quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

- Vida Saudável (ou não)


E um post para descontrair... mas com muita realidade!

E mais um ano começou. Para muitos mundo a fora já estamos no segundo mês. Para os brasileiros que tiveram o Carnaval logo nesta semana, 2015 está começando somente agora. Para mim, digamos que o ano produtivo ainda vai começar. Marido e eu ainda estamos nos recuperando do golpe da perda da nossa cachorrinha. Enfim, não importa em que estágio de 2015 você está, o fato é que já está na hora de começar a cumprir as promessas de vida saudável. É isso aí, não vamos nos enganar, todo mundo faz este acordo consigo próprio no final de cada ano que passa. Portanto, se você ainda não começou aquela resolução de incluir atividades físicas na sua rotina, já está na hora, e isso inclui a mim. Ok, confesso a vocês que eu não sou daquele tipo de pessoa que espera um ano novo para cuidar da minha saúde. Eu sou o tipo que espera toda segunda-feira, o que vamos combinar que é bem pior considerando que vivo fazendo as promessas semanalmente (rsssss). Não tem jeito, basta passar um domingo comendo pizza acompanhada de cerveja que já vem o peso na consciência...

A verdade pura é que eu não sou a pessoa mais sedentária do mundo e tão desleixada com a alimentação. Muito pelo contrário, geralmente sou disciplinada e me mantenho dentro da linha, ao menos na maior parte do tempo. Quando vou comer algo, penso sim nas calorias, quantidade de gordura, proteínas, carboidratos, etc. Isso não significa que sou neurótica, afinal não deixo de comer as coisas que eu gosto, tento apenas manter um certo controle e não sair por aí devorando tudo o que tenho vontade.

A questão é que para mim é meio difícil ser sempre certinha quanto a isso. E eu tenho dois problemas que atrapalham os meus hábitos de vida saudável, um é o estresse emocional e o outro é a correria do dia a dia. Muito pior quando os dois vem juntos!!!

E as coisas funcionam assim. Cada vez que passo por um momento de estresse emocional, a minha alimentação desanda. Para mim isso é uma matemática exata. A minha dieta vai embora assim como dois mais dois são quatro. Não tem erro!!! Eu não sei quanto a vocês leitores, mas eu em particular penso a todo instante: "Agora chega Priscila! Este foi o último chocolate. Deste minuto em diante, só coisas saudáveis!!!" Aí vem qualquer situação de ansiedade, mínima que seja, e já saio correndo atrás de um cacau e a dieta que se dane!!!! Em primeiro lugar vem a minha lucidez, que necessariamente precisa de chocolate!!! Brincadeiras e exageros à parte, quando algo emocionalmente forte acontece na minha vida (seja comigo mesma ou com a minha família), parece que cuidar da própria alimentação vira algo supérfluo, sem necessidade ou sem grande importância, como se fosse algo desnecessário. Não que isso seja o ideal, é apenas uma forma de me focar no que está acontecendo no momento, o que muitas vezes não envolve a minha própria saúde. Além disso, vamos admitir que na prática, comer direito é algo extremamente trabalhoso e dispendioso. Quando estou passando por alguma situação de ansiedade ou tristeza, honestamente, não quero dedicar meu tempo fazendo comida, separando potinhos, cortando frutas e coisas do tipo, menos ainda gastar dinheiro e ficar indo ao mercado. Aquela história de comer de três em três horas passa a não existir mais e o sanduiche vira a coisa mais prática do mundo. Lavar salada então, nem se fala, porque dá um trabalhão. Aí é que vem o problema e tudo acaba em pizza, ou chocolate no meu caso. Nestes últimos meses por exemplo, eu não tinha o menor ânimo de pensar em alimentação saudável. Como eu já disse, não que isso não fosse importante, apenas não era algo que estava no topo da minha lista de hábitos e tarefas diárias.


