domingo, 4 de agosto de 2013

- Curso de inglês para imigrante Canadá (ELSA)





O assunto deste post é sobre o curso de inglês que comecei a fazer. Lembrando que sou imigrante (residente permanente) e a minha experiência é válida para pessoas na mesma situação. Caso não seja o seu caso, também vale a leitura pois fala de uma maneira geral sobre aulas e a minha vivência, ou melhor falando, a minha sobrevivência como "analfabeta".

Para começar (para quem não sabe), não falo absolutamente nada de inglês. Por isso, diferentemente da maioria dos brasileiros imigrantes que chegam por aqui e já começam a procurar emprego, estou alguns passos atrás, na verdade muitos. Então, ao invés de ficar esperando aprender o idioma por osmose, através de simpatia ou vodu, resolvi enfrentar o problema de frente e ir logo fazer um curso. Mesmo porque, eu não tinha outra opção.

Uma coisa muito boa é que o Governo oferece um curso gratuito para os imigrantes adultos, chamado ELSA (English Language Services for Adults). Para participar deste programa, é preciso fazer uma inscrição preenchendo um formulário num dos postos autorizados na sua região. (ver em "How can I apply for ELSA?no site www.elsanet.org).


Após ter "aplicado" para o curso, o interessado deve aguardar a chegada de uma carta com o agendamento de um teste que é feito para avaliar o nível do aluno, ou seja, a prova não é eliminatória e sim classificatória. No meu caso, esperei por três semanas após a inscrição. A partir daí, é avaliado o nível do inglês e são indicadas quais as escolas que estão disponíveis na cidade em que o estudante reside de acordo com o nível definido. O aluno escolhe uma destas unidades e se houver vaga a pessoa pode começar imediatamente, caso contrário, fica em uma lista de espera aguardando ser chamado.

É tudo muito bem estruturado. Para começar, se o imigrante tiver filho pequeno e não tiver com quem deixá-lo, o governo disponibiliza um serviço de Day Care (tipo uma creche). Se a criança já tiver idade para freqüentar a escola, vai diretamente para os estudos. O curso pode ser "part time" (3,5h/dia, 4 X semana), "full time" (5,5h/dia, 4 X semana), "evening" (3h/noite, 3 X semana). O teste para classificar o nível é bem típico, com avaliação de questões de múltipla escolha, interpretação de texto, redação e entrevista com um técnico (comigo foi uma senhora suuuuper legal e educadíssima).

No meu caso, para a minha surpresa fui avaliada no nível 4. No mínimo a examinadora deveria ter tomados "umas" antes de conversar comigo! Fiz o teste certa de que o resultado seria p patamar mais baixo possível. No total, o ELSA trabalha baseado em 7 níveis que são considerados suficientes para o inglês básico nas 4 habilidades do idioma (listening, writing, speaking, reading). Caso queira se aperfeiçoar, pode depois fazer um curso acadêmico.





Mesmo achando que o resultado tenha sido incoerente,  fiz a minha inscrição em uma escola próxima de casa. Como tive que ficar em uma lista de espera com 19 pessoas a minha frente, optei em estudar numa unidade mais afastada do que a minha primeira escolha. Eu não queria de jeito nenhum protelar a saga do idioma. Enfim, comecei o meu curso.

No início estranhei um pouco o método já que iniciei as aulas no meio de uma semana (quarta-feira) e fui para uma turma que já estava em andamento. Neste sentido achei tudo bem confuso, mas depois entendi melhor como as coisas funcionam. No primeiro dia fiquei completamente perdida. Sentei entre uma iraniana e um chinesa e, para piorar, neste dia nem era o professor oficial que estava dando aula, e sim um substituto.

