domingo, 20 de julho de 2014

- Crédito no Canadá



Como no Brasil, ter crédito aqui no Canadá é extremamente importante e faz toda a diferença na hora de realizar os desejos materiais, e às vezes até mesmo para algumas coisas básicas e necessárias. A possibilidade de comprar um carro ou uma casa, alugar imóvel ou outras coisas do tipo está diretamente relacionadas à linha de crédito que cada pessoa tem. Mas como afinal isso funciona por estes lados?

Para começar, não sou nenhuma especialista no assunto, então escreverei de uma forma bem genérica e sem muitos detalhes. Aliás, finanças é o meu ponto franco (rsssssss), então já considere isso tudo algo bem abrangente só para dar uma idéia aproximada de como é este universo por estes lados :)

Eu em particular, não acho que construir crédito aqui seja algo tão simples, pelo menos se comparado ao Brasil onde isso é muito mais fácil. No meu caso por exemplo, sempre tive boas linhas de crédito na minha vidinha brasileira, apesar de reconhecer que boa parte disso foi mérito do meu papai. Quando eu completei 16 anos, abri minha primeira conta bancária, mas como eu ainda era menor de idade, esta conta era conjunta com o meu pai. Por conta disso, os créditos que ele já tinha acabaram sendo repassados a esta conta. Quando completei a maioridade e depois de algumas "barbaridades financeiras" que eu fiz como qualquer adolescente com cartão de crédito faz, meu pai acabou saindo da conta para me obrigar a administrá-la sozinha e aprender a lidar com a vida financeira. Não que isso tivesse funcionado, mas esta é outra história (rsssssss). O fato é que, apesar dele ter se retirado da conta como correntista e eu ficado como a única titular, os créditos dele se mantiveram no meu histórico. Desde então, meus limites brasileiros de cartão e conta só subiram. Considerando que já começaram altos, os limites ficaram bem acima do meu padrão de vida, mesmo que eu não tivesse a capacidade financeira de mantê-los.




Aqui as coisas são diferentes e, de forma geral, a pessoa tem o crédito de acordo com a sua realidade (pelo menos é o que tenho visto e ouvido até o momento). Cada indivíduo tem uma linha de crédito independente que é baseada no seu histórico econômico. Este histórico, chamado de "Credit Report", é formado por milhares de informações referentes ao comportamento financeiro da pessoa. Em geral, ficam acumulados dados dos últimos 6 anos como por exemplo: pontualidade de pagamento de contas, valores acumulados, investimentos, saldos, valores devidos, movimentações bancárias, limites de contas, limites de cartões, quantidade e valores de financiamentos e/ou empréstimos, e outras coisas mais. Na prática, é um resumo da vida financeira de cada indivíduo.

Baseado nos dados do "Credit Report", as pessoas são classificadas em um ranking, chamado "Credit Score". O "Credit Score" nada mais é do que a tradução destes dados em um número para facilitar a análise dos cidadãos conforme o risco que cada um oferece ao mercado. Assim, cada pessoa tem uma "nota" (de 300 a 900) que é dada de acordo com o seu histórico financeiro. É com base nesta nota que as empresas tomam as decisões de oferecerem crédito (ou não) às pessoas. Ou seja, na hora de comprar um imóvel por exemplo, a incorporadora consultará o "Credit Score" do interessado para saber qual é a sua pontuação e avaliar o risco do financiamento. Nota boa, financiamento liberado com juros baixo. Nota ruim, financiamento com juros alto ou até mesmo bloqueado. Simples assim. E desta maneira, para qualquer coisa que esteja relacionada a risco, o "Credit Score" é a referência, podendo ser desde a aquisição de um cartão de crédito até a compra de um avião.







Além dos dados relacionados à performance econômica das pessoas, outro fator que influencia o "Credit Score" é a quantidade de consultas feitas ao perfil dos indivíduos. Quanto mais consultas, menor a nota. Assim, cada vez que a pessoa precisa de um crédito, é feita uma consulta ao seu "Credit Score" e isso fica registrado no histórico pessoal. Se muitas empresas fazem isso num pequeno intervalo de tempo, a nota cai, e muito. Ou em casos em que créditos disponíveis não são utilizados.

Isso ficou bem claro para nós, por experiência própria. No fim do ano passado quase compramos um imóvel. Certo dia estávamos andando de bicicleta e paramos para ver um empreendimento lindo e adorável. Na ocasião, falamos para a corretora que éramos imigrantes recém chegados e que não compraríamos nada, até porque sabíamos que não tínhamos uma boa linha de crédito. A insistente corretora disse que poderíamos tentar aprovar o financiamento para ver se tínhamos chance ou não. Sabíamos da nossa situação, mas ainda assim resolvemos aplicar para a compra do imóvel para termos uma idéia de valores e entendermos nossas possibilidades. Vai que pudéssemos comprar né?! Para a nossa surpresa, fomos aprovados!!! Para conseguir a aprovação, tivemos o auxílio de um broker, o qual fez uma composição de renda para dar entrada na papelada. Ele usou informações nossas de bens e patrimônios que ainda temos no Brasil somados aos dados do banco daqui (que é conectado com o de lá). Assim, ele usou o nosso histórico brasileiro para forçar o banco a nos dar a linha de crédito e diminuir nosso perfil de risco de recém-chegados. No dia de assinarmos tudo, desistimos do negócio. Afinal, seria loucura uma aquisição desta em tão pouco tempo. Até aí tudo bem. O que não sabíamos é que pelo fato de não termos usado o tal crédito, a nossa nota cairia. Como resultado desta brincadeira, o "Credit Score" do Maurico foi lá pra cucuia!