Quando o emocional está bem, tudo facilita. Mas às vezes isso não é o suficiente para me manter disciplinada.  O tempo, ou melhor, a falta dele, também me faz repensar nas minhas prioridades. Toda vez que passo por momentos de correria, seja por pico no trabalho, estudo ou qualquer outra tarefa, a primeira coisa que eu largo são as práticas físicas. Não porque eu quero, mas porque sou péssima gerenciadora de tempo. Aí na hora de dar preferência às minhas atividades, coloco as obrigações em primeiro lugar, o que quase sempre significa me deixar de lado. Eu sou meio neurótica e tudo o que me proponho a fazer é sempre com dedicação total (exceto pelos exercícios rssss). Não aceito fazer as coisas pela metade e nem de qualquer jeito, então normalmente invisto muito tempo nos meus afazeres, até mesmo nos mais simples. Aí o workout vai para a cucuia. Quando está faltando tempo na minha agenda, são as minhas horas de cuidado pessoal que uso para cobrir qualquer outra necessidade, e isso inclui até mesmo os períodos de sono. Já perdi a conta de quantas vezes passei noites e noites em claro trabalhando ou estudando. No Brasil isso era rotina e eu já contava com as horas da madrugada como parte do dia, o que vamos esclarecer que é um absurdo!!!


Para resumir, para eu manter a minha vida saudável eu teria basicamente que estar vivendo em uma paz plena e com a minha agenda perfeitamente coordenada. Só isso! Santa ilusão!!! Viver em total harmonia é algo praticamente impossível nos dias de hoje. Não consigo me imaginar 100% equilibrada emocionalmente, sem me deixar levar pelos problemas que aparecem sem serem convidados. Assim como também não enxergo uma forma de estabelecer uma rotina de atividades e tarefas impecavelmente sincronizadas. Então não tem jeito, viver com hábitos saudáveis é algo que depende única e exclusivamente de mim e da minha boa vontade, e claro, das prioridades.

Uma das coisas que tenho tentado mudar na minha vida desde que me mudei para o Canadá é justamente o grau de importância das coisas para mim. Culturalmente a vida aqui é diferente e tenho tentado tirar proveito disso. Tenho procurado sim deixar o materialismo de lado, consumismo, e outros costumes que eu tinha no Brasil. Acho que estar aqui facilita esta mudança, sobretudo por estar envolvida por outra atmosfera de uma forma geral, como novos ambientes, cultura diferente, entre outros fatores que me motivam mais a estabelecer novos hábitos. Vou dar um exemplo. Eu sempre quis correr. Sim, simples assim, apenas correr. Enquanto eu vivia no Brasil, eu via as pessoas correndo no parque Ibirapuera, na rua, na praia, com sol, com chuva, wherever and whenever, e eu sempre achava aquilo tudo muito legal. Era algo que parecia ser fácil, sem grandes investimentos e tudo mais. Bastava um par de tênis razoável e pronto. Mas honestamente, para mim aquilo era um enigma. Por mais que eu tentasse correr, eu não conseguia. Sei que parece coisa de louco, mas aquela teoria de “basta colocar um pé na frente do outro” não funcionava para mim. Eu simplesmente não era capaz de correr. Eu não tinha resistência, folego, pique, ânimo, nada. Eu não alcançava nem 1km. Então para mim sobrava a musculação. Eta coisa chata e repetitiva. Tentei em paralelo Yoga, Spinning, Body Pump, Body Jump, Body Combat e todos os Body(s) que existem, mas no fim sempre terminava na musculação novamente. Aí vindo para o Canadá as coisas mudaram. Acredita que no final do ano passado eu, Priscila, estava correndo 10km????? Parece inacreditável, mas é verdade! Eu juro!! Tudo bem que a paisagem e as ruas aqui fazem um pouco de diferença no ambiente, pelo menos para mim que sou paulista paulistana da terra do concreto e da garoa. Talvez para a galera da Bahia, Ceará, Rio e Floripa isso não seja tão impactante. Mas enfim, cheguei lá. Pontos para comemorar!!!

