito, o desconhecido. Não tem como vir para cá e pular a etapa de adaptação. Isso é inevitável e faz parte da vida do imigrante. Não é opcional. E ainda considerando a sorte de conseguir algo no campo de atuação desejado. Não são raras as situações de imigrantes que trabalham completamente fora da área assim que chegam aqui. O meu próprio caso é exemplo disso. Ou todo mundo acha que recomeçar a minha carreira no Canadá trabalhando na Starbucks era o meu sonho? Já passei desta fase. Mas isso não significa que alcancei o degrau que quero.

É impossível mudar de país com mente fechada. Gente teimosa não vai para frente. Tem que estar preparado para o que der e vier, independente do que seja. É fundamental ter a cabeça aberta para qualquer oportunidade. Ser flexível é essencial.

Cada vez que alguém me pergunta como está o mercado de arquitetura por aqui, tento fugir da resposta. Porque a verdade é que eu quero dizer que está "um horror e decadente". Vindo de mim, não teria a menor possibilidade de haver uma resposta muito otimista, afinal, eu mesma ainda não consegui uma recolocação adequada à carreira que construí no Brasil. E gente, acreditem, não sou uma pessoa limitada ou péssima profissional. Tenho muito estudo e um sólido background. Não sou burra ou coisa do tipo. É o puro fato de que as pessoas não aceitam o estrangeiro aqui como profissional qualificado até que este tenha adquirido alguns anos de experiência local. A princípio, a qualificação do imigrante adquirida no país nativo é considerada quase insignificante. E não precisa duvidar de mim. Basta fazer uma rápida pesquisa de vagas da sua área e logo perceberá a exigência de “x” anos de trabalho no mercado canadense. E não fui eu quem determinou isso. Acreditem, estou me matando para passar este período de conhecimento local para poder correr atrás de algo equivalente ao meu histórico profissional. Infelizmente tenho que passar por esta etapa antes de poder pedir “truco” ou dar um “xeque-mate” em qualquer entrevista de emprego. Se é que isso um dia vai acontecer. 

Depois de conversar com várias pessoas por aí, tenho chegado a conclusão de que sempre estarei trabalhando em uma posição atrás do que a minha carreira me qualificaria no Brasil. Todo mundo que eu conheço tem a mesma sensação. A maioria não admite, mas quando tenho aquelas conversas em “off”, as pessoas acabam admitindo uma pequena frustração no que se refere a carreira. Claro que morar aqui tem as suas compensações e muitas vantagens. Não tenho dúvidas disso. Mas estes pontos positivos definitivamente não estão ligados às expectativas profissionais. 

Mas tudo bem né, querendo ou não, pensando bem, uma das razões de eu ter vindo foi justamente por ter percebido que a minha "sonhada" carreira estava ocupando espaço demais na minha vida pessoal. Então, também não adianta eu ficar reclamando da minha atual posição quando, na verdade, o excesso de trabalho também era algo que me incomodava no Brasil. Aliás, é um ótimo momento para repensar a carreira e não repetir os mesmos erros do passado. Ser “workholic” decididamente está fora dos meus planos atuais. E se isso é algo que defini para mim mesma, seria incoerência da minha parte querer assumir o mesmo nível profissional que eu tinha anteriormente. Às vezes acho que é até bom as pessoas “desconsiderarem” a minha experiência. Assim a minha vida fica razoavelmente mais calma. 

Mas independente do que escolhi para mim, é importante ter em mente que aqui existe concorrência, igual a qualquer lugar no mundo. Conseguir um emprego dependerá de vários fatores, sendo alguns deles alheios a você. É fundamental considerar que da mesma forma que você estará procurando uma vaga, outras pessoas também estarão. E parte deste grupo será de canadenses. Por isso, vale muito a pena já colocar na cabeça que ser imigrante é uma desvantagem. Não espere que você concorrerá de igual para igual com uma pessoa que nasceu e estudou aqui. No fundo, há um preconceito contra os estrangeiros sim. Mas não por questões culturais, e sim profissionais. “Business is business, money is money”. Ninguém te contratará para uma posição alta se houver um canadense disputando a mesma vaga com formação e experiência “equivalente” à sua. Você acha mesmo que alguma empresa optaria por você a um profissional com conhecimento local? E que ainda se formou em uma instituição reconhecida, que já está adaptado a cultura e aos costumes do país, e se comunica perfeitamente? A resposta é não. Você sairia perdendo. Por isso gosto de dizer que tudo depende da concorrência. 

