domingo, 20 de julho de 2014

- Crédito no Canadá



Como no Brasil, ter crédito aqui no Canadá é extremamente importante e faz toda a diferença na hora de realizar os desejos materiais, e às vezes até mesmo para algumas coisas básicas e necessárias. A possibilidade de comprar um carro ou uma casa, alugar imóvel ou outras coisas do tipo está diretamente relacionadas à linha de crédito que cada pessoa tem. Mas como afinal isso funciona por estes lados?

Para começar, não sou nenhuma especialista no assunto, então escreverei de uma forma bem genérica e sem muitos detalhes. Aliás, finanças é o meu ponto franco (rsssssss), então já considere isso tudo algo bem abrangente só para dar uma idéia aproximada de como é este universo por estes lados :)

Eu em particular, não acho que construir crédito aqui seja algo tão simples, pelo menos se comparado ao Brasil onde isso é muito mais fácil. No meu caso por exemplo, sempre tive boas linhas de crédito na minha vidinha brasileira, apesar de reconhecer que boa parte disso foi mérito do meu papai. Quando eu completei 16 anos, abri minha primeira conta bancária, mas como eu ainda era menor de idade, esta conta era conjunta com o meu pai. Por conta disso, os créditos que ele já tinha acabaram sendo repassados a esta conta. Quando completei a maioridade e depois de algumas "barbaridades financeiras" que eu fiz como qualquer adolescente com cartão de crédito faz, meu pai acabou saindo da conta para me obrigar a administrá-la sozinha e aprender a lidar com a vida financeira. Não que isso tivesse funcionado, mas esta é outra história (rsssssss). O fato é que, apesar dele ter se retirado da conta como correntista e eu ficado como a única titular, os créditos dele se mantiveram no meu histórico. Desde então, meus limites brasileiros de cartão e conta só subiram. Considerando que já começaram altos, os limites ficaram bem acima do meu padrão de vida, mesmo que eu não tivesse a capacidade financeira de mantê-los.




Aqui as coisas são diferentes e, de forma geral, a pessoa tem o crédito de acordo com a sua realidade (pelo menos é o que tenho visto e ouvido até o momento). Cada indivíduo tem uma linha de crédito independente que é baseada no seu histórico econômico. Este histórico, chamado de "Credit Report", é formado por milhares de informações referentes ao comportamento financeiro da pessoa. Em geral, ficam acumulados dados dos últimos 6 anos como por exemplo: pontualidade de pagamento de contas, valores acumulados, investimentos, saldos, valores devidos, movimentações bancárias, limites de contas, limites de cartões, quantidade e valores de financiamentos e/ou empréstimos, e outras coisas mais. Na prática, é um resumo da vida financeira de cada indivíduo.

Baseado nos dados do "Credit Report", as pessoas são classificadas em um ranking, chamado "Credit Score". O "Credit Score" nada mais é do que a tradução destes dados em um número para facilitar a análise dos cidadãos conforme o risco que cada um oferece ao mercado. Assim, cada pessoa tem uma "nota" (de 300 a 900) que é dada de acordo com o seu histórico financeiro. É com base nesta nota que as empresas tomam as decisões de oferecerem crédito (ou não) às pessoas. Ou seja, na hora de comprar um imóvel por exemplo, a incorporadora consultará o "Credit Score" do interessado para saber qual é a sua pontuação e avaliar o risco do financiamento. Nota boa, financiamento liberado com juros baixo. Nota ruim, financiamento com juros alto ou até mesmo bloqueado. Simples assim. E desta maneira, para qualquer coisa que esteja relacionada a risco, o "Credit Score" é a referência, podendo ser desde a aquisição de um cartão de crédito até a compra de um avião.