E hoje em dia, há bastante incentivadores ao nosso arredor. O número de aplicativos relacionados a atividades físicas é incontável. Tudo ao seu alcance com apenas um clique (ou touch) no seu celular. Eu até recebo mensagem me cobrando, acredita? Vira e mexe tem uns balões na tela dizendo que já fazem uns dias que eu não tenho praticado meu workout. Sem falar o quanto do assunto gira em torno das redes sociais. Já perdi a conta de quantos posts diários aparecem nas minhas timelines. É dieta para lá, modelos de exercícios milagrosos para cá, e tudo o que é possível. O negócio é aproveitar o modismo e usar estas coisas como mais uma ferramenta motivadora. Também é infinita a quantidade de suplementos e vitaminas à disposição para te ajudar a ter um pique adicional. E você também pode encontrar mais razão (ou pressão) para se exercicitar se tiver um companheiro atleta, podendo ser amigo, irmão, marido, esposa, o qualquer pessoa esportista que conviver com você. É o meu caso. Maridão é fã dos esportes e vive me pressionando motivando a fazer exercícios. Vira e mexe eu ouço um "E aí, vamos lá? Está pronta?", assim, logo que acordo, quando ainda nem sei que horas são ou em que dia da semana estou. Uma maravilha!!!! Quem mandou casar com uma pessoa esportista? Agora aguenta!!!

Tudo isso é muito legal. O único problema (sempre tem um rssss), é que como eu já disse acima, alguns fatores acabam influenciando na minha vida e me “obrigando” a parar a rotina saudável, e foi justamente o que aconteceu nos últimos meses. Desde o final de novembro do ano passado estou parada. E aí o retorno é aquele sofrimento, tanto voltar para a dieta como para as atividades físicas são sacrificantes. Nossa, voltar para a musculação é tortura. As duas primeiras semanas são de pura dor em todo o corpo. Se bobear até na unha. Sem falar que tem que começar os pesos do zero. Afe! Aquilo que antes você estava levantando orgulhosamente com cento e poucos quilos volta para trinta. Uma vergonha! E para piorar, você olha aquele pessoal que estava na mesma academia que você e continuou a frequentá-la sem parar. Uma evolução pura! E você lá, na estaca zero outra vez! E correr então??? Também tem que recomeçar bem do início, tendo que recuperar o fôlego novamente, resistência na perna, e vencer quilometro a quilometro com a maior paciência do mundo. E isso é o que eu acho mais desanimador. Exercício é uma coisa que não pode parar. Nunca, nunquinha!!!! Infelizmente não é algo sustentável, do tipo faz um pouco e ficará para sempre. Muito pelo contrário, quanto mais você faz, mais vai ter que fazer. É algo que precisamos e acabamos ficando dependente disso. Muita gente diz que exercício vicia. Nossa, quem dera eu fosse uma dessas pessoas. Eu sou do tipo que vai porque tem que ir mesmo. Claro que fico feliz em ver as minhas conquistas e superações, principalmente na corrida. Mas ainda assim, estou longe de ser atleta. Preguiça faz parte do meu lado (não) esportista de ser, infelizmente. Então não tem jeito. O negócio é enfrentar e correr atrás da vida saudável, literalmente. Principalmente porque conforme os anos vão passando a força da gravidade sobre seu corpo vai aumentando. Eu falo brincando que a cada década de vida que passa, a força da gravidade aumenta mais 10G. Ou seja, quando você nasce a força gravitacional sobre você é de 10G, depois dos 20 vai para 20G, depois dos 30 passa a ser 30G e assim por diante. Ainda acho que os cientistas deviam fazer um estudo sobre isso (kkkkkkk). Independente desta piada absurda (vai saber né), não tem jeito, tudo cai! E a tendência é de cair cada vez mais. Os 30’s já não são mais os mesmos que os 20’s meus amigos, e o problema só aumenta a cada ano (ou mês)!! Acreditem, todo mundo tem que fazer exercícios e balancear a alimentação. Ninguém escapa disso. Então, bola para frente e 2015 que se cuide, porque aí vou eu (novamente)!!!

Ah! Antes que eu me esqueça, eu li nesta semana um texto maravilhoso sobre isso! A colunista do Estadão, Ruth Manus, escreveu espirituosamente sobre o assunto e me fez rir muito. 


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Os eternos inadaptados ao mundo da academia e da boa forma 
Ei, você!

Você que passou cerca de 15 anos da sua vida fugindo das aulas de educação física. Enfermaria, cantina, banheiro, qualquer escapatória era válida.

