quinta-feira, 17 de julho de 2014

- Compra do carro





Resolvi escrever aqui hoje sobre a compra do nosso carro, conhecido como "Pé de Pano". Lembra do pangaré do desenho animado do Pica-Pau? Então, é este. Isso aconteceu há mais de um ano, mas como as coisas são diferentes, acho que esta experiência vale ser contada. Lembrando que falarei do nosso caso e isso não serve como referência para todo mundo ;)

Quem passou por isso foi o marido, que fez a compra do nosso carro quando eu ainda estava no Brasil. Se eu estivesse aqui, provavelmente esta compra não teria acontecido naquele momento (rsssss).

Bom, tudo começou pela necessidade de deslocamento, claro! Para ser mais específica, dois motivos o impulsionaram a comprar o "quatro rodas". A primeira e mais importante foi que, na ocasião, nosso cachorro estava velhinho e doentinho, então cedo ou tarde precisaríamos correr com ele para algum hospital por conta de alguma emergência (o que de fato aconteceu). A segunda foi a questão do local que moramos, que fica à 25km de Vancouver. Apesar de termos tudo do dia a dia próximo, estamos em Coquitlam, e por conta disso sem carro os finais de semana seriam bem menos aproveitados. Certamente iríamos pouco à montanha esquiar ou passear em locais interessantes. Sem falar nas compras de supermercado. Por mais que tenhamos transporte público acessível, temos a cultura do carro, não tem jeito, e não dá para negar que a vida é outra quando se pode deslocar para qualquer lugar e a qualquer hora. Sei que aqui muita gente aluga carro quando precisa fazer algo mais pesado ou distante, mas o marido optou em termos o nosso próprio. E assim, começo a procura pelo "Pé de Pano".



Apesar dele perceber a necessidade, estava meio resistente em comprar o carro, pois seria mais uma conta para pagar. Então ele foi de leve fazendo algumas pesquisas de preços e modelos. Até que certo dia resolveu ir a uma concessionária para ver como as coisas funcionariam em relação ao financiamento, seguro e coisas do tipo. Nesta história, deixou o telefone registrado como interessado. Não precisa nem falar o quanto a vida dele virou um inferno depois disso. O vendedor da tal concessionária passou a ligar constantemente. Cansado, o marido deu um ultimato ao cara dizendo que não compraria dele pois tinhas outras ofertas bem melhores. O vendedor, como todos, prometeu ao Maurício "mundos e fundos" para fazer o "melhor negócio da vida dele". Nesta marido voltou à concessionária e saiu com o carro na mão!! O que aconteceu de fato foi que o vendedor cobriu as ofertas fictícias criadas pelo marido. E claro, com todos os descontos e promessas o negócio valeu a pena!

O que surpreendeu foi como tudo aconteceu. Inocentemente, o marido foi até lá ouvir o tal "melhor negócio da vida" e acreditando que as coisas seriam parecidas com o Brasil. Imaginou que ouviria a proposta, submeteria-se para aprovação de crédito, preencheria toda a papelada depois de uns dias, pensaria no caso, e compraria o carro depois de algumas semanas. Mas não foi nada disso. Tudo, absolutamente tudo, foi feito no ato em questão de minutos. Sem tempo para pensar ou desistir.

Primeiro o vendedor achou o carro nas configurações que o Mauricio queria. Quando o marido retornou à loja, o carro já estava lá para ser visto pessoalmente. Após ver o veículo na cor e acessórios que havia pedido, aprovaram o crédito na mesma hora, fizeram o seguro no mesmo minuto, emplacaram o carro no mesmo segundo e deram a chave do carro imediatamente. Assim, sem tempo para pensar se assinaria ou não o contrato. Quando ele menos esperava, já estava voltando para casa dirigindo o carro. Nada de despachante, seguro particular, telefonemas, prazos ou whatever. Tudo feito lá, no mesmo instante. Portanto caro leitor, se estiver pensando em comprar um carro, cuidado! Pode ser que você saia dirigindo o veículo sem mesmo esperar por isso. Claro que foi tudo planejado, mas o Mauricio diz que mesmo sabendo que estava tudo dentro dos conformes (pois ele já havia pesquisado preços e tudo), as coisas foram bem mais rápidas do que um piscar de olhos. Ele diz que só quando chegou em casa se deu conta do que havia feito. Mesmo estando feliz e satisfeito, estava assustado, pois imaginava que as coisas seriam mais lentas e até poderia desistir do negócio caso achasse conveniente ou talvez pudesse esperar que eu estivesse junto. Nada disso. Sem chance de desistência. Ele diz que só pensava em como me daria a notícia, pois até então, eu nem sabia dos planos. Ele só repetia para si mesmo: "ela vai me matar".

E como fiquei sabendo do carro??? Recapitulando parte da nossa história de imigração, o Mauricio veio para o Canadá 4 meses antes de mim. Neste período, eu vim uma vez por mês para ficar com ele por razões específicas. Certo dia, em uma destas minhas vindas, meu doce marido foi me buscar no aeroporto. Quando cheguei ao estacionamento eu comentei despretensiosamente: "Nossa, que carro grande. Nem trouxe tanta bagagem, podia ter alugado algo menor. Quanto você pagou pelo aluguel?". Ele respondeu "blá blá blá dólares". Eu perguntei: "Sério? Pela semana?". Ele retrucou: "Não, pelo mês.” Não entendi a resposta e perguntei novamente: “Mas você alugou para o mês todo?”. E ele com um sorriso desconcertado disse: “Não só para este, para todos os meses. É nosso, eu comprei...". Dá para imaginar a minha face né?!

