domingo, 22 de junho de 2014

- Niver Mauricio





Hoje é o dia do Maridão.

Meu amor, meu amigo, companheiro, literalmente na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da minha vida.

Muito mais do que um marido, é minha alma gêmea. É quem me conhece no mais profundo sentimento. Conhece meus defeitos e minhas qualidades. Sabe da minha coragem e dos meus medos. Me aceita, me critica, me xinga, me abraça. É verdadeiro. É cúmplice. Estamos no mesmo caminho, no mesmo sonho, no mesmo desafio. Estamos literalmente lado a lado. De mãos dadas. Juntos. Somos complementos, equilíbrio. Somados somos mais, muito mais. 

Com certeza é o amor verdadeiro, sem nenhuma máscara. Somos livres para sorrir, chorar, perder e vencer.  Somos um só. 

E é toda esta liberdade de sermos nós mesmos o que nos faz unidos e fortes para viver a vida como ela é. 


Ni, você é o meu orgulho. Meu sonhador. É quem me faz voar e sair da realidade para ver como a vida deve ser. Amo você todos os dias da minha vida!!!












domingo, 15 de junho de 2014

- Porque é impossível aprender inglês




Por que é impossível aprender inglês?

Simples, porque ninguém sabe! Eta idioma chato! Na teoria todo mundo acha que fala, mas no fundo no fundo ninguém sabe o que está dizendo, e olha, que são os próprios canadenses que expressam isso!!! Brincadeiras a parte, resolvi descontrair um pouco aqui no blog e escrever sobre algumas das minhas dificuldades nesta fase de aprendizado do idioma.

Dizem por aí que Inglês é fácil, mas isso não é verdade. Tudo bem que no meu caso existe alguns complicadores. Eu sou o tipo de pessoa de pensamento lógico e para mim tudo tem que ter uma explicação racional,  então, naturalmente tenho muito mais facilidade com números. Sendo assim, qualquer assunto relacionado ao aprendizado de (quaisquer) idiomas é um circo à parte na minha vida.

Quando cheguei ao Canadá, eu não falava nada de Inglês. Eu me virava nos aeroportos do jeito que dava, e não sei como chegava aos destinos certos. Talvez porque hora, voo, assento e portão de embarque sejam identificados por números (rsssssss). Sabendo disso, dá para imaginar como foi o começo da minha vida canadense. Cada vez que eu saía de casa era um sofrimento. As menores coisas era gigantes pesadelos para mim... E tudo isso por causa da simples falta de comunicação. Como já mencionei aqui no blog, imigração é coisa de louco. Agora, imigração sem conhecimento do idioma é loucura ao quadrado, talvez ao cubo. Apesar de eu estar amando viver aqui e estar tentando usar tudo e qualquer coisa como experiência de vida, a falta de comunicação é um drama, porque querendo ou não, é a base do dia a dia. Mas afinal, por que é tão difícil aprender o tal Inglês?




O IDIOMA



Gramática é uma coisa que eu nem vou discutir porque cada idioma tem suas regras próprias. Não que o Inglês tenha muitas para facilitar a vida, muito pelo contrário, ele tem várias regras para DIFICULTAR a vida. A minha atual professora diz que o Inglês é um idioma com mais exceção do que regra, e que nem as regras e nem as exceções tem uma justificativa lógica. São do jeito que são, simples assim. E não sou quem diz isso!!! Mas não é a gramática que é o verdadeiro desafio, pelo menos não é o maior.

Então onde esta o problema Priscila?

Para começar, no Inglês o que se lê não é o que se fala, o que se fala não é o que se escreve, o que se ouve não é nem um e nem outro. Aí o meu cérebro entra em colapso. Mas isso não é um problema pessoal e os erros de escrita, leitura e pronúncia são comuns entre todos, incluindo os próprios canadenses. E por quê? Justamente porque há um enorme abismo entre a escrita e a fala. E isso é motivo até de piada entre os nativos, pois não é possível transformar a palavra falada em escrita ou vice-versa, a não ser memorizando as duas versões. Por isso, tem que decorar tudo em dobro. Esquece aprender por analogia, já que as letras não possuem uma pronúncia única e constante. Não existe uma regra que diz que toda letra, ou a combinação de algumas, significam um determinado som. Elas tem uma variação de acordo com a origem da palavra. Ah, bom! Agora está fácil Priscila! Basta saber de onde veio cada uma!!! Sem falar nas letras “sem som” e que fazem parte de uma palavra para nada, talvez como “decoração”.

