O termo em inglês "accent" significa em português "sotaque", que é uma característica inevitável em um imigrante. Não tem jeito, a pessoa pode morar por aaaaaanos em um país, mas aparentemente, não consegue se livrar do dito cujo. E para quem está aprendendo o idioma, o sotaque naturalmente é muito mais forte.
Antes de mais nada, sotaque é algo que se pode ver ouvir em qualquer lugar no mundo, e não é algo exclusivo dos imigrantes. Dentro de um próprio país há diferença no modo de falar entre as regiões, o que acaba caracterizando um ou outro estereótipo aos nativos. No Brasil por exemplo isso é muito nítido. Do sul ao norte a diferença de pronúncia entre os brasileiros é gritante, chegando a parecer até outro idioma ao invés do português, e algumas vezes motivo de piada. Admito que que já passei por situações no Brasil em que o sotaque era tão forte que eu precisei me concentrar muito para compreender o que a outra pessoa estava falando. Lembro de uma obra que eu administrei como arquiteta na qual o empreiteiro que trabalhava falava "outro idioma". Na verdade era o português, mas a maneira dele falar transformava a língua em outra coisa, na minha percepção é claro. Talvez ele também não estivesse me entendendo. Meu marido que trabalhou comigo na mesma obra entendia o que o empreiteiro falava, então ele "traduzia" tudo para mim. Juro, eu não era capaz de compreender uma única palavra do que ele dizia. Eu pedia desculpa e explicava que estava com problema de audição para não ser indelicada; mas me sentia mal com isso.
Eu, como paulista paulistana não consigo me livrar do termo "meu" para qualquer expressão mais coloquial que eu queira falar. Eu tenho aquela mania horrorosa de começar a frase: "meu, você não acredita... blá blá blá". Hoje em dia tenho me esforçado para me livrar disso. Sem falar no hábito de trocar o "e" por "i" no final das palavras, e o "tomate" vira "tomati", o "leite" vira "leiti", "quente" vira "quenti". Além destes devem ter outras discrepâncias vergonhosas por aí...
Eu, como paulista paulistana não consigo me livrar do termo "meu" para qualquer expressão mais coloquial que eu queira falar. Eu tenho aquela mania horrorosa de começar a frase: "meu, você não acredita... blá blá blá". Hoje em dia tenho me esforçado para me livrar disso. Sem falar no hábito de trocar o "e" por "i" no final das palavras, e o "tomate" vira "tomati", o "leite" vira "leiti", "quente" vira "quenti". Além destes devem ter outras discrepâncias vergonhosas por aí...
Aqui no Canadá o negócio deve até ser pior do que no Brasil, pois o número de imigrantes que moram por aqui certamente faz com que o inglês assuma várias formas diferentes. Às vezes fico me perguntando qual será o "tipo" de inglês que estou aprendendo. Será que é um paulista? Um baiano? Um mineiro? Um gaúcho? Ou um caipira? Ou talvez todos juntos? Com certeza algum sotaque da região em que estou eu absorverei. Mas até que isso aconteça, vou ficando com o meu de brasileira. E acreditem, é muito forte.
Pelo menos uma vez por dia alguém me pergunta de onde eu sou por causa do meu sotaque. Basta eu falar "hello" e algumas pessoas já se arriscam a interagir comigo entre um "por favor" ou um "obrigado". Claro que às vezes tem uns engraçadinhos que soltam um "gracias" (rsssssss). Algumas pessoas com ouvido mais afinado tentam adivinhar algum país latino como minha terra nativa, mas admito que a grande maioria pergunta se sou da França ou de Quebec (província canadense onde se fala francês). Quem me dera se eu também falasse francês, mas estou longe disso!!! Independentemente de onde acham que eu venho, confesso que no começo este reconhecimento do meu sotaque tão imediato me irritava. Não porque identificavam que eu sou imigrante, mas a minha dúvida era se eu estava apenas pronunciando de uma forma diferente ou se estava falando tudo completamente errado, e esta era a minha preocupação.
Mas com o tempo me acostumei com a história e agora aproveito para puxar conversa e treinar o meu "speaking". Mas o que realmente me deixou mais confortável com o meu sotaque foi que muita gente diz que gosta de me ouvir falando. Lá no trabalho isso acontece frequentemente. Vira e mexe algum cliente senta ali perto do balcão que eu trabalho e comenta que se pudesse ficaria o dia todo lá me ouvindo falar. E não, não é cantada de homem não. Muitas são mulheres, e às vezes até senhoras bem velhinhas.