Além disso, esta história de que o Canadá precisa de mão de obra especializada é “conto de fadas”. Do jeito que as pessoas falam por aí, até parece que o país é formado por gente sem escolaridade. Muito pelo contrário. Diferentemente do Brasil, vai ser raro demais você encontrar uma pessoa analfabeta, ou semianalfabeta. Isso simplesmente não existe aqui. O governo oferece a educação básica gratuitamente a todos os residentes. Escolaridade até o “highschool” (que talvez seja equivalente ao meu colegial - não sei mais como se chamam os níveis no Brasil atualmente) está disponível a todos, e com qualidade. Ou seja, a pessoa mais simples terá uma educação razoável, ao menos o suficiente para disputar umas vagas por aí. E falando inglês (rsssssss). 

A verdade é que a sua carreira começará do zero, o que significa iniciar lá do comecinho mesmo. E isso se tiver sorte de já conseguir o primeiro emprego na área. Eu não estou falando isso baseado exclusivamente na minha experiência. Isso é um fato real, inclusive o próprio governo canadense reconhece a necessidade do imigrante considerar um “entry level job” no início da vida aqui. Qualquer pesquisa feita no Google sobre “newcomers” e “job” vai mencionar a hipótese de considerar a entrada no mercado de trabalho canadense através de um emprego simples, mesmo que seja para adaptação local. 

Tem vaga? Sim. Tem oportunidade? Sim. Conseguirá trabalho? Sim. Com o mesmo padrão que o do Brasil? Aí já não posso afirmar. Como mencionei anteriormente, acho difícil demais isso se tornar realidade, pelo menos no início. 

Claro que há chances de se conseguir algo excelente, mas a conta “realidade x expectativa” fará a diferença na vida das pessoas que querem vir. Quanto mais pé no chão, maior a chance de dar certo. Quanto menor a expectativa, maior será a chance de conseguir enfrentar as dificuldades da fase inicial. As pessoas não podem idealizar de que existe uma vaga de trabalho especial esperando por elas. O mercado não está desesperado procurando por profissionais como dizem. Isso é um mito. Não há empresas disputando o “funcionário no ano”. Repetindo o que o marido disse outro dia para um conhecido (que ainda está no Brasil): “Não pense que basta deixar cair a identidade na rua e já estará empregado". Antes de mais nada, você terá que entender onde se encaixa profissionalmente no país. Quais as vagas que pode trabalhar com o conhecimento que tem. Naturalmente, terá que distribuir muitos currículos. Depois de muita dedicação e um pouco de sorte, passar por entrevistas. Talvez precisará viver a ansiedade da espera e a angustia do rejeito. O desespero vai bater. Isso faz parte. Mas em algum ponto, cedo ou tarde, as coisas vão se encaixar. Mas só após de uma determinada batalha e um certo esforço.

Bom, é isso. Lembre-se de que você será mais um aqui. Sem nada de especial para oferecer. Assim como você construiu uma carreira excelente até hoje, madrugou noites e noites, estudou milhões de cursos, trabalhou horas extras sem fim e vem se esforçando horrores nos últimos anos, outras pessoas também fizeram isso. O seu tremendo esforço é um grande mérito, mas não é uma característica exclusiva sua. Portanto, se você souber ver a realidade como ela é e entender que o mundo está aí aberto para todos, um grande passo já terá sido dado. Abra a mente, respire fundo e enfrente as surpresas que a vida em outro país lhe trará. Só arriscando para saber o pode acontecer.



quarta-feira, 23 de março de 2016

- Bliss Bear: a viagem do novo integrante


Este post é continuação do anterior. Se você não o leu, clique aqui.

