quarta-feira, 23 de março de 2016

- Bliss Bear: a viagem do novo integrante


Este post é continuação do anterior. Se você não o leu, clique aqui.

Depois dos dias de férias, chegou o momento de voltar para as terras canadenses e retomar a rotina, mas agora com o Bliss como parte da família. Marido havia organizado sozinho toda a viagem do pequeno cão. Já havia preparado documentos e comprado kennel. Passagem de avião agendada e paga. Por ser filhote, mesmo sendo Golden Retriever, ele poderia viajar conosco na cabine. Em teoria ele estaria no tamanho e peso permitido pela cia aérea. Eu repito: em teoria. Durante os dias de estadia no Brasil, o pequeno puppy de 6kg simplesmente passou para 10kg em menos de duas semanas. Marido não contava com isso. A caixa de transporte que ele organizou para carregar o filhotinho durante o voo estava ficando menor a cada dia que passava. Mas ainda tínhamos esperança de que tudo daria certo.

Enfim, chegou o dia do embarque. Era uma sexta-feira. Dia perfeito para terminar as férias, afinal, nós teríamos o fim de semana para descansar e nos organizarmos antes de voltar ao trabalho, como eu já havia previamente programado. Tudo pronto certo??? Não. O kennel (que era daqueles semi-rígidos) realmente havia ficado pequeno para o Bliss. Detalhe, o que tínhamos era o maior permitido pela cia aérea. Um dia antes de pegarmos o avião saímos correndo para comprar outra mala de cachorro, mas desta vez do modelo “soft”. Teríamos que arriscar. Mandá-lo pelo compartimento de bagagem/carga estava completamente fora de cogitação. De maneira nenhuma eu aceitaria isso. Enfim, depois de uma ansiedade e uma preocupaçãozinha com a “casinha de viagem”, tudo estava preparado. Malas, kennel, cachorro. Menos nós que estávamos numa ansiedade gigante, afinal, levar um filhote para outro país é mais complicado do que se parece. Sem falar na dó que eu estava dele. Coitadinho, mal havia se separado da mãe e dos irmãozinhos e já teria que passar por uma viagem internacional, incluindo conexão nos EUA. Mais uma vez eu queria matar o marido. Mas tudo bem. Quem está na chuva é para se molhar. Era de hora de ir e pronto. Certo??? Não outra vez! Depois de todo o sucesso do cachorrinho no aeroporto, check-in realizado, assentos marcados, na hora do embarque, uma representante da cia aérea conferiu os documentos do filhote e estava faltando um. Justamente o do ministério da agricultura e pecuária. Como assim marido??? Você não viu este documento????? Tipo... sério mesmo???? Não, ele não viu porque segundo as informações passadas pela United Airlines no momento de marcar a passagem do cachorro, este formulário não era necessário uma vez que ele estaria embarcando com a gente na cabine e ele tinha menos de três meses. Isso significaria que a vacina de raiva não era necessária (aliás, não era permitida) por causa da idade, e portanto não havia nada que o ministério da agricultura e pecuária pudesse atestar. Na ocasião, a atendente disse que o tal documento só era exigido nos casos em que o animal viaja sem a companhia dos donos. Para nós até fazia sentido, porque quando providenciamos este formulário para os nossos outros cachorros, ele viriam para o Canadá através de uma empresa especializada num voo diferente do nosso. O que é um procedimento normal para cachorro de grande porte que necessariamente viaja como “cargo”. Enfim, independentemente da orientação passada anteriormente, fomos impedidos de embarcar. E o pior, não havia nada que pudéssemos fazer pois era noite de sexta-feira no dia primeiro de janeiro, ou seja, pleno feriado. Chance zero de conversar com alguém do departamento do governo. Os dias seguintes também seriam perdidos já que se tratava de final de semana. A única coisa que conseguimos fazer foi remarcar as passagens sem custo já que a United Airlines reconheceu o erro. Grande ajuda! E lá estávamos nós tentando recuperar as nossas bagagens que já haviam sido despachadas e mandando fotos da remarcação para os nossos chefes comunicando que não estaríamos retornando ao trabalho na segunda-feira como deveríamos. Este foi um daqueles momentos em que a pessoa neurótica aqui entrou em mais desespero. Tudo dando errado. Sem escolha, voltamos para a casa dos meus pais. Pelo menos eu teria mais dias com eles, woo-hoo!!

