domingo, 31 de agosto de 2014

- Transporte em Vancouver



Neste post, resolvi dar uma resumida de como funciona o deslocamento das pessoas aqui neste lado do Canadá através do sistema público de transporte, e que seja dito, aqui em Vancouver está longe de ser exemplo no mundo. É bem melhor que o do Brasil, mas ainda assim acho que falta muito para estar de acordo com o que a região precisa, paga e merece. E apesar de não ser perfeito, é literalmente usado por todos. Independente de posição econômica, as pessoas andam pra lá e pra cá de ônibus, trem, metrô, etc. Não é uma questão de poder aquisitivo, é uma questão de praticidade. 

Este assunto deveria ser escrito pelo Mauricio, pois é ele quem usa este tipo de transporte diariamente, mas como ele não gosta muito de escrever, vou me arriscar.

Eu mesma uso carro todos os dias e raramente acesso o transporte público, diferentemente do costume da maioria. Nada contra, mas por algumas razões específicas, para mim é complicado abrir mão do quatro rodas. Primeiro, porque os intervalos entre os meus compromissos são bem curtos e o deslocamento através do transporte público é bem mais demorado, portanto, inviável para a execução de todas as minhas atividades diárias. Segundo, porque o horário do meu trabalho é variável, o que não facilita em nada seguir a escala fixa dos ônibus e trens. Além disso, um ponto negativo é que a disponibilidade do sistema público entre às 23h e 5h é bem restrito. Durante a madrugada é quase inexistente. Como alguns dias eu começo o meu trabalho às 5h e outros eu termino às 22h, é praticamente impossível fazer o translado trabalho/casa usando este tipo de transporte, a não ser que eu me proponha a gastar 3 horas para isso. Vida de peão!!! (rsssss) Terceiro, como não moramos em Vancouver Downtown, e sim em uma cidade vizinha, a rede de transporte disponível ao meu redor é bem menor. Claro que morar no subúrbio tem grandes vantagens e eu simplesmente adoro. Mas um ponto negativo é a dependência maior do carro. Por aqui, morar perto do trabalho é quase premissa. As pessoas se esforçam ao máximo para evitar os grandes deslocamentos. Nós é que estamos remando contra a maré. (rsssss) 

Para deixar bem claro, se fosse extremamente necessário e única opção usar o transporte coletivo, eu usaria. Mas certamente, teria que re-planejar a minha vida de acordo com as possibilidades de locomoção. Naturalmente, hoje a minha agenda está organizada considerando a facilidade do carro, que me permite cumprir horários malucos.


A rede pública de transporte neste canto do Canadá cobre a região de Metro Vancouver, ou seja, a região metropolitana que inclui Vancouver propriamente dita e cidades vizinhas, totalizando 24 distritos. Esta área também é conhecida como “Greater Vancouver Regional District” (GVRD). Nesta região, a principal empresa responsável pelo transporte público é a Translink, que oferece várias alternativas à população local. E apesar do sistema oferecer boas instalações e funcionar muito bem, eu o considero deficiente quanto ao número e extensão de linhas disponíveis e horários de operação, sobretudo do metrô. Para se ter uma ideia, a linha deste transporte não chega na cidade em que eu moro, por isso, quando preciso usá-lo tenho que fazer aquelas baldeações doidas entre ônibus e metrô que fazem a viagem de 30 minutos de carro aumentar para 1:20h de transporte público, quase três vezes mais!!!

Hoje há um plano de expansão do sistema e no ano que vem o metrô alcançará outras cidades, incluindo a minha!!!! Salve salve! Até lá, vou me mexendo de carro mesmo!

ZONES

Antes de eu expor os tipos de transportes a disposição, é necessário explicar como o sistema funciona. A região coberta pela rede da Translink (Metro Vancouver) é dividido em áreas, chamadas “zones”. Estas "zones" são uma das variáveis que define o valor do ticket. O preço da passagem é calculado de acordo com o tipo de transporte escolhido e o número de “zones” atravessadas entre origem e destino. Portanto, na hora de comprar algum ticket, o passageiro já tem que saber quantas “zones” irá cruzar durante a viagem. Para se ter uma noção de como isso funciona, o mapa da região dividida nestas áreas segue abaixo:


Esta mapa pode ser visto com mais informações clicando aqui.


TIPOS DE TICKETS

O sistema público oferecido disponibiliza basicamente 5 tipos de transportes, podendo ser o tradicional ônibus, o metrô, o Seabus (balsa para pessoas), o trem e o HandyDart (deficientes físicos). Na hora de escolher qual destes é a melhor opção, o passageiro precisa avaliar qual será o melhor custo benefício, ou seja, entender qual oferecerá a melhor alternativa quanto ao valor, conforto, tempo, distância e disponibilidade.

No começo é meio complicado saber qual destes se encaixará melhor nas necessidades de cada um, mas depois de um tempo se acostuma.

Em relação ao preço, como já explicado, vai haver uma variação de acordo com o número de “zones” a ser atravessado. Os tickets podem ser comprados conforme com a necessidade do passageiro, que poderá economizar razoavelmente caso tenha uma rotina bem estabelecida e possa planejar com antecedência as viagens. São várias as opções de ticket a disposição, podendo ser:

>> Single fare: uma única viagem com validade de 90 minutos, independente do número       
de baldeação (não inclui o trem).

>> FareSaver Ticket: pacote de 10 “single fare” (não inclui o trem).

>> DayPass: ticket válido para o dia todo, mas com expiração na mesma data da compra, ou seja, não é 24 horas (não inclui o trem).

>> MonthlyPass: ticket para o mês todo (não inclui o trem).

>> Student Passes: ticket para estudantes são mais baratos e só valem para high school, college e University, ou seja, não se aplica para estudantes de qualquer outro curso (não inclui o trem).

>> Concession fares: tickets com descontos para crianças entre 5 e 13 anos, estudantes entre 14 e 19 anos, e pessoas acima de 65 anos. Crianças menores de 5 anos não pagam nada. O desconto é em torno de 30% (não inclui o trem).

>> WCE fare: ticket para o trem, os valores aplicados são diferentes, no entanto, os tipos de tickets seguem os mesmos conceitos descritos acima. Neste caso, o passe do trem vale para todos os outros transportes.

Para se ter uma idéia de valor, vou apresentar os preços dos tickets do “single fare” e do “monthly fare” para cada um dos transportes que fazem parte do sistema público.

BUSES 
(ônibus)

A Translink disponibiliza 3 tipos de ônibus: BUS, TROLLEY e COMMUNITY SHUTTLES. Para o passageiro é indiferente qual deles pegar e o preço é o mesmo. A diferença entre eles é o tamanho, capacidade de passageiro e vias de circulação.

Os "TROLLEYs" são aqueles ônibus enormes (compