No dia 23 de abril de 2013 cheguei no Canadá, quando comecei a escrever uma nova página na minha vida. Começando do zero, com a folha em branco.
E para ser bem sincera, não está sendo nem um pouco fácil. É um mundo de informações e descobertas sem fim. Todos os dias mais coisas para absorver. Hoje, digo que a principal característica para um imigrante sobreviver é a paciência, e isso que tem que ter de sobra. Ultimamente tenho me apegado ao conceito de "três anos de adaptação". Todos a minha volta dizem que este é o prazo para o imigrante se encaixar aqui no Canadá, principalmente para os adultos que tem todo o lado cultural, sistema econômico e político e regras sociais para se acostumar. Para uma cabeça já cheia de conteúdo, reaprender tudo novamente e num curto espaço de tempo é algo relativamente difícil e cansativo.
No meu caso o que mais está me incomodando é o aprendizado do inglês que está muuuuuito mais lento do que eu imaginava que seria. Mas aos poucos estou me conformando que será assim. Óbvio que me comunico com as pessoas e não preciso mais do maridão para fazer as coisas, mas está extremamente longe do que preciso para me adaptar profissionalmente na minha área. E o pior (ou melhor), é que esta minha dificuldade tem explicação.... Mas isso é assunto para outro Post. Hoje, quero falar um pouco dos aspectos canadenses que tem feito parte da minha vida.
Para começar, eu aprendi que a diferença está nos detalhes. Porque para os problemas grandes, paramos para planejar como resolvê-los. O que desgasta as pessoas são as pequenas coisas do dia a dia, que na somatória deixam qualquer um louco. Lembro-me que no Brasil eu solucionava de uma maneira ou de outra todos os problemas que apareciam na minha vida. Mas no final do dia, o que me esgotava eram as pequenas chatices rotineiras, tipo o trânsito intenso; a discussão com o fornecedor de telefone; o sinal da TV a cabo que tinha caído; a conta do cartão de crédito que não havia chegado a tempo; a fila do banco quando tinha que ir fisicamente; as infinitas cobranças indevidas; a má educação da moça do caixa do supermercado; as obras públicas no meio do caminho sem indicação de desvio; o telefone celular que não parava de tocar quando tinha sinal, ou a falta de sinal do dito cujo; o planejamento da agenda de acordo com a hora das tempestades de verão para evitar enchentes (???); e assim por diante... Enfim, uma infinidade de micros questões que por alguma razão inexplicável sempre estavam acontecendo. Sabe a lei de Murphy? Não que ela não exista aqui no Canadá, ou que as coisas sejam sempre perfeitas, porque não são. Mas eu tinha a sensação de que no Brasil tudo era "sempre" do contra. Aqui as coisas fluem mais naturalmente, com menos irritações bobas.
Então, deixando o emocional de lado, vou tentar pontuar algumas coisinhas canadenses que fazem parte da minha rotina, sem nenhum tipo de ordem de prioridade ou importância:
Já falei bastante sobre o clima aqui na região de Vancouver, então tentarei ser breve para não ficar muito repetitiva. O que mais me atraiu foi o fato das estações do ano serem bem definidas e diferentes umas das outras. Não dá tempo de enjoar e sempre há aquela sensação de renovação. Para quem planeja visitar este cantinho do mundo, recomendo vir quatro vezes, pelo menos uma em cada estação, porque tanto o aspecto físico como as atividades são bem específicas e todas tem um lado positivo para se ver. Vale a pena conhecer as "quatro Vancouver" que existem!