Nós até quase arriscamos tentar embarcar sem o tal documento, o que seria por nossa conta e risco. Mas depois ponderarmos a situação, achamos melhor não tentar algo que pudéssemos nos arrepender. Provavelmente nós não teríamos problema quando chegássemos no Canadá. Certamente uma “dor de cabeça”, mas acredito que não seríamos impedidos de entrar no país com o filhotinho. O problema poderia ser nos EUA, onde fizemos conexão. Lá sim eles poderiam querer reter o pequeno cão para quarentena na ausência do tal documento. No fim, optamos em fazer tudo certinho, o que nos consumiu alguns dias de nervoso e ausência no trabalho.

Vou tentar resumir os dias que se seguiram. Primeiro corremos atrás da documentação do veterinário certificando que o nosso pequeno estava saudável e em condição de viajar de avião. Sendo o segundo dia do ano em pleno sábado, a tarefa não foi tão simples como deveria. Na verdade, nós já tinhamos este certificado, mas como ele só vale por três dias, o nosso iria expirar até que conseguíssemos apresentá-lo ao órgão do governo. Somente na segunda-feira conseguimos agendar a “consulta” junto ao ministério da agricultura e pecuária para solicitar o tal documento oficial. Na prática, agendamos em quatro diferentes agências (Cento de São Paulo, Aeroporto de Guarulhos, Porto de Santos, Aeroporto de Campinas). Fácil, afinal, andar de um lado para outro é algo bem simples. E de fato foi o que fizemos. Mesmo com as datas pré-agendadas, tentamos antecipar a questão indo pessoalmente aos postos disponíveis alguns dias antes do marcado. Sem sucesso. Tivemos que aguardar o prazo estabelecido pelo governo. O que não faz sentido nenhum, afinal, preencher um formulário de uma única página simplesmente copiando o que o veterinário particular atestou no certificado é tarefa demorada. Algo que precisa de dias!!!! Um absurdo. Mas não tívemos opcão. Quando falamos de serviço público já sabemos que será um prazo longo e sem justificativa.

Toda esta história só terminou no final da quarta-feira quando o "super documento de uma página" foi emitido. Isso significa que passamos 6 dias correndo e discutindo entre aeroportos e portos, literalmente. Remarcamos a nossa passagem três vezes no total. E durante estes dias, o nosso amado cãozinho continuou crescendo. Juro, ele ganhou mais 1,5kg e alguns centímetros. Já estava meio óbvio que ele estava fora do tamanho permitido. Mas depois de todo o transtorno, a cia aérea fez vistas grossas e nos colocaram num acento com mais espaço para o "não tão" pequeno filhote viajar mais confortável. Não preciso nem mencionar que a indignação com a burocracia quase nos fez enfartar. E no meio disso tudo, houve uma situação que quase fez o Mau ter um ataque do coração de verdade. Acreditam que em uma destas “consultas” que o Mauricio foi em uma das agências do ministério da agricultura e pecuária o atendente não queria recebê-lo porque ele estava vestindo bermuda????? Gente, estou falando da agência localizada no porto de Santos. Marido foi até lá, durante as suas férias, debaixo de um sol de 35 graus, para pegar um documento e disseram que ele só poderia falar com o veterinário oficial se estivesse vestindo calça comprida. Tipo... oi?? Lembro que o Mau me ligou de lá surtando dizendo que compraria uma calça laranja com bolinhas verdes só de raiva (kkkkk). Mas não chegou a tanto. Durante este período, enquanto marido se matava entre o vai-e-vem de uma agência para outra, eu fiquei com o puppy tentando ensiná-lo algumas coisinhas. Nada demais, apenas tentando convencê-lo a se comportar durante o voo e a andar com coleira e guia. Até então, ele não dava um passo à frente se estivesse com qualquer coisa em seu pescoço.

Por fim, depois de todo o corre-corre, embarcamos e viajamos de volta ao Canadá. Durante o voo tudo foi tranquilo. Nada de surpresas. O pequeno filhotinho se comportou perfeitamente bem, aliás, melhor do que imaginávamos. Os outros passageiros até ficaram surpresos quando descobriam que tinha cachorro com a gente de tão quietinho que ele ficou. Apenas na conexão nos EUA ele resolveu ser o centro das atenções e virou entretenimento para todos na fila da imigração. Marido e eu nervosos e ele se divertindo à beça, incluindo com os policiais da fronteira. A chegada no Canadá também foi tranquila, passamos pelo departamento responsável pela entrada de animais no país, acertamos tudo o que precisava e corremos para casa. Chegamos apenas na quinta-feira, cansados e esgotados. Finalmente estávamos de volta, prontos para recomeçar a nova rotina com o Bliss. No dia seguinte já estávamos trabalhando, com olheiras profundas, fuso horário brasileiro, tudo uma enorme bagunça. Mas felizes pela nova fase que estava se iniciando. Agora é hora de por a vida em ordem. Bora tentar treinar o Bliss Bear!!!

