domingo, 30 de agosto de 2015

- Nossa nada mole vida de domingo



Hoje resolvi escrever um pouco sobre como passamos o nosso maravilhoso domingo... trabalhando em casa :(

Eu sei que já escrevi aqui sobre isso há um tempo atrás, mas depois de mais de dois anos, a nossa vida mudou bastante e já vale fazer um update.

Não é nenhuma novidade que não temos ajuda de secretaria doméstica ou diarista por aqui, e todas as tarefas relacionadas à casa ficam por nossa conta mesmo. E não tem como fugir disso, afinal todo dia a casa suja, trocamos de roupa e, acredite ou não, nos alimentamos. Então por mais que odiamos trabalhar em casa, inevitavelmente nós precisamos dedicar algum tempo a isso.

E para que estas obrigações não se tornem um problema diário, marido e eu temos tentado dividir as tarefas para mantê-las mais ou menos em ordem. Não que isso tenha sido um caso de sucesso, mas estamos tentando nos adaptar. Depois de mais de dois anos de Canadá, ainda estamos procurando uma fórmula que seja mais eficiente e menos trabalhosa. Mas continuamos longe de chegar na equação ideal.

A nossa dificuldade é criar coragem para fazer alguma coisa depois da correria do dia. Marido e eu costumamos dizer nestas horas estamos com "preguicite", que seria a inflamação da preguiça (rssssss). Além disso, geralmente nós tentamos fazer algo legal e interessante após o trabalho, o que não inclui afazeres domésticos. E entre encontros com os amigos, esportes, passeios e seriados do Netflix e HBO, é quase impossível sobrar tempo para fazermos alguma tarefa da casa a noite. E no fim estas chatices acabam ficando para o sábado e domingo. E vamos admitir, isso atrapalha um pouco o nosso momento de lazer.

Para ser honesta, nos esforçamos para gastar o menos tempo possível com as tarefas de casa. Geralmente fazemos tudo "meia-boca" e gastamos a maior parte deste tempo cozinhando. Em relação a limpeza geral da casa, eliminamos o costume brasileiro completamente e aderimos o canadense 100%, o que significa limpar rapidamente a casa passando um paninho aqui e outro acolá. Nada de faxina profunda. Exceto pelos dias de arrumação que eu resolvo fazer num cômodo ou armário específico, quando saio eliminando tudo o que está na minha frente. Neste sentido, marido e eu somos muito diferentes. Enquanto eu odeio guardar coisa, ele adora juntar tralha. Então às vezes eu preciso me dedicar mais em uns pontos da casa. Mas isso é exceção. Nosso quintal então, nem se fala. Uma vez ao mês e olha lá. E nem temos opção de fazer mais, porque o condomínio tem regras que especificam os dias exatos para limparmos o nosso pátio. O que eu acho ótimo pois a falta de opção tira este peso da minha consciência (rssssss).

Roupa também tentamos seguir o padrão canadense e simplificar o máximo possível. O processo é bem prático: a roupa vai do cesto para a máquina de lavar (nada de tanque), depois máquina de secar e em seguida cabide. Nada mais do que isso. Fazemos o "laundry" duas vezes por semana, tipo roupa escura no sábado e roupa clara no domingo. Passar é algo que eu fujo assim como o diabo foge da cruz. Até já tem umas camisas acumuladas que preciso enfrentar. Para resolver esta questão, marido tem comprado algumas camisas que não precisam passar. Parece mentira, mas elas existem!!! Como não são baratas, ele tem comprado "once in a while". Nosso objetivo é eliminar as camisas convencionais aos poucos até que todas tenham sido substituídas pelas camisas mágicas ;)

Mas de todas as tarefas domésticas que temos que fazer, cuidar da alimentação tem sido a mais trabalhosa e a mais difícil. E isso tem acontecido porque ainda estamos tentando manter a qualidade das nossas refeições, misturando um pouco da cultura canadense e um pouco da brasileira. E como fica isso?! Bem, nós temos almoçado diariamente comidinha caseira igual ao brasileiro. A noite fazemos igual ao canadense, ou seja, só salada ou sopa ou sanduíche, aquilo que for mais rápido. Além disso, aderimos o costume da marmita canadense. Levamos o nosso almoço para o trabalho diariamente, o que ajuda a mantermos a qualidade e a economizar uma graninha. Aliás, nem sei se economizamos de verdade, pois já ouvi falar que aqui sai mais barato almoçar fora. Mas nós não queremos nos arriscar nas opções práticas de jeito nenhum, pois normalmente não são muito saudáveis. Aqui não existe restaurante por quilo, que vamos adimitir, é algo que facilita muito a vida de nós réles mortais. Mas para não ser injusta, há alguns lugares muito bons que oferecem opções saudáveis ou tipo buffet onde você monta o seu prato de forma meio personalizada. Mas neste caso eu já sei que não é nada em conta pois quando preciso comer fora, recorro a estes lugares. Sendo assim, marido e eu concluimos que para nós, seria melhor fazermos a nossa própria comidinha do dia a dia.