Depois dos dias de férias, chegou o momento de voltar para as terras canadenses e retomar a rotina, mas agora com o Bliss como parte da família. Marido havia organizado sozinho toda a viagem do pequeno cão. Já havia preparado documentos e comprado kennel. Passagem de avião agendada e paga. Por ser filhote, mesmo sendo Golden Retriever, ele poderia viajar conosco na cabine. Em teoria ele estaria no tamanho e peso permitido pela cia aérea. Eu repito: em teoria. Durante os dias de estadia no Brasil, o pequeno puppy de 6kg simplesmente passou para 10kg em menos de duas semanas. Marido não contava com isso. A caixa de transporte que ele organizou para carregar o filhotinho durante o voo estava ficando menor a cada dia que passava. Mas ainda tínhamos esperança de que tudo daria certo.

Enfim, chegou o dia do embarque. Era uma sexta-feira. Dia perfeito para terminar as férias, afinal, nós teríamos o fim de semana para descansar e nos organizarmos antes de voltar ao trabalho, como eu já havia previamente programado. Tudo pronto certo??? Não. O kennel (que era daqueles semi-rígidos) realmente havia ficado pequeno para o Bliss. Detalhe, o que tínhamos era o maior permitido pela cia aérea. Um dia antes de pegarmos o avião saímos correndo para comprar outra mala de cachorro, mas desta vez do modelo “soft”. Teríamos que arriscar. Mandá-lo pelo compartimento de bagagem/carga estava completamente fora de cogitação. De maneira nenhuma eu aceitaria isso. Enfim, depois de uma ansiedade e uma preocupaçãozinha com a “casinha de viagem”, tudo estava preparado. Malas, kennel, cachorro. Menos nós que estávamos numa ansiedade gigante, afinal, levar um filhote para outro país é mais complicado do que se parece. Sem falar na dó que eu estava dele. Coitadinho, mal havia se separado da mãe e dos irmãozinhos e já teria que passar por uma viagem internacional, incluindo conexão nos EUA. Mais uma vez eu queria matar o marido. Mas tudo bem. Quem está na chuva é para se molhar. Era de hora de ir e pronto. Certo??? Não outra vez! Depois de todo o sucesso do cachorrinho no aeroporto, check-in realizado, assentos marcados, na hora do embarque, uma representante da cia aérea conferiu os documentos do filhote e estava faltando um. Justamente o do ministério da agricultura e pecuária. Como assim marido??? Você não viu este documento????? Tipo... sério mesmo???? Não, ele não viu porque segundo as informações passadas pela United Airlines no momento de marcar a passagem do cachorro, este formulário não era necessário uma vez que ele estaria embarcando com a gente na cabine e ele tinha menos de três meses. Isso significaria que a vacina de raiva não era necessária (aliás, não era permitida) por causa da idade, e portanto não havia nada que o ministério da agricultura e pecuária pudesse atestar. Na ocasião, a atendente disse que o tal documento só era exigido nos casos em que o animal viaja sem a companhia dos donos. Para nós até fazia sentido, porque quando providenciamos este formulário para os nossos outros cachorros, ele viriam para o Canadá através de uma empresa especializada num voo diferente do nosso. O que é um procedimento normal para cachorro de grande porte que necessariamente viaja como “cargo”. Enfim, independentemente da orientação passada anteriormente, fomos impedidos de embarcar. E o pior, não havia nada que pudéssemos fazer pois era noite de sexta-feira no dia primeiro de janeiro, ou seja, pleno feriado. Chance zero de conversar com alguém do departamento do governo. Os dias seguintes também seriam perdidos já que se tratava de final de semana. A única coisa que conseguimos fazer foi remarcar as passagens sem custo já que a United Airlines reconheceu o erro. Grande ajuda! E lá estávamos nós tentando recuperar as nossas bagagens que já haviam sido despachadas e mandando fotos da remarcação para os nossos chefes comunicando que não estaríamos retornando ao trabalho na segunda-feira como deveríamos. Este foi um daqueles momentos em que a pessoa neurótica aqui entrou em mais desespero. Tudo dando errado. Sem escolha, voltamos para a casa dos meus pais. Pelo menos eu teria mais dias com eles, woo-hoo!!