 

Brasil
Brasil -> Canadá
Canadá
Canadá
Canadá

terça-feira, 22 de março de 2016

- Finalmente, a novidade!



Wow! Março já começou! Que medo! O tempo está voando, é impressionante. Ainda nem perdi os quilos que adquiri no Natal e já começou o terceiro mês do ano. E o pior, nem consegui dar as caras por aqui. Então bora começar a colocar o assunto em dia.

Bom, primeiro quero justificar a nossa ausência aqui no Blog. Juro que estamos sem tempo. Viver longe da família e sem ajuda de ninguém em volta é algo que dificulta a organização do dia a dia. Isso já explica parte da falta de tempo. A outra é que em dezembro fomos para o Brasil ver a família por duas semanas. A terceira é que no final de fevereiro foi a vez dos meus pais (Priscila) nos visitarem. Uma maravilha! Período delicioso para matar um pouco mais da saudade. A quarta razão para termos sumido é que, como eu já havia mencionado anteriormente, temos novidades! Obaaaaa! Coisa legal para compartilhar. Depois de um período longo de dificuldades, nossa família de dois virou três com a chegada de um novo puppy! É isso aí, um novo cachorrinho na nossa vida para agitar as nossas 24 horas de cada dia. Claro que você leitor que já conhece um pouco da nossa história sabe bem qual é a dimensão deste fato. E não preciso nem mencionar que por trás desta feliz novidade, há uma aventura para contar, caso contrário não seríamos nós! (rsssss)

Para início de conversa, o cãozinho foi presente de Natal. É isso aí, meu cunhadinho resolveu nos presentar com um cachorro! Não dá para ser melhor do que isso né?! Mas a história foi mais complexa do que se imagina. Tudo começou quando ele decidiu nos dar o “peludo” no Brasil, quando fôssemos visitar a família durante as festas de fim de ano. O que não facilitou em nada a nossa viagem e nos obrigou a alterar parte dos nossos planos para o ano que se seguiria. Por razões pessoais, marido e eu havíamos combinado que teríamos outro cachorro somente depois de abril de 2016. Mas por conta da oportunidade, o meu cunhado quis antecipar esta questão. E isso foi uma surpresa enorme para mim, literalmente. Tudo arranjado entre o Mau e o irmão dele, com a minha cunhada de cúmplice. A ideia era que eu descobrisse isso apenas quando desembarcássemos no Brasil. No entanto, quando faltavam duas semanas para a nossa viagem, o marido acabou revelando tudo. Ele até foi bem resistente, pois escondeu esta história de mim por 45 dias. É isso mesmo, QUA-REN-TA-E-CIN-CO dias preparando tudo para a vinda do filhotinho sem que eu soubesse de nada. Nada mesmo!

A princípio, quando fiquei sabendo do cachorro, eu surtei! Simplesmente enlouqueci. Não que eu não o quisesse, muito pelo contrário, eu fazia contagem regressiva para o mês de abril chegar e nós irmos procurar um quatro-patas para a nossa família. Mas mais uma vez, por razões que não vem ao caso, eu fiquei muito confusa com a chegada de um cãozinho num momento em que não estávamos preparados. Quando fiquei sabendo, eu queria matar o Mauricio. Mas sabe como é né, cachorro é cachorro. Não dá para resistir. A realidade é que o Mau sabia que eu ficaria enfurecida. Ele mesmo admitiu isso. Mas por outro lado, ele contava que no momento em que eu visse a “bolinha de pelo”, eu me renderia e cairia de amor por ele. E não preciso nem dizer que isso aconteceu. Aliás, nem precisei vê-lo. Antes mesmo de ir para o Brasil eu já incorporei a situação e entrei no jogo. Claro que depois de alguns dias de briga (rsssss). Mas aí já comecei a ajudar nos preparativos aqui no Canadá para a chegada do novo membro da família. Enfim, nosso novo amado peludo é totalmente brasileiro: “Puppy made in Brazil” (rsssss). Um pequeno Golden Retriever pronto para mudar as nossas vidas.