Você, que quando não conseguia fugir, era sempre o último a ser escolhido para compor as equipes para jogar bola.

Até por isso que a única modalidade na qual você se dava minimamente bem na escola era queimada, porque a única coisa que você precisava fazer era fugir da bola, sua especialidade até os dias de hoje.

Os anos passaram e você se livrou desse inferno. Que alívio.

Ou não.

Agora, se bobear, piorou: agora você paga uma academia, sem que ninguém te obrigue a isso.

E eu sei bem como é ser uma dessas pessoas que se sente mais à vontade num terreiro de candomblé, num centro cirúrgico ou numa mina de sal do que na academia. É realmente um sacrifício.

O pânico já começa na hora de se vestir. Se você é mulher, entrar num legging dá mais medo do que entrar em estacionamento de shopping perto do natal. Quando você enfia os pés dentro dele sua sensação é de que precisava de um número 11 vezes maior e que, se você entrar naquilo nunca mais vai sair, nem com vaselina.

Se você é homem, dry fit é um termo absolutamente desconhecido e sua tendência natural é ir à academia sensualizando de moletom cinza com elástico na barra e camiseta de vereador.

E em ambos os casos: gastar mais do que R$150,00 num tênis te soa como uma verdadeira aberração. (“gente, com 150 reais dá pra comer TANNNTO hamburger”)

Muito bem, se você vencer esta etapa, o que em muitos casos nem chega a acontecer, o negócio começa a ficar sério.

O problema já começa pelo verbo. Você se sente muito ridículo dizendo que vai “treinar”. Cara, eu nem tenho um treino. “Malhar” é pior ainda, fora de cogitação. Sua tendência é dizer que vai “fazer ginástica”, mas não dá, a não ser que você vá até a década de 90 para se exercitar. O jeito é “ir para a academia” mesmo, com o máximo de dignidade possível.

Então você chega naquele local nefasto, denominado academia, faz uma breve oração para que ninguém te dirija a palavra enquanto você estiver lá dentro, respira fundo, pensa em fugir pro boteco da esquina, mas fica firme e entra.

Segue direto para uma esteira- não pode ser tão difícil assim-, sobe e ao apertar “iniciar”, já te bate um semi pânico daquele tranco que a esteira dá quando começa a funcionar.

Mas você sobreviveu, está caminhando, orgulhoso. Então, 5 minutos depois, percebe que está na velocidade 3,6 e a senhora de 95 anos ao seu lado no 6,0. Coloca no 7,5 para não ficar tão feio, mas não sabe se é pra andar rápido, trotar ou correr, por isso começa a fazer movimentos estranhos, um pouco semelhantes aos de um orangotango.

Primata ou não, você conseguiu chegar a 20 minutos. E é claro que esses 20 minutos demoraram 7 horas para passar, enquanto você se perguntava como aquele filho da mãe na esteira ao lado estava há 53 minutos na velocidade 11,5.

Mas é isso aí. Você conseguiu e até já se imagina falando para o mundo, com a maior naturalidade, que já fez sua “corrida” hoje. Praticamente uma São Silvestre.

E lá vai você para a musculação, fingindo não estar tão perdido quanto hare krishna em baile funk, bebendo sua água num squeeze de plástico fosco que ganhou do banco há 13 anos, enquanto vê as pessoas com um tipo de Nescau em copos da Nasa (“whey que fala, né?”)

Senta-se numa máquina vazia qualquer. Mal sabe se aquilo é pra perna, braço, abdômen ou se é um caixa eletrônico. Espeta aquele pino num peso que te parece honesto e sai empurrando a primeira alavanca que vê. Está pesado demais, o negócio nem se movimenta. Vê se não tem ninguém olhando, espeta o pino mais para cima. Tenta de novo. Nada. Coloca o pino no mínimo. Faz 9 repetições e se sente pronto para o octógono do UFC.

Procura halteres. Vai para a frente do espelho (“céus, pareço um imbecil nessa roupa”) e começa a trabalhar bíceps. Ou tríceps. Tanto faz, você não sabe qual é qual. De repente, quase enfarta por causa de um fortão que depois das repetições jogou os pesos no chão e o barulho foi tipo o apocalipse. E nem dá para você se vingar porque pesos de 2kg nem fazem barulho se caírem.