Tenho que confessar que a comida tem sido um ponto negativo. Só agora dou valor para a fartura de alimento no Brasil. Aqui, além da falta de sabor (de tudo), o preço é algo absurdamente caro. O canadense (pelo menos aqui em Vancouver) tem mania da comida orgânica e da vida saudável, o que eu acho excelente. Mas para manter este hábito, tem que gastar muito. E nesta fase inicial de imigrante, não temos $$ sobrando para investir em tanto luxo. Carne vermelha é algo que já deixei para trás. Além de cara, não consegui me acostumar ao sabor. Ainda não achei nenhum açougue que me agradasse, apesar de ter tido várias indicações. Não foi por falta de tentativa. Portanto, carne vermelha só no hambúrguer (rsssss). Além dos altos preços, a falta de tempo também tem sido um complicador na nossa vida de imigrante, sem falar que não temos a maravilhosa secretaria doméstica brasileira para dar uma ajudinha. Aí a falta de tempo somada à preguiça, já viu né?! Cozinhar é coisa rara. Temos vivido à base de vitaminas de frutas (smoothies), sanduíches, pratos congelados, saladas, frutas frescas, omeletes e cereais. Umas duas vezes por semana me proponho a fazer comidinha. Mas só! E ainda reclamando (rssssss). Por outro lado, existe um prato típico canadense chamado "poutine" que me apaixonei. A Poutine é uma porção de batata frita coberta com um caldo a base de carne e ainda com uns pedaços de queijo meio derretidos. Muita gente não é fã deste prato, mas eu em particular adoro!!! Toda vez que tenho a oportunidade, como uma porção. Só não é algo freqüente pois é uma opção "relativamente" gorda!!! Com as novas condições de vida neste novo país, estamos criando novos hábitos para nos adaptar à nova rotina. Ou seja, tudo novo mesmo!!!
Outra coisa que é novidade é a mania do copo na mão. Aqui todo mundo está sempre andando com um enquanto se deslocam de um canto para outro. Isso é um hábito. Por causa do frio, é comum as pessoas se manterem aquecidas consumindo bebidas quentes enquanto estão ao livre. Aí o costume do inverno continua mesmo nos dias quentes durante o verão, substituindo o consumo os drinks gelados. O fato é que sempre estão bebendo alguma coisa. Então aquelas cenas de filmes americanos que estamos acostumados a ver do povo caminhando com um copo não mão, também faz parte do cenário daqui. No Brasil, eu tinha mania de garrafinha de água, pois tentava manter o hábito dos tais dois litros de água diários. Aqui, peguei a mania do café e do chá, ou seja, sempre com um copo na mão também.
Ah, o trânsito! Muuuuito fácil de lidar, principalmente para quem é paulista-paulistana. Sim, existe horário de pico com tráfego intenso, mas completamente diferente de São Paulo onde toda hora era "pico" em todas as ruas. No começo tive um pouco de dificuldade de me adaptar às regras locais, mas agora está fácil Não só olhando pelo lado de motorista, mas também sendo pedestre. Aliás, pedestre aqui é levado a sério! E como todo mundo tem o momento de andar a pé, é natural respeitar as pessoas quando se é motorista. Mesmo porque, se não o fizer, vai ser parado pela polícia. Além disso, não existem "motoboys". No começo estranhei muito a facilidade de mudar de faixa, porque além da ausência das motos, as pessoas em geral dão passagem. Outra coisa que adoro aqui é o planejamento dos semáforos. É utilizada uma tecnologia nas principais vias que mede o fluxo de automóveis. Então, a sincronização dos sinais mudam de acordo com o movimento e circulação dos carros. Isso é algo nítido quando dirige em horários calmos como de madrugada, quando os semáforos abrem assim que se aproxima deles. É ótimo! Mas isso é algo que não tem em todo lugar, mas para a minha sorte tem na cidade em que eu moro, Coquitlam.
Calçada é uma coisa que só conheci efetivamente aqui (kkkkkk). Às vezes os canadenses me perguntam o que eu mais gosto no Canadá, e eu como boa paulista respondo que são as calçadas. Óbvio que eles não entendem isso, mas nós brasileiros amamos as "sidewalks" canadenses (rssss). Brincadeiras à parte, qualquer lugar aqui é acessível aos pedestres, incluindo cadeirantes e cegos. E mesmo quando há uma obra que possa atrapalhar o percurso, é feito um tipo de desvio super sinalizado e pensado para garantir a circulação de pedestres. Outra coisa simples e positiva é que de maneira geral, é possível usar guarda-chuva enquanto anda pelas calçadas. Sei que mencionar isso até parece piada, mas era algo que eu sofria muuuuuuito no Brasil, pois ou passava o guarda-chuva, ou eu, ou em alguns casos, nenhum dos dois. Além disso tudo, a travessia das ruas também são ótimas. Sempre há um semáforo acessível ao pedestre que lhe permita pedir passagem. Todo e qualquer cruzamento ou faixa de segurança tem um poste com botão para o pedestre pedir a vez de atravessar. E acredite ou não, TODOS funcionam. Sim, pedestre tem vez aqui. Aliás, até mais que os automóveis. Sabendo-se disso, dá para imaginar como a vida de fazer as coisas sem carro é mais fácil por aqui. Sei que isso pode parecer loucura, mas eu em particular tive muitas experiências horríveis em São Paulo como pedestre, sobretudo porque eu trabalhava externa. Já escrevi sobre isso aqui no post "Pedestre paulistano: questão de vida ou morte".