E apesar de termos a melhor intenção do mundo em planejar o nosso cardápio cuidadosamente, confesso que isso dá um trabalhão.  E como eu já mencionei, fica difícil fazer estas coisas durante a semana, então ultimamente temos reservado o domingo para nos dedicarmos à culinária e a maior parte das tarefas domiciliares. Então enquanto a maioria das pessoas está com o pé para cima curtindo um momento especial, nós deste lado estamos com a barriga no fogão na correria em pleno domingo. Luxo total!!!!

Eu sei bem que ultimamente a galera resolveu que cozinhar é algo bacana e que o espírito gourmet está na moda. Muitas pessoas curtem uns momentos na cozinha. Tem gente que até considera isso terapêutico e relaxante (oi???). Vira e mexe vejo meus amigos brasileiros postando em rede sociais várias fotos de pratos preparados por eles mesmos. Sempre acompanhados de um excelente vinho e rodeado de um clima sofisticado e chique.

E gente, não estou julgando ninguém. Muito pelo contrário. Porque apesar de eu ser mega preguiçosa e não ter o menor jeito para culinária, admito que eu adorava visitar meus amigos brasileiro com habilidades de chef. E acho super legal quem curte isso. De verdade. A questão é que aqui as coisas são "levemente" diferentes.
 
Enquanto meus queridos amigos estão desenvolvendo seus dotes culinários como hobby, aqui fazemos por obrigação no clima "senzala" mesmo. Enquanto eles preparam os pratos bem decorados com todo o requinte, aqui a comidinha vai para a marmita de plástico, pronta para ser esquentada no microondas dias à frente. Enquanto eles apreciam suas inovadoras receitas sentados à mesa decorada com belo faqueiro, guardanapo de linho, taças de cristal e um maravilhoso jogo de jantar, aqui comemos à frente do computador, na marmita (já falei de plástico???), geralmente com talher descartável para evitar mais louça para lavar. E a bebida??? Pelo amor né! No horário do almoço tem que ser um café para nos mantermos acordados ou um chá digestivo para ajudar o corpo a processar aquela comidinha que temos que devorar em poucos minutos já que ninguém reserva uma  hora inteira para o almoço.

Mas calma, nem tudo está perdido. Às vezes nos damos ao luxo de almoçarmos comida japonesa no meio da nossa jornada de trabalho, o que não significa frequentar um restaurante e relaxar um pouco. O hábito da marmita é tão forte aqui, que as pessoas se dão o trabalho de se deslocar a um restaurante, comprar o combo "to go", voltar para o escritório, e apreciar todos os sushis e sashimis à frente do computador em poucos segundos. É inacreditável! E o pior, estamos fazendo igual!!! Nada de momento "relax".

Claro que nós poderíamos levar a vida de forma mais prática em relação à nossa alimentação. Mas infelizmente, facilidade e conveniência geralmente não andam juntos de vida saudável. E como solução para a nossa maravilhosa ideia de manter o "shape" em ordem para evitar qualquer infarto futuro, reservamos o domingo para cozinhar. Ou seja, cortamos algumas boas horas do lazer para organizar a nossa rotina alimentar semanal. Mas vale repetir que parte deste trabalhão é uma opção nossa.

Então agora já dá para imaginar o quão luxuoso é o nosso domingo. Normalmente gastamos parte do dia
organizando o cardápio semanal, indo ao mercado, guardando as coisas, cozinhando, cortando frutas,  ajeitando as marmitas e ufa, finalmente tudo, o quase tudo, pronto para a semana que está por vir. Na prática, deixamos tudo preparado para três dias (segunda, terça e quarta) e algumas coisas adiantadas para quinta e sexta. Na quarta-feira a noite, montamos as marmitas dos dois dias seguintes com alguns itens já semi-preparados no domingo e com acompanhamentos fresquinhos. Assim, a comida fica realativamente fresca.