Além dos dados relacionados à performance econômica das pessoas, outro fator que influencia o "Credit Score" é a quantidade de consultas feitas ao perfil dos indivíduos. Quanto mais consultas, menor a nota. Assim, cada vez que a pessoa precisa de um crédito, é feita uma consulta ao seu "Credit Score" e isso fica registrado no histórico pessoal. Se muitas empresas fazem isso num pequeno intervalo de tempo, a nota cai, e muito. Ou em casos em que créditos disponíveis não são utilizados.

Isso ficou bem claro para nós, por experiência própria. No fim do ano passado quase compramos um imóvel. Certo dia estávamos andando de bicicleta e paramos para ver um empreendimento lindo e adorável. Na ocasião, falamos para a corretora que éramos imigrantes recém chegados e que não compraríamos nada, até porque sabíamos que não tínhamos uma boa linha de crédito. A insistente corretora disse que poderíamos tentar aprovar o financiamento para ver se tínhamos chance ou não. Sabíamos da nossa situação, mas ainda assim resolvemos aplicar para a compra do imóvel para termos uma idéia de valores e entendermos nossas possibilidades. Vai que pudéssemos comprar né?! Para a nossa surpresa, fomos aprovados!!! Para conseguir a aprovação, tivemos o auxílio de um broker, o qual fez uma composição de renda para dar entrada na papelada. Ele usou informações nossas de bens e patrimônios que ainda temos no Brasil somados aos dados do banco daqui (que é conectado com o de lá). Assim, ele usou o nosso histórico brasileiro para forçar o banco a nos dar a linha de crédito e diminuir nosso perfil de risco de recém-chegados. No dia de assinarmos tudo, desistimos do negócio. Afinal, seria loucura uma aquisição desta em tão pouco tempo. Até aí tudo bem. O que não sabíamos é que pelo fato de não termos usado o tal crédito, a nossa nota cairia. Como resultado desta brincadeira, o "Credit Score" do Maurico foi lá pra cucuia!




Hoje já está recuperado, mas foi mais um aprendizado. O que acontece é que o "Credit Score" é atualizado a cada três meses, e depois disso a pontuação voltou a subir aos poucos conforme nosso comportamento financeiro, que aqui no Canada é excelente. Diferentemente do Brasil, somos "mão de vaca" aqui, até por uma questão de necessidade (rssss). Então fazemos tudo impecavelmente certo. Por exemplo, outro dia o banco ofereceu uma linha de crédito para nós tipo cheque especial. Mesmo que isso fosse ajudar na tal pontuação, recusamos a proposta. Estamos evitando crédito fácil com alta liquidez para evitar gastos excessivos. Queremos crédito sim, mas só para coisas grandes! Muita gente já nos disse que é bom termos vários cartões de créditos, mas hoje estamos evitando isso. De verdade, não queremos ter limite para nada agora, até porque depois do trauma, não queremos empresas consultando nosso "Credit Score" a toda hora. Se meus pais lessem isso ficariam desacreditados e orgulhosos de mim (hahahaha). Na verdade, não queremos dar chance ao nosso comportamento consumista e impulsivo. :)

Sabendo-se disso tudo, já dá para concluir que isso é mais uma barreira na vida do imigrante. Quando a pessoa chega aqui, não tem muita opção, ou paga a vista ou espera um período para começar a criar um bom histórico. É por isso que muita gente não consegue sair comprando carro e casa mesmo que veja ótimas oportunidades em comerciais de TV ou outras propagandas. não basta querer comprar, tem que provar que pode!


E como conseguir construir o histórico? Bom, isso é outra coisa meio complicada de explicar. Mas vou tentar.

Considerando que estou falando de alguém que acabou de imigrar, naturalmente o início é um pouco mais chato pois a pontuação parte do zero, ou seja, linha de crédito inexistente e portanto pessoa de alto risco. Então a construção de crédito começa com as pequenas contas do dia a dia, pois inicialmente são os contratos mais fáceis de adquirir. Conta de luz, telefone, celular, tv a cabo, plano de saúde, e coisas do tipo são um ótimo início para provar que é bom pagador e pessoa de baixo risco. Portanto, o primeiro passo é pagar tudo com pontualidade, claro! E assim, o perfil econômico do indivíduo começa a ser traçado.

