sábado, 26 de janeiro de 2013

- A despedida: um cá e um lá




Dizem que é bom sentir saudade. E é neste momento que faço aquela famosa pergunta "hã?".


Bom? Onde? Quando? Por quê? Como? Não tenho o menor espírito de masoquista, então para mim, este negócio de saudade não é nada bom, além disso, odeio despedidas. E no dia 09/01/2013 foi exatamente o que aconteceu, tive que dar tchau ao maridão para voltar ao Brasil e ajeitar as coisas que ficaram para trás. A despedida não foi nem um pouco fácil, pelo contrário, foi extremamente difícil. Voltei sozinha e ele ficou em Vancouver com os cachorros para dar início à nossa vidinha canadense. Serão três meses longe.


Várias vezes já ouvi as pessoas em volta dizerem: "a vida é simples, nós é que criamos os nossos próprios problemas". Não concordo em 100% com esta frase, mas tenho que admitir, muitas das situações que vivemos somos nós mesmos que geramos.


Confesso que agora estamos passando algo que inventamos para nós mesmos. De forma planejada, o Mauricio está em um hemisfério do planeta e eu em outro, com mais de 11.000km de distância. E isso definitivamente não é algo fácil de administrar. Tudo bem, eu sei que fomos nós que pensamos em fazer as coisas do jeito que estão caminhando. Mas foi algo completamente racional, deixando de lado o emocional. E acredite, foi a primeira vez que colocamos a razão em posição mais forte. Quando se trata de "nós como casal", somos completamente impulsivos, mas nesta questão de imigração forçamos a barra para fazer as coisas de forma pensada. Então isso é uma novidade no nosso relacionamento. São mais de 12 anos juntos, literalmente juntos. Quem nos conhece sabe, somos sombra um do outro.


Quando inventamos esta história de Canadá, sabíamos o que queríamos para o futuro e ficamos focados no início de tudo, ou seja, no processo de imigração. Não calculamos direito o "time" que as coisas aconteceriam, e por isso, não tínhamos idéia de que o futuro seria tão próximo e tivemos que antecipar muuuuuito além do que imaginávamos a nossa ida para lá. Mas também não tivemos nenhuma crise existencial em relação à isso, afinal, nós dois pensamos muito igual neste sentido e estamos abertos para a vida, para o que der e vier.


Isso nós não encaramos como problema, afinal, é algo que nós dois queremos. O que complicou foi realmente o tempo e a situação de quando tudo teve que acontecer. Sabe aquela história de estar no lugar certo na hora certa? É isso o que dá medo. Já sabemos que é o lugar certo, e agora temos que batalhar para fazer que o tempo também seja. Ficarmos separados durante um pequeno período é um problema que temos que encarar. A questão não é exatamente a distância, mas sim, o que cada um terá que passar um longe do outro.


Nestas horas eu queria muito que a vida fosse mais fácil, mais próxima da nossa ideologia, mais afinada com os nossos desejos, iguais aos textos que lemos por aí. Com o tempo, aprendi que em toda a situação, sempre existe o lado positivo e o lado negativo. Cabe a nós escolhermos qual iremos olhar. Por isso, espero que estes meses nos fortaleçam, nos aproximem, nos direcionem para os nossos sonhos. Que este tempo sirva para aumentar a nossa ansiedade pela vida e mostrar a certeza de nossas escolhas.


Que cada minuto do nosso passado tenha valido a pena, que cada hora do presente nos ensine algo e que os momentos futuros sejam bem vividos.


Mau, esta fase será só mais um desafio para nossa história. Vamos lembrar todos os dias que estamos buscando algo que só nós sabemos o que é. Ninguém disse que a vida seria fácil, apenas que ela vale a pena! É por isso que estamos correndo atrás do que acreditamos. Te amo!



E um abaixo um texto para refletir.



INSTANTES,

Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo

(autor real desconhecido, texto atrubuido a Jorge Luis Borges ou Nadine Stair)




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