terça-feira, 28 de outubro de 2014

- O que vestir no inverno Canadense


Estando no outono, não tem como não estar a espera do inverno. E é inevitável pensar no Canadá e não vir à mente dias de frio, cenários cobertos por neve e pessoas encapotadas. E isso é real. Já falei aqui no blog repetidamente que também há dias de muito sol e calor intenso neste país, mas não vamos nos enganar, o frio é de fato mais presente. Nós moramos em Vancouver, que é a região mais quente do país, o que não necessariamente significa ausência do frio. Aqui as temperaturas mais geladas duram uns 6 meses aproximadamente, ficando próximo (ou abaixo) de zero todo o inverno, metade do outono e começo da primavera. No entanto, a presença da neve na cidade não é algo frequente, neve mesmo, só nas montanhas. Ela até cai de vez em quando entre os prédios e avenidas, mas só por alguns dias. Acho que isso é a melhor parte desta região, pois é possível conviver com os cenários branquinhos, esquiar e não ter que ficar removendo a neve da frente da sua garagem com a pá todas as manhãs. Então, este facilitador é um ponto positivo daqui. Em compensação, chove, chove, chove e chove muito em Vancouver.  Não tem jeito, a cidade está no meio da “Rain Forest” (tipo de floresta em que a chuva é constante). 

Para conviver bem com este contexto e sem sofrimento, tem que ter a roupa certa para enfrentar o frio e os dias úmidos. Muita gente pergunta para mim como eu aguento viver no clima gelado sendo brasileira. E eu respondo sem margem de dúvida que, por ironia, eu passava mais frio no Brasil do que aqui. E isso tem explicação: o Canadá é preparado para o inverno. As construções são adequadamente feitas com recursos de isolamento térmico. Os ambientes fechados são climatizados e a calefação os mantém quentinhos e confortáveis. Da mesma forma, os veículos de transporte público também são preparados para manter a temperatura agradável. Os carros possuem ar quente (ar condicionado) e hoje em dia, a maioria oferece aquecimento nos bancos, uma delícia! Por isso, as pessoas só sentem frio quando estão transitando pela rua, e a pé. Acreditem, no Brasil sim eu passava frio. Não tinha roupas apropriadas e minha casa era preparada para os dias quentes, ou seja, com ar condicionado frio e sem nenhum tipo de aquecimento. Lá eu precisava de uns três cobertores para dormir no inverno paulistano. Aqui basta um edredom leve. Então acreditem, ninguém passa frio por estes lados, ao menos é claro, que esteja despreparado. Por isso, resolvi escrever um pouco sobre como se manter quentinho e confortável com a roupa do corpo durante os dias frios sem sofrimento.



PREVISÃO DO TEMPO
(WEATHER FORECAST)

Na minha opinião, antes de mais nada é fundamental acompanhar a previsão do tempo para se manter em ordem. Aqui em Vancouver isso não é nem um pouco exato em relação a chuva e o sol, pois a região está em uma área muito instável por causa da presença do mar, das montanhas e da “Rain Forest”. Mas as temperaturas mostradas pelo programas de previsão do tempo estarão muito próximas da realidade. E são nelas que devemos prestar mais atenção, mesmo sem a certeza do dia estar ensolarado ou chuvoso. A minha dica é de dar preferência à “sensação térmica” ao invés da temperatura do termômetro.  Não sei muito sobre clima, mas sei que o vento, mais a umidade e alguns outros fatores juntos fazem a temperatura sentida pelo corpo ser diferente do que os equipamentos indicam. Não é raro vermos os termômetros mostrarem algo como -2°C e o “Real Feel” ou “Feels Like” ser de -15°C. Neste caso, prepare-se para a “sensação térmica”, afinal, a sua sensibilidade estará relacionada a isso. A previsão do tempo é bem fácil de acompanhar pois é possível vê-la em todo canto, seja pela TV, rádio, jornais ou aplicativos do celular. No nosso caso por exemplo, quando acordamos, a primeira coisa que vemos é a sensação térmica do ambiente externo para nos preparamos para levar a Jesse para passear. Antes de qualquer atividade pessoal, levamos a nossa cachorrinha para fazer as suas necessidades, então este será nosso primeiro contato com o clima do dia, quando o sol ainda nem pensou em nascer (rsssss). Enquanto tomamos nosso café da manhã, olhamos a previsão da temperatura para o dia e planejamos a nossa roupa. No inverno, não tem muito o que pensar, e geralmente dia após dia vestimos um conjunto bem pesado. Mas ainda assim, a diferença entre 0°C e -10°C poderá influenciar sim na vestimenta do momento. E agora, em pleno outono, está na hora de começar a se preparar para o inverno que está vindo e, pensar nas roupas e tipos de proteção que precisaremos.



CAMADAS
(LAYERS)

O primeiro truque para se manter bem no inverno é se vestir com camadas, chamadas aqui de “layers”. A principal razão para isso é possibilitar que a pessoa adeque a roupa de acordo com a temperatura do local em que está, e assim, maximizar o conforto e praticidade no dia a dia. Como as temperaturas dos ambientes externos (abertos) e internos (fechados) são completamente diferentes, vestir-se em layers permitirá que a pessoa se mantenha confortável o tempo todo. Na rua a pessoa estará com o “kit” completo de inverno, ou seja, todas as camadas possíveis para se proteger do frio congelante. Quanto ela entrar em algum ambiente fechado, algumas peças de roupa serão removidas e o conjunto ficará mais leve e apropriado à temperatura do local artificialmente aquecida. É por isso que a maioria dos lugares, incluindo residências, possuem um armário próximo à porta de entrada. Assim que a pessoa chega em algum ambiente interno, a primeira coisa a se fazer é retirar a camada externa (e mais pesada) e deixá-la neste closet. Caso contrário, a pessoa “fritaria” no calor da calefação.

Um bom conjunto de inverno é composto basicamente por três camadas. A primeira (e interna) é o que os brasileiros chamam de “segunda-pele”. A segunda camada é o “recheio” do sanduiche e é a roupa principal. A terceira (e externa) é a de inverno propriamente dita, e é esta que protegerá a pessoa do frio intenso e da umidade nos ambientes ao ar livre.

É claro que a roupa vai depender da ocasião e do horário do dia. Trabalhar, estudar ou fazer algum programa noturno mais chique vai exigir vestuários completamente diferentes. Mas vou dar algumas dicas de como se preparar para o dia a dia de inverno e evitar passar frio.



CAMADA 1 – INTERNA 
(BASE LAYER ou FIRST LAYER)

Nos dias de muito frio, as pessoas se vestem com o conjunto completo de camadas, ou seja, três layers. A primeira parte a se vestir é uma camada que ficará junto ao corpo propriamente dito, conhecida por aqui como “base layer” ou “first layer”. Esta geralmente é formada por um conjunto de dois itens, superior (junto à t-shirt/camisa) e inferior (junto à calça/saia). Há também modelos feitos em uma única peça tipo macacão, para quem preferir.