Aluguel também é um bom "pontuador". Em geral, quando a pessoa é recém chegada o locador pede o pagamento de alguns meses antecipados como garantia, justamente pela falta de "pontos". Mas tudo bem, isso dá para resolver e não é o fim do mundo. O fato é que locação é um bom contrato para se mostrar como um "bom pagador".

Abrir conta corrente também é fundamental. E na minha opinião, o HSBC é a melhor opção para quem está vindo. O banco já é famoso entre os brasileiros imigrantes por causa das facilidades. Na prática, eu tenho gostado sim. Para nós tem sido uma "mão na roda" pois além de termos conseguidos uns mimos, as transferências de dinheiro entre os países é super fácil. Apenas o valor do câmbio é um ponto negativo, pois é bem alto se comparado aos valores de mercado, aliás, altíssimo. E nisso perdemos dinheiro. Mas para quem está começando, é um bom início ter conta neste banco.

Mas para quem ainda não é correntista do HSBC e tem planos de imigrar, vale abrir a conta com uma certa antecedência para tentar uma boa linha de crédito ainda no Brasil, o que é bem fácil. A partir daí, pegar um bom cartão e solicitar uma conta do tipo "Premier". Tendo isso, ainda estando no Brasil consegue abrir a conta aqui no Canadá (dependendo do status/processo de imigração). O gerente brasileiro ajuda nisso. Daí em diante, parte dos seus benefícios vem para cá e os créditos já começam a ser contados. Aí, se vai manter a conta neste banco ou vai abrir em outro é uma questão pessoal a ser avaliada aqui depois de um tempo.

E assim, através dos pequenos contratos, pontualidade e movimentação bancária, o indivíduo começa a construir o seu histórico financeiro. Conforme a pessoa vai se adaptando ao país, arruma emprego e demonstra um comportamento estável, o "Credit Score" vai se elevando. E claro, depois de um tempo de crescimento e maturação, a pessoa se torna de "baixo risco". A partir daí, as aquisições passam a ser possíveis e mais viáveis.

Para resumir, paciência, paciência, paciência e pontualidade!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

- Compra do carro





Resolvi escrever aqui hoje sobre a compra do nosso carro, conhecido como "Pé de Pano". Lembra do pangaré do desenho animado do Pica-Pau? Então, é este. Isso aconteceu há mais de um ano, mas como as coisas são diferentes, acho que esta experiência vale ser contada. Lembrando que falarei do nosso caso e isso não serve como referência para todo mundo ;)

Quem passou por isso foi o marido, que fez a compra do nosso carro quando eu ainda estava no Brasil. Se eu estivesse aqui, provavelmente esta compra não teria acontecido naquele momento (rsssss).

Bom, tudo começou pela necessidade de deslocamento, claro! Para ser mais específica, dois motivos o impulsionaram a comprar o "quatro rodas". A primeira e mais importante foi que, na ocasião, nosso cachorro estava velhinho e doentinho, então cedo ou tarde precisaríamos correr com ele para algum hospital por conta de alguma emergência (o que de fato aconteceu). A segunda foi a questão do local que moramos, que fica à 25km de Vancouver. Apesar de termos tudo do dia a dia próximo, estamos em Coquitlam, e por conta disso sem carro os finais de semana seriam bem menos aproveitados. Certamente iríamos pouco à montanha esquiar ou passear em locais interessantes. Sem falar nas compras de supermercado. Por mais que tenhamos transporte público acessível, temos a cultura do carro, não tem jeito, e não dá para negar que a vida é outra quando se pode deslocar para qualquer lugar e a qualquer hora. Sei que aqui muita gente aluga carro quando precisa fazer algo mais pesado ou distante, mas o marido optou em termos o nosso próprio. E assim, começo a procura pelo "Pé de Pano".