A parte boa desta história é que realmente mantemos a nossa dieta bem balanceada. O lado chato é que o cardápio se repete muito. E nem é somente por questão de manter a forma, mas também pela qualidade do sabor. Na nossa opinião, nem todas as comidas mantém o sabor quando esquentada dias à frente, o que acaba restringindo bastante as nossas opções. Minha mãe mesmo acha isso bem bacana no sentido de saúde, mas ela vira e mexe me pergunta como conseguimos comer sempre a mesma coisa. Honestamente??? Nem percebo que repito o mesmo cardápio. E isso porque deixamos a curtição para os finais de semana quando vamos aos restaurantes ou bares com os amigos. Durante a semana, o nosso foco é nos mantermos vivos!!!

Bom, e o resultado do nosso domingo de requinte??? Pois bem, as fotos podem mostrar melhor o nosso momento luxuoso e o resultado da semana...



 




cardápio de um dia todo
 E você, tem alguma sugestão para nos dar???

sábado, 8 de agosto de 2015

- Novo emprego [DELA]



Apesar de algumas jogadas na loteria aqui no Canadá, não teve jeito, o destino insistiu que ainda não era o momento de virar dondoca e me obrigou a continuar trabalhando. Sem muitas opções, após terminar a minha primeira experiência profissional canadense, chegou a hora de começar a segunda. E claro, tive mais uma batalha para enfrentar.

Como a maioria das pessoas, meu segundo emprego não caiu no colo de uma hora para a outra. Passei por todo o processo natural de procura por uma nova oportunidade. E lá estava eu iniciando mais uma saga. Tudo começou em fevereiro deste ano quando decidi que poderia dar um novo rumo para a minha vida. Não vou dizer que resolvi isso de forma repentina, muito pelo contrário, decidi que eu precisava de um novo recomeço somente quando a poeira aqui em casa abaixou e percebi que dava para arriscar algo novo. Mudar de trabalho fazia parte do meu plano antes mesmo de começar a trabalhar na Starbucks, pois a primeira experiência seria temporária mesmo. Mas a pergunta era "quando" isso deveria acontecer. Eu sabia que não poderia esperar o momento certo, pois para mim o dia ideal seria somente quando eu estivesse realmente preparada e segura para um novo desafio. E certamente este dia nunca chegaria. A decisão veio como conseqüência dos acontecimentos na nossa vida.

Agora vale uma rápida retrospectiva para ambientar a situação para quem é novo aqui no blog. Não vou negar e nem fingir que tudo estava a mil maravilhas nos últimos meses. O ano passado foi extremamente difícil para nós por causa de toda a situação da nossa amada cachorrinha. Eu literalmente me dediquei a ela quando descobrimos que ela estava com câncer. Mudei completamente a minha rotina para lhe dar toda a atenção possível. E digo mais, se pudesse voltar no passado, deixaria de dormir por muitas noites para ficar mais tempo com ela. Mas enfim, o destino tratou mais uma vez de tomar conta da situação e as coisas caminharam contra a minha vontade. Para recaptular a história, clique aqui, aqui e aqui.

Depois desta fase, foi a vez de cuidar do marido. Após a perda da nossa peluda no final de janeiro, ele passou por uma operação no joelho. Para detalhes sobre o caso dele, clique aqui. E assim, passei fevereiro inteiro e começo de março dando suporte a ele, sobretudo com pequenos cuidados e ajuda como motorista no vai e vem para o trabalho, médico, exames, etc. Foi durante este período que comecei a pensar na mudança de trabalho. Já estava na hora de dar um passo adiante. E mais do que isso, eu estava desesperada para estabelecer uma nova rotina. Então, comecei a dar uma olhada no que estava a disposição no mercado para ver em que direção eu poderia correr. Decidi que tentaria algo para o lado de arquitetura mesmo. Massssss, deixando a possibilidade aberta para qualquer oportunidade em escritório. Na minha cabeça, uma chance de conhecer o ambiente corporativo já seria uma ótima mudança, mesmo que fosse em outra área. Eu queria algo que pudesse me colocar num novo ambiente o quanto antes. Eu precisava de novidade.

E assim, comecei a preparar meu portfólio de arquitetura, mas bem lentamente. Isso foi meio complicado porque eu estava completamente fora de forma. Trabalhar novamente com programas gráficos e apresentações foi um choque de realidade. Sem falar que a minha criatividade para montar algo legal estava um zero à esquerda. Depois de meses servindo café, foi difícil ativar os neurônios de arquitetura dentro da minha cabeça. O "tico e o teco" estavam hibernando há muito tempo (rsssss). Oh fase! Eu demorei muito para escolher os projetos que seriam expostos, considerando apenas os meus trabalhos realizados na minha época de arquiteta no Brasil. Organizar os projetos, escolher fotos, fazer ficha técnica, compilar informação e ainda escrever todo o histórico em inglês me ocupou um tempão. Não somente pela questão do idioma, mas foi meio difícil achar os termos técnicos para a parte de texto. Fiquei mais ou menos um mês trabalhando nisso. Mas no fim ficou bem legal!!! Eu mesma gostei :)