Aqui existem vestuários já feitos para serem usados por baixo da roupa com corte e tecido apropriado. Em geral, são produzidos com um material termal que ajuda a evitar a perda de calor do corpo e ainda permite a sua transpiração e movimento livre. Acredite ou não, na correria do dia a dia e com várias peças de roupa, até mesmo debaixo de neve as pessoas sentem calor. Por isso, quando se veste o “base layer”, é importante pensar em tecidos capazes de absorver a umidade do corpo e mantê-la “afastada” da pele. O resultado será algo confortável e capaz de conservar a pessoa seca. Santa tecnologia!!!!

Hoje em dia, há várias opções de roupas termais à disposição, sendo que muitas delas são classificadas de acordo com o nível de atividade da pessoa. Calma, não é nada complicado. A questão é que se a pessoa for se vestir para o dia a dia, uma roupa termal simples resolve o assunto. Na hora de praticar algum esporte, aí sim é importante ficar mais atento e procurar as mais específicas.

Os “first layers” são facilmente encontrados para comprar, tanto para as moças como para os garotões. Qualquer loja de departamento vende, geralmente no setor de roupas íntimas. Lojas de esportes também possuem ótimas opções a disposição para os atletas.

Nos dias em que não estão tããão frio, esta primeira camada é dispensável. Para quem está vindo apenas como turista, camisetas de manga longa básicas da Hering podem servir como “base layer”, assim como caças justas tipo “segunda-pele”. Neste caso, não precisa se desesperar e gastar dinheiro com peças específicas para vestir uma vez ou outra por baixo da roupa. Para quem for ficar por um tempo aqui, aí sim eu recomendo comprar algumas camisetas e calças termais, pois além de todos os benefícios, não são itens muito caros. Fãs dos esportes de inverno como ski e snowboard já estão acostumados a usar estas peças. Tem umas que são bem engraçadas e cheia de estampas bacanas. Para pessoas básicas como eu, cinza, preto e branco são as mais fáceis de achar.



CAMADA 2 – PRINCIPAL 
(MIDLE LAYER)

A camada 2 é a roupa propriamente dita que a pessoa vai usar. Em outras palavras, é a produção que os outros vão ver você usando. É este layer que devemos vestir de acordo com a ocasião do momento. Ele seria equivalente à combinação do cotidiano do inverno paulista, fosse ele para o trabalho ou para a faculdade. Em geral é um conjunto composto por uma calça/saia, uma t-shirt/camisa e um sweater quentinho.

Vamos começar pela parte inferior do corpo. A calça poder ser um jeans, ou uma calça de alfaiataria mais social, ou até mesmo uma legging grossa e comprida. Eu em particular sou super fã da legging e tenho de todos tipos de modelos, tecidos e cores. Acho que é algo versátil, confortável, prático e quentinho. Além disso, posso combinar facilmente com botas e sapatos. E mais, em dias chuvosos, a legging pode secar mais rápido se eventualmente ficar molhada. Mulheres apaixonadas por saia e vestido assim como eu, poderão pensar na legging como complemento da combinação no lugar da meia calça. Mas aí vai de gosto. Pernas livres, leves, soltas e expostas ao ar livre, nem pensar! Em dias que eu fico por pouco tempo em ambientes externos, admito que eu dispenso o “first layer” inferior. Normalmente fico só com a legging. Querendo ou não, as outras parafernálias que eu visto compensam a falta desta primeira camadinha.  Para os homens, o jeans ou a calça social vai continuar a ser peça cotidiana, e nos finais de semana, uma boa calça de moletom será uma ótima escolha.

A parte superior do corpo precisa de duas peças básicas. Acima do “first layer” veste-se uma t-shirt ou uma camisa social. Sobreposta a esta, usa-se um sweater,  que pode ser substituído por um pulôver, não importa o modelo. O tecido sim é importante e alguns são mais favoráveis, podendo ser uma malha grossa, lã, cashmere ou algo do tipo, contanto que seja suficiente para aquecer. Blusas tipo moletom também são bem vindas nesta camada, sobretudo os que tem capuz, que pode ser algo bem útil nos dias chuvosos de Vancouver.

É importantíssimo evitar tecidos rígidos que possam impedir a circulação do sangue ou incomodar o movimento do corpo. O conforto é fundamental para chegar ao final do dia inteiro sem a sensação de cansaço. Apesar de ser lindo, eu evito usar “golas altas” que eventualmente possam “prender” o movimento do pescoço. Às vezes, as pessoas chegam à noite com dor de cabeça e de mal humor e nem sabem o porquê. E o motivo para isso é justamente a falta flexibilidade do corpo durante o dia em função do excesso de roupas ou tipo de tecido das camadas. As mulheres principalmente têm que ficar atentas a isso. Evitar roupas muuuuuito justas pode ser o primeiro passo para ficar bem ao longo do dia. É claro que todo mundo quer estar arrumado(a) e lindo(a), mas certamente a prioridade será se manter quente e confortável. E mais, não se esqueça que os ambientes internos terão calefação, então para esta camada, não há necessidade de exageros! Ficou com calor, o sweater será retirado e pronto!


CAMADA 3 – EXTERNA 
(SHELL LAYER)

A camada 3 é a parte externa da roupa e, em conjunto com as camadas 1 e 2, é a combinação perfeita para qualquer inverno. Este layer é essencial para o frio. É ele que fará a diferença em estar (ou não) aquecido e  livre de umidade nos ambientes externos. Para a nossa sorte, hoje há muita tecnologia a nosso favor capaz de nos manter super bem. Mas se engana quem acha que basta um casaco gordinho para ficar quente. Sim, muita gente pensa que qualquer jaqueta acolchoada é o suficiente. Mas não é bem assim. Nem toda blusa fofinha é necessariamente boa. Por isso, recomendo gastar um pouco mais de dinheiro e investir em um bom casaco para a camada 3.

O princípio dos casacos gordinhos é manter ar no meio das fibras acolchoadas. Como o ar é um excelente isolante térmico, a proposta é fazer com que o ar presente no meio dos tecidos impeça a perda de calor do corpo, e assim, manter as pessoas aquecidas. Aqui este conceito é chamado de “insulation”.  O conceito é valioso, mas atualmente outros fatores além deste fazem um simples casaco virar algo mais complexo, e talvez seu melhor amigo nos momentos gelados.

Os principais pontos a serem desejados em um bom casaco são: aquecimento (evitar perda de calor do corpo), transpiração (permitir que o corpo transpire, outra vez!), proteção contra o vento e finalmente proteção contra água.

Hoje em dia, há diversas tecnologias eficientes que são capazes de exercer cada uma destas funções. Mas isso seria muita coisa para explicar. O que vale, é tentar fazer a terceira camada ser formada por todos estes pontos, seja com uma única jaqueta ou composição de duas. É comum as pessoas dividirem esta terceira camada em outras duas. Sei que parece complicado, mas é possível compreender. Alguns casacos não são à prova d’água, no entanto são excelentes para manter a pessoa aquecida. Assim como há jaquetas que não esquentam nada, mas que são a prova d’água. Neste caso, a combinação de ambos é perfeita. Mas porque dividir este layer? Porque nem todos os dias frios são úmidos, assim como nem todos os dias molhados necessariamente são super frios. Aí, a opção de dividir a última camada em dois casacos é uma questão de versatilidade: proteção contra o frio OU proteção contra a chuva/neve OU proteção contra o frio e chuva/neve juntos. Mas claro que isso vai depender de cada um.