Apesar dele perceber a necessidade, estava meio resistente em comprar o carro, pois seria mais uma conta para pagar. Então ele foi de leve fazendo algumas pesquisas de preços e modelos. Até que certo dia resolveu ir a uma concessionária para ver como as coisas funcionariam em relação ao financiamento, seguro e coisas do tipo. Nesta história, deixou o telefone registrado como interessado. Não precisa nem falar o quanto a vida dele virou um inferno depois disso. O vendedor da tal concessionária passou a ligar constantemente. Cansado, o marido deu um ultimato ao cara dizendo que não compraria dele pois tinhas outras ofertas bem melhores. O vendedor, como todos, prometeu ao Maurício "mundos e fundos" para fazer o "melhor negócio da vida dele". Nesta marido voltou à concessionária e saiu com o carro na mão!! O que aconteceu de fato foi que o vendedor cobriu as ofertas fictícias criadas pelo marido. E claro, com todos os descontos e promessas o negócio valeu a pena!

O que surpreendeu foi como tudo aconteceu. Inocentemente, o marido foi até lá ouvir o tal "melhor negócio da vida" e acreditando que as coisas seriam parecidas com o Brasil. Imaginou que ouviria a proposta, submeteria-se para aprovação de crédito, preencheria toda a papelada depois de uns dias, pensaria no caso, e compraria o carro depois de algumas semanas. Mas não foi nada disso. Tudo, absolutamente tudo, foi feito no ato em questão de minutos. Sem tempo para pensar ou desistir.

Primeiro o vendedor achou o carro nas configurações que o Mauricio queria. Quando o marido retornou à loja, o carro já estava lá para ser visto pessoalmente. Após ver o veículo na cor e acessórios que havia pedido, aprovaram o crédito na mesma hora, fizeram o seguro no mesmo minuto, emplacaram o carro no mesmo segundo e deram a chave do carro imediatamente. Assim, sem tempo para pensar se assinaria ou não o contrato. Quando ele menos esperava, já estava voltando para casa dirigindo o carro. Nada de despachante, seguro particular, telefonemas, prazos ou whatever. Tudo feito lá, no mesmo instante. Portanto caro leitor, se estiver pensando em comprar um carro, cuidado! Pode ser que você saia dirigindo o veículo sem mesmo esperar por isso. Claro que foi tudo planejado, mas o Mauricio diz que mesmo sabendo que estava tudo dentro dos conformes (pois ele já havia pesquisado preços e tudo), as coisas foram bem mais rápidas do que um piscar de olhos. Ele diz que só quando chegou em casa se deu conta do que havia feito. Mesmo estando feliz e satisfeito, estava assustado, pois imaginava que as coisas seriam mais lentas e até poderia desistir do negócio caso achasse conveniente ou talvez pudesse esperar que eu estivesse junto. Nada disso. Sem chance de desistência. Ele diz que só pensava em como me daria a notícia, pois até então, eu nem sabia dos planos. Ele só repetia para si mesmo: "ela vai me matar".

E como fiquei sabendo do carro??? Recapitulando parte da nossa história de imigração, o Mauricio veio para o Canadá 4 meses antes de mim. Neste período, eu vim uma vez por mês para ficar com ele por razões específicas. Certo dia, em uma destas minhas vindas, meu doce marido foi me buscar no aeroporto. Quando cheguei ao estacionamento eu comentei despretensiosamente: "Nossa, que carro grande. Nem trouxe tanta bagagem, podia ter alugado algo menor. Quanto você pagou pelo aluguel?". Ele respondeu "blá blá blá dólares". Eu perguntei: "Sério? Pela semana?". Ele retrucou: "Não, pelo mês.” Não entendi a resposta e perguntei novamente: “Mas você alugou para o mês todo?”. E ele com um sorriso desconcertado disse: “Não só para este, para todos os meses. É nosso, eu comprei...". Dá para imaginar a minha face né?!