Tenho que admitir que foi tudo muito estranho. Antes de mais nada não me lembrava mais como era ser estudante e no primeiro dia não levei nada de material escolar, apenas peguei uma caneta em casa e algumas folhas de papel sulfite. A sensação foi meio louca. De repente me vi entre estranhos, falando outra língua e em um lugar completamente desconhecido. Simplesmente não entendia nada do que estava acontecendo ao meu redor. Quase entrei em pânico, mas antes que isso acontecesse, respirei fundo, lembrei de tudo o que já passei para chegar até aqui, recordei que sobrevivi a reuniões difíceis com pessoas importantes no meu antigo trabalho, lembrei que não sou mais criança e não adiantava ligar para minha mãe e pedir socorro (afinal, ela estava longe rsss). Na falta de alternativa, coloquei um sorriso no rosto e pensei comigo mesmo: "relaxa, você já fez coisas bem mais difíceis... E se os chineses sobrevivem a isso tudo, você certamente conseguirá (kkkk)". Além disso, nunca deixei minha insegurança ser maior do que a minha vontade, então,  resolvi abraçar a oportunidade, tirar proveito da situação e dar risada das bobagens que eu mesma falava. Eu já estava arriscando tudo mesmo, o que seria mais isso? 


A única coisa que me diferenciava da maioria dos outros alunos é que não tinha nenhum colega da mesma nacionalidade que a minha no curso, nem mesmo um latino qualquer.... Como eu, apenas uma russa que também estava perdida entre os asiáticos. O resto era ou chinês, ou coreano, ou iraniano e acabavam ficando em grupinhos separados de acordo com o país de origem.. Uma coisa engraçada é que quando se ouve coreano falar inglês, parece que ele ainda está falando coreano. Sério, não dá para entender absolutamente nada, é como se ainda falassem no próprio idioma (??) 


Para resumir, me senti ridícula pela falta de conhecimento no inglês. E não é nada fácil aprender regras gramaticais quando nem vocabulário se tem. É como ter aula de gramática no colegial mas com o conhecimento de palavras do jardim de infância. É difícil discutir regras, tempo verbal, objeto, sujeito, etc, etc, etc quando não se tem idéia do que significam as palavras no quadro negro. O Mauricio diz que não leio revista, mas que eu leio as figuras!! (Kkkkk) Todos os dias me pergunto porque fiz ballet na adolescência ao invés de um curso de inglês!!

Para concluir, depois fui entender o método do curso e de fato faz sentido. Todos os dias imigrantes tentam se inscrever no ELSA, e se estas pessoas fossem esperar abrir novas turmas, o negócio não iria evoluir nunca, por isso, não há inicio e nem fim das turmas de cada nível. O aluno simplesmente entra num curso que fica em andamento "eternamente". É uma coisa mais ou menos cíclica e o professor não se foca muito em uma única lição, assim, todos aprendem um pouco todos os dias, independente de quando tenha iniciado as aulas e qual conhecimento que tenha. A dificuldade é que a falta de foco em determinado assunto não facilita o aprendizado, mas aí vai depender da dedicação do aluno.  Outra coisa positiva é que o estudante pode mudar de nível a qualquer momento, desde que tenha condições para isso (é feito uma prova para avaliar).


O que eu gostei bastante, é que além do inglês também são ensinadas algumas coisas sobre o país, principalmente a respeito da cultura para ajudar o imigrante a se integrar melhor ao local e evitar o excesso de "foras".

O professor tem sido bem legal e também é imigrante, ou seja, já passou pelo o que os novatos passam. Assim, vive contando histórias e "causos" da própria vida como exemplos.

Enfim, tenho ido às aulas de manhã e no período da tarde tenho trabalhado para o Brasil ainda finalizando alguns projetos que estão em andamento. Espero poder me dedicar mais aos estudos assim que concluir estes trabalhos brasileiros. Até lá, vou levando do jeito que dá, engasgando, gaguejando, rindo muito e fazendo cara de paisagem!!

Detalhe importante: Este curso é apenas para imigrantes e não para pessoas interessadas em intercâmbio e similares. Não é algo temporário que dura apenas alguns meses. Tudo o que é feito está vinculado ao governo e está diretamente relacionado ao processo de imigração.