Nós até quase arriscamos tentar embarcar sem o tal documento, o que seria por nossa conta e risco. Mas depois ponderarmos a situação, achamos melhor não tentar algo que pudéssemos nos arrepender. Provavelmente nós não teríamos problema quando chegássemos no Canadá. Certamente uma “dor de cabeça”, mas acredito que não seríamos impedidos de entrar no país com o filhotinho. O problema poderia ser nos EUA, onde fizemos conexão. Lá sim eles poderiam querer reter o pequeno cão para quarentena na ausência do tal documento. No fim, optamos em fazer tudo certinho, o que nos consumiu alguns dias de nervoso e ausência no trabalho.

Vou tentar resumir os dias que se seguiram. Primeiro corremos atrás da documentação do veterinário certificando que o nosso pequeno estava saudável e em condição de viajar de avião. Sendo o segundo dia do ano em pleno sábado, a tarefa não foi tão simples como deveria. Na verdade, nós já tinhamos este certificado, mas como ele só vale por três dias, o nosso iria expirar até que conseguíssemos apresentá-lo ao órgão do governo. Somente na segunda-feira conseguimos agendar a “consulta” junto ao ministério da agricultura e pecuária para solicitar o tal documento oficial. Na prática, agendamos em quatro diferentes agências (Cento de São Paulo, Aeroporto de Guarulhos, Porto de Santos, Aeroporto de Campinas). Fácil, afinal, andar de um lado para outro é algo bem simples. E de fato foi o que fizemos. Mesmo com as datas pré-agendadas, tentamos antecipar a questão indo pessoalmente aos postos disponíveis alguns dias antes do marcado. Sem sucesso. Tivemos que aguardar o prazo estabelecido pelo governo. O que não faz sentido nenhum, afinal, preencher um formulário de uma única página simplesmente copiando o que o veterinário particular atestou no certificado é tarefa demorada. Algo que precisa de dias!!!! Um absurdo. Mas não tívemos opcão. Quando falamos de serviço público já sabemos que será um prazo longo e sem justificativa.

Toda esta história só terminou no final da quarta-feira quando o "super documento de uma página" foi emitido. Isso significa que passamos 6 dias correndo e discutindo entre aeroportos e portos, literalmente. Remarcamos a nossa passagem três vezes no total. E durante estes dias, o nosso amado cãozinho continuou crescendo. Juro, ele ganhou mais 1,5kg e alguns centímetros. Já estava meio óbvio que ele estava fora do tamanho permitido. Mas depois de todo o transtorno, a cia aérea fez vistas grossas e nos colocaram num acento com mais espaço para o "não tão" pequeno filhote viajar mais confortável. Não preciso nem mencionar que a indignação com a burocracia quase nos fez enfartar. E no meio disso tudo, houve uma situação que quase fez o Mau ter um ataque do coração de verdade. Acreditam que em uma destas “consultas” que o Mauricio foi em uma das agências do ministério da agricultura e pecuária o atendente não queria recebê-lo porque ele estava vestindo bermuda????? Gente, estou falando da agência localizada no porto de Santos. Marido foi até lá, durante as suas férias, debaixo de um sol de 35 graus, para pegar um documento e disseram que ele só poderia falar com o veterinário oficial se estivesse vestindo calça comprida. Tipo... oi?? Lembro que o Mau me ligou de lá surtando dizendo que compraria uma calça laranja com bolinhas verdes só de raiva (kkkkk). Mas não chegou a tanto. Durante este período, enquanto marido se matava entre o vai-e-vem de uma agência para outra, eu fiquei com o puppy tentando ensiná-lo algumas coisinhas. Nada demais, apenas tentando convencê-lo a se comportar durante o voo e a andar com coleira e guia. Até então, ele não dava um passo à frente se estivesse com qualquer coisa em seu pescoço.