Falar que o transporte público daqui é melhor que o do Brasil é redundante, pois qualquer país desenvolvido tem transporte público melhor que o brasileiro. Mas o transporte daqui da região onde moro é algo que na minha opinião deixa sim a desejar, principalmente considerando que estou no Canadá. Eu esperava mais deste item. No meu caso que moro fora do centro de Vancouver (estou nos arredores), sofro um pouco no uso do transporte público. Não que seja difícil usá-lo, pelo contrário, é muito fácil e em geral pontual. Mas o tempo de percurso é muito maior que o de carro, o que desanima só de pensar em pegar um ônibus. Por exemplo, para ir ao meu trabalho levo 1:10h usando transporte público (skytrain + ônibus). O mesmo trajeto de carro leva apenas 25min. Além disso, depois das 22h, algumas linhas de ônibus não funcionam mais. E as que permanecem em circulação, possuem um intervalo entre ônibus muito grande, aproximadamente 1 hora. Então isso é algo que acho que precisa ainda de muita melhora para condizer ao nível do país. As linhas do Skytrain (tipo metrô, mas a céu aberto) está sendo ampliada e logo logo chegará pertinho de mim. Mas este transporte está muuuuito longe de se igualar ao metrô de grandes capitais, sobretudo às européias como Paris e Londres. Aqui ainda é forte o hábito do carro, exceto para quem vive em Downtown onde o Skytrain é bem mais distribuído. Mas apesar da minha decepção, a qualidade dos veículos é boa e os ônibus têm suporte para Bike, o que é bem legal. Além disso, todos eles são acessíveis aos caldeirantes. E ainda como adicional, existe um sistema de Van específico para pessoas que tem alguma necessidade especial, chamado HandyDART, então, ponto positivo para este detalhe!
Para quem não sabe, bebidas alcoólicas são vendidas apenas em lojas específicas para isso, as chamadas Liquor Store. Estes estabelecimentos são super controlados pelo governo, que inclusive é proprietário de algumas delas. No meu caso, mesmo com mais de 30 anos, sempre tenho que apresentar meu documento para conferirem minha idade. Acho que ainda pareço adolescente (uhuuuuu). Nestes lugares, o cliente pode até entrar com cachorro ou gato, mas jamais com menor de idade. Nos supermercados tradicionais, vinho e cerveja apenas sem álcool. Recentemente até entrou em votação uma alteração sobre a legislação relacionada à venda destes produtos e algumas mudanças acontecerão ao longo do ano. Mas assim que tudo estiver definido, volto aqui para falar mais sobre isso. Por enquanto, compra de bebidas alcoólicas, apenas em Liquor Store. Ah! Prepare a carteira, pois este é outro item caríssimo por aqui, principalmente se comparar aos preços americanos.