Negócio feito, está feito. Não tive nem reação de berrar, o que seria algo natural para mim nesta situação. Entrei no carro meio pálida. Mas para ser sincera, depois de 20 horas de voo, 6 horas de diferença de fuso horário, eu só queria ir para casa, beijar os cachorros, tomar um banho e dormir. Fosse o carro nosso ou alugado. Acho que se ele tivesse comprado uma carroça a minha reação seria a mesma (rsssss). E no fundo no fundo, eu sabia que precisaríamos do carro cedo ou tarde. Se ele não tivesse comprado naquele mês, teria sido um ou dois à frente. Ele só ficou supreso com a minha falta de reação. Só para contextualizar as pessoas que não nos conhecem, este é um comportamento não muito raro para o Mauricio. Quando ele quer fazer algo relativamente imprudente, ele faz meio “escondido” de mim e só me avisa depois de feito. Por exemplo, quando nos casamos combinamos que faríamos UMA viagem grande por ano. Na prática, fizemos TRÊS por ano. Todas compradas por ele sem meu consentimento. Depois de passagens adquiridas, ele só me avisava: “vamos viajar!”. Não que eu não quisesse fazer as viagens, mas eu sabia que a maior parte delas era “imprudência financeira”. Aí era a maior discussão entre nós. Às vezes ele já aproveitava o meu histerismo de alguma reprovação e já contava várias loucuras de uma vez só (rssssss). Mas devo admitir, que mesmo sabendo da irresponsabilidade, viagem é viagem né?! Eta coisa boa para ser fazer na vida!!! Voltando ao assunto, com o carro ele pensou que seria assim, uma conversa aos gritos. O engraçado é que a minha falta de reação deixou ele até sem graça. O fato é que hoje somos motorizados!


SEGURO

Este é um assunto difícil de explicar aqui no blog pois as informações que temos são bem controvérsias. Cada dia ouvimos uma coisa diferente a respeito. Mas de maneira geral, aqui em British Columbia é obrigatório adquirir o ICBC Basic Autoplan, que é um seguro do governo que cobre as necessidades básicas do automóvel, motorista e terceiros. É possível contratar uma extensão para o plano, podendo ser pelo próprio seguro do governo ou particular. Na hora da compra do carro você já paga por isso, pois nem pode tirar o carro da concessionária sem ter pelo menos o seguro básico. 

Não é necessário pagar o plano anual. Pode-se contratar um período menos, tipo três meses, seis, quantos quiser. De acordo com o prazo do contrato, é colado na placa do carro um adesivo que mostra a data do seguro (e licenciamento). Assim, á facilmente visto se o carro está em situação regular ou não.

Para mais informações, vale a pena consultar o site do ICBC clicando aqui.


FINANCIAMENTO X LEASING X A VISTA (??)

Aqui no Canadá, diferentemente do Brasil, fazer compras parceladas é algo raro, e só são feitas para a aquisição de bens de valores altos.  No caso de veículo e/ou imóvel em que a compra não seja paga à vista, as formas mais comuns de pagamento são através de financiamento ou leasing. No caso das pessoas recém chegadas, é bem mais difícil conseguir aprovar crédito para o financiamento, pois neste caso o bem é do comprador. Como os recém chegados não possuem um histórico de crédito consistente e suficiente para gerar uma “confiança” no mercado, as empresas dificilmente aprovam o financiamento. Sendo assim, não sobra muita opção: ou à vista ou leasing. Nós compramos através de leasing, na qual o veículo é patrimônio do banco. É como se estivéssemos alugando o carro da instituição financeira. Depois de um período determinado em contrato, a pessoa tem a opção de comprar o automóvel pagando um valor residual ou simplesmente devolve o carro para o banco. O juros do leasing é maior do que o do financiamento, mas nada que não seja “pagável”. Os valores de juros são acessíveis e bem inferiores aos do Brasil. Mesmo no caso do leasing que é algo mais "seguro" para o vendedor, precisa de algumas qualidades para conseguir a sua aprovação. No momento da compra, o Mauricio já estava empregado e tinha uma situação um pouco mais confortável, o que lhe favoreceu no momento da aprovação de crédito. Não sei dizer se ele teria conseguido aprovar o leasing se ele tivesse tentado adquirir o automóvel antes de conseguir o emprego. 