Ficou confuso??? Na dúvida, procure marcas de roupas de esportes de inverno, pois em geral estas oferecem várias opções de casacos com tecnologias eficientes. E o melhor, não são apenas roupas para atletas cheia de cores, todas as empresas de esporte também comercializam roupas para ocasiões do dia a dia, chamadas de “lifestyle”. Nas lojas, peça ajuda a um vendedor e procure um casaco que possa mantê-lo aquecido, protegê-lo do vento, à prova d’água e que permita a transpiração do corpo. Estas quatro características juntas em uma única peça poderá fazer do seu(s) casaco(s) uma ótima terceira camada.

Eu em particular sou super fã dos casacos que tem enchimento de pena de ganso, pois são extremamente leves e aquecem bem. Como há muito assunto para falar sobre isso, depois voltarei aqui para escrever um post só sobre este tipo de casacos, enchimentos, etc... Por enquanto, se tiver a oportunidade de adquirir um, vale a pena. Lembrando que quanto mais pena de qualidade, melhor.

Algumas marcas são bem populares por aqui, e até entre os brasileiros. Nike, Under Armour, The North Face, Oakley e Columbia oferecem ótimas opções. Além destas, Quicksilver, Roxy, Burton, Spider, Arc’teyx e Salomon são conhecidas entre esportistas de inverno. Também existem as mais “fancy” e caras como Canada Goose e Bogner. Várias empresas que não são de esportes também disponibilizam excelentes casacos, inclusive longos. A própria Ralph Lauren, Calvin Klein, Michael Kors entre outras comercializam uma enorme variedade de opções muito boas. Apenas fique atento às propriedades da roupa que pensa em comprar, pois como eu já disse, nem todos os bonitinhos e gordinhos necessariamente serão eficientes. Casacos de lã tipo blazer e longos geralmente não são a prova d’água, e muito menos gordinhos. Mas para dias em que precisa estar mais arrumado, são modelos que servem muito bem. Neste caso, é bom evitar longas caminhadas ao ar livre em dias de chuva. Eu em particular tenho vários e a-do-ro, mas quando visto um deles, tenho plena ciência de que não estarei na rua por longos períodos. Normalmente os casacos deste tipo são capazes de esquentar quando complementados por um bom pulôver, só não são muito confortáveis para vestir durante horas contínuas.

Depois disso tudo, lembre-se, não precisa necessariamente gastar mais de CAD$1,000.00 por uma jaqueta/casaco para se manter bem durante o inverno, ok?!  Há muuuuuitas opções ótimas que não custam fortunas. Em geral, os bons casacos começam com preços a partir de CAD$ 300.00. 



EXTREMIDADES

E aí, já está se sentindo quente depois de ler sobre as camadas??? Calma aí que tem mais. Não vamos esquecer das extremidades do corpo, aliás, partes estas que são fundamentais para ficar bem quentinho e confortável. Não vai adiantar nada ter ótimas camadas de roupa se as pontas do corpo estiverem desprotegidas. Agora, estou me referindo às mãos, pés e cabeça. Sim, estas partes do corpo também receberão alguma proteção. Conceitualmente, todos os acessórios usados para proteger as extremidades fazem parte da terceira camada do vestuário. E assim, são mais usados em ambientes externos e retirados quando se chega em um local interno e climatizado.


MÃOS

Mãos quentes em dias frios é algo essencial para qualquer ser humano. Portanto, as mãos merecem e devem ser vestidas com luvas no inverno. Outra coisa que também é bem fácil de se comprar. Eu gosto muito de luva de couro (natural ou sintético) com algum tipo de camurça ou lã internamente, pois normalmente são justinhas e não atrapalham muito o movimento das mãos. Odeio luvas muito grandes que me impedem de segurar alguma coisa, principalmente quando sou obrigada a retirá-las para qualquer tipo de manuseio. Querendo ou não, uma vez que as luvas são removidas em dias frios, a mão “congela” e aí leva uma eternidade para esquentar outra vez. Até parece mentira, mas até as luvas podem ser vestidas em camadas, considerando a interna para esquentar (tecido termal) e a de fora para proteger da umidade.

Para facilitar ainda mais a vida, existem alguns modelos bem legais já feitos para facilitar o uso de utensílios e equipamentos eletrônicos. Nestes modelos, há na extremidade do indicador e do dedão um material diferente (tipo emborrachado) que possibilita o uso de aparelhos e botões por toque. Com este tipo de luva, é possível atender o celular sem retirá-la, pois a tela do aparelho reconhece os movimentos do dedo com este material. Uma maravilha! Mãos quentes e ainda com acesso à modernidade móvel. Também é possível achar as que são à prova d’água, o que pode ser um ótimo quebra-galho. Aqui também vale a história da transpiração. As luvas que protegem as mãos do frio e ao mesmo tempo as mantém longe do próprio suor são excelentes amigas. Um conceito essencial no inverno é manter qualquer umidade afastada do corpo.



PÉS, PÉS, PÉS

Pés, estes sim vão precisar de uma atenção especial. Nada melhor que pés quentinhos no frio né?! Pois então, manter os pés quentes é obrigatório para ficar aquecido no inverno. E novamente, secos! E para conseguir isso, há dois itens a serem pensados: a meia e o calçado. Assim como o “first layer”, também existem meias com tecidos termais com a mesma proposta. Mas se quiser algo mais comum, meias grossas de algodão ou lã resolvem o caso. Para a prática dos esportes, aí sim sugiro o uso da meia termal, seja ski, snowboard ou apenas uma corrida no parque. Além de ser fundamental manter os lindos pés quentes e secos, ninguém vai querer ter bolha causado pelo atrito entre a pele e o tecido certo?! Há uma marca que vende umas meias ótimas e bem legais chamada Stance. Para acessar o site da empresa, clique aqui. O legal é que há várias estampas, tamanhos e tecidos. Eu adoro as tipo "compression", pois além de esquentar ajudam a circulação. Como eu tenho problema em uma das minhas panturrilhas, esta meia ajuda bastante a manter o conforto da perna e pé. As meias termais não são tão baratos, mas eu acho que vale a pena ter pelo menos algumas na gaveta.

Ainda falando de pé, os calçados devem ser muito bem pensados. Hoje em dia há muitas opções confortáveis e quentes. Melhor ainda se for a prova d'água, outra vez!!! Desculpa a insistência na questão da água, mas para quem morar em Vancouver, é indispensável pensar neste detalhe.

