Well well well, e rapidamente já acabou a nossa visita ao Brasil. Depois
de imigramos, esta foi a primeira vez que voltamos a nossa terrinha. E
confesso que fiquei de ressaca depois dos 10 dias brasileiros. Sabe quando você vai a uma festa,
bebe um monte, come tudo o que é possível, diverte-se horrores,
reencontra amigos, vive momentos nostálgicos e no dia seguinte tudo
acaba?! Aí só lhe resta uma bela dor de cabeça e uma sensação de cabeça confusa, tudo somado a um sentimento de tristeza e de felicidade juntos... Então, foi
assim que nos sentimos ao retornarmos ao Canadá, parecendo que havíamos bebido todas no dia anterior e havia sobrado o cansaço,
saudade, cabeça atordoada e tudo mais. Claro que amei rever as pessoas,
principalmente meus pais. Estar com eles todos os dias foi uma
delicia... Mas agora estamos com o dobro da saudades!!! O marido disse
algo bem real: "depois de dois anos me acostumando com a ausência das
pessoas queridas, vou ter que passar por isso outra vez e novamente me
adaptar a saudade".
A nossa ida ao Brasil foi esquisita, pois ao mesmo tempo que queriamos ficar mais tempo para rever as pessoas queridas, estávamos nos sentindo um pouco deslocados por lá. Querendo ou não, no Canadá já estamos com a nossa vida
montada (ou pelo menos um pouco), enquanto no Brasil todas as nossas coisas estão empacotadas e aglomeradas no meio de um monte de caixas. Além disso, e super importante, a Jesse ficou
no Canadá com problema de saúde. Como estávamos preocupados e angustiados com a situação dela, não queríamos ficar por muito tempo longe. Então mais
uma vez ficamos divididos entre lá e cá... Mas enfim, foram 10 dias de
curtição.
E como foi...
Assim que pousamos no aeroporto de São Paulo, desembarcamos no terminal
novo, então não tivemos aquele choque que a maioria dos imigrantes
brasileiros têm. Tudo novo e funcionando bem, com restaurantes internacionais espalhados e tudo mais. Meu amado pai já estava lá nos esperando. Depois
de passar pelo portão, ver aquele sorriso lindo e receber o maior
abraço do mundo, foi algo inexplicável!!!! (Obrigada pai por esta
sensação de segurança que só você sabe dar)
Aí já entramos no forno de 30°C que estava ao ar livre. Derreti em
questão de segundos. Me livrei de toda a roupa possível do inverno
canadense que estava vestindo. Logo coloquei uma rasteirinha, já estava
de manga curta e sentindo a deliciosa brisa brasileira. Pegamos o
caminho da casa dos meus pais e aí foi engraçado. Ver os telhados
laranjas das casas desordenadas, muros pichados, plantas e árvores
diferentes, carros com modelos que não tem no Canadá, tudo junto e
misturado, não me trouxe nenhum sentimento negativo como a maioria das
pessoas diz que tem. Eu em particular achei engraçado. Para mim, a
paisagem pareceu diferente e familiar ao mesmo tempo. Foi esquisito. Não
me senti em casa, e nem em um lugar estranho. Sem explicação. No mesmo
dia ficamos com nossos pais, almoçamos e ficamos até de noite juntos
batendo papo.
E a semana passou, e rápido. Curtimos a família, vimos amigos, recuperei
meu cabelo (danificado por profissional canadense), compramos coisinhas
brasileiras, fomos a lugares que frequentávamos no passado e nos
divertimos bastante. Claro que a maior parte do tempo foi uma nostalgia a
solta, mas isso faz parte!
E como planejado, comemos muuuuiito. Eu muito mais do que o marido. Mas
tudo bem, pois fui para lá já sonhando com os quitutes brasileiros, o
que me rendeu 1.5kg a mais em peso de recordação! De toda a minha lista,
só não comi a feijoada, mas perdoado, pois comi um delicioso feijão
carioquinha caseiro com mandioca frita, bolinho de arroz, farofa, picanha, e
ainda acompanhado de guaraná antártica!!! Tudo numa refeição só! (Acho
que 1.5kg foi até pouco por tudo o que eu comi).