Pagar a vista assim que chega e gastar qualquer reserva sem saber como será o futuro? Completamente fora de cogitação para nós. A questão é que as possibilidades de forma de pagamento estão diretamente relacionadas ao histórico financeiro de cada pessoa. Mas como isso funciona??? Assunto para o próximo post! Prometo ;)



quarta-feira, 9 de julho de 2014

- Copa do Mundo: A tal semi-final




Então né... está aqui engasgado os tais 7 x 1 da Alemanha contra o Brasil. Não vou negar, estou triste, chateada. Como brasileira que sou, a esperança é a última que morre. E morreu ontem a chance de ver a final no Maracanã. Poxa, na Copa de 1950 eu não estava lá! Então para mim não valeu! E esta, mesmo estando longe da terrinha e vendo as coisas por outro ângulo daqui de fora, eu estava ansiosa pela final do Brasil x "qualquer time".
É gostoso torcer, assistir, ver algumas pessoinhas alí em campo representando um país todo. Sejam elas para o Brasil ou para outro país. O esporte é algo muito maravilhoso. Faz as pessoas irem aos extremos da emoção, sejam elas os atletas ou os torcedores. Acredito no patriotismo diário, mesmo estando longe do meu amado país, não deixei de ser brasileira nem por um segundo. Falo feliz para as pessoas "I'm from Brazil" o tempo todo. E acredite, todos gostam e são receptivos. Mas não tem como negar que todo este patriotismo aumenta durante uma competição desta né?! É quando todos querem a mesma coisa, todos se unem, as diferenças são colocadas de lado. É bonito de se ver. É gostoso ouvir o hino; ver as bandeiras; as pessoas berrando; caras pintadas; idosos, adultos, crianças, diversas gerações no meio disso tudo. Fazendo parte de uma pequena parte da história. 
Mas enfim, como parte do esporte, para alguém ganhar outro alguém tem que perder. E neste caso foi o Brasil, com "s" mesmo. Mas SETE X UM foi demais né?! Esta doeu. Pior foi ter que aguentar os comentários pelo resto do dia no trabalho. E provavelmente por toda a semana que está seguindo. Por aqui ninguém parou a vida pela Copa, sobretudo porque o Canadá nem foi classificado. Ontem, dia do jogo foi fogo! Uns diziam "I feel bad for you", outros riam ou zoavam. Ok, isso faz parte do esporte e tive e vou ter que aguentar :)

Pelo menos a maioria dos brasileiros não perdeu o bom humor e as redes sociais se infestaram de piadas. É isso, hoje é um novo dia e quer saber? Independente do ontem, o sol vai nascer novamente e a vida continua...

Eu em particular lamento as excessivas críticas aos jogadores. Não acho que seja fácil estar alí correndo tentando fazer algo. Fico imaginando a cabeça deles naquele momento. Sabe quando você tem um problema e fica matutando por horas, às vezes dias, de como resolver? Então, acho que para eles foi assim ontem, com a diferença de que não tinham horas e muito menos dias para entender a situação e achar uma solução. Em questão de minutos foram bombardeados! Ficaram perdidos, sem saber o que fazer. Fico imaginando a sensação horrível de estar lá sem saber como melhorar, como enfrentar o outro time. Seja a falta de experiência em Copa, a falta de maturidade, a falta de liderança, whatever, não importa. Eles estavam tentando bem ou mal fazer algo, neste caso mais mal do que bem (rssss). Por mais difícil que fosse. Não conseguiram. Ninguém joga para perder, muito menos por este placar! Espero que sejam capazes de superar esta perda e que continuem a fazer o que bem sabem, jogar futebol.