E toda a aventura começou quando eu planejei as férias sem considerar a presença de um cachorro. Meus pais também haviam pensado em alguns planos surpresas para nós que tiveram que ser cancelados. Na prática, todo mundo teve que alterar as férias para se encaixarem na nossa nova realidade. E olha que estou falando de várias pessoas já que um monte de gente que nem mora em São Paulo resolveu passar o Natal na casa dos meus pais. Todo mundo fazendo revezamento e agendando compromissos em função do cãozinho.

Além das férias propriamente dita, tivemos que mudar alguns projetos para 2016 com o intuito de adaptar a nossa rotina ao filhote. Não que eu seja neurótica. Isso tem explicação. Nós somos o tipo de gente que tenta fazer o máximo de atividades possíveis acompanhados de cachorro, portanto, para nós é fundamental ter um que seja adestrado. E isso significa “dedicação de tempo” já que nós mesmos teríamos que o "educar". A nossa situação financeira aqui no Canadá não nos permite contratar um profissional para isso, então todo o treinamento teria que ser no esquema “do it yourself”. E a ironia é que o nosso conhecimento sobre o assunto é zero. Sabendo-se disso, eu já havia considerado comprar alguns livros sobre “como adestrar o seu cachorro” e planejado uns meses de leitura antes de termos o “quatro patas” em casa. E não é exagero da minha parte. Como nos últimos anos vivi com meus amados cães já velhinhos, eu sabia que havia perdido o jeito para ter um filhote cheio de energia e “zero kilômetro”. Não tem jeito, apesar de puppy ser fofinho e gracioso, temos que considerar que é a mesma coisa que uma página em branco. Nós temos que ensiná-lo a se comportar de acordo com a rotina da casa, e isso demanda dedicação e muita paciência. Eu realmente queria estar preparada e organizada para mais uma mudança na nossa vida. Aí parece piada. No dia em que resolvi digerir a novidade, fui até uma bookstore comprar alguns guias a respeito de adestratamento. Saí com alguns livros debaixo do braço desesperada para absorver o máximo de informação possível. Conclusão: li um livro no voo da ida e outro no voo da volta. Nem dormi. Passei as 15 horas de viagem lendo, lendo, lendo e querendo matar o Mauricio que dormia profundamente ao meu lado. Tá bom, admito que sou neurótica!!!

E lá estávamos nós em terras brasileiras, ansiosos demais para rever a família. Até porque a história do puppy só começou depois que a nossa ida ao Brasil já estava programada. Os dias por lá foi antes de mais nada um período para ficar com os nossos amados familiares. O cachorrinho foi a cereja do bolo.

Resumindo, as férias foram muito gostosas. Tivemos férias, família, amigos e cachorro, tudo num pacote só. Mal chegamos no Brasil e já fomos para a balada, tipo assim, no mesmo dia, algumas horas depois do desembarque. Redbull foi a salvação. E claro, o fuso horário também estava a nosso favor. No dia seguinte já tivemos churrasco e fomos finalmente encontrar o nosso pequeno cachorrinho. Era domingo de manhã quando fomos pegá-lo. E ele estava lá, uma bolinha de pelo dourado, macio e espetado. Pronto para ser amado.

Nos dias que se seguiram, ficamos com a família e amigos. Também fomos para a praia curtir um pouco da orla com o sol tropical que só o Brasil tem! Foram 15 dias e mais um pouco. E apesar de toda a diversão, admito que durante estas férias quase não passeamos para poder ficar em casa com a “indefesa bola de pelo”. Na verdade, tentávamos revezar turnos entre visitas de amigos e passeios. Minha mãe e meu pai entraram no jogo e logo incorporaram a história. Coitados, ficavam de plantão no meio disso tudo se ajustando ao nosso cronograma. Sem palavras para agradecer!!! Além disso, já fomos tentando adaptá-lo à caixa de transporte que ele viajaria para o Canadá. E claro, fazendo o possível e impossível para fazê-lo se acostumar com coleira. Até então, ele não sabia nem que isso existia. Não preciso nem mencionar a guia! 


Gente, o post estava muito grande, então resolvi dividi-lo em duas partes. E a viagem??? História para o próximo post...

Queridos amigo do blog, eu lhes apresento Bliss Bear, para os mais íntimos, apenas Bliss :)