E é bom saber que gostam de nos ouvir falando, porque isso não acontece com todos. Algumas nacionalidades falam de forma mais seca ou ríspida, de maneira que até incomoda um pouco. Eu mesma não sou boa em identificar sotaques porque ainda não tenho o ouvido muito adaptado ao idioma, mas alguns em particular são bem fortes até mesmo para mim. É o caso dos asiáticos, sobretudo os que falam farsi, idioma da Pérsia, Irã e arredores. Eles pronunciam todos os "w" com som de "v" ao invés de "u" como deveria ser. Então isso incomoda um pouco. Por exemplo a palavra "WORK" eles dizem "VÔRQUE", "WHEN" é pronunciado como "VÉM", "WHITE" vira "VAITE". E com a letra "u" eles fazem justamente o contrário e a pronunciam como "v". Aí vira uma confusão. Imagina só a a pergunta, "When do you work?". Quando eles me perguntam, ouço algo mais ou menos assim "Vém do you vôrque?". Sem críticas, mas é algo estranho.
E esta era a minha preocupação inicial, de estar fazendo algo do tipo. Já perguntei várias vezes "o que" falo de forma diferente e as pessoas respondem que é mais a entonação e que isso deixa charmoso. Bom, parece que o nosso brasileirinho não soa tão esquisito, assim espero.
E esta era a minha preocupação inicial, de estar fazendo algo do tipo. Já perguntei várias vezes "o que" falo de forma diferente e as pessoas respondem que é mais a entonação e que isso deixa charmoso. Bom, parece que o nosso brasileirinho não soa tão esquisito, assim espero.
A boa notícia é que os brasileiros são bem vindos aqui, então o sotaque em geral revela uma boa surpresa para nós. As pessoas puxam conversa, perguntam sobre o país, comentam a respeito de alguma noticia que tenham lido, perguntam porque estou aqui, e sempre questionam qual é a minha profissão. E por que isso? Porque brasileiro quando vem em geral, ou já possui alguma especialização ou está estudando por uma. Claro que existem os ilegais, mas isso é raro. E brasileiro aqui é visto como trabalhador e gente de boa fé. Ainda bem! Espero que isso continue.
E mesmo eu sendo quase uma "atração turística" na Starbucks por ser brasileira, eu ainda gostaria de saber pelo menos onde está o meu sotaque. Eu não consigo reconhecer se é na pronúncia das vogais, ou somente na entonação, ou outra coisa. Eu só quero saber por curiosidade, porque nem quero mais perdê-lo já que muita gente diz que é gostoso de ouvir. Contanto que a minha pronuncia não altere a palavra e eu me faça ser entendida, tudo bem para mim.
Muito legal o que você escreveu. Várias vezes ouvi que o nosso "inglês" é o mais bonito de se ouvir e isso aconteceu comigo nos estados unidos. A propósito, estou dando entrada no meu processo para o canadá ainda este mês de novembro... se Deus quiser tudo vai dar certo ! Abração !
ResponderExcluir
ExcluirOi Tuller, obrigada pela visita ao blog.
Espero que dê tudo certo no seu processo. Pelo menos o "inglês" você já tem. Boa sorte.
Um abraço
Priscila
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Pri, tudo bem?
ResponderExcluirJá estou lendo seu blog há algum tempo e estou adorando! Já estou em North Van como turista, mas vou aplicar pra estudante para Bacharelado. Pretendo imigrar futuramente! Lendo seu blog me dá forças! Obrigada!
E sobre o assunto de accent, eu já falo inglês mas não totalmente perfeito. Ás vezes quando saio de casa e eu ouço algumas pessoas falando em inglês eu sei dizer exatamente quem é brasileiro pelo accent! Acho que quando você vai aprendendo mais o inglês você já consegue perceber a diferença. Você disse antes que estava com bastante dificuldade no inglês, mas não desista, é uma língua muito fácil de aprender! Ainda mais trabalhando e se esforçando igual você está, já já estará fluente ( se não estiver). Então é isso, vou continuar lendo pois estou seguindo as datas do blog! Continue escrevendo! E desejo boa sorte no tratamento da Jesse!
Beijos,
Nadia
Olá Nadia,
ExcluirObrigada pelsa visita aqui no Blog.
Espero que você curta os outros posts também.
Quanto ao inglês, certamente vou demorar para ser fluente, mas ainda tenho fé de melhorar a cada dia kkkk
Um abraço
Priscila