Vejo às vezes as pessoas dizendo que eles recebem milhões para jogar e tem obrigação de ganhar. Eles e todos os outros jogadores né?! Se eles ganham milhões é porque valem! É porque as pessoas assistem aos jogos, formam as platéias e giram o dinheiro. Futebol é business, assim como outros diversos esportes! E para eles isso é trabalho. Não acho que sejam mercenários. Cobram o que querem, pagam os que podem e os que querem. É o público que cria a audiência e faz o esporte valer tanto. Eles aproveitam isso. E não vejo nada de errado em aproveitar as oportunidades da vida. Se eles podem, sorte deles. Se alguém me pagasse milhões para eu exercer a minha profissão, aceitaria tranquilamente e feliz da vida. E não me acharia mercenária por isso. Trabalho é trabalho. Existe um abismo entre os valores, uma enorme desproporção? Sim. Mas mais uma vez, somos nós, o público, que faz valer tanto. 

Além disso, também vejo gente desafiando torcedores por aí dizendo que não pode colocar o futebol em primeiro lugar, tem coisas mais importantes, tragédias, corrupções, blá, blá, blá. Ok, isso tudo é verdade. Mas gente, uma coisa não precisa necessariamente eliminar outra. As pessoas não precisam ignorar os esportes, neste caso o futebol, porque há outras questões na vida. Pode-se ter os dois. Relaxa! Esporte é entretenimento e a vida também precisa disso. Não podemos viver focados só em problemas. Ou vai dizer que não é bom comer uma pipoca assistindo uma boa competição junto dos amigos? Tem gente que precisa aprender a curtir a vida e parar com este mimimi. Quer ver o jogo? Otimo. Não quer? Desliga a TV e pronto. Mas não enche ou critica quem gosta.

E para todos aqueles brasileiros que estão fazendo este evento algo tão maravilhoso: PARABÉNS! Parabéns aos jogadores, torcedores, trabalhadores, público, aos garçons de bares, aos taxistas, aos motoristas de ônibus, ao pessoal da freirinha, a moça que vende o queijo coalho na praia, ao jornaleiro e a todos os brasileiros que estão sendo brasileiros de coração, sem tanto mimimimimi.

Enfim, de coração, vou esperar mais quatro anos para torcer na próxima Copa e tentar novamente o Hexa. Relaxem, mesmo com o placar de 7x1, ainda temos mais títulos! (rssss) 

Abaixo coloco um texto escrito por Ruth Manus para o Estadão que li e gostei bastante. Vale para refletir. 
"Meninos,
(sim, meninos, porque quando uma seleção é eliminada na Copa do Mundo, não há mais homens no gramado. Há meninos. Com olhos vazios, sem rumo e sem qualquer indício de vergonha ou de pudor.)
Escrevo só para agradecer.
Agradecer porque vocês nos fizeram sentir o que há muito tempo não sentíamos.
O nervosismo. A voz embargada. Tensão. Alegria. Nó na garganta. Dor de garganta. Explosão. Tristeza. Desilusão. Um turbilhão de sentimentos condensados em 4 semanas.
Agradeço porque vocês conseguiram mexer com muitas emoções que andavam paradas. Bandeiras na janela por amor a um país (e não apenas a uma seleção), acima de qualquer outra questão.
Porque vocês fizeram mais do que colocar corações para bater mais forte. Vocês colocaram corações absolutamente brasileiros para bater.
Agradeço porque a cada jogo que passava, me sentia mais parecida com os desconhecidos na rua. Mais próxima do meu país, da minha gente.
Agradeço porque o desfecho traumático não anula a alegria vivida.
E por saber que vocês vão ter que encarar aqueles brasileiros de momento, que até ontem tinham orgulho e hoje já acham que “isso é Brasil”.
Mas não se preocupem, para nós também é difícil suportá-los. Tamo junto.
E o fato é que a tristeza é geral: do campo, do banco de reservas, da arquibancada, do sofá da sala, do banco do bar, da sarjeta.
Mas, por favor, entendam, nós não estamos tristes com vocês, estamos tristes JUNTO com vocês.
E tanto é assim que posso garantir que milhares de brasileiros queriam poder dar em vocês hoje o abraço que o David Luiz deu no James depois da eliminação da Colômbia.
Obrigada, meninos.
Obrigada por me lembrarem que eu nunca quis ser europeia. Alemã, holandesa, francesa, belga… Nem que me dessem um belo par de olhos claros.
Que o que eu quero sempre é minha camisa amarela, minhas emoções escancaradas, quero o choro embriagado de hoje, esquizofrenicamente orgulhoso de ser quem somos até quando estamos apanhando como apanhamos.
Abracem seus pais. Seus filhos. Suas mulheres. Seus amigos.
Façam isso por nós, que queríamos abraçá-los talvez até mais do que iríamos querer se ganhássemos a Copa.
E continuem sendo assim, brasileiros, acima de tudo.
No cabelo enrolado, nas danças no vestiário, nos abraços verdadeiros, nos choros sofridos, na oração sincera e na certeza de que, bem ou mal, a gente segue em frente.
7 a 1? Dane-se.
Vocês me representam. E não é pela bola que jogam, é pelos caras que são."