Eu fico imaginando como os professores ensinam o alfabeto para as crianças daqui. Juro que eu não consigo imaginar isso. No meu caso, lembro-me muito bem das aulas das vogais. Os professores fixavam cartazes na lousa com as letras escritas e pediam para todos repetirem juntos: “aaaaaaaaa, êêêêêêêêêê, iiiiiiiiiiiiii, ôôôôôôôôô, uuuuuuuu”. Um mês só repetindo isso!!! Aí o aluno aprendia a escrever a letrinha de cada uma. Por analogia o cérebro associava que determinado símbolo deveria representar um respectivo som. Claro que existem as exceções, mas tudo bem, porque na Língua Portuguesa existem os “acentos” que nos ajudam identificar as diferenças. Mas e no Inglês? Como será a aula de vogais? Dá para imaginar as crianças repetindo uns 10 sons de vogais para cada uma delas? Imagina a letra “A” na lousa e todos repetindo: “eeeeeeeiiiiiiii, eeeeeeeee, éééééééééé, aaaaaaaaa, ããããããã, ...”. Aí a professora explica que aquela letrinha “A” pode ser pronunciada de todas estas formas e que depende da palavra (????). Afe! Acho que nem deve ter este tipo de aula. Para resumir, decora a pronúncia de cada uma das palavras do dicionário é você falará um pouco de Inglês (rsssssss). É comum eu ver cenas de pessoas conversando e o ouvinte não entender o que o locutor falou. Aí aquele pede para a pessoa soletrar o que ficou meio confuso (????). Sério, ouço todos os dias as pessoas dizendo: "Can you spell it?" (Você pode soletrar?). Coisa de louco! Que idioma é este esse???????

No meio da falta de consistência na fala, não poderia ter outro resultado senão várias palavras DIFERENTES NA ESCRITA mas com a MESMA PRONÚNCIA. O que não faz o menor sentido.

Aí para complicar só um pouquinho mais, também não existe regra relacionada à sílaba tônica, ou seja, a entonação da palavra. Cada uma segue a sua origem, e mais uma vez é necessário memorizá-la. Não existe um mísero acento para dar uma dica de como falar a palavra ou aquelas regras de entonação de acordo com o número de sílaba. É um "Deus nos acuda". Mas o que eu acho pior desta história é que a pronúncia errada no que se refere à entonação (chamada aqui de "stress of word") é o suficiente para dizer outra coisa. E aí é onde mora o perigo, porque não é difícil você querer falar uma ideia e o ouvinte entender algo completamente diferente. E é nessa hora que o "stress of word" vira estresse de verdade (rssssssss).


No fim das contas, por causa deste mar de palavras parecidas (ou idênticas) na fala, o Inglês é uma língua que precisa necessariamente de contexto, caso contrário, a pessoa que recebe a mensagem pode não ter a compreensão total da ideia. Na Língua Portuguesa, em geral, uma palavra por si só é autoexplicativa, e por isso é muito fácil passar mensagens com poucas palavras de maneira muito clara. No Inglês a pessoa tem basicamente que falar um “livro inteiro” para esclarecer o contexto e aí sim expressar uma mensagem. É necessário falar tudo, sem preguiça. 

Bom, até aqui tudo bem, aparentemente escrita é diferente de fala e basta decorar tudo. E ainda tem mais e o problema não para por aí. Porque além disso tudo, por uma questão nada fácil, os nativos adoram conectar as palavras entre si quando as pronunciam durante uma conversa. E desta forma, eles as transformam em uma outra coisa. Por exemplo, uma expressão muito usada aqui é a “no at all”, que significa “de maneira nenhuma”, “nem um pouco", "nada disso”, ou algo do tipo. A pronúncia seria “nórerol”, ou seja, a maneira de conectar as três palavrinhas acabou gerando uma quarta expressão. Sem falar que o "T" virou "R". Por quê? Porque sim. Essa questão é a principal causa de confusão entre os brasileiros, porque estamos acostumados a falar as palavras inteiras no nosso idioma, uma a uma. São apenas algumas que nós abreviamos quando falamos, que é o caso do “você” que vira “cê” ou do “está” que vira “tá”, por exemplo. Mas ainda assim, são raros os casos. O marido (que fala inglês) fica P*** da vida com isso. Ele mesmo fala: "PQP, se a palavra faz parte da frase, fala porr*! Para que ignorar ou cortar parte dela".

Vou dar um exemplo de mal entendido como este. Marido e eu tínhamos que ir a um determinado endereço. A instrução que recebemos foi "one zero two King George". Aí lá fomos nós ao "102 King George". Colocamos o local no GPS e dirigimos 30 km até o destino. Chegando lá, não havia nada! Apenas um condomínio residencial, que não era o que procurávamos. Ligamos para o bendito que devíamos encontrar e que repetiu a mesma instrução. Irritado, o maridão falou "It is not possible! I am here and there is nothing here! Nothing! Nothing!" (Não é possível! Estou aqui e não tem nada! Nada! Nada!". Na ocasião já estávamos próximos à fronteira dos EUA. Aí o dito cujo só respondeu o seguinte "Oh! You are on the wrong place! I should have said: 'at the corner of 102 Avenue and King George Avenue', I'm sorry" ("Oh! Você está no lugar errado! Eu devia ter dito: 'à esquina da Avenida 102 com a Avenida King George', desculpa"). Ou seja, porque a tal pessoa não mencionou "esquina", entendemos que a Avenida 102 era número 102. Para resumir, andamos 60km (ida e volta) quando devíamos ter andando 5km. Dá para acreditar???????