Pela minha experiência, digo que para as mulheres, as botas da marca UGG são um "prato cheio". O modelo popular desta empresa é recheado de pêlo e qualquer pé fica aquecido, além de serem muito leves. E apesar de eu ser fã número 1 das UGGs, confesso que fui obrigada a adquirir uma bota mais eficiente. As UGGs básicas e conhecidas, de maneira geral, não são a prova d'água. Só fui saber disso no dia em que vesti a minha e quase morri congelada debaixo da chuva forte. Foi um pesadelo, porque além dos meus pés ficarem molhados, todo o pêlo interno ficou encharcado. Resultado, a bota ficou pesadíssima, adquiri bolhas e ainda passei muito frio por causa da umidade submetida à baixa temperatura. A bota eu recuperei colocando no sol para secar, mas depois disso, corri atrás de algo mais eficiente para vestir. Não, não estou criticando a UGG, até porque eu adoro e uso muito. Estou apenas sendo realista de acordo com o que ela pode oferecer. Depois deste episódio, fui desesperadamente ler no site oficial da marca a respeito das propriedades da tal bota, e descobri que o modelo popular deles realmente não é a prova d'água. Então digamos que a culpa foi minha mesmo. Desde então, só uso em dias de sol. Mas vale saber que a mesma marca oferece as opções a prova d'água, que diga-se de passagem, são lindíssimas!

Depois disso, fui procurar algo apropriado, e achei milhares de opções, além das UGGs. Eu acabei escolhendo uma da marca Sorel que atendeu super bem o que eu precisava. Também é outra marca que comercializa vários tipos de botas e dá para qualquer mulher ficar louca entre os diversos modelos disponíveis. Eu optei por uma totalmente a prova d'água e que também esquenta. Ela é na verdade composta por duas camadas, sendo que a externa é de couro natural e borracha. A parte interna é feita de lã e pode ser trocada a qualquer momento, tipo um refil. Como a camada de dentro pode ficar desgastada bem antes da parte externa, é possível substituí-la por uma nova, o que achei ótimo. E o preço só desta peça é de $20.00. Ela é recomendada para até -25°F (aprox. -30°C), acho que está razoável né?! Ela só não é muito leve, principalmente se comparada às UGGs, mas nem achei isso ruim, aproveito para exercitar a perna (rsssss).

Para os dias em que preciso estar mais arrumada, uso bota de cano alto e salto, do tipo tradicional. Invisto na meia e só. Dou preferência para as de couro natural ou nobuk, aliás, este último sempre com impermeabilizante. Eu adoro sapato, mas há de convir que é algo muito caro, por isso protejo todos os meus de tecido ou camurça ou nobuk com um produto apropriado para impermeabiliza-los. Aqui é bem fácil de encontrar. E dias que uso um salto alto, evito ficar circulando ao ar livre. Aliás, aqui é muito comum as mulheres usarem duas opções de calçados no mesmo dia quando vão ao trabalho. Enquanto estão na rua, vestem as botas de inverno que protegem e são confortáveis para andar. Na bolsa, carregam o sapato que usarão no escritório.

Para os homens, todas as marcas mencionadas acima possuem linhas exclusivas masculinas. O maridão em geral usa tênis, sendo que alguns deles são à aprova d'água. Ele também usa umas botas meio modernas com esta propriedade. Até a Nike lançou este tipo de calçado. Então podem ficar tranquilos que também ficarão com os pés protegidos. Desculpa a falta de informação aos rapazes, mas sapato é um assunto que gosto de falar para mulheres. Eu poderia ficar aqui escrevendo muuuuitos parágrafos sobre isso (hahaha).

Agora um detalhe importante. Aqui, é costume não usar calçados dentro de ambientes residenciais. Portanto, quando visitar alguém em casa, lembre-se de retirar os sapatos logo na entrada. Por isso, recomendo sempre estar com meias "em ordem", sem furos e preferencialmente combinando com o resto da roupa ;)

Depois de um tempo, acostuma-se com a ideia de que a meia é mais presente no dia a dia e comprá-las vira vicio. Existem umas bem legais cheia de desenhos ou listas. Outras são mais chiques. O fato, é que diferentemente do costume brasileiro, a meia é parte do conjunto!



CABEÇA & PESCOÇO

Não vamos esquecer da cabeça! Gorro, gorro e gorro. Não dá para ficar sem! Além de proteger a cabeça, também mantém as orelhas fora de "perigo". As mulheres usam muito penteados com o cabelo preso durante o inverno para evitar aqueles nós que ninguém tira depois. É muito comum o uso de coque. Eu em particular não gosto porque acho não combina comigo, mas vivo fazendo tranças. Além disso, cachecol também é acessório indispensável! Podem ser os longos ou os modelos de "tubo". Estes últimos são bem confortáveis e parecem uma gola alta avulsa, mas mais soltinha. O que mais gosto destes é que nos dias de muito vento, é possível levantar e cobrir o rosto com ele. E ainda, são itens pequenos e práticos para se guardar caso queira retirar. Alguns deles são encontrados em tecido termal e podem substituir o gorro quando usados na cabeça. É um item muito versátil, e o melhor, são bem confortáveis porque são leves e não prendem o movimento do pescoço. É importante também evitar o frio intenso no pescoço, não apenas para fugir de uma dor de garganta, mas o choque térmico pode causar torcicolo, acredite ou não.


Sei que parece que estou passando instruções para construir uma nave espacial com tanto detalhes. A intensão não é assustar ninguém, mas ao contrário disso, provar que é possível estar preparado(a) para os dias de temperaturas negativas sem sofrimento. Para desmascarar o bicho de sete cabeça que fiz no texto acima, vou resumir a história. Vestir a roupa em três camadas, sendo que a última (externa) só é usada em ambientes externos quando a pessoa está exposta ao ar livre. Usar meias quentes e confortáveis. Calçados a prova d'agua quando possível. Completar o vestuário com cachecol, gorro e luva. Viu? Nem é tanta coisa! Lembrando que quando se chega em ambientes internos e climatizados, a última camada será retirada, incluindo o gorro, luva e cachecol. Se for visitar alguém, não esqueça de retirar os sapatos!

MAIS UMA DICA

E aí, vai mais uma dica??? Se tudo o que eu falei ainda não for o suficiente para esquentar, vou acrescentar um acessório na lista. Aqui eles comercializam uns produtos que são usados para aquecer as mãos e os pés. E como isso funciona? É um tipo de sachê pequeno (aprox. 4cm x 4cm) que tem uma mistura de minerais dentro. Assim que o produto é retirado da embalagem e tem contato com o ar (oxigênio), ele começa a esquentar sozinho. Então a pessoa utiliza o sachê para esquentar as mãos ou os pés o colocando dentro do sapato ou do bolso do casaco (aquele onde coloca a mão). Estes saquinhos mantem o calor próprio por umas 5 horas. Existem algumas marcas que o produzem. Aqui em casa compramos um chamado Little Hotties Warmer. Se quiser saber mais informações a respeito, clique aqui. Nós o achamos para comprar no Costco por $17.00 a caixa com 40 pares. Os de mãos são sachês simples, enquanto os de pés são autoadesivos. 



