quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

- Feliz Natal 2013





E vem o Natal...

Para nós do primaucanada, este Natal não será o mais emocionante da nossa vida por conta da distância da família. Pelo contrário, será uma comemoração mais de sentimento de ausência do que presença como geralmente são as festas natalinas.

Mas isso também não significa que estamos imersos em sentimentos pessimistas. É apenas a saudade que fica mais forte nestas datas festivas.

E claro, independente de qualquer saudade e distância, desejamos a todos 

Feliz Natal!!!
Merry Christmas!!! 

Que esta data, assim como os dias que se seguirão, sejam repletos de saúde, energia e felicidade!!!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

- Procura do emprego (a vez DELA) - parte 2


Depois do último post bem cheio de reflexões e postado há um século atrás, agora vamos para o lado prático. Para começar sem enrolação... 

Depois de um loooongo e árduo processo de procura por um trabalho inciado em meados de setembro........... eu consegui um emprego!!! É isso mesmo o que você  leu e eu vou repetir. Eu consegui um emprego!!!  Estou trabalhando!!! Eu consegui um emprego! Estou trabalhando! Ou seja, quando este post foi escrito eu já tinha começado a trabalhar (rssssss). Eu pretendia escrevê-lo durante a saga da procura de emprego, mas na correria, o tempo foi passando, as coisas acontecendo e o blog ficando parada.  

Ok, confesso que eu planejava fazer um pequeno suspense e contar a novidade só lá no final. Mas como estou meio sem escrever por aqui por causa do meu mal planejamento de tempo, achei melhor já contar a novidade de cara. Assim, a história que se seguirá ficará mais "embasada". E o que estou fazendo???? Aí sim, só lá no fim deste capítulo :p

O COMEÇO DE TUDO 

Esta história de "fazer alguma coisa" começou quando completei 2 meses de curso de inglês. Nesta época eu já estava aqui há 5, lembrando que comecei a estudar apenas no terceiro mês depois de ter chegado. Mas muito mais do que pela questão financeira, meu objetivo era mergulhar de cabeça na cultura canadense e no inglês. Não tem jeito, por  mais que eu estivesse estudando em uma escola, eu estava sentindo que as coisas estavam indo muito lentas. Eu sabia que ainda era cedo para estar falando bem com apenas 8 semanas de aulas, mas percebi que as minhas relações com as pessoas ao redor estavam muito restritas, sobretudo porque falava muito com outros imigrantes. Por conta disso, o meu “speaking” estava indo de mal a pior.

Outra coisa que me incentivou a correr atrás de emprego é que eu já sabia que as empresas por aqui exigem, quer dizer, “pedem” a famosa “experiência canadense”.

Então, inglês fraco somado à necessidade de adquirir experiência de trabalho local me fez querer unir o útil ao agradável. A ironia é quando cheguei aqui no Canadá depois de um longo período sendo “workaholic” no Brasil, eu achava que ficaria mais de um ano sendo apenas estudante e “descansando” a cabeça. E no fim, me senti obrigada a trabalhar para aprender o inglês. 

Nesta ocasião eu já havia decidido que precisava trabalhar. O único problema era saber o que eu poderia fazer na condição "analfabeta" em que eu me encontrava.

A TAL EXPERIÊNCIA CANADENSE

Não vou me aprofundar muuuito neste assunto para evitar falar demais e de repente escrever bobagem. Mas como isso funciona? De acordo com o que ouvi e li até agora, todos os imigrantes tem oportunidades de concorrência de igual para igual com os canadenses dentro de uma empresa. E pelo que tenho visto e vivido isso é verdade. No entanto, para profissões especializadas em que o know-how faz toda a diferença, é levado em conta também o quanto a pessoa está adaptada ao país, o que na minha opinião faz total sentido. Então é nestas horas que aquela história de que falar inglês muito bem por si só não vale. Aqui eles entendem que “falar inglês fluente” não se trata apenas de conhecer o idioma, mas de entender o país como um todo, sobretudo os costumes canadenses.

Além da questão cultural, para as pessoas locais é muito difícil avaliar uma experiência profissional adquirida em outro país. Em relação ao estudos e educação é possível validar toda a documentação (diplomas e certificados) formalmente, e isso pode ser visto facilmente num site específico CIC (clique aqui). Mas validar o histórico profissional é outra questão. Este mesmo site declara abertamente o quanto é difícil, desafiador e importante adquirir experiência de trabalho no país.



"You might need Canadian work experience

Canadian often do not know how to assess education and work experience from other countries. They might prefer you to have experience working in Canada. Getting that experience is one of the biggest challenges for newcomers."