Por fim, depois de todo o corre-corre, embarcamos e viajamos de volta ao Canadá. Durante o voo tudo foi tranquilo. Nada de surpresas. O pequeno filhotinho se comportou perfeitamente bem, aliás, melhor do que imaginávamos. Os outros passageiros até ficaram surpresos quando descobriam que tinha cachorro com a gente de tão quietinho que ele ficou. Apenas na conexão nos EUA ele resolveu ser o centro das atenções e virou entretenimento para todos na fila da imigração. Marido e eu nervosos e ele se divertindo à beça, incluindo com os policiais da fronteira. A chegada no Canadá também foi tranquila, passamos pelo departamento responsável pela entrada de animais no país, acertamos tudo o que precisava e corremos para casa. Chegamos apenas na quinta-feira, cansados e esgotados. Finalmente estávamos de volta, prontos para recomeçar a nova rotina com o Bliss. No dia seguinte já estávamos trabalhando, com olheiras profundas, fuso horário brasileiro, tudo uma enorme bagunça. Mas felizes pela nova fase que estava se iniciando. Agora é hora de por a vida em ordem. Bora tentar treinar o Bliss Bear!!!

 

Brasil
Brasil -> Canadá
Canadá
Canadá
Canadá

terça-feira, 22 de março de 2016

- Finalmente, a novidade!



Wow! Março já começou! Que medo! O tempo está voando, é impressionante. Ainda nem perdi os quilos que adquiri no Natal e já começou o terceiro mês do ano. E o pior, nem consegui dar as caras por aqui. Então bora começar a colocar o assunto em dia.

Bom, primeiro quero justificar a nossa ausência aqui no Blog. Juro que estamos sem tempo. Viver longe da família e sem ajuda de ninguém em volta é algo que dificulta a organização do dia a dia. Isso já explica parte da falta de tempo. A outra é que em dezembro fomos para o Brasil ver a família por duas semanas. A terceira é que no final de fevereiro foi a vez dos meus pais (Priscila) nos visitarem. Uma maravilha! Período delicioso para matar um pouco mais da saudade. A quarta razão para termos sumido é que, como eu já havia mencionado anteriormente, temos novidades! Obaaaaa! Coisa legal para compartilhar. Depois de um período longo de dificuldades, nossa família de dois virou três com a chegada de um novo puppy! É isso aí, um novo cachorrinho na nossa vida para agitar as nossas 24 horas de cada dia. Claro que você leitor que já conhece um pouco da nossa história sabe bem qual é a dimensão deste fato. E não preciso nem mencionar que por trás desta feliz novidade, há uma aventura para contar, caso contrário não seríamos nós! (rsssss)

Para início de conversa, o cãozinho foi presente de Natal. É isso aí, meu cunhadinho resolveu nos presentar com um cachorro! Não dá para ser melhor do que isso né?! Mas a história foi mais complexa do que se imagina. Tudo começou quando ele decidiu nos dar o “peludo” no Brasil, quando fôssemos visitar a família durante as festas de fim de ano. O que não facilitou em nada a nossa viagem e nos obrigou a alterar parte dos nossos planos para o ano que se seguiria. Por razões pessoais, marido e eu havíamos combinado que teríamos outro cachorro somente depois de abril de 2016. Mas por conta da oportunidade, o meu cunhado quis antecipar esta questão. E isso foi uma surpresa enorme para mim, literalmente. Tudo arranjado entre o Mau e o irmão dele, com a minha cunhada de cúmplice. A ideia era que eu descobrisse isso apenas quando desembarcássemos no Brasil. No entanto, quando faltavam duas semanas para a nossa viagem, o marido acabou revelando tudo. Ele até foi bem resistente, pois escondeu esta história de mim por 45 dias. É isso mesmo, QUA-REN-TA-E-CIN-CO dias preparando tudo para a vinda do filhotinho sem que eu soubesse de nada. Nada mesmo!