NÃO BASTA SER CANADENSE

Agora a parte irônica disso tudo. Muitos canadenses, sobretudo os mais velhos, não sabem se vestir para o inverno. Sei que parece loucura, mas é a verdade. O conceito de camadas apropriadas, assim como o benefício dos tecidos e das novas tecnologias, são muitas vezes desconhecidos pelos nativos.  O que acontece é que eles aprenderam a lidar com o frio desde cedo (e há anos atrás) e não se atualizaram mais a respeito dos vestuários. Outro dia mesmo minha vizinha me perguntou onde eu havia comprado o meu casaco e que ela queria saber se era bom para dias de chuva. Quando eu falei que era a prova d’água ela ficou interessada em comprar um igual, assim, como se fosse o único que existisse na face da terra com esta propriedade (???). E se há uma coisa fácil de encontrar por aqui é casaco deste tipo. E não me refiro só a ela, até pessoas que trabalham comigo às vezes estão despreparadas e com roupas que certamente não esquentam. Muitos vivem reclamando que passam frio, enquanto eu, puramente brasileira, estou confortável e quentinha. E isso faz sentido, porque assim que viemos para cá, fomos nos informar de como nos mantermos preparados para o inverno. Outra coisa que nos ajudou foi a proximidade ao snowboard, pois inevitavelmente, tivemos que conhecer bastante coisa sobre o assunto para nos preparamos para esta atividade. Muito do que sabemos hoje foi em função deste esporte, principalmente sobre as tecnologias de tecidos. Um dia quem sabe, não escrevo só sobre isso. Por enquanto, fica a dica para as roupas do dia a dia. Espero que todos possam aproveitar a neve e os dias frios tranquilamente e com certa dose de diversão! E que venha o inverno!!!




quinta-feira, 16 de outubro de 2014

- Custo de vida no Canadá



Antes de vir para o Canadá como imigrante, a questão que mais rodeava as nossas cabeças era qual seria o custo de vida que teríamos. Procuramos muitas, muitas, muitas e muitas informações para tentarmos estimar o quanto precisaríamos por mês. Admito que nunca conseguimos fechar os números e acabamos vindo às cegas, sem saber como seriam os gastos por aqui. Por isso, resolvi escrever um pouco sobre o assunto para tentar ajudar aquelas pessoas que tentam planejar a vida por estes lados, assim como fizemos (e ainda fazemos), sem precisar tentar a sorte.

Antes de mais nada, na minha opinião o custo de vida é bem alto por estes lados. Não sei se é apenas uma questão de referência ou se de fato os preços são superiores. Mas ainda assim, acho que a segunda opção é mais realista. Na minha antiga vidinha brasileira as coisas eram mais fáceis pois as nossas receitas eram bem maiores, então obviamente a sensação que eu tenho é de que tudo é uma fortuna no Canadá. Mas acredito que não é apenas uma questão de ter (ou não) recursos financeiros a disposição, pois acho os preços bem salgados aqui quando comparo os valores de item a item com o Brasil. Então a minha dica é, junte dinheiro antes de vir para garantir uns meses sem nenhuma entrada de valor, afinal, não se sabe quanto tempo precisará para arrumar emprego.

Admito que hesitei muito em escrever este post pois acho que custo é algo muito pessoal. Mas como sei que é o assunto é importante para muita gente, acabei me rendendo e arrisquei soltar uns números. Os valores descritos aqui estão baseados no nosso dia a dia e na vida de várias outras pessoas que conhecemos (acabei tendo a cara de pau de perguntar alguns números). 

Vale também lembrar que aqui é extremamente comum compartilhar moradia com outras pessoas, o que também pode cobtribuir na redução da despesa mensal. Estudantes em geral vivem com colegas sob o mesmo teto, e não se engane achando que é um hábito apenas para alunos universitários. Canadenses estão super acostumados a dividir espaços com conhecidos, mesmo depois dos trinta e poucos anos. 


Primeiramente, vale saber que os gastos mensais podem variar de família para família (ou pessoa para pessoa), dependendo é claro dos hábitos de cada um, assim como estilo de vida. Segundo, passarei os valores baseados em Vancouver, o que não necessariamente vale para as outras partes do Canadá. Terceiro, obviamente o número de membros que compõe a família também fará diferença no orçamento final. Nós somos apenas um casal de 30 e poucos anos e uma cachorrinha relativamente velha. Sim, a nossa Golden Retriever entra na conta! A intensão deste post é passar apenas uma ideia das coisas mais básicas sem muitos detalhes. Sem mais enrolação, vamos aos números:


O custo da moradia vai depender de vários fatores e necessidade de cada família, como tamanho e quantidade de quartos, tipo (casa, apartamento, basement, etc), localização, se é imóvel próprio ou alugado, entre outros. Para se ter uma ideia detalhada sobre o assunto, vale a pena fazer uma pesquisa aprofundada por meio de sites específicos. Já escrevi aqui no blog sobre isso através do post “Procura de imóvel em Vancouver” no qual contei a experiência na busca do nosso cantinho. Para ler este post, clique aqui

De qualquer maneira, agora eu posso dizer que alugar um apartamento novo ou semi-novo em Vancouver com um quarto, uma dependência, um banheiro, uma sala com dois ambientes (pequenos), cozinha, e uma vaga na garagem vai girar em torno de $1,000.00/mês a $1,500.00/mês. Em geral, este valor inclui água aquecida, gás e condomínio. Se quiser algo em Downtown este valor subirá para a faixa de $1,800.00/mês a $2,300.00/mês. Claro que isso pode variar de acordo com a qualidade do imóvel, localização e tipo de contrato, podendo ser mais ou menos. Enquanto eu buscava imóvel para nós, cheguei achar coisa deste tipo em Downtown por $1,000.00, e no subúrbio por $2,000.00. Eu repito, isso é só um parâmetro. Uma coisa boa é que os apartamentos normalmente já tem a cozinha mobiliada e equipada com os eletrodomésticos básicos (geladeira, fogão, coifa e lava-louça). Agora, área de serviço é coisa rara. A maioria dos imóveis oferece máquina de lavar roupa e secadora embutidas em um armário. Em alguns casos, estes equipamentos não são disponibilizados dentro do próprio imóvel, mas ao invés disso, há lavanderia comum no prédio e o morador paga com moedas para usar as máquinas (aproximadamente $1.25/ciclo). Existe também a hipótese de alugar basement ou apartamento tipo studio, que em geral custa um pouco menos.

Lembrando que “seguro fiança” não é algo usual aqui. Mas em substituição a isso, o proprietário pede um “depósito” no início do contrato, que é o valor equivalente ao aluguel. Este valor é devolvido ao término da locação, exceto se for necessário fazer algum reparo no imóvel por conta de mau uso. Então no primeiro mês, paga-se o dobro. Para amantes de Pets, é importante saber que nem todos os imóveis aceitam os peludos e, quando sim, é cobrado uma outra taxa como garantia para possíveis danos. Normalmente esta taxa é a metade do valor do aluguel.