Outro item que me pegou de surpresa foi a falta de burocracia. No Brasil eu tinha em casa um arquivo grande com documentos sem fim. Sério, em 5 anos de casada parecia que minha vida era uma empresa de tantos papéis. Eu tinha contas, comprovantes, cartas, comunicados, boletos, enfim, uma infinidade de papéis guardados e organizados entre pastas e datas. Tudo para "garantir" qualquer problema futuro. Aqui, depois de um ano, tenho uma pastinha sanfonada com apenas algumas folhas perdidas. Eles quase não usam documentos impressos. É tudo eletrônico. E não apenas na questão financeira, mas em todos os sentidos. Na minha escola por exemplo, quando me matriculei levei apenas meu ID. Nem comprovante de residência precisei pois o próprio ID já tem esta informação. Depois que conclui meu registro, FALARAM que eu deveria aparecer na primeira aula numa sala específica e em uma determinada data e hora. Não me deram nenhum papel. Nadinha. Sai de lá com minhas mãos abanando. Quando cheguei na sala de aula conforme as orientações passadas, o professor olhou para mim e disse "É um prazer Priscila tê-la em minhas aulas, meu nome é blá blá blá, escolha um assento". Acredita que a falta de papel funcionou? Quando pedi transferência de escola foi assim também. Falaram que bastava ir para tal endereço. Chegando lá, a mesma coisa. Todos já sabiam quem eu era, sem que eu falasse nada. No trabalho não foi diferente. No meu primeiro dia levei o ID e o SIN (tipo CPF). Só. Sai de lá com o meu contrato de uma página. Toda informação que eu quero a respeito do trabalho, pego no site da empresa online. Nem meus salários tem papel. Não assino nada. Não tem recibo para nada e nem um holerite físico. Recebo o $ na conta e pronto. Simples assim. Até hoje, depois de um ano, ainda tento guardar algum papel por uma questão de mania. Mas não tenho nada acumulado porque não tem o que acumular.
Como imigrante vim para cá esperando ser discriminada em algumas ocasiões. Eu imaginava que encontraria alguns obstáculos ou fosse mal tratada de vez em quando, afinal, eu não fazia parte deste mundo. Ao contrário disso, sinto-me extremamente bem recebida. Mesmo com as dificuldades da comunicação, não me sinto isolada do mundo. As pessoas em geral tentam me ajudar e fazem questão de que eu me sinta igual. Ignoram completamente as diferenças, sobretudo as culturais. Sim, este é o resultado do multiculturallismo canadense. E mais do que isso, é o sinal claro do respeito e do senso de comunidade. Todos estão no mesmo nível. Eles acreditam que todos são iguais independente de onde tenham nascido, de que língua falam, de qual crença tenham, ou como se vestem. As pessoas conversam entre si. Para nós que sempre estamos passeando com nossa cachorrinha percebemos isso claramente. Cachorro é motivo para iniciar conversa, então vira e mexe estamos batendo papo com gente estranha. Também sinto isso no trabalho e em qualquer lugar que eu vá. Esta sensação de "welcoming" é muito boa.
Isso é uma coisa canadense, inclusive motivo de piada para os americanos. Os canadenses são conhecidos pelo excesso de educação e cordialidade. É comum você ver uma pessoa local trombando com um objeto e pedir desculpa ao obstáculo inanimado, razão para até eles rirem de si mesmos. Para tudo existe o "por favor" e o "obrigado". São cenas corriqueiras você ver uma mãe conversando com o filho e lhe ensinando a usar estes tipos de expressões. Claro que existe a pessoa mal-humorada e a não tão educada, mas é raro. E quando algum canadense não é cordial, destaca-se entre as pessoas e é mal visto por todo mundo em volta. Também não é fácil ver algum canadense falando palavrões à toa. E quando querem dizer uma coisa deste tipo, tentam disfarçá-la usando alguma palavra parecida, por exemplo, ao invés de dizerem "shit" eles dizem "shoot". A cordialidade é um hábito nacional, é parte da cultura ser assim. E claro, para nós imigrantes, o mínimo é tentar imitar. Mesmo quando se quer falar um WTF com todas as letras!!! Nada disso. Segura a onda, põe a língua para dentro e aperte sorriso :)
Todo mundo fala mal do sistema de saúde canadense. Graças a Deus ainda não precisamos usá-lo muito. Mas já tivemos algumas experiências e, para nós está funcionando sim. Pagamos mensalmente o sistema público e até agora não precisamos usar nada particular. O Mauricio tem um ótimo plano de saúde privado oferecido pela empresa que complementa as necessidades, principalmente com descontos em medicamentos. Os prazos são as maiores reclamações. O marido teve sorte no caso dele relacionado ao problema no joelho consequente dos riscos do snowboard. Depois de uma queda enquanto saltava, ele rompeu vários ligamentos. Foi atendido por um bom médico e tudo tem caminhado de acordo com o que ele espera, inclusive já com cirurgia pré-agendada para o ano que vem. Mas esta data foi opção do Mauricio, que quer tentar aproveitar a próxima temporada de inverno antes da operação. O meu caso é um pouco diferente. Tenho problemas de enxaqueca crônica e minha médica de família já me encaminhou para um neurologista para que eu tenha acompanhamento profissional. Depois da recomendação dela, a consulta foi agendada para 6 meses à frente. Claro que achei isso um pouco demorado e estou aguardando a consulta que será em junho. Mas não foi nenhum caso emergencial para que possamos ter alguma reclamação. Até agora, temos convivido bem com esta questão.