E vai dizer que não deixa lembranças???





  














sexta-feira, 4 de julho de 2014

- Strike = Greve


Nem tudo são flores e o Canadá também tem seus probleminhas. Entre política, democracia, interesses, opiniões e afins, neste momento está tendo greve de professores aqui na província de British Columbia. A greve é dos professores de nível escolar, que seria eqüivalente à escola brasileira até o ensino médio. Os universitários não fazem parte disso pois são administrados pelo governo federal, e aí é outra questão.


A discussão e negociação é entre o governo provincial e os professores (representados pelo sindicato). Esta história vem rolando desde março, mas a greve propriamente dita começou no final de junho. Consequentemente, estou sem aulas.


A piada do momento é que por muita ironia, é a primeira vez na minha vida que sou diretamente afetada por uma greve de professores. No Brasil só estudei em escolas particulares, então este tipo de questão nunca atingiu a minha vida na prática. O Canadá é reconhecido internacionalmente pela educação de qualidade, especialmente por ser pública. Eu estava super feliz com isso e blá blá blá... Aí me pegam de surpresa sem mais nem menos e param as aulas!!!!! Injustiça!!! Vai ter azar assim lá longe Priscila! Isso é a Lei de Murphy me perseguindo aqui do outro lado do planeta (rsssss) Greve desta maneira com paralisação total é coisa rara por aqui, e ainda assim, esta conseguiu me pegar! Resultado, estudos de inglês estagnados! Tudo o que eu precisava...

Eu já li o lado do governo e o dos professores. E como toda história, cada parte tem a sua versão e a sua verdade. Não estou do lado de ninguém porque o meu conhecimento sobre isso é zero! O problema é que não estão chegando em um consenso e a negociação parece estar longe do fim. E com isso tudo, quem sai perdendo é todo mundo! Professores sem salários, governo com população insatisfeita, alunos sem escolas e pais enlouquecendo. Aliás, os pais são os que estão mais perdidos, pois as férias de verão foram antecipadas e agora estão desesperados atrás de babás ou Daycare para deixarem os filhos. Enquanto não conseguem vaga nas "creches" ou profissionais para cuidar das crianças, tentam conciliar os horários de trabalho com a vida pessoal em casa. Uma bagunça total!

E no meio disso tudo, meu Super Inglês vai ficando parado. Claro que dou uma estudada aqui e outra acolá. Mas sem orientação fica difícil avaliar o certo e o errado.

Bom, é isso. Um post rápido só para registrar um fato canadense!

Nota: O assunto já foi resolvido e estou voltando neste post para atualizá-lo. A greve total durou dois meses e meio, começando em meados de junho e finalizando no início de setembro deste mesmo ano. Agora, tudo de volta ao normal e todo mundo correndo atrás do tempo!