Eletricidade é a conta mais louca para nós, pois a variação é muuuuuito grande ao longo do ano. Nosso gasto neste item fica entre $70.00/mês e $200.00/mês. Sei que parece mentira, mas sim, existe esta diferença mesmo. Nos meses em que não usamos nem calefação e nem ar condicionado (final da primavera e começo do outono), nossa conta de luz veio em torno de $70.00. Nos picos do inverno quando a calefação era constante, chegamos a pagar $200.00. Nem preciso dizer o susto né?! No verão, com uso de ar condicionado, ficamos próximo aos $130.00. 

Para dar uma melhorada nestes valores de inverno, mudamos algumas coisas em casa. Primeiro, compramos uma porta especial para cachorro. Na verdade, é uma peça móvel que encaixa na nossa própria esquadria. Esta peça tem uma portinhola para permitir a passagem de animais domésticos sem necessariamente abrir a porta. Como temos uma boa varanda, fazemos questão de manter o acesso livre para a Jesse usar este espaço sempre que quiser. O problema foi que no começo do inverno anterior ainda não tínhamos esta peça. Na época, a nossa conta de luz foi para os ares pois mantínhamos uma fresta da porta aberta para a nossa cachorrinha. E claro, a calefação tinha que trabalhar mais para manter o ambiente aquecido. Depois que compramos isso, a conta diminuiu um pouco. Além disso, mudamos algumas lâmpadas convencionais para as de LEDs. Lavar e secar roupa são tarefas programas para duas vezes por semana para acumular peças e não termos que ligar a secadora à toa. Persianas sempre fechadas para ajudar a manter o calor interno. Enfim, alguns detalhes para ajudar o bolso. Afinal, $200.00 mensais em energia elétrica para um apartamento minúsculo de dois dormitórios com apenas um casal morando é mais do que absurdo!!


Está aí a coisa mais difícil de mensurar, pois hábitos de vida influenciam 100% neste item. Nosso “mercado” inclui suprimentos para a casa (produtos de limpeza e manutenção) e alimentação (mercearia, hortifrúti e carnes). Nós temos uma despesa média de $1,000.00/mês. Eu considero este valor extremamente alto, pois é quase o dobro do gastávamos no Brasil (fazendo a conversão de moeda), com a diferença que o nosso consumo de carnes (ave, peixe e carne vermelha) atualmente é bem menor. Além disso, aqui não me dou o direito de nenhum luxo na hora de escolher os produtos, muito pelo contrário, me esforço ao máximo para economizar centavos. Criei um novo hábito de compra e abri mão do antigo vício em marcas específicas, o que significa que geralmente opto pelo que há de mais barato na prateleira. São apenas alguns poucos itens que sou mais apegada a uma marca ou outra por uma questão de qualidade, mas a grosso modo, faço de tudo para economizar na hora de ir ao mercado. Sou do tipo apegada à promoção e fã da calculadora. Procuro diferença de preço em tudo e até faço as contas do custo do papel higiênico por metro ou do litro do amaciante. Já deixei várias vezes produtos para trás para dar uma segurada no orçamento. Antes eu era extremamente seletiva à marca, hoje sou seletiva à preço. Também não compro mais nada além do necessário em termos de quantidade. No Brasil, eu adorava manter estoque de tudo pois eu odiava ter que sair às pressas para comprar algo. Hoje, calculo exatamente o que precisaremos para um período específico e portanto, nada de excessos.  Para resumir, nosso custo médio é calculado sem luxo, sem sobras, sem desperdícios, e com muita matemática!


Celular é algo que ninguém fica sem hoje, então é uma despesa mensal necessária (rssss). Na minha opinião não é a menor despesa, mas também não é um absurdo de caro. O que me desagrada é que, em geral, os planos são muito longos com contratos de três anos em média, sobretudo quando há compra de aparelho vinculado. E como em qualquer lugar no mundo, é possível dar um upgrade no plano a qualquer momento se precisar de mais serviços ou velocidade de internet. Mas claro que diminuir ou cortar serviços é impossível. Por isso vale a pena pensar muito antes de se jogar em qualquer operadora. Há várias empresas disponíveis como Telus, Rogers,  Bell, Globalive, Dave, Fido, Koodo, Virgin, Wind, e outras por aí. Para ter uma base de preços e planos, há um site que faz comparações entre as empresas e vale dar uma olhada clicando aqui

Nestes lados também tem serviços pré-pagos para quem gosta da opção. Eu e o marido temos o plano pós pago que inclui voz, mensagem, caixa postal e internet. Juntos gastamos $200.00/mês o casal. Atualmente estamos com a Telus e até o momento não tivemos nenhum tipo de problema, nem por falta de conexão, falta de rede, cobrança indevida ou qualquer coisa do tipo. Nunca discutimos, e espero nunca ter que fazer isso. Mas hoje eu não tenho como avaliar direito a qualidade de celular aqui pois o meu uso é extremamente baixo.

Lembro que no Brasil celular era algo que me tirava do sério. Era rotina eu precisar usá-lo e justamente neste momento eu estava sem rede. Era um verdadeiro inferno. Eu trabalhava 90% do meu tempo externa, então celular era ferramenta essencial no meu dia a dia. E por isso, passei muito estresse e apertos por causa de falha de conexão e afins.  E pior, a conta era altíssima. Nem vou mencionar o valor porque considero uma ofensa aos leitores (rssss), sobretudo pela falta de bons serviços.


Quem já viajou para os EUA sabe que TV a cabo por lá é super barato. Mas se engana quem acha que aqui é a mesma coisa. Infelizmente não é. Nós em particular temos um pacote razoável, mas não é o “top” que inclui todos os canais. E o motivo para isso é justamente o preço. Claro que é possível ter aqueles pacotes bem em conta, mas aí a variedade de canais é muito pequena, além da capacidade da internet ser bem baixa. Se eu tivesse que comparar com algum país, eu diria que os valores são similares aos do Brasil. Ao menos de acordo com a minha lembrança. Nós temos o contrato da Shawn que inclui TV aberta, TV fechada, Internet e telefone fixo (incluindo o aparelho). O valor gira em torno dos $180.00/mês. Também faz parte do plano o DVR, que é um aparelho que permite você gravar programas, agendar coisas, “voltar” um filme que você esteja assistindo em tempo real, e outras coisas mais. Isso é bem legal e usamos bastante. Mas na minha humilde opinião, mais uma despesa alta para o orçamento.

E aí? Já está somando os itens??? Calma aí que tem mais...



Neste quesito fica bem difícil falar de preço pois existem vááááárias formas de se locomover de lado a lado e portanto, não conseguirei mostrar claramente os valores. Os transportes podem ser usados de forma combinada (mais de um tipo), o que dificulta mais ainda estimar a despesa sem ter conhecimento do trajeto. Mas apenas como base, mensalmente os gastos para andar de metrô e/ou ônibus utilizando o passe mensal varia entre $90.00 e $125.00, dependendo da distância a ser percorrida. Já o trem custaria entre $200.00 a $355.00 para o mês, variando de acordo com o número de estações. 