Se existe um tipo de pessoa que merece respeito, são os policiais daqui. São as pessoas mais graças do mundo e escreverei um posto só sobre isso porque acho que algo que se destaca. Mas de maneira geral, o que me admira é como eles tratam as pessoas. Aqui o condito de polícia é completamente diferente do Brasil. O trabalho deles é preventivo e não paliativo, o que significa que estão empenhados em educar a população para manter a ordem. Claro que quando algo está errado haverá repreensão e as atitudes cabíveis serão tomadas. Mas a primeira função da polícia é manter a ordem através da educação e orientação. Acho isso demais. As pessoas não tem medo dos policiais e há um conceito comunitário com este profissionais que só conheci aqui. Com o trabalho eficiente e presente da polícia, naturalmente há segurança. E aliado a estes profissionais, a igualdade social resulta na baixa violência. É claro que não estamos isentos de problemas relacionados à segurança, mas é uma questão de proporção. Os números são extremamente baixos, sobretudo se comparados ao Brasil. Todos sabem disso, mas sentir isso na pele é diferente. Até hoje eu e o marido desconfiamos um pouco do excesso de tranquilidade. Apesar de gostarmos da sensação de segurança, ainda estranhamos a falta de muros, grades ou qualquer proteção física. Se alguém quiser entrar na nossa casa, não precisa nem pedir licença, porque a nossa varanda com porta de vidro tem acesso à rua. E por causa da nossa amada cachorra, esta porta está sempre aberta. Para se ter idéia, em algumas ocasiões quando o Mauricio esqueceu a chave de casa dentro de casa, ele entrou pela varanda abrindo uma portinhola baixa que dá acesso à rua. Simples assim. Não pulou portão, não escalou muro, não chamou o chaveiro. Por aqui, existe todo um trabalho de conscientização para que a comunidade ajude o trabalho polícia evitando qualquer facilidade para ladrões. Assim, fazemos a nossa parte. Sabe como?, Fechando a porta de vidro a noite. Só isso. Temos mais medo de urso e cocotes do que de assaltante. Uma coisa meio louca ainda para a nossa cabeça brasileira. Mas é importante lembrar que não podemos dar chance para o azar e, pois o índice de violência é próximo de zero, mas não é nulo.
Verde, verde, verde, verde e mais verde. Paisagismo e áreas verdes é o que mais tem por aqui. Não tenho como deixar esta característica de lado, pois é algo que muda o humor de qualquer pessoa. Caminhar entre árvores, gramas e conviver com parques em abundância é algo que faz diferença. No Brasil, eu estava morando próximo ao Parque Ibirapuera e me sentia privilegiada por isso. Mas eu pagava caro por este "luxo". Aqui não precisamos nos esforçar para estar próximos a um parque, pois há por toda parte. E o mais legal de tudo é que eu, pessoalmente, uso e abuso destas áreas. Que seja para levar a Jesse para passear, andar de bike, correr, ler uma revista, escrever no blog, ou apenas para refletir. Não importa a atividade, mas é algo que hoje faz parte da minha rotina ir aos parques. Nem que seja para fazer absolutamente nada, apenas para estar lá. E não pense que vou sempre ao mesmo. Nada disso, são vários à disposição que me dão o prazer de frequentar. Sim, isso faz muita diferença no meu dia a dia. Como eu disse, a diferença está nos detalhes!
Bom, junto a estes itens mencionados, existem tantos outros que me fazem amar este lugar. Mas para mencionar tudo isso, terei que escrever muitos posts ainda! Eu quis apenas mencionar algumas coisinhas que me fazem sorrir naturalmente todos os dias, independentemente dos desafios ou problemas que aparecem. Tenho uma sensação de paz aqui que eu não tinha no Brasil. Não sei se é apenas porque o Canadá me oferece isso, ou se é apenas porque estou mudando como pessoa. O fato é que aqui, a vida me mostra outras perspectivas.