Enfim. Pode ser que você tente fazer uma aula. Zumba, step, jump. A probabilidade de dar certo é de cerca de 1 em 497. Então, aqui vão duas dicas:

1) Fique no fundo. BEM no fundo. Se for possível, atrás de uma pilastra e com aqueles óculos de disfarce que já vem com um bigode.

2) Quando, na coreografia, você achar que é pra ir para a direita, vá para esquerda e quando achar que é para a esquerda, vá para a direita. Costuma funcionar. Mas, cuidado, se tiver uma “voltinha” ou uma viradinha de 360 graus na coreografia, não faça. Vá por mim, experiência própria, quando você voltar ao ponto inicial a música já vai ter mudado ou se bobear aquela aula já acabou e já tá rolando uma sessão de yoga. Sério, não faça isso.

Não é fácil, eu sei. Ainda mais se estiver chovendo. Ou frio. Ou muito calor. Ou uma bela noite de verão. Ou se for dia do índio. Ou se for época de carambola. Qualquer desculpa é desculpa.

Mas é isso aí, vamos tentando, porque depois dos 25 ninguém mais está com a vida ganha.

E chega o dia em que o medo do espelho, da balança e das fotografias é maior do que o medo da academia. E então estaremos salvos. Vai dar tudo certo.

Se cuidem, blogueiras fitness, tô na área.

(MANUS Ruth, Socorro! Eu não nasci para ser fitness!, 04/02/2015)
Para a leitura do texto original, clique aqui
 
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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

- Uma história para contar



Os últimos dias tem sido extremamente difíceis para nós por causa da perda da Jesse. Até hoje parece que tudo não passa de uma história contata pela minha traiçoeira imaginação. Infelizmente, quando entro na realidade vejo que de fato a nossa cachorrinha não está mais presente ao nosso lado.

Com a dificuldade em superar este momento de tristeza, tenho me focado ao máximo nas lembranças boas dela. Tenho pensado na enorme batalha que tivemos nos últimos meses contra a doença e o quanto nós, marido, eu e principalmente a Jesse, lutamos para ficarmos juntos o quanto fosse possível. Dediquei 100% do meu tempo a ela neste período e adiei todos os meus planos. E quer saber? Fico feliz em ter feito isso. Se pudesse faria mais. Cada segundo dedicado a ela foi para mim tempo ganho. Mas infelizmente a hora dela chegou e isso estava fora do nosso alcance. E como um anjo, sei que certamente hoje ela está bem, livre para fazer tudo o que gosta e com muita saúde. E para nós, a única coisa que importa é que ela esteja bem.

Ela foi muito participativa na nossa vida, e mais do que isso, ela esteve presente em momentos extremamente importantes e decisivos para nós. E por mais difícil que seja, é gostoso lembrar do que passamos juntos. Passei os últimos dias organizando fotos, lembrando de um monte de coisas que vivemos lado a lado. E no meio de tantas recordações e lágrimas, até conseguimos dar umas risadas recordando o jeitinho dela lidar com as situações diariamente.

Eu sempre tive mania de "simular" uma voz para a Jesse e criar conversas ficticias por aí (às vezes nem tão fictícias assim rssss). O Mauricio morria de rir com isso. Eu vivia imaginando o que ela falaria em cada ocasião de acordo com as atitudes que ela tinha. Ela sempre foi muito expressiva, então era fácil criar um diálogo no dia a dia. Sei que isso parece coisa de louca, mas quem conheceu a Jesse sabe que isso fazia muito sentido. Eu ainda me pego fazendo isso e comento com o Mauricio: "Se a Jesse estivesse aqui tenho certeza de que ela teria feito isso ou 'dito' tal coisa". Pelo menos na maioria das vezes ele concorda comigo.