Para saber mais detalhe a respeito, vale a leitura do post “Transporte em Vancouver” clicando aqui.  


Claro que antes de mais nada precisa ter o carro, mas se este for o plano, acrescente aí na lista mais esta despesa, mas sem muito otimismo. Todo mundo diz que a qualidade é superior se comparada à brasileira e que por isso o rendimento do carro também é melhor. Meu conhecimento de mecânica é zero e não posso falar muito sobre isso, mas o nosso carro tem um rendimento baixo e o gasto em combustível não é muito diferente do que tínhamos no Brasil. Nosso quatro rodas faz em média 9km/l na cidade e 11km/l na estrada. Ao longo dos três primeiros trimestres deste ano, o preço da gasolina ficou entre $1.05/litro e $1.55/litro. Agora um detalhe importantíssimo, aqui existe variação de preço durante o dia. É isso mesmo o que você está pensando, por mais absurdo que pareça. A diferença de valor pode ser de até $0.10 no mesmo dia. Por isso, fique atento na hora de abastecer o carro e evite os horários de pico e vésperas de feriado. Em geral pela manhã (entre 6AM e 10AM) os preços são mais altos.


Plano de saúde é um assunto complicado para ser explicado assim brevemente e merece um post só para isso. Mas como agora a proposta é esclarecer valores, vou resumir a história. Aqui a maioria das pessoas utilizam o sistema público de saúde para o básico e o complementam com plano de saúde privado. O sistema oferecido pelo governo não é gratuito, muito pelo contrário, é pago mensalmente, semestralmente ou anualmente, da forma que for mais conveniente para cada um. Mas o valor não é nenhum absurdo e desembolsamos juntos $125.00/mês. O que vale muito a pena. O marido também tem um ótimo plano de saúde particular oferecido pela empresa que ele trabalha.

Na prática, usamos o sistema público para tudo, o que significa exames e consultas médicas. O privado apenas para descontos em remédios e tratamentos alternativos como fisioterapia, acupuntura, e coisas do tipo. Aliás, os descontos de medicamentos com prescrição giram em torno de 80% pelo plano privado do marido. Para se ter uma ideia, um remédio de uso continuo que eu tomo custava no Brasil R$ 80,00 por mês. Este mesmo tratamento custa aqui $5.00 para três meses. Sem comparação né?!

Os exames necessários e solicitados pelos médicos nós temos feito pelo sistema do governo, mas precisa ter paciência, pois leva uma eternidade para serem agendados. Exames básicos como os de sangue são feitos na hora em laboratório sem precisar de agendamento prévio. Mas exames mais específicos demoram muuuuuuito para serem marcados se não forem emergenciais. No meu caso por exemplo, estou aguardando uma ressonância magnética que só será realizada daqui há 6 meses, sendo que esperei 3 meses para conseguir marcar a data, ou seja, um total de 9 meses desde que a neurologista fez a solicitação. Para deixar bem claro, o meu caso é só um exame de rotina porque tenho enxaqueca crônica (e blá, blá, blá), assim, ele será apenas um monitoramento para ver como está a minha cabeça. E claro, certificar-se de que ainda não fiquei louca (kkkkk). Brincadeiras a parte, como não tenho pressa, vou esperar. Mas se eu quisesse antecipar a ressonância, eu poderia fazê-la em algum laboratório, pagar por isso, e pegar o reembolso parcial pelo o plano privado. Quando fui à consulta médica, a neurologista foi muito clara comigo e perguntou se eu queria que ela pedisse como “emergência” para tentarmos agilizar o agendamento. Na ocasião, eu achei desnecessário uma vez que já sei lidar com o problema. Para não ficar sem tratamento, ela me receitou os mesmos medicamentos que eu já usava no Brasil e dar continuidade ao processo até que ela tivesse os resultados. Tendo estes em mãos, ela vai avaliar se mantém o mesmo protocolo ou muda. Eu aceitei isso tranquilamente até por uma questão de bom senso. Certamente tem gente precisando do exame mais do que a mim.

O marido fará uma cirurgia no joelho no início do ano que vem para recuperar os ligamentos que ele perdeu andando de snowboard (rsssss). Mas a data é por opção dele que quer tentar aproveitar esta temporada de inverno. O médico queria operá-lo no meio deste ano, o que seria uma espera de 4 meses contados do dia do acidente. No caso dele, o ortopedista receitou um suporte especial para o joelho para ajudá-lo a continuar a praticar esportes até que passe pela operação. Por este suporte,  tivemos que pagar do nosso bolso. Mas tudo bem, porque a bagatela de $1,400.00 foi integralmente reembolsada pelo plano privado da empresa. Eta plano bom este!!!

Para resumir, gastamos $125.00/mês para nós dois pelo plano do governo e temos um plano privado como complemento que é um benefício do trabalho do Mauricio. Este não tem custo nenhum para nós.


Assim como nós, a nossa cachorrinha também tem plano de saúde, que funciona como sistema de reembolso. O percentual a ser pago pela empresa depende de vários fatores, como o tipo de plano contratado, tipo de tratamento, serviço, medicamento, exame, idade do animal, doença pré-existente, entre outros. Muita gente acredita que não vale a pena ter o plano para animais de estimação. Nós achamos que vale sim, sobretudo neste momento em que nossos gastos estão altíssimos com o tratamento contra o câncer da nossa princesa. Na fase em que a Jesse está, entre reembolsos aceitos e recusados, recebemos na conta final 50% do valor gasto. Para quem teve o custo de mais de $5,000.00 em apenas dois meses de tratamento e exames, receber metade de volta é razoável. O valor do plano de saúde é de $70.00/mês. Então para nós, naturalmente é um bom investimento. A questão é que quando o cachorro está saudável, isso parece ser um custo alto. Mas na hora que os problemas aparecem, pagar $70.00 mensalmente é até bem baixo. Eu recomendo a todos.



Acho que lazer é o melhor gasto para qualquer um né?! Se há uma coisa que marido e eu desembolsamos sorrindo, esta coisa é o nosso lazer. Nós trabalhamos para isso. Então viajar, divertir-se, passear e qualquer opção que nos faça relaxar vale cada centavo gasto. Mas claro que isso depende, mais uma vez, dos hábitos de cada um. Lazer é algo extremamente pessoal. 

Ao longo do ano diversos shows de bandas famosas acontecem aqui em Vancouver e proximidades. Peças de teatro sempre estão sendo apresentadas, assim como óperas, concertos ou outros tipos de espetáculos. Além disso, há vários outras atividades noturnas para serem aproveitadas, como baladas e festas temáticas que acontecem constantemente na região. Para ser bem clara, não conheço muito sobre isso pois marido e eu não estamos mais nesta fase de baladas, mas para os fãs, fiquem tranquilos que certamente poderão curtir diversas casas noturnas que estão a disposição. Somados a estes eventos, museus, aquários, exposições e coisas do tipo também não faltam. Culturalmente, este lado do Canadá é bem rico é dá para preencher a agenda com estes tipos de passeios. 