Oi Pri tudo bem ?
ResponderExcluirSeu blog é ótimo, você escreve de forma muito sincera e realista.
Tem me esclarecido muitas coisas. Gostaria de conversar contigo quando tiver um tempo.
Estou me formando em arquitetura esse ano, e já estou me organizando para embarcar para Vancouver em Março de 2015. Os planos é um curso intensivo de inglês, pois sei apenas sobreviver com meu inglês nada além disso. Pelo que li no seu blog sobre arquitetura é muito complexo conseguir ser um arquiteto por ai. Na realidade hoje eu trabalho com projetos de Interiores na Todeschini e gosto muito de fazer isso (projetar e trabalhar com vendas), não sei o que poderia fazer nessa área por ai, o que você acha ? Sei que não vou chegar trabalhando com isso e nem é a intenção, não me importo pode demorar o tempo que for, quero fazer um college de Design de Interiores e enquanto isso vou trabalhando com o que aparecer. Desculpa a redação aqui. E desde já agradeço a atenção. Parabéns novamente pelo blog :)
Olá Karolline,
ExcluirFico feliz que esteja gostando do blog :)
Quanto a arquitetura, realmente é um caminho relativamente longo. Mas o lado bom é que você consegue sim trabalhar na área, incluindo design de interiores. A diferença basicamente estará no salário entre uma pessoa credenciada e uma não. O que mais vai contar será a sua experiência e como você poderá prová-la. E não precisa desistir de tentar algo na área assim que chegar por aqui, afinal, o Mauricio conseguiu! Eu é que estou indo devagar por causa do idioma, que comecei a estudar do zero depois de chegar aqui. Por isso, recomendo a todo mundo se dedicar a aprender de uma vez por todas o inglês, afinal, aqui será sua primeira língua.
Fique a vontade para perguntar e escrever o quanto quiser!
Um abraço
Priscila
Oi Pri, sou eu aqui de novo.!! Acabei de ler todo seu blog, continue escrevendo por favor, nem que seja as coisas mais rotineiras. Você escreve muito bem, tem um senso de humor que transpassa nas suas palavras. Uma dúvida meio bestinha mas que acho que todas as mulheres têm é em relação a nossa estética, como funciona por ai todas as feminices ? Unha, cabelo, depilação etc e tal ... Espero que quando chegar nas terras geladas posso conhecer você, Mau e Jesse pessoalmente :D
ResponderExcluirOlá Karol,
ExcluirEscreva o quanto quiser! São os comentários que me motivam a continuar escrevendo :)
Tentarei fazer um post falando sobre os cuidados femininos, mas até lá, antecipo que estou sofrendo muito com isso. Na verdade, serviços profissionais como cabeleireiro, manicure e depilação são bem fáceis de encontrar, aliás, tem aos montes. Mas aqui é tudo muito caro. Cabelereiro eu ainda não acertei, e os que fui estragaram meu cabelo por um alto preço. No Brasil eu tinha uma profissional excelente que era muito cuidadosa, então cada vez que tenho que fazer um retoque aqui sofro de saudades dela. O resto, eu mesma sempre fiz tudo sozinha porque não tenho muito paciência para ficar indo em salão e gosto de fazer as coisas no meu tempo. O que hoje é uma vantagem para mim. Mas ainda assim estou gastando fortunas para fazer o básico em casa, e o marido reclamando dos custos (rssss). Depilação eu sempre fiz em mim mesma com cera quente e aqui faço da mesma forma, só que gastando 8 x mais!!!! Unha também estou mantendo de forma caseira, especialmente porque não posso usar esmalte por causa do meu atual trabalho que não permite o uso de nenhum tipo. Então só mantenho as cutículas em ordem. O que me faz chorar às vezes porque sou neurótica com mão (rssss). Mas quando estou de folga, uso um esmalte de gel que é aplicado sobre um "adesivo" maravilhoso que é finalizado com uma luz, e chega a durar até 2 semanas.