"Você pode precisar de experiência de trabalho canadense

Canadense muitas vezes não sabem como avaliar a educação e experiência de trabalho de outros países. Eles podem preferir que você tenha experiência de trabalho no Canadá. Conseguir que a experiência é um dos maiores desafios para os recém-chegados"

E na minha opinião este período de adaptação no mercado de trabalho solicitado pelas empresas é imprescindível na carreira de qualquer pessoa recém chegada e algo completamente pertinente. Mesmo que as empresas não pedissem isso, eu acho fundamental que o imigrante se submeta a um período de entendimento profissional. Eu mesma confio na minha experiência adquirida no Brasil, mas não me sinto preparada para exercer o mesmo tipo de trabalho e com a mesma eficiência aqui neste momento, independentemente do quão forte seja o meu conhecimento. As coisas são bem diferentes e acho que antes de mais nada, preciso aprender a lidar com as situações locais e depois unir isso à minha carreira construída no passado.

O QUE FAZER (OU NÃO)

Bom, antes de mais nada eu precisava decidir no que eu trabalharia neste país ainda desconhecido. Neste momento inicial de vida de imigrante eu planejei não tentar nada relacionado à minha área profissional. E existem certas razões para isso, e algumas delas (apenas algumas) são:

1) O inglês, é claro! Ou melhor, a falta dele. Sem estar com o inglês em um nível mínimo aceitável, seria impossível qualquer tentativa de trabalho em arquitetura ou marketing (este último seria até pior)

2) Ainda não conheço nada do mercado de trabalho local e, por isso ainda não defini qual será o melhor campo de atuação de acordo com a minha formação e experiência profissional. Não sabendo em qual área atuar, também não decidi se farei (ou precisarei de) algum curso de especialização local.

3) Sem definir qual será o melhor mercado, não validei nenhum documento profissional até o momento junto aos órgãos responsáveis (conforme profissão).

4) Não tenho os tais 6 meses de experiência canadense solicitados pelas empresas locais, até porque, quando comecei a saga da procura de emprego não tinha completado nem 6 meses de imigração!

5) Muita gente me recomendou não arriscar nada na área se eu não estivesse certa de que faria um bom trabalho. E isso porque aqui as referências anteriores são muito, muito, muito levadas em conta pelas empresas, então não adiantaria nada eu ter uma experiência canadense no currículo se a referência fosse negativa.

Com esta breve avaliação (bem resumida), eu já havia definido o que não faria, ou seja, não trabalharia de maneira nenhuma na minha área. Então agora restava decidir o que fazer. 



PONTO DE PARTIDA

Toda procura de emprego começa com o currículo, certo? Certo... se eu estivesse no Brasil, onde conheço tudo, falo o idioma fluentemente (e corretamente), minha educação e formação são reconhecidas, minha experiência é valorizada, rede de relacionamento extensa, etc, etc, etc. Massssssss esta literalmente não era a minha situação. Pelo contrário, eu estava (e ainda estou) em uma condição oposta a isso tudo e num país onde para mim tudo é novo. Ninguém conhece as instituições educacionais em que me formei, minha experiência profissional é baseada em outra cultura, não tenho nenhuma rede de relacionamento (nem o começo de uma), e o idioma então, nem se fala! Aliás, nem se fala, nem se ouve, nem lê e nem escreve! Afe! Nada fácil ser analfabeta né?! Mas como boa brasileira, olho o lado positivo, me agarro a qualquer fio de esperança e bola para frente!

Mas como apenas esperança não traz emprego, resolvi reconhecer mais uma vez que estava completamente perdida e precisava de ajuda para entender como as coisas funcionam por aqui e ter um ponto de partida. Me inscrevi em um programa do governo de recolocação profissional direcionado para imigrantes. Existem vários a disposição que são fornecidos por empresas credenciadas. Tudo gratuíto para imigrantes na condição de residente permanente. Aqui em British Columbia o melhor site para pesquisar sobre isso é é o Welcome BC (clique aqui)No meu caso optei pela empresa mais perto de casa, chamada Avia (clique aqui).