Fomos ao casamento do meu cunhado, que foi ótimo. Vimos mais amigos
antigos, conhecemos outros novos, dançamos muuuuito, e claro, mais
bebidas e comidas (rsssss).
Todos os dias foram ótimos, mas um em particular foi especial. Minha
amada mãe fez um brunch para recebermos alguns amigos e tios na casa
dela. Como o tempo foi super curto, tentamos reunir umas pessoas de uma
vez só. Até os noivos recém casados foram! Foi ótimo. A única parte
triste é que com tanta gente não conseguimos dar muita atenção às
pessoas. Marido e eu nos dividimos ao máximo, mas admito que foi difícil colocar o papo em dia. Aliás, ficamos longe disso. Enquanto um lado meu ficou triste
demais com a falta de atenção que demos aos amigos, outro lado meu (e
bem egoísta) ficou feliz em poder ter ao menos olhado um pouco aqueles
rostos familiares e abraçado todas aquelas pessoas especiais. Foi pouco
tempo, mas cada segundo valeu por uma eternidade. Coitadas das visitas
que mal conseguiram ficar com a gente. Mas para mim valeu muito a
correria!!!
Para concluir, o que achamos desta visita ao Brasil??? Bem, claro que
ver a família e amigos foi maravilhoso! Mas admito que me senti meio
perdida por lá. Refiro-me ao trânsito, às pessoas, e até mesmo ao
idioma. Já me acostumei com o "som ambiente" em inglês, o qual
facilmente passa despercebido no dia a dia quando é conveniente para mim. Ouvir português atualmente é
algo que me chama a atenção, por isso, escutá-lo o tempo todo me deixou
doida. Inevitavelmente, eu prestava atenção em tudo ao redor, e nos dois
primeiros dias fiquei atordoada com tanta informação simultânea. Mas depois isso passou. E o
trânsito então??? Nossa, não sei como convivi por tanto tempo naquela
bagunça. Quando morava no Brasil, eu trabalhava na maior parte do tempo
externa, ou seja, no trânsito. Claro que eu sabia que era estressante,
mas hoje acho impossível conviver com aquela muvuca cheia de motoboys e
carros mudando de fila sem parar! Um verdadeiro trauma!!! As pessoas
continuam as mesmas, ou seja, tipicamente brasileiras. Sorriso no rosto,
gente berrando para todos os lados (que é algo bem brasileiro), correria constante e a simpatia
típica do povo. Na minha opinião, como turista, foi bom ver este tipo de
gente. Andar na avenida Paulista como visitante sem ter que visitar clientes foi muito agradável. Até o MASP me pareceu mais bonito :)
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Turistando em São Paulo com Papai e Mamãe |
E os dez dias se passaram. Voltamos para o nosso atual apartamentozinho
canadense, pegamos a nossa amada Jesse, e retomamos a rotina
novamente. Mas uma coisa é certa, foi extremamente difícil retomar o dia
a dia e o ritmo. E até o inglês engripou no começo (rssssss).
Nesse meio tempo, a Jesse ficou em uma casa de família que funciona tipo
daycare. O valor da diária é o mesmo que o de hotel para pets,
com a
diferença que ela ficou em uma residência vivendo com uma família. Nós
preferimos isso a um hotel/clínica, pois acreditamos que ela fica mais
calma em um ambiente residencial sendo mimada por pessoas no dia a dia
comum. Não foi a primeira vez que a deixamos nesta casa. Eles também tem
cachorros e acabam a tratando como mais um membro família, e ela adora!
No fim das contas, para a nossa alegria ela ficou bem nesse período e
tudo deu certo. Achamos que ela até ficou melhor. Talvez as férias dela
também tenham renovado as suas energias. Ufa! Estávamos
super apreensivos!!!
Enfim, estamos de volta à nossa vidinha canadense. Tenho que confessar,
aqui me sinto mais calma, mais saudável, mais parte do contexto. E
apesar de eu adorar o Brasil e amar a minha família incondicionalmente,
atualmente me sinto melhor aqui no Canadá.
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chegada Canadá |
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chegada Canadá |