Enfim, neste quesito o Brasil dá de 10 x 0 no Canadá. Não que não existam opções, mas é uma questão de custo e tempo. Atualmente meus dias estão muito ocupados com estudo, trabalho, casa, Jesse. Então acaba não sobrando muito tempo para estes mimos. No Brasil estes cuidados eram feitos religiosamente toda semana, mesmo se chovesse canivete! Para mim, era algo que fazia parte da minha agenda e eu não abria mão disso. Aqui não estou conseguindo fazer assim tão perfeitinho.
Mais um item na vida de imigrante!!! Quando vocês virão? Será aqui para Vancouver mesmo?
Um abraço
Priscila
Oi Priscila
ResponderExcluirPrimeiramente, parabéns pelo teu blog! Eu, juntamente com o meu esposo e a nossa filha de 4 aninhos, estamos indo para Vancouver em Out/2014 e você descreveu exatamente como me sinto rsrsrrsrs:
"...Eu tinha a sensação de que estava deixando a mim mesma para trás, como pessoa. Parecia uma perda de identidade. No nosso caso, não conhecíamos ninguém no Canadá e estávamos indo apenas nós, sem ninguém mais, sem nada, na cara e na coragem, sem lenço nem documento....Priscila"
Exatamente assim Priscila!!!
Meu esposo é advogado e eu sou analista fiscal. Trabalho na TVM, afiliada a TV Globo, estamos deixando tudo para trás em busca de um sonho, qualidade de vida, principalmente tratando-se de segurança. Moramos em Fortaleza, já fui assaltada 7 vezes, ficando refém uma delas... por isso esse é um dos maiores motivos que nos impulsionam a começarmos literalmente do zero aí em Vancouver. Ainda tem o fator idade, ele 42 e eu 37...Sei que será uma grande experiência e um enorme desafio, principalmente que não conhecemos ninguém e nossos títulos daqui, pouco nos servirão aí. Vou fazer um college e meu esposo o programa de estudo e trabalho, totalizando um período de 2 anos. Ou seja, não chegaremos aí como residentes permanentes, apenas visto de estudante, o que torna a missão ainda mais difícil.
Gostaria se possível, mantermos contato, para esclarecer eventuais dúvidas.
Abs,
Caline Sinara
Olá Caline
ExcluirPrimeiramente, obrigada pelo comentário.
Fico feliz que esteja curtindo o blog. Sei o quanto tudo é difícil, tanto aí como aqui. Mas fica tranquila que mesmo com todos os obstáculos, dá para viver aqui. E depois de alguns anos de experiência local, as coisas vão se ajeitando e tudo vai dando certo. O mais importante é vocês já terem aceitado a mudança e estarem prontos para correr atrás do que é melhor.
Fique a vontade para escrever quantas vezes quiser.
Um abraço
Priscila
Oi Priscila!!
ResponderExcluirPrimeiro gostaria de agradecer pelas informações do seu blog. Todos os detalhes estão realmente nos ajudando coletar as informações necessárias para a nossa ida para Vancouver!!!
A minha situação é muito parecida com a da Caline, eu tenho 41, meu marido tem 42 e temos um casal de filhos (Christian de 7 anos e a Julie de 5).
Foi muita coincidência ter te encontrado, pois o meu marido estava checando as informações de college no Douglas College mas sem se atentar muito a localização do mesmo. Então, conversando com um dos colegas dele (meu marido) que havia acabado de retornar para o Brasil, ele deu a dica para o meu marido pesquisar sobre as regiões de Coquitlam e arredores pois havia tido comentários bastante positivos desta região.
Quando bati no google informações sobre a cidade não demorou muito para chegar no seu blog que realmente tem nos respondido várias perguntas.
Também não estaremos indo como residentes. Basicamente, eu farei u m college, e meu marido que trabalha com TI e mercado financeiro aqui em Sampa (e que terá automaticamente a permissão para trabalhar full time divido eu estar matriculada em um college) vai tentar conseguir emprego na área.
Graças a Deus a língua inglesa não será um problema, pois ambos falamos fluente. A questão é que também temos um cachorro (ele é um dálmata de 1 ano com quase 28 kilos e que se chama Spot!!! e gostaríamos muito de levá-lo.
Bom, sucesso para todos vocês e espero poder nos encontrar por ai em Coquitlam no ano que vem!!
Até,
Cláudia
Olá Claudia, obrigada pelo comentário.