NOTA: Depois de ter escrito este post, já precisei acrescentar algumas notas em relação ao curso mencionado acima. Acompanhe a atualização no post "PS: Mais info sobre Curso de inglês para imigrante Canadá (ELSA)"

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12 comentários:

  1. Força Pri! Aguenta ai que o pior já passou, agora é estudar pra valer e fazer o inglês entrar na cabeça.
    Estando ai fica muito mais fácil e rápido aprender inglês do que se você estivesse no Brasil. Não tenha medo de cometer erros gramaticais ou ter que apelar para a mímica, o importante é estar integrada no mundo ao seu redor que fala inglês. Você tem que se forçar a falar inglês, dê a cara no mundo.
    A primeira vez que marido e eu fomos para Toronto fazer intercambio eu não tinha muita confiança no meu inglês e sempre ficava atrás do marido com medo que eu não fosse entender nada e ele acabava sendo o meu "porta-voz" e morria de medo quando as pessoas vinham falar comigo quando estava sozinha. Sair sozinha então nem pensar!
    Já no nosso segundo intercambio para Vancouver eu perdi um pouco do medo e eu me tornei o porta-voz da relação...rs... eu falei para o marido: deixa que agora eu falo! No começo foi aos trancos e barrancos mais foi. Teve uma vez que estava falando ao telefone com um amigo nosso que é canadense para marcar de nos encontrarmos e eu tive que prestar muita atenção no que ele estava falando porque vai que fossemos para o lugar errado, no dia errado e na hora errada. E ainda tive que anotar o endereço, imagina... que medo de entender alguma coisa errada. Mas acabou dando tudo certo!
    Dessa vez já saia sozinha, ia fazer compras sozinha ou saia com as amigas do curso... foi bem mais tranquilo.
    Teve uma vez que estava sozinha numa loja e meu irmão tinha pedido para comprar um chinelo e eu não sabia como falar em inglês... fiquei tentando explicar para o vendedor até que ele me trouxe 2 modelos, um que era o chinelo de dedo que meu irmão queria e o outro era tipo um "raider", ai descobri que se chama flip flop...
    Nossa, tenho muitas histórias para contar sobre os foras que eu já dei em inglês... quando eles aconteceram era vergonhoso, hoje dou risada quando lembro... mas o mais importante de tudo é que hoje eu lembro desses "vocabulários" aprendidos na marra e com certeza nunca mais vou esquecer...
    Quando estava estudando para o IELTS achei esse site canadense que tem vários vídeos super bacanas e descontraídos para todos os níveis de inglês, vale a pena dar uma olhada, você vai gostar! A professora mais engraçada eu acho que é a Ronnie. O site é www.engvid.com
    Beijos e bom estudo!

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    1. Olá Get Away

      Nossa, é muito bom saber que estas experiências não são exclusividades minha! E adorei a dica do site. Já entrei e comecei a dar uma olhada nos vídeos. Realmente são bem legais e vão ajudar! Um suuuuuper obrigada pela força e conselho.

      Assim que tiver mais novidades do seu processo, me avisa
      (apesar de eu estar acompanhando a sua história)

      beijos
      Pri

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  2. Interessante ler sobre a sua experiência Priscila. Em primeiro lugar, tenha certeza de que você é uma corajosa! Eu não teria coragem de me mudar para um lugar cuja a língua eu não conheça. Por outro lado, você foi enviada para o nível 4 e nada disso que a senhorinha não sabia o que estava fazendo, se ela te mandou pra lá é porque você é capaz.

    Eu tenho certeza de que quem quer, faz: se você está determinada a dominar a língua e se esforçar pra isso, rapidinho você vai estar falando pelos cotovelos.

    Eu só fiquei com uma dúvida: será que esse curso de inglês para imigrante serve para todos os imigrantes, inclusive para aqueles selecionados pelo Québec? Digo, será que só de ter o visto de residente permanente já é possível se inscrever? Aqui em Québec rola o curso de francês do governo, mas não sei se tem um de inglês... Vou pesquisar para ver se rola. Se sim, talvez eu passe o próximo verão fazendo imersão em inglês em outra província canadense!

    Beijos,
    Lidia.

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    1. Olá Lidia,

      Quanto ao meu nível, juro que é terrível. Talvez o pessoal do nível 1 seja até pior, coitados! Provavelmente sejam os asiáticos que tem que aprender a escrever no nosso alfabeto antes de mais nada. Neste sentido, ponto para nós!