Escrevi uma carta a ela e acabei fazendo um vídeo contando um poucquinho da nossa história. A princípio, isso seria algo pessoal e apenas para nós, mas com a quantidade de energias positivas que tenho recebido, resolvi compartilhar um pouco desta história aqui no blog. Afinal, não há melhor maneira de homenagear a Jesse do que mostrando ao mundo algumas das razões (apenas algumas) que fizeram (e fazem) eu e o Mauricio tão apaixonados e loucos por ela. A cartinha ficará somente para ela mesmo, pois aí é bem pessoal e somente ela entenderá tudo o que foi escrito :)

O video não é dos mais curtos, mas fiz com muito carinho para nós, e ainda assim foi difícil selecionar algumas fotos no meio das milhares tiradas nos últimos anos. Espero que vocês o assistam com a grande consideração de sempre. Para nós, isso é muito importante e ficamos felizes em dividir um pouco das nossas memórias.

Mais uma vez, obrigada pelo carinho, nós agradecemos muito pelos pensamentos positivo e mensagens carinhosas. O video segue abaixo. Se preferir acessá-lo diretamente pelo YouTube, clique aqui ou aqui.







quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

- JESSE: Amor incondicional e eterno


Cada vez mais eu percebo o quanto o presente é valioso. Devemos viver cada segundo e aproveitar todos os momentos que a vida nos propõe. O tempo passa, e muito rápido. De repente, quando menos esperamos, o presente vira passado e nos restam apenas as lembranças e a saudade.

Há 14 dias atrás, a minha amada companheira buscou algo maior para ela, enquanto para mim ficaram as memórias. Depois de uma enorme batalha pela vida, a nossa amada Jesse teve que ir para o céu. Às vezes ainda me pego perguntando: "Que loucura, será que isso realmente aconteceu? Não é possível que ela não esteja mais aqui comigo". A dor desta perda é imensurável, não consigo descrever nem de perto o que eu sinto e nem o tamanho do vazio que ficou dentro de mim. Sei que isso é passageiro, e este buraco dentro de mim vai embora, pois a Jesse veio para preencher as nossas vidas, para somar a nossa alegria, multiplicar a nossa felicidade, e transformar o nosso amor em infinito. Qualquer sentimento de solidão passará quando as lembranças se fortalecerem e as memórias se solidificarem. Sei que ela não gostaria de nos ver chorando, mas hoje as lágrimas ainda são inevitáveis. E mais do que isso, sei que tudo o que ela fez (e faz) é para conseguir de nós (marido e eu) um sorriso. Não importa se o sorriso fosse tímido ou uma enorme gargalhada, o importante é que ela sempre conseguiu que nós estivéssemos bem ao lado dela,
com simples atitudes

“(...) Sei que você sempre fez de tudo para sorrirmos e nos proteger, por isso minha princesa, desculpe pela falta de sorriso dos últimos dias, sabemos que não foi esta a razão de você ter vindo para as nossas vidas, mas ainda estamos tentando entender tudo isso... A história que você, Jesse, escreveu na nossa vida é repleta de muito amor e portanto, não permitiremos que todo o caminho de alegria traçado por você seja em vão. Não permitiremos um vazio dentro de nós uma vez que você veio para nos completar e encher as nossas vidas. Deixaremos que a tristeza seja temporária. Estamos certos de que todo o seu carinho e dedicação são mais fortes do que a ausência física. Sabemos que em breve estaremos novamente sorrindo através das lembranças. A saudade é imensa, mas é apenas um sinal de que um grande amor foi construído. Um dia, estaremos juntas novamente (...)”  


