A viagem dos cachorros foi milimetricamente planejada por nós para minimizar o sofrimentos deles, aliás, melhor do que a nossa própria.
Levá-los nunca foi uma dúvida. Isso sempre fez parte dos nossos planos,
mesmo porque os consideramos nossos filhinhos. A dificuldade estava em
saber como seria a viagem deles e como seria a adaptação ao Canadá,
sobretudo pela diferença de clima.
Os nossos cachorrinhos tiveram que ir obrigatoriamente como "carga" por causa do tamanho e do peso, conforme post "Passagens e datas marcadas". Por isso, a viagem deles foi agenciada por uma empresa especializada.
Como parte da viagem, tivemos que cuidar de muitos detalhes que
incluíram check-up da saúde deles, laudos veterinários, caixa de
transporte, documentações, vacinas, taxas na cidade que iríamos, etc. E
não foi pouco preparo, mas entre todos os itens, sem dúvida a parte mais
dificil foi adaptá-los à caixa de transporte na qual teriam que ficar
por mais de 30 horas contínuas. A vantagem do Canadá é que não exigem
quarentena, o que já foi um alívio.
Em relação às caixas de transporte, para o caso do Bart houve uma
peculiaridade. Como ele é da raça Pit Bull, tivemos que comprar da
própria empresa um modelo específico, feito em madeira e com alguns
furos. No início ficamos morrendo de dó dele, mas depois, queríamos uma
igual para a Jesse. Por ser de madeira, a caixa é muito rígida e
estável, o que é muito bom porque não sofreria tanto com turbulências e
instabilidades do vôo, pouso e decolagem.
Caixa de transporte do Bart |
Já a Jesse, foi um caso um pouco mais complicado. Ela é uma cachorra super nevosa, medrosa e ansiosa, sem falar que é grande e espaçosa. A pequena cachorrinha mede 1,20m de comprimento (sem o rabo), por isso, fizemos questão de comprar a maior caixa que existe no mercado, de preferência uma "mansão de transporte". Queríamos oferecer o maior conforto possível, conclusão, compramos uma caixa que é usada para transporte de São Bernardo. Foi muito difícil de achar e sempre que encontrávamos para comprar, custava muuuuuuito caro. No fim, optamos pela Pet Tour 70. Onde compramos? No próprio Canadá, em uma viagem que o Mauricio fez para lá ao longo do ano de 2012. No Brasil o preço médio é de R$ 1.500,00, mas lá foi comprada por CAN$ 250,00. Esperávamos que isso facilitasse um pouco a viagem dela. Nem conseguíamos imaginar qual seria a reação da nossa princesa, coitadinha!
Caixa de transporte da Jesse |
Bom, definida a empresa (Carga Viva Export), agendada a data da viagem deles, saúde em ordem, documentos e laudos em mãos, restava a nós adaptá-los às suas
respectivas casinhas. As caixas ficaram em nossa casa por mais de um
mês, ocupando a nossa sala e escritório. Quase tivemos que sair do
apartamento para que coubessem lá. Mas isso faz parte do negócio. E a
reação deles? O mais inesperado possível. O Bart amou as caixas, tanto a
dele como a da Jesse. Sem nenhum tipo de medo ou constrangimento, ele
entrava sozinho, acomodava-se e tirava a maior soneca (do tipo de dar
inveja). Já a Jesse foi um sacrifício convencê-lá a entrar. Ficar lá
dentro então, nem por decreto.
Durante o treinamento de adaptação da Jesse à caixa, o máximo que
conseguimos dela foi que ficasse lá dentro deitada por uns 20 minutos. A
situação estava difícil, ela só precisava agüentar mais umas 30 horas.
Coitada!
Bom, para aumentar a nossa apreensão, quando embarcamos para o Canadá (25/12), a
data deles ainda não havia sido confirmada pela Cia Aérea. A
justificativa eram as nevascas. Quando chegamos em Vancouver, ainda
enquanto esperávamos nossa bagagem na esteira, ligamos para a empresa
responsável pela viagem dos cachorros e, Graças a Deus, confirmaram o
embarque deles para dia 27/12 saindo do Brasil e chegando em Vancouver no dia 28/12, às 21:00h (horário local). O itinerário foi definido da
seguinte forma:
- 12:00h (Brasil) translado de casa para o aeroporto de Cumbica
- 16:00h (Brasil) vistoria pelos órgãos brasileiros
- 23:00h (Brasil) embarque pela Continental com sistema Pet Safe
- 06:00h (Houston) conexão nos EUA onde ficaram 12 horas esperando pelo
vôo para Vancouver. Lá passaram por um tipo de "desestresse" em uma área
reservada para animais. Além disso, foram avaliados pelos órgãos
americanos e monitorados por veterinários enquanto ficaram na espera do próximo embarque.
- 18:00h (Houston) embarque para Vancouver
- 21:00h (Vancouver) chegada no Canadá
Quando o Leandro (irmão do Mauricio) nos ligou dizendo que a empresa
responsável já havia ido buscá-los em casa bateu o desespero em nós dois.
Eu em particular comecei a chorar e fiquei em pânico com medo que algo
acontecesse com eles.
Quando deu 21:30h, no dia seguinte, fomos buscá-los no aeroporto no setor de carga, da Cia Aérea Continental. Tivemos que pagar umas taxas e tudo isso levou mais uma hora de agonia,
e até o momento não tínhamos notícias dos cachorros, apenas guias
para pagamento.
Depois de tudo pago, o rapaz da Cia Aérea pediu que fôssemos retirá-los
no portão ao lado pois eram muito grandes. O homem que foi nos entregar
as criancinhas primeiramente fez umas perguntas que quase nos mataram do
coração:
- The Pit Bull is your dog?
- Yes, yes, yes
- Was he sick?
- He is old, why? Where is he? Is he good?
- Because there is a milk in his eyes...
- Ufa! Is that it? So that is ok, because he is old.... Can I see him?
Aí a pessoa nos trouxe os cachorros.
O Bart estava deitado, com aspecto de exausto e sonolento. A Jesse estava sentada e apavorada. Mas nem pensamos muito, abrimos os lacres das caixas o mais rápido que
pudemos e eles fizeram a maior a festa quando nos viram. A Jesse pulava e corria como se
fosse um carneiro. No mínimo devia estar tentando alongar os músculos nas perninhas.
Tadinha!
Mas o sufoco havia acabado. O rapaz da Cia Área nos instruiu de que
provavelmente eles passariam por uma semana com comportamento atípico e
que isso era comum. Mas nossos filhos foram heróis. Nada de comportamento estranho, ao contrário, foram eles mesmos!!! Depois de mais de 30
horas de estresse, fizeram festa, nos beijaram, choraram e ficaram
muito bem.
Finalmente chegamos em nossa nova casa, onde as caminhas novas os aguardavam com cobertores e brinquedos. Demos janta para eles e foram nanar. O primeiro sonho em terras canadenses!
Os dogs ainda no aeroporto após a chegada |
Abaixo, segue um vídeo do treinamento da Jesse para se adaptar à caixa de transporte (com som). Para ver com o som, sugiro ver pelo computador através de um navegador.
Caso prefira ver pelo youtube, utilize o link http://youtu.be/FA1659J0hnY
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