A princípio, quando fiquei sabendo do cachorro, eu surtei! Simplesmente enlouqueci. Não que eu não o quisesse, muito pelo contrário, eu fazia contagem regressiva para o mês de abril chegar e nós irmos procurar um quatro-patas para a nossa família. Mas mais uma vez, por razões que não vem ao caso, eu fiquei muito confusa com a chegada de um cãozinho num momento em que não estávamos preparados. Quando fiquei sabendo, eu queria matar o Mauricio. Mas sabe como é né, cachorro é cachorro. Não dá para resistir. A realidade é que o Mau sabia que eu ficaria enfurecida. Ele mesmo admitiu isso. Mas por outro lado, ele contava que no momento em que eu visse a “bolinha de pelo”, eu me renderia e cairia de amor por ele. E não preciso nem dizer que isso aconteceu. Aliás, nem precisei vê-lo. Antes mesmo de ir para o Brasil eu já incorporei a situação e entrei no jogo. Claro que depois de alguns dias de briga (rsssss). Mas aí já comecei a ajudar nos preparativos aqui no Canadá para a chegada do novo membro da família. Enfim, nosso novo amado peludo é totalmente brasileiro: “Puppy made in Brazil” (rsssss). Um pequeno Golden Retriever pronto para mudar as nossas vidas.

E toda a aventura começou quando eu planejei as férias sem considerar a presença de um cachorro. Meus pais também haviam pensado em alguns planos surpresas para nós que tiveram que ser cancelados. Na prática, todo mundo teve que alterar as férias para se encaixarem na nossa nova realidade. E olha que estou falando de várias pessoas já que um monte de gente que nem mora em São Paulo resolveu passar o Natal na casa dos meus pais. Todo mundo fazendo revezamento e agendando compromissos em função do cãozinho.

Além das férias propriamente dita, tivemos que mudar alguns projetos para 2016 com o intuito de adaptar a nossa rotina ao filhote. Não que eu seja neurótica. Isso tem explicação. Nós somos o tipo de gente que tenta fazer o máximo de atividades possíveis acompanhados de cachorro, portanto, para nós é fundamental ter um que seja adestrado. E isso significa “dedicação de tempo” já que nós mesmos teríamos que o "educar". A nossa situação financeira aqui no Canadá não nos permite contratar um profissional para isso, então todo o treinamento teria que ser no esquema “do it yourself”. E a ironia é que o nosso conhecimento sobre o assunto é zero. Sabendo-se disso, eu já havia considerado comprar alguns livros sobre “como adestrar o seu cachorro” e planejado uns meses de leitura antes de termos o “quatro patas” em casa. E não é exagero da minha parte. Como nos últimos anos vivi com meus amados cães já velhinhos, eu sabia que havia perdido o jeito para ter um filhote cheio de energia e “zero kilômetro”. Não tem jeito, apesar de puppy ser fofinho e gracioso, temos que considerar que é a mesma coisa que uma página em branco. Nós temos que ensiná-lo a se comportar de acordo com a rotina da casa, e isso demanda dedicação e muita paciência. Eu realmente queria estar preparada e organizada para mais uma mudança na nossa vida. Aí parece piada. No dia em que resolvi digerir a novidade, fui até uma bookstore comprar alguns guias a respeito de adestratamento. Saí com alguns livros debaixo do braço desesperada para absorver o máximo de informação possível. Conclusão: li um livro no voo da ida e outro no voo da volta. Nem dormi. Passei as 15 horas de viagem lendo, lendo, lendo e querendo matar o Mauricio que dormia profundamente ao meu lado. Tá bom, admito que sou neurótica!!!