A Jesse foi um suporte enorme para mim, principalmente nesta fase de imigração e quando ainda perdi meu outro cachorrinho, o Willy, há 4 anos atrás. Até hoje, não sei se ela me tirava da realidade ou me fazia por os pés no chão, aliás, acho que fazia os dois. O fato é que em todos os meus momentos de desespero, solidão e medo, era ela quem estava lá por mim, dizendo apenas com o olhar: “mamãe, tudo vai ficar bem”. Ela sempre teve um jeitinho especial de fazer muito por mim. Não sei explicar como, mas ela me compreendia. Sempre sabia quando eu estava feliz, triste, entusiasmada, irritada, ou qualquer coisa que fosse. Independentemente do meu comportamento, ela sabia lidar comigo. Quando eu estava super agitada ela corria, pulava, abanava o rabo para todas as direções possíveis. Quando eu estava triste, ela me trazia um ou dois brinquedos até os meus pés, sentava ao meu lado, repousava a cabecinha no meu colo e ficava quietinha apenas me olhando. Quando eu estava irritada, ela me deixava quieta. Quando eu estava com medo, ela ficava ao meu lado e não me deixava sozinha nem por um segundo, literalmente. Sim, esta é a minha Jessezinha, um ser incrível com um enorme coração pronto para qualquer coisa. Por isso digo que é algo que vai muito além da lealdade. Isso é amor, suporte, cumplicidade, compreensão. Com simples atos ela sempre me fez sorrir, e muito. Ela sempre me trouxe paz. Ela era meu refugio, meu sonho e minha realidade. Uma companheira indescritível. O verdadeiro amor incodicional. 

A Jesse fez parte da nossa história de forma muito intensa. Ela chegou na nossa vida em 2009, quando tínhamos apenas um ano de casados. Na verdade, nós a achamos na rua, abandonada. Cuidamos desta peludinha linda, que veio para a nossa família de forma despretensiosa e acabou ficando para sempre. Muita gente fala que ela foi uma cachorra de muita sorte porque a encontramos na rua, lhe demos uma casa e, portanto uma "segunda vida". Mal sabem todas estas pessoas que é justamente o contrário. Sorte tivemos nós que a encontramos por conta do “acaso”. Acaso este que com certeza já estava escrito. Ela tinha que vir para nós pois era destino tê-la conosco. Nós precisávamos dela. Quem teve segunda chance fomos nós. Só nós sabemos o quanto ela somou e nos mudou. Por isso, a minha gratidão por ela ter feito parte da nossa vida será eterna. Ela veio para nós como anjo. Sempre que precisamos ela estava lá. Nos uniu, nos fortaleceu, nos protegeu. Fomos abençoados em achá-la. Quem ganhou nesta história toda fomos marido e eu, com toda doçura, meiguice, companheirismo, lealdade e tudo que só ela pôde fazer por nós. No passado, hoje e sempre. A Jesse é uma somatória sem dimensão na nossa vida. Cada minuto de dedicação foi pouco por tudo o que recebemos dela. Nunca, absolutamente nunca, serei capaz de agradecer o suficiente. 
 
A Jesse sempre conquistou todo mundo em volta. E isso não é clichê. Ela sempre foi meiga e dócil com qualquer pessoa. Eu admiro muito a falta de discriminação dos cães. Não existe raça, cor, sexo, idade, estereótipo, nada. Todos são iguais e todos merecem uma chance. Com a Jesse era assim. Sempre disposta a oferecer um “sorriso” e um carinho a qualquer um. Educada, extremamente obediente, vivia se aproximando das pessoas c
om um olhar irresistível, até mesmo das desconhecidas. Admito que já passei vergonha por causa disso, afinal, nem todos gostam de cachorros. Mas ela não contava com isso, e qualquer pessoa que passasse por ela tinha que conversar e lhe dar atenção. No fim, ela conseguia tirar sorriso de todos, até mesmo dos mais ranzinzas. Todos no bairro a conheciam, lá no Brasil e aqui no Canadá. As pessoas sabiam quem era a Jesse. Não sabiam meu nome e nem o do Mauricio, mas todos a chamavam pelo nome.

A Jesse tinha uma mania que encantava a todos. Ela passeava com a guia na boca, como se ela mesma se levasse para passear. Admito que isso era algo que ela fazia de forma completamente intencional. Enquanto carregava a coleira, ela fechava os olhinhos com aspecto de olhos puxados fazendo uma carinha meiga tipo “chinês”. E isso chamava a atenção de qualquer um, e claro, ela ganhava carinho como recompensa desta atitude. As pessoas suspiravam quando a viam fazendo isso soltando um “ahhhhhh, que linda” ou “ahhhhhh, she is so cute”. Esperta, ela sabia que todos adoravam isso e era uma ótima maneira de ganhar a atenção. E ela não fazia isso a toa não, era apenas quando tinha o interesse de atrair as pessoas em volta. Bastava alguém a ignorar que ela pegava a guia da minha mão para fazer um “showzinho” que sempre funcionava, resultado, ganhava bastante afago. Este jeito afetuoso dela era reconhecido e infalível.