Hoje já está recuperado, mas foi mais um aprendizado. O que acontece é que o "Credit Score" é atualizado a cada três meses, e depois disso a pontuação voltou a subir aos poucos conforme nosso comportamento financeiro, que aqui no Canada é excelente. Diferentemente do Brasil, somos "mão de vaca" aqui, até por uma questão de necessidade (rssss). Então fazemos tudo impecavelmente certo. Por exemplo, outro dia o banco ofereceu uma linha de crédito para nós tipo cheque especial. Mesmo que isso fosse ajudar na tal pontuação, recusamos a proposta. Estamos evitando crédito fácil com alta liquidez para evitar gastos excessivos. Queremos crédito sim, mas só para coisas grandes! Muita gente já nos disse que é bom termos vários cartões de créditos, mas hoje estamos evitando isso. De verdade, não queremos ter limite para nada agora, até porque depois do trauma, não queremos empresas consultando nosso "Credit Score" a toda hora. Se meus pais lessem isso ficariam desacreditados e orgulhosos de mim (hahahaha). Na verdade, não queremos dar chance ao nosso comportamento consumista e impulsivo. :)

Sabendo-se disso tudo, já dá para concluir que isso é mais uma barreira na vida do imigrante. Quando a pessoa chega aqui, não tem muita opção, ou paga a vista ou espera um período para começar a criar um bom histórico. É por isso que muita gente não consegue sair comprando carro e casa mesmo que veja ótimas oportunidades em comerciais de TV ou outras propagandas. não basta querer comprar, tem que provar que pode!


E como conseguir construir o histórico? Bom, isso é outra coisa meio complicada de explicar. Mas vou tentar.

Considerando que estou falando de alguém que acabou de imigrar, naturalmente o início é um pouco mais chato pois a pontuação parte do zero, ou seja, linha de crédito inexistente e portanto pessoa de alto risco. Então a construção de crédito começa com as pequenas contas do dia a dia, pois inicialmente são os contratos mais fáceis de adquirir. Conta de luz, telefone, celular, tv a cabo, plano de saúde, e coisas do tipo são um ótimo início para provar que é bom pagador e pessoa de baixo risco. Portanto, o primeiro passo é pagar tudo com pontualidade, claro! E assim, o perfil econômico do indivíduo começa a ser traçado.

Aluguel também é um bom "pontuador". Em geral, quando a pessoa é recém chegada o locador pede o pagamento de alguns meses antecipados como garantia, justamente pela falta de "pontos". Mas tudo bem, isso dá para resolver e não é o fim do mundo. O fato é que locação é um bom contrato para se mostrar como um "bom pagador".

Abrir conta corrente também é fundamental. E na minha opinião, o HSBC é a melhor opção para quem está vindo. O banco já é famoso entre os brasileiros imigrantes por causa das facilidades. Na prática, eu tenho gostado sim. Para nós tem sido uma "mão na roda" pois além de termos conseguidos uns mimos, as transferências de dinheiro entre os países é super fácil. Apenas o valor do câmbio é um ponto negativo, pois é bem alto se comparado aos valores de mercado, aliás, altíssimo. E nisso perdemos dinheiro. Mas para quem está começando, é um bom início ter conta neste banco.

Mas para quem ainda não é correntista do HSBC e tem planos de imigrar, vale abrir a conta com uma certa antecedência para tentar uma boa linha de crédito ainda no Brasil, o que é bem fácil. A partir daí, pegar um bom cartão e solicitar uma conta do tipo "Premier". Tendo isso, ainda estando no Brasil consegue abrir a conta aqui no Canadá (dependendo do status/processo de imigração). O gerente brasileiro ajuda nisso. Daí em diante, parte dos seus benefícios vem para cá e os créditos já começam a ser contados. Aí, se vai manter a conta neste banco ou vai abrir em outro é uma questão pessoal a ser avaliada aqui depois de um tempo.

E assim, através dos pequenos contratos, pontualidade e movimentação bancária, o indivíduo começa a construir o seu histórico financeiro. Conforme a pessoa vai se adaptando ao país, arruma emprego e demonstra um comportamento estável, o "Credit Score" vai se elevando. E claro, depois de um tempo de crescimento e maturação, a pessoa se torna de "baixo risco". A partir daí, as aquisições passam a ser possíveis e mais viáveis.

Para resumir, paciência, paciência, paciência e pontualidade!

2 comentários:

  1. Caramba Pri, muito bom saber eu não fazia a mínima idéia que era assim..olha estou tão ansiosa o marido vai fazer a prova do IELTS agora e estou um pouco nervosa pois ele precisa tirar CBL9 e pelo que li não e muito fácil, na próxima semana vamos mandar os diplomas e históricos para juramentar e vamos enviar para WES, estamos com dificuldade pois todas as faculdades não fazem o enviame muito menos a tradução então tivemos alguns transtornos inda e vindas o tempo inteiro na facul, mas espero que no final de tudo certo! Estamos precisando dos pontos do IELTS e assim que sair já podemos dar entrada no processo. Para não ter problemas vamos contratar uma consultoria mais e taoooo cara. Mas vamos lá ne. Rsrsrs beijos e mais uma vez parabéns espero que em 2016 já esteja aí!!!! :)

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    Respostas
    1. Olá Lidianne
      Espero que dê tudo certo.
      Estou torcendo muito por vocês! O Canada precisa de pessoas assim, que querem muito vir ;)
      Para nos falarmos por email, você tem que mandar o seu através de um comentário (que não será publicado). Assim que me mandar, respondo para você.
      Um abraço
      Priscila

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