      Quanto ao ELSA, pelo o que eu saiba é um programa para imigrantes como nós (PR) e está disponível no país inteiro. Não sei informar se tem o mesmo nome ou se muda de acordo com a região. Além disso, não sei se é apenas no primeiro idioma, no seu caso o frances. Neste momento estou de férias, mas assim que eu voltar as aulas vou procurar a me informar melhor e te mando notícias.

      Beijos

      Pri

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Boa tarde Priscila!

    Tenho lido seus posts com frequência, sei que é arquiteta, mas também seria uma ótima comunicadora...
    Também estamos em processo de mudança para Vancouver, meu marido cursará na BCIT por 02 anos, nosso filho fará o 2° grau e eu irei com visto de trabalho, mas também sou muuuuuito ruim no danado do inglês, não sei se em nossa condição terei direito a este curso, mas se não tiver, vou ter que pagar mesmo, sem curso de inglês será impossível... Não podemos ainda nos apresentar porque embora as coisas estejam bem adiantadas e a nossa consultora canadense tenha dado certeza do nosso visto, ainda estamos aguardando o consulado. Por essa razão não queremos correr o risco que pessoas conhecidas e clientes saibam da nossa mudança pelo blog, portanto estamos sendo cautelosos e somente vamos avisar a todos, após termos certeza absoluta.
    Obrigada pelas dicas que tem dado até aqui, estão sendo muito proveitosas, cada detalhe pra nós está sendo importante... Obrigada mesmo!!!
    Sei que também vou passar por isso, mas por enquanto posso te dizer... não desanime, se Deus quiser ainda vamos nos conhecer pessoalmente e aí então vc me dará forças, quem sabe??? Bjão

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    1. Oi família anônima

      Primeiramente pode ficar tranquila com o "anonimato", pois sei bem como é isso. Já passei por esta situação e só comecei a falar da mudança muito próximo a nossa vinda. Por isso nosso blog não fala muito do processo de imigração e sim da nossa vida aqui.

      Quanto as dificuldades do idioma, uma coisa eu posso te garantir, os canadenses são as pessoas mais educados do mundo e super pacientes. Isso é o que mais ajuda e dá confiança para arriscarmos umas palavrinhas por aí. Pode ficar tranquila que é bem possível se virar mesmo não falando inglês. Palavras de uma "expert" no assunto! (rsss)

      Vou torcer para que dê tudo certo para vocês e possamos nos conhecer. Se tiver alguma dúvida que eu possa esclarecer, fique a vontade para perguntar! No momento em que está, acompanhar os loucos que já estão por aqui ajuda muito.

      Boa sorte à família

      Um grande abraço

      Priscila

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    2. Agradecemos imensamente sua atenção Priscila!
      Todas as suas dicas tem sido preciosas...
      Obrigada por compartilharem suas experiências.

      Tenham uma semana abençoada!

      Abs,

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  5. Olá PRI, sabe me informar com qual idade uma criança ou bebê pode entar no daycare do curso de inglês? Se souber me responder te agradeço. Obrigada.

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    1. Olá Fernanda,
      Desculpa a demora em lhe responder.
      Infeizmente não sei a resposta exata. Mas lembro-me de ver crianças beeeeem pequenas. Recomendo você dar uma pesquisada no seguinte link: http://www.elsanet.org/

      Um abraço
      Priscila

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  6. Boa tarde Priscila. Meu nome é Rafael Gonçalves, tenho 32 anos, casado, me formei em Arquitetura no ano de 2009 aqui no Rio de Janeiro e estou em busca de uma oportunidade de emprego no Canadá. Estava pensando em alguma empresa de brasileiros pois estou cursando apenas o 2º livro de inglês do curso Brasas, portanto não domino a língua. Você consegue verificar a possibilidade de me oferecer esta oportunidade de trabalho?

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    1. Olá Rafael
      Infelizmente eu não tenho a minha própria empresa aqui. Hoje trabalho em um escritório de arquitetura como empregada. Então não posso te oferecer nenhuma oportunidade. De qualquer maneira, não desanime. Se você tiver toda a documentação correta para morar e trabalhar aqui, sugiro enviar currículos para empresas der arquitetura local e procurar uma vaga pelo processo tradicional. Espero que você consiga aquilo que está procurando.
      Boa sorte
      Priscila

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