Para mim e para o Mauricio, ela fazia o mesmo mas de forma mais especial. Quando ela queria a nossa atenção, o que significa o tempo todo, ela apertava os olhos fazendo a tal expressão de “chinesinha” e fazia um som como se fosse um choro, mais parecido com o Chewbacca (do filme Star Wars). Nós até a chamávamos de “Chew”. Enquanto isso, ela nos trazia algum sapato. Era a coisa mais linda!!! Por causa disso, vivíamos procurando nossos sapatos pela casa. Toda a manhã era a mesma coisa: “Jesse, onde você colocou o outro pé da minha sandália?” ou “Cadê meu chinelo, filha?”. No fundo, eu amava aquilo. Sempre achei graça nestas coisinhas dela. Eram atitudes particulares dela sabe?

Ela também era preguiçosa. Às vezes tínhamos que arrastá-la para passear. Eu costumava dizer que a Jesse fazia duas festas na hora do passeio, uma para ir para a rua e outra quando voltava para casa. Aliás, acho que a hora de entrar em casa era até mais legal para ela. E deitar na grama então??? Nossa, se eu quisesse deixar a Jesse feliz, bastava levá-la em algum lugar gramado e deixa-la lá, deitada. Se ela pudesse, passaria o dia todo estendida em um tapete verdinho de grama. Muitas vezes eu estudei em parques só para ficar com ela sob a sombra de uma árvore aproveitando o gramado à disposição. Ela relaxava, deitava de ponta cabeça e passava horas roncando... E eu ficava orgulhosa de proporcionar isso a ela. No fim, era a felicidade das duas.

Sempre companheira, não saia do nosso lado. Se pudéssemos, levaríamos a Jesse para todos os lugares com a gente. Perdi a conta das vezes que deixamos de sair só para ficar em casa com ela. Para nós, isso era o ápice do dia. Ficar em casa, assistindo um filme, só nós três juntinhos. Uma delícia. Sem falar dos passeios que encurtamos para voltar mais cedo para vê-la. Marido e eu curtíamos isso. Sempre tivemos orgulho e alegria da nossa dedicação a ela.


Um amigo nos disse algo que trouxe um pouco de conforto. Segundo ele, os cachorros tem uma vida mais curta do que a nossa, e nesse pouco tempo, eles vem para nos dar amor e carinho e reciprocamente. E é disso que se trata esta relação homem/cachorro. E que no final, a dor da perda é um fardo que tempos que carregar por todo este tempo de amor incondicional dado por eles. Por isso, que todo este sofrimento é justificavél.

Agora, para nós fica a saudade, assim como escrevi para ela:

“(...) Um dia, estaremos todos juntos novamente. Até lá, manteremos as memórias vivas e as lembranças em nossos pensamentos todos os dias. Os sonhos nos aproximarão todas as noites. E mesmo que pareça que estamos distantes, sei que estamos juntinhas, lado a lado. Sinto a sua presença, a sua energia e proteção comigo. E assim Jessezinha, o tempo tratará de nos unir novamente para criarmos mais momentos inesquecíveis e continuarmos contruindo a nossa história. Enquanto isso, fique bem, aproveite toda a sua energia para correr, deitar na grama, ficar de ponta cabeça, fazer festinhas depois de todos os 'treats', curtir ossos, 'greenies', sonhar, brincar e tudo o mais que desejar. Você merece somente as coisas boas, amor, carinho e tudo do melhor. (...)” 

É com muita dificuldade que compartilho aqui no Blog esta passagem da nossa vida. É a primeira vez que falo sobre isso. Até agora, eu não conseguia nem começar a falar sobre esta perda sem cair num choro intendo. 

Hoje, o Mauricio e eu estamos tentando lidar com tudo isso. Temos nos focados ao máximo nas lembranças maravilhosas do que vivemos juntos. Pois sabemos que é disso que se trata o amor que ela nos deu. Momentos de felicidade, apoio, sorrisos, alegrias, companheirismo e muito amor.