ExcluirFico feliz em saber que de alguma forma o blog ajuda um pouquinho. Nós moramos aqui em Coquitlam justamente por causa de cachorro. Foi mais fácil achar lugar que aceitasse animais por estes lados. No fim, me apaixonei pela cidade e não quero sair daqui. Acho que seus filhos vão amar a cidade.
Também já escrevi sobre viagem de cachorro. Talvez seja um post interessante para você: http://primaucanada.blogspot.ca/2013/01/viagem-da-jesse-e-bart-dogs.html?m=0
Muita boa sorte no processo de imigração de vocês.
Um abraço
Priscila
Olá Priscila,
ExcluirPode ter certeza que seu blog está ajudando não somente um pouquinho, mas bastante!! pode acreditar!! Á propósito, eu já li o seu blog de viagem de cachorro que foi bastante legal. Na verdade, eu já li praticamente todos os seus blogs desde o início lá em 2009 até os recentes!! Eles todos são bem legais...
A primeira vez que decidimos sair do Brasil a quase 14 anos atrás, foi realmente muito delicado, pois não tínhamos o "Santo Google" e a "Santa Internet". Fomos para os EUA e depois para a Inglaterra por onde ficamos por quase 8 anos (contando as indas e vindas!!).
Apesar de termos ficado todo esse tempo em Londres, nós decidimos retornar para Sampa, pois em Londres é muito depressivo tendo somente 01 estação do ano. E o sol raramente aparece...
Não temos nenhum problema com o frio, pois basta se vestir apropriadamente. A questão é a ausência de sol praticamente o ano todo...
Pelo que ouço falar, Vancouver possui as quatro estações, e isto realmente nos alegra!!!
Bom, acho que já falei demais por hoje.. Vou continuar a busca pelas coisas por aqui..
Tenham um bom final de Domingo e boa semana a frente,
Um abraço e obrigada pelas infos..
Cláudia,
Olá Claudia,
ExcluirAcho que para vocês que já moraram fora vai ser bem fácil se adaptar aqui. O outono e inverno são bem cinza e com dias curtos, mas isso compensa com a neve nas montanhas onde podemos esquiar. A primavera é bem mesclada. E o verão, só sol! Até cansa kkkkkkk. Acho que vocês vão amar aqui, não tem como não se apaixonar pelo país.
Estou tentando escrever mais informações, mas a falta de tempo impede a alta frequência de posts. Mas logo logo colocarei mais coisas legais!
Um abraço
Priscila
Oi Priscila, tudo bem?
ResponderExcluirParabéns pelo blog, este tipo de atitude ajuda muitas pessoas que desejam conhecer mais sobre as diferenças e saber que estão fazendo uma boa escolha.
Eu estive recentimente em Vancouver, fiz um intercâmbio de 4 meses e concordo com todas suas palavras.
Eu fui na liquid store com uma amiga e ela tinha o passaporte e eu não estava com o meu, eu tive que sair da loja, mesmo não comprando nada, a polícia é amiga e adoram conversar, fiquei fã da rede Tim Hortons e Dollorama, concordo que as comidas são caras, mas ao preço de SP nenhum absurdo, cheguei a pedir um prato em restaurante grego por 12 dólares e comida farta para 2 pessoas e de primeira, tudo muito bom.
Eu fiquei na casa de uma família italiana em Burnabi e estudava inglês em uma escola em downtown.
Eu fui para Vancouver em fevereiro, cheguei com -8 graus celsius e peguei neve em Burnabi. Eu conheci a província de Alberta na região de Banff e é incrível, a natureza e paisagem é algo magnifico.
Mas falando de diferenças, o pior foi voltar para o Brasil e ver em SP a cidade largada, suja, pessoas mal educadas, trânsito e isto é pior. Quando conhecemos coisas boas dificilmente queremos voltar.
Eu estou pensando em fazer o processo de imigração daqui 2 anos, mas ainda não sei por qual.
Tudo de bom para o casal e que seja o primeiro ano de muitos pela frente.
Abs.
Rafael
Olá Rafael, obrigada pelo comentário e por suas palavras. Fico feliz que você tenha gostado daqui. Espero que dê tudo certo no seu processo. Continue acompanhando nossas histórias que ainda colocaremos mais informações ;)
ExcluirUm abraço
Priscila