E lá estávamos nós em terras brasileiras, ansiosos demais para rever a família. Até porque a história do puppy só começou depois que a nossa ida ao Brasil já estava programada. Os dias por lá foi antes de mais nada um período para ficar com os nossos amados familiares. O cachorrinho foi a cereja do bolo.

Resumindo, as férias foram muito gostosas. Tivemos férias, família, amigos e cachorro, tudo num pacote só. Mal chegamos no Brasil e já fomos para a balada, tipo assim, no mesmo dia, algumas horas depois do desembarque. Redbull foi a salvação. E claro, o fuso horário também estava a nosso favor. No dia seguinte já tivemos churrasco e fomos finalmente encontrar o nosso pequeno cachorrinho. Era domingo de manhã quando fomos pegá-lo. E ele estava lá, uma bolinha de pelo dourado, macio e espetado. Pronto para ser amado.

Nos dias que se seguiram, ficamos com a família e amigos. Também fomos para a praia curtir um pouco da orla com o sol tropical que só o Brasil tem! Foram 15 dias e mais um pouco. E apesar de toda a diversão, admito que durante estas férias quase não passeamos para poder ficar em casa com a “indefesa bola de pelo”. Na verdade, tentávamos revezar turnos entre visitas de amigos e passeios. Minha mãe e meu pai entraram no jogo e logo incorporaram a história. Coitados, ficavam de plantão no meio disso tudo se ajustando ao nosso cronograma. Sem palavras para agradecer!!! Além disso, já fomos tentando adaptá-lo à caixa de transporte que ele viajaria para o Canadá. E claro, fazendo o possível e impossível para fazê-lo se acostumar com coleira. Até então, ele não sabia nem que isso existia. Não preciso nem mencionar a guia! 


Gente, o post estava muito grande, então resolvi dividi-lo em duas partes. E a viagem??? História para o próximo post...

Queridos amigo do blog, eu lhes apresento Bliss Bear, para os mais íntimos, apenas Bliss :) 







terça-feira, 26 de janeiro de 2016

- Começando 2016



Nossa, Janeiro já está terminando e eu ainda nem dei as caras aqui no blog. São tantas coisas acontecendo juntas na nossa rotina, que tem ficado difícil parar um tempinho para escrever. Ainda bem! Só tenho a agradecer!

É isso aí, 2016 finalmente resolveu começar! Incrível, mas parece que todo mundo estava desesperado pelo fim de 2015. Não vou mentir, em certo ponto eu também estava querendo algo do tipo. Mas admito que esta ansiedade pelo futuro vai muito contra ao novo costume que estou tentando aderir. Tenho me forçado muito a viver o presente sem ficar anciosa pelos próximos dias, meses e anos. O que não tem sido uma tarefa fácil. É muito difícil ser otimista o tempo todo e simplesmente curtir o momento quando as coisas estão mais ou menos né. Aqui do meu lado a vida está assim: às vezes mais e às vezes menos. Tem dias que estou apaixonada pela vida rindo a toa. Mas tem horas que quero passar por cima de todo mundo e sair batendo em qualquer um que esteja à minha volta. Sabe aquela frase “quando a vida lhe der limões, faça uma limonada”? Então, tem dias que eu quero é atacar todos os limões em qualquer um que cruzar o meu caminho (rssss). E não é falta de consistência da minha parte. É porque existem algumas pedras no meu sapato que de vez em quando incomodam mais.

Mas independentemente disso, juro que estou me esforçando para curtir a vida dia a dia. E apesar disso ser algo que eu sempre soube que deveria fazer, foi no ano passado, exatamente há um ano atrás, que eu resolvi que me apegaria mais ao presente. E nem preciso dizer que a minha amada cachorrinha Jesse (também) me ensinou isso. É inevitável não mencionar este fato da nossa vida aqui no blog. A perda dela foi algo que pegou pesado para nós e influenciou no decorrer do ano passado como um todo. E independente da dor insuportável de perdê-la, em 22 de janeiro de 2015, quando ela nos deixou, eu me dei conta de como o "agora" vale mais do que qualquer coisa.