Portfólio pronto, hora de preparar o meu currículo. E neste momento aconteceu algo esquisito. Primeiro, já fazia tempo que eu não preparava um currículo para uma vaga na minha área. Segundo, colocar a Starbucks como experiência foi algo que me incomodou um pouco. Estou sendo sincera. Apesar de todo o aprendizado que este trabalhou me deu, esta experiência não "encaixava" no meu histórico profissional. Era incompatível e eu não sabia como colocar esta experiência de forma que fosse condizente às vagas que eu queria aplicar. Uma coisa não tinha relação com outra. Mas eu precisava colocar esta fase da minha vida no documento, afinal, era a única experiência canadense que eu tinha. Fiz tanto para consegui-la, e no fim parecia que não servia para nada. Estou aqui assumindo isso. Foi realmente esquisito colocar a Starbucks como parte da minha vida profissional. Mas enfim, fiz o que tinha que fazer.

Currículo e portfólio em mãos, chegou a hora de iniciar a batalha para conseguir as entrevistas. Na metade de março comecei a mandar meus currículos para vagas relacionadas a arquitetura. Tudo na raça mesmo. Sem mágica ou qualquer ajuda. Procurei por anúncios na internet para aplicar para as posições em aberto. Em poucos dias eu já havia submetido meu currículo para todas as oportunidades divulgadas e não achava mais nada de novo. Como Vancouver é uma cidade muito pequena, não há uma oferta tão grande de trabalho como dizem por aí. Ao menos não há muitas oportunidades divulgadas abertamente nesta área. Na semana seguinte comecei a mandar currículo para as empresas de arquitetura e design na região que aparentemente não tinham posição em aberto. Outra vez, sem segredos. Fiz a pesquisa no Google mesmo. Mas confesso aqui que, apesar do desespero, só enviei meu currículo para empresas que pareciam ter alguma afinidade com a minha experiência. Eu não sou muito adepta de atirar para todos os lados quando se trata de algo específico do seu campo de trabalho. Acho que neste caso, não adianta conseguir qualquer coisa somente para tampar um buraco. Não penso assim porque sou fresca, mas acredito que quando se trata de um emprego relacionado à sua área de atuação, é importante trabalhar em um lugar onde você pode desempenhar uma boa função. E para isso, acho que a empresa precisa ter alguma compatibilidade com o perfil do profissional para que ele possa ter uma boa performance. No meu caso, considerando que o mercado ainda era é desconhecido, eu queria evitar o risco de me "queimar" e gerar desgaste à toa. Sendo assim, antes de mandar qualquer coisa, eu procurava entender o perfil da empresa para ver ser era algo compatível ao meu background. Claro que isso não é uma ciência exata, mas eu não queria arriscar aplicar para algo que eu já tinha certeza de que não me encaixaria.

Em paralelo, para não ficar restrita somente às poucas oportunidades da área, também procurei por vagas relacionadas a administração ou coisa do tipo. Aí sim, como na minha mente isso não estava diretamente relacionado a arquitetura, eu não precisava ser tão meticulosa na busca por oportunidades. Mas mesmo assim, tentei dar uma filtrada nas posições para as quais eu apliquei. De uma maneira ou de outra, eu tentava ver se seria algo que poderia me trazer algo de bom ou estar ligado de alguma forma a marketing, relacionamento com cliente ou coisas do gênero. Ou seja, mesmo nestes casos não sai atirando para qualquer direção. E além disso, como vagas fora do mercado de arquitetura eram parte do meu "plano B", não fui muito dedicada a esta busca.

Passei uns 10 dias seguidos mandando milhares de emails e fazendo uma porção de telefonemas atrás de uma chance de entrevista. E esta foi uma fase muito desagradável porque a minha auto-estima ficou lá embaixo. Não sei bem o porquê, mas neste momento eu tinha aquela sensação horrorosa de que não ia conseguir. Por mais empenho que eu tivesse, sempre sentia aquele medinho de fundo. E isso piorava quando recebia uns emails de resposta agradecendo o envio do currículo e informando que eu "não me encaixava" ao perfil da vaga. Eu ficava irritadíssima com isso. "Como assim não me encaixo???? A vaga praticamente descreve a minha pessoa, só faltavam colocar o meu nome!" Juro, tinham oportunidades que pareciam que eram feitas para mim, sob medida. Tudo o que precisavam eu atendia. Mas nada de resposta positiva. Poxa, eu só queria uma chance de conversar e mostrar meu portfolio pessoalmente. Eu já me imaginava servindo café até o fim da minha vida. E isso começou a virar um problema, porque de repente eu não queria mais aquilo. Tudo havia sido maravilhoso na Starbucks, mas depois que decidi que queria mudar, eu só pensava no futuro e o trabalho atual começou a ficar chato e entediante. Mas acho que isso acontece com qualquer um. Tem que ter paciência de Jó!