Negócio feito, está feito. Não tive nem reação de berrar, o que seria algo natural para mim nesta situação. Entrei no carro meio pálida. Mas para ser sincera, depois de 20 horas de voo, 6 horas de diferença de fuso horário, eu só queria ir para casa, beijar os cachorros, tomar um banho e dormir. Fosse o carro nosso ou alugado. Acho que se ele tivesse comprado uma carroça a minha reação seria a mesma (rsssss). E no fundo no fundo, eu sabia que precisaríamos do carro cedo ou tarde. Se ele não tivesse comprado naquele mês, teria sido um ou dois à frente. Ele só ficou supreso com a minha falta de reação. Só para contextualizar as pessoas que não nos conhecem, este é um comportamento não muito raro para o Mauricio. Quando ele quer fazer algo relativamente imprudente, ele faz meio “escondido” de mim e só me avisa depois de feito. Por exemplo, quando nos casamos combinamos que faríamos UMA viagem grande por ano. Na prática, fizemos TRÊS por ano. Todas compradas por ele sem meu consentimento. Depois de passagens adquiridas, ele só me avisava: “vamos viajar!”. Não que eu não quisesse fazer as viagens, mas eu sabia que a maior parte delas era “imprudência financeira”. Aí era a maior discussão entre nós. Às vezes ele já aproveitava o meu histerismo de alguma reprovação e já contava várias loucuras de uma vez só (rssssss). Mas devo admitir, que mesmo sabendo da irresponsabilidade, viagem é viagem né?! Eta coisa boa para ser fazer na vida!!! Voltando ao assunto, com o carro ele pensou que seria assim, uma conversa aos gritos. O engraçado é que a minha falta de reação deixou ele até sem graça. O fato é que hoje somos motorizados!


SEGURO

Este é um assunto difícil de explicar aqui no blog pois as informações que temos são bem controvérsias. Cada dia ouvimos uma coisa diferente a respeito. Mas de maneira geral, aqui em British Columbia é obrigatório adquirir o ICBC Basic Autoplan, que é um seguro do governo que cobre as necessidades básicas do automóvel, motorista e terceiros. É possível contratar uma extensão para o plano, podendo ser pelo próprio seguro do governo ou particular. Na hora da compra do carro você já paga por isso, pois nem pode tirar o carro da concessionária sem ter pelo menos o seguro básico. 

Não é necessário pagar o plano anual. Pode-se contratar um período menos, tipo três meses, seis, quantos quiser. De acordo com o prazo do contrato, é colado na placa do carro um adesivo que mostra a data do seguro (e licenciamento). Assim, á facilmente visto se o carro está em situação regular ou não.

Para mais informações, vale a pena consultar o site do ICBC clicando aqui.


FINANCIAMENTO X LEASING X A VISTA (??)

Aqui no Canadá, diferentemente do Brasil, fazer compras parceladas é algo raro, e só são feitas para a aquisição de bens de valores altos.  No caso de veículo e/ou imóvel em que a compra não seja paga à vista, as formas mais comuns de pagamento são através de financiamento ou leasing. No caso das pessoas recém chegadas, é bem mais difícil conseguir aprovar crédito para o financiamento, pois neste caso o bem é do comprador. Como os recém chegados não possuem um histórico de crédito consistente e suficiente para gerar uma “confiança” no mercado, as empresas dificilmente aprovam o financiamento. Sendo assim, não sobra muita opção: ou à vista ou leasing. Nós compramos através de leasing, na qual o veículo é patrimônio do banco. É como se estivéssemos alugando o carro da instituição financeira. Depois de um período determinado em contrato, a pessoa tem a opção de comprar o automóvel pagando um valor residual ou simplesmente devolve o carro para o banco. O juros do leasing é maior do que o do financiamento, mas nada que não seja “pagável”. Os valores de juros são acessíveis e bem inferiores aos do Brasil. Mesmo no caso do leasing que é algo mais "seguro" para o vendedor, precisa de algumas qualidades para conseguir a sua aprovação. No momento da compra, o Mauricio já estava empregado e tinha uma situação um pouco mais confortável, o que lhe favoreceu no momento da aprovação de crédito. Não sei dizer se ele teria conseguido aprovar o leasing se ele tivesse tentado adquirir o automóvel antes de conseguir o emprego. 

Pagar a vista assim que chega e gastar qualquer reserva sem saber como será o futuro? Completamente fora de cogitação para nós. A questão é que as possibilidades de forma de pagamento estão diretamente relacionadas ao histórico financeiro de cada pessoa. Mas como isso funciona??? Assunto para o próximo post! Prometo ;)



Um comentário:

  1. Muito bom Pri!!! Interessante mesmo porque sempre vamos com a idéia das coisas que fazemos no Brasil. Obrigada por mais essa experiência!!!

    ResponderExcluir