Para os apaixonados pela natureza, nem se fala! Parques e reservas naturais tem aos montes. Esportes radicais são parte de British Columbia, que é bem famosa por oferecer várias oportunidades aos atletas mais arrojados. 


Também não vamos esquecer dos esportes. Futebol, futebol americano, golf, baseball e basquete tem as suas temporadas distribuídas durante o ano. Quer mais?? Apegue-se ao esporte do coração canadense e comece a entender de Hockey. É possível assistir aos jogos pessoalmente na Rogers Arena facilmente, basta desembolsar uma graninha pelo ticket que varia entre $90.00 e $240.00. Achou caro??? Fique tranquilo, todas as TVs de bares e restaurantes estarão sintonizados nos jogos. Lembrando que o time deste cantinho é o Canucks. Para mais detalhes de preços dos jogos locais, consulte aqui.


Uma grande vantagem que eu sinto aqui é que temos infinitamente mais opções de lazer a disposição do que tínhamos em São Paulo, e muitas delas sem custo. Existem vários eventos que acontecem por estes lados que são gratuitos ou o preço é algum tipo de doação, podendo ser shows, concertos, peças de teatro, cinemas, festivais entre outras atrações. 


Além destes, também há outras formas de se divertir sem gastar muito. Há parques espalhados para todos os lados, então ler um livro, fazer um pic-nic, passear com cachorro ou apenas fazer uma caminhada é algo para qualquer dia ou hora. Também é possível fazer hiking, correr ou andar de bicicleta pela cidade. Para quem não tem a bike, há a opção de alugar por preços bem razoáveis, sobretudo próximo ao Stanley Park. Aqui, as pessoas aproveitam a cidade mesmo, incluindo as praias de areia ou de pedra (rio).  


Já deu para se convencer de que é possível se divertir né?! Mas não vamos esquecer do básico. Que tal uma saidinha para comer em um restaurante? Isso é fácil! 



Marido e eu adoramos comer! Então ir a um restaurante, bar ou pub é um das nossas opções de lazer. Mas isso é algo que já vem do Brasil, porque morávamos em São Paulo e tínhamos o hábito de ir a restaurantes frequentemente, bem coisa de paulista. Eu digo brincando que praia de paulista é bar e restaurante, é onde os amigos se encontram ou casais se curtem.

Lá no Brasil gastávamos muito dinheiro com isso. Aqui gastamos menos, mas não porque os restaurantes são mais baratos, mas porque a nossa frequência é bem menor.

Não estou me referindo a fastfood, mas sim a restaurantes ou bares daqueles para sentar e ficar horas conversando. Aqui não vamos a lugares caros. Vamos apenas em estabelecimentos comuns do tipo pub, bares, steakhouse ou comida típica. O valor que deixamos na conta vai depender do consumo. Não me refiro ao tipo de prato e sim se vai ter álcool ou não. O valor da conta é completamente diferente se houver o consumo de alcoólicos. Para se ter uma ideia, normalmente quando saímos para comer gastamos uma média de $40.00/casal, sem álcool. Bebendo umas cervejas a conta quase dobra! Lembrando que este valor já seria com taxa, impostos e gorjeta. Os “tips” seriam a taxa de serviço do Brasil e não estão inclusos na conta. É o cliente quem escolhe o quando vai oferecer ao atendente. O costume canadense é de 15%.

Pizza é outra coisa que somos fãs. Gostamos de qualquer tipo, seja ela italiana, brasileira ou canadense. Uma pizza destas de loja de rede tipo Domino’s ou Papa John’s custa aproximadamente entre $20.00 e $25.00 a unidade (8 fatias). Já não sei mais qual é o valor no Brasil, mas acredito que seja algo próximo disso. Quer algo mais em conta? Eu gosto bastante da Fresh Slice Pizza, que é uma rede que sugere pizzas saudáveis, o que não é verdade, mas pelo menos tem a massa integral e é mais leve que as tradicionais americanas. Lá é possível monta a pizza como quer, podendo escolher cada fatia com um sabor diferente. O preço de uma de 8 fatias gira em torno de $13.00. 

Restaurante Japonês é outra boa opção. Tem em todo lugar com todo tipo de preço e ambiente. Se for um comum sem muitas frescuras é possível comer bem gastando uns $35.00/casal sem álcool. Não me refiro ao tipo fastfood.



Cinema é caríssimo!!!! Fomos duas vezes e só! O valor é $16.00/pessoa, sem pipoca!!!! Eu adoro cinema, mas aqui não tem sido uma opção de programação, pois realmente achamos caro para assistir um filme. No fim, nas duas vezes que fomos gastamos mais de $50.00 incluindo refrigerante e pipoca.  Mas aí, vai de cada um.


São várias as estações de esqui à disposição em Vancouver e arredores. Em apenas duas horas de carro chega-se em Whistler Blackcomb, que foi considerada a melhor estação do mundo em 2014. E o melhor, não precisa ser um profissional para aproveitar as montanhas cobertas de neve durante o inverno. Além dos esportes mais comuns, como ski e snowboard, também há outras atividades a serem curtidas nos picos. Para quem não é super fã das descidas radicais, aposto que pelo menos irá admirar as vistas, de preferência apreciando um vinho e fondue saboroso. Não tem jeito, a neve da montanha é encantadora, e por isso as estações de esqui podem ser aproveitadas por todos. Apesar dos resorts serem recheados de atividades, o preço para usufruí-las não é tão atrativo quanto divertido. Em geral, as atrações de invernos são relativamente caros, e os valores para explorar as montanhas variam de estação para estação e também de acordo com a época do ano. Durante o inverno, os preços vão se diferenciar durante os meses de frio, seguindo é claro os picos de movimento. Apenas para uma noção de valor, a montanha mais próxima de Metro Vancouver é Grouse Mountain, que fica a minutos de Downtown. O preço do ticket para aproveitar o dia vai girar em torno de $70.00 a $120.00/pessoa. Em Whistler Blackcomb, o passe do dia será em torno de $100.00 a $140.00/pessoa. Muita gente acaba adquirindo o passe anual na tentativa de economizar uma graninha. Marido e eu temos a de Grouse Mountain pois é super perto e acessível. Esta montanha em particular não é muita grande e não possui muitas pistas, no entanto, é possível esquiar a noite, o que nos permite aproveitá-la até mesmo durante dias úteis da semana. Às vezes fazemos isso, pego o marido no trabalho no final do dia e vamos dar umas voltar por lá durante umas três horas. Vale como exercício aeróbico ;)


Bom, é isso. Espero que os números acima esclareçam um pouco. São muitas as pessoas que me perguntam preços das coisas individualmente. A proposta deste post não é assustar ninguém, se é que isso aconteceu. Mas sim, dar uma base de valores para as despesas básicas. A boa notícia é que aqui não há uma forte desigualdade social, o que significa que no final das contas, é possível ficar dentro de um orçamento razoável. E tem mais, a gente vai entrando no clima canadense e muitas vontades de consumo vão sumindo... por isso acabei nem escrevendo sobre compras... :)