Lembrando que não estou falando de gírias ou expressões idiomáticas, porque isso é outro assunto.




INGLÊS X ADULTO


Então, o negócio é estudar bastante para conseguir aprender o tal Inglês, fazer uma boa escola e pronto, certo? Errado! Aos menos para adultos que, em geral, entram em pânico nesta fase de transição cultural e aprendizado de idioma! 

Tem uma coisa que só agora é que eu consegui entender. Qualquer idioma está diretamente relacionado à cultura. Então aprender a falar outra língua vai muito além de um vocabulário e regras gramaticais. Assim que cheguei ao Canadá, isso foi explicado insistentemente. Já me disseram milhares de vezes que o inglês só será fluente em adultos depois de uns três anos. Claro que não acreditei nesta história, afinal sou brasileira e quero tudo para ontem. Mas depois de um ano de Canadá (apenas 8 meses de curso), comecei a acreditar mais nesta teoria. Na realidade a contagem é mais ou menos assim: o primeiro ano o estudante aprende a se comunicar e entender o que acontece ao redor; o segundo ano seria a construção de vocabulário e desenvolvimento de linguística (falar corretamente com gramática certinha e afins); o terceiro seria adequação à cultura e aperfeiçoamento do idioma de acordo com a área profissional. Pensando assim, até faz sentido. Claro que se eu voltasse ao Brasil hoje, poderia dizer que falo inglês, mas o que acontece é que o nível que o brasileiro fala depois de um intercâmbio não alcança o nível dos nativos. Então, é comum o imigrante passar os três primeiros anos se adaptando ao país e só depois disso ter uma vida "equivalente" a que tinha no Brasil.

Para os adultos a coisa fica ainda mais feia. Além da nossa cabeça já ter muita informação acumulada, não é nada fácil agregar uma nova língua ao mesmo tempo em que tem que se adaptar à nova cultura, o que significa aprender um buzilhão de coisas como regras, ambientes, comportamentos, etc, etc, etc. Basicamente, aprender em três anos o que levei a vida toda para saber (rssssss). Somado a isso, ainda existem as preocupações do dia a dia que já tinham anteriormente, afinal, a vida continua né. O mundo não vai parar para ninguém aprender um novo idioma e cultura. As contas vão vir de qualquer maneira e as necessidades rotineiras ainda existirão. A pessoa continua a comer, fazer mercado, ir à academia, médico, cuidar da família, conviver com amigos (e fazer novos), manter-se atualizado lendo jornais e assistindo aos noticiários, etc, etc, etc, e se sobrar um tempinho, quem sabe ir à manicure e ao cabelereiro! E assim, tudo o que antes era automático e feito sem pensar, agora é um novo aprendizado. Ah se fosse possível aprender por osmose!!!

No fim das contas, o tempo de dedicação ao estudos também acaba sendo bem reduzido, o que é bem diferente de um adolescente que faz intercâmbio e só tem que estudar. Na vida adulta, estudar é o que menos se faz. E por isso, a necessidade de aprender por "osmose" fica maior ainda (rssss).

Agora, pior que não aprender o inglês é "desaprender" o português e ainda enferrujar as experiências profissionais. Já ouvi que isso é como andar de bicicleta, que nunca esquece. Assim espero, porque às vezes acho que estou "emburrecendo" de vez!!! Em casa só converso em português com o marido e já estou naquela fase de inventar palavras  por falta de hábito de usá-las ou misturando inglês e português fazendo a maior confusão. Algumas expressões rotineiras do inglês parecem ser melhores agora para expressar o que eu quero. Principalmente porque não existe tradução perfeita entre idiomas já que a língua tem toda a estrutura diferente. No meu caso, entendo coisas do inglês e não consigo expressar em português na mesma perfeita ideia, e vice versa.

A questão principal que mais perturba o adulto está relacionada a proposta da vida de imigrante, porque o nível de inglês necessário para viver permanentemente aqui é diferente. A história de que “enrola” no inglês até ajuda no “se virar” das coisas básicas ou em viagens de turismo. Mas quando se pensa em se instalar no país, naturalmente o conhecimento do idioma tem que ser diferente e aí sim, tem que ser fluente. Ao menos às pessoas que esperam dar continuidade na carreira anterior.

No fim das contas, entre mortos e feridos, muitos se salvaram. E assim, entre todas as dificuldades, a Priscila vai aprendendo lentamente esta coisa chata e sem sentido chamada Inglês. Um dia quem sabe, a minha vida volta ao normal! "Who knows!"