No meio de todo o estresse, a procura por um novo emprego foi interrompida por uma viagem que fizemos para Las Vegas, onde encontramos meus pais. Foi ótimo para relaxar, espairecer um pouco, clarear as ideias, e o mais importante, matar um pouco da saudades. Para mim, quando estou numa fase difícil, não existe coisa melhor do que o apoio dos meus pais. Nossa, estar com eles por alguns dias reabasteceu as minhas energias. Saber que eles estavam do meu lado, como sempre, fez toda a diferença. Nestas horas é que percebemos como família faz falta. Fica claro como a ausência deles torna tudo muito mais difícil. Mas enfim, isso faz parte da vida de imigrante :(

Voltando de Las Vegas, continuei a mandar os currículos. E na mesma semana fui chamada para uma entrevista. A ligação foi numa sexta-feira e a entrevista marcada para segunda-feira, dia 29 de março. Uhuuuul! Ansiedade a mil!!! No dia "D" eu estava lá pontualmente, com currículo e portfólio em mãos (e coração no bolso, porque este saiu do meu peito logo pela manhã rssssss). Conversei com o próprio dono do escritório, um italiano que mora no Canadá há um buzilhão de anos. Ele foi bem simpático e a conversa fluiu legal. No final na entrevista ele perguntou: "e quando você pode começar?". Tipo... oi????? Assim? Na lata? Sem nenhuma cerimônia??? Proposta por escrito??? Bom, fiz umas contas na minha cabeça para saber quando eu poderia estar ali, afinal, eu ainda tinha que sair da Starbucks e cumprir aviso prévio. Expliquei a situação, falei a data para ele e acertamos meu início para dia 14 de abril, uma terça-feira. Neste meio tempo, eu iria fui algumas vezes até lá para me familiarizar com a empresa. Na ocasião, eu já disse que tinha uma viagem planejada para junho e depois de uma boa conversa deixamos tudo acertado e esclarecido.

Só há um detalhe que vale ser mencionado. Durante a entrevista, ele comentou que achou importante eu já ter adquirido experiência canadense na Starbucks e que isso o deixava tranquilo. Segundo ele, se eu tive humildade para trabalhar lá, significava que eu teria paciência para aprender tudo o que a empresa me ensinaria. E claro que fiquei super feliz em ouvir isso, afinal, eu estava com dificuldades em entender como "encaixar" esta experiência no meu histórico profissional. E nem precisei, o próprio entrevistador soube olhar o lado positivo disso.

Enfim, tudo certo!!! Agora só faltava pedir demissão na Starbucks para dar um novo passo.

E para terminar, ou melhor, iniciar esta nova história na minha vida, no dia 14 abril de 2015 iniciei meu segundo emprego no Canadá. Agora em uma empresa de arquitetura onde estou aprendendo como este novo mundo funciona e como me encaixo nele. Acertamos que eu ficaria como assistente nos três primeiros meses durante a fase de experiência. Depois disso eu começaria a trabalhar aos poucos com desenhos e arquitetura. E não preciso nem dizer o quanto isso foi conveniente né? Passar a fase inicial trabalhando com a parte administrativa me fez entender como a empresa funciona e ajudou a me familiarizar com o ambiente, projetos, clientes e tudo o que está acontecendo no local. Tudo bem que eu tive uns problemas (e ainda tenho) com o telefone de 489 botões. Sem mencionar o drama de falar com todo mundo através do telefone em inglês. Eta coisa difícil. Ainda bem que trabalhei na Starbucks e aprendi a perguntar nomes e pedir para soletrar. Isso eu já sei fazer (hahahahahaha.) E quem disse que eu não usaria o que aprendi lá?? Ironia né?

E hoje, passada a fase de experiência, já estou mexendo com projetos de arquitetura. Obaaaa! Finalmente algo fácil. Não que eu saiba o que estou fazendo, mas é muito mais fácil do que servir café ou atender o telefone. Com certeza!!! Brincadeiras à parte, no momento o desafio está sendo entender o sistema de medida imperial na arquitetura. Além disso e o mais difícil de tudo, aprender os métodos construtivos usados aqui que são completamente diferentes do Brasil. Mas vamos encarar mais esta. Afinal, esta é a vida. Desafios, desafios e mais desafios.