Nesta empresa, uma "consultora" avaliou o meu currículo brasileiro, minhas experiências, minha história, meus objetivos e meu inglês. A partir destas informações, ela passou algumas dicas de como lidar com o mercado canadense, e mais do que isso, sugeriu os tipos de vaga e empresas que eu poderia tentar trabalhar conforme a minha condição do momento. Esta consultora me deu uma luz no fim do túnel. Achei isso ótimo porque foi o que realmente me encorajou a continuar esta história de trabalhar. Digo isso porque - no fundo no fundo - eu jurava que não poderia trabalhar em lugar nenhum por causa do meu "analfabetismo". Mas ao contrário disso, juntas criamos um plano de procura de emprego e  decidimos que eu deveria tentar alguma posição simples e, como desde o início, não na minha área. Como o objetivo era antes de mais nada treinar o inglês e entender a "cabeça canadense", seria importante algo relacionado a "customer service" (atendimento ao cliente)  A partir daí, ela me aconselhou a participar de alguns workshops nesta mesma empresa para me preparar para a saga da busca de emprego. Eu achei tudo bem legal, afinal qualquer e toda informação nova é válida e muito bem-vinda :)

Fiz a inscrição nos tais workshops. Os assuntos que eu deveria participar seriam sobre "entrevista de emprego", "estratégia de procura por vaga" e "currículo". A única coisa negativa desta história é que como tudo aqui é muito lento, eu precisaria de mais de um mês para fazê-los.




CURRÍCULO (RÈSUMÈ)

Eu não pretendia esperar todo este tempo porque queria começar logo a entregar currículos. Como o segundo semestre já havia começado, eu queria aproveitar a temporada de contratação para o período de natal, assim teria chance de pelo menos um emprego temporário.

Com um plano definido e objetivo claro, precisava logo por a mão na massa. Então resolvi fazer o meu currículo sozinha antes mesmo do tal workshop. Como o maridão já havia participado de um sobre currículo nesta mesma empresa, resolvi pegar o material impresso que ele tinha e fazer o meu baseado nisso. Não foi nada fácil. Juro que levei dias para prepará-lo. É isso mesmo o que você leu, diaaaaaas para escrever o meu currículo, aqui chamado de Rèsumè (com pronúncia francesa mesmo). E a parte mais difícil foi prepará-lo para um trabalho simples. Querendo ou não, passei os meus últimos dez anos tentando ser uma super profissional. De repente, tive que escrever o oposto disso para me adequar às vagas de trabalho simples. Sabe aquelas expressões básicas que estamos acostumados a usar para nos descrevermos como super heróis? Foram literalmente cortadas!!! Para não ter dúvidas, levei para a minha professora de inglês corrigir, óbvio. Jamais confiaria na minha escrita!!!

No fim, depois de dias trabalhando nisso, finalmente tinha o meu Rèsumè pronto para ser distribuído. Na minha opinião, este documento é diferente sim do modelo usado no Brasil. Em geral aqui é composto por três partes: cover letter, rèsumè, reference. Todas as peças tem o formato e conteúdo específico. Mas também não é um bicho de sete cabeças. Depois que você entende o conceito, vai que vai!

Bom, com o currículo em mãos comecei logo a procurar as vagas disponíveis no mercado de acordo com o meu plano. Como o tipo de trabalho que eu estava procurando era uma coisa meio básica, tive que me submeter ao sistema de povão. Isso significa que não teve aquela história de indicação, referência ou envio de currículo por email. Nada disso. Tive que me inscrever para as vagas "desejadas" de acordo com o sistema que cada empresa disponibilizava. Em alguns casos fui na cara e na coragem entregar pessoalmente meu Rèsumè ao gerente ou qualquer responsável que pudesse encontrar. Mas na maioria dos casos, tive que me submeter ao sistema on-line das empresas. Para filtrar a galera que se candidata, em geral existe um pré-recrutamento através da internet. Então ao invés de simplesmente enviar o currículo por email, o candidato é obrigado e preencher um milhão de formulários e responder um bilhão de questões que traçam o perfil do dito cujo. Sem brincadeira, cheguei a responder em alguns casos mais de 100 perguntas. Aí eu queria me matar! Passava horas clicando em alternativas que pareciam não acabar nunca. Lembro-me de não desistir porque eu me descrevia como "persistente". Então por uma questão óbvia, era obrigada a chegar até o fim do teste (rssss). E tudo isso para tentar conseguir uma entrevista. Pelo menos uma.

E quer saber? Se você leitor for curioso e quiser ter uma idéia do que estou falando, sugiro você se candidatar a uma vaga no Walmart (clique aqui) por exemplo. Mas reserve tempo para fazer o processo todo!!!!

Agora uma coisa é certa, enquanto eu não conseguia nenhuma entrevista, foi um excelente treinamento de inglês. Isso eu posso guarantir.

Enfim, até este momento o meu trabalho era conseguir uma entrevista de emprego. E quando consegui, o que eu fiz????? Bom, está é uma outra parte da história. Prometo contar mais outro dia porque este post já esta virando um livro :)