Lembro-me claramente de como foi aquele dia. Recordo-me de observar as pessoas pelas ruas vivendo um dia de rotina. Alguns no carro indo para o trabalho, gente passeando com seus pets pelas calçadas, crianças indo para escola, idosos caminhando sob o sol. Enfim, nada mais do que o simples cotidiano. E eu lá, sofrendo desesperadamente. Lembro-me de que naquele momento, a única coisa que eu queria era viver um dia simples da minha própria rotina. Eu daria tudo para estar passeando com a Jesse em plena manhã de segunda-feira antes de ir para o trabalho. Eu daria tudo para naquele dia ter que ir para a Starbucks (onde eu tinha emprego na ocasião), passar por uma jornada básica de barista, voltar para a casa cansada, e poder ver meu marido e minha cachorrinha me esperando. Naquele dia, tudo o que eu queria era ter que servir café e saber que ela estaria lá em casa aguardando por mim. Naquele dia, eu daria tudo para não estar passando por aquele momento diferente e de dor. Recordo-me de falar sobre isso com o Mau. Como nós não damos valor para o simples da vida, quando na verdade é só o que precisamos. Eu olhava em volta e dizia: “estas pessoas não tem idéia de como são felizes por estarem fazendo nada de diferente hoje”. Quantas segundas-feira eu não reclamei por ter que ir trabalhar? Quantas vezes não reclamei da chuva na hora de passear com a minha Jesse? Quantas vezes não odiei aqueles dias “bobos” de rotina? E no fundo, era tudo o que eu queria. Claro que entre reviver um domingo de Netflix ou uma segunda-feira de trabalho, eu optaria pelo domingão. Mas o ponto disso tudo é que qualquer coisa valeria se eu soubesse que ela estava lá. Enfim, completou-se um ano que ela se foi. Um ano sem a nossa princesinha. A saudade imensurável continua, a dor ainda não se cicatrizou, e certamente nunca irá. Isso tristemente faz parte da vida. Ela não foi a primeira que se foi e infelizmente não será a última. As perdas são inevitáveis. Então vale muito dizer que temos que agradecer o presente enquanto nós estamos aqui com os nossos amados fazendo parte da nossa vida, estejam eles próximos ou distantes.


E por mais que houvesse uma determinada ansiedade para completar 2015, nós também tivemos marcos positivos. Eu mudei de emprego. Conhecemos novos [ótimos] amigos aqui no Canadá. Em dezembro fomos para o Brasil passar o natal e reveillon com a família. E o melhor, meu pai finalmente apresentou 100% de recuperação de um problema de saúde. Nossa, não há palavras que expressem o alívio e gratidão por isso. Este é um assunto que nunca foi exposto aqui porque eu não soube emocionalmente administrar esta situação. Mas o importante é que ele superou!

E assim, começo 2016 abrindo o blog dizendo para tentarmos entender as lições do dia a dia. Nem tudo é perfeito, eu sei. Nem sempre os planos caminham como desejamos. Eu mesma ainda quero muitas mudanças na minha vida e correrei atrás de todos elas. Farei de tudo para que os dias n
ão passem em branco. Continuarei procurar dar valor e agradecer pelos dias de chuva, de sol, de frio e de calor. Pelas jornadas de trabalho e por ter um “common boring job”. Por ter que cumprir as tarefas de casa, as manhãs na academia, as obrigações diárias. NÃO agradecerei as contas que tenho que pagar (rssss), mas reconhecerei que elas significam que tenho um teto para viver. 

Neste ano de 2016, continuarei a dar valor aos novos e velhos bons amigos. Continuarei a batalhar com o meu marido por todos os nossos sonhos. Continuarei a agradecer o amor e a presença do meu pai, da minha mãe e do meu irmão na minha vida, mesmo que fisicamente distantes. 


Em 2016 continuarei a amar infinitamente =)
E claro, com muitas histórias para contar! 

Próximo post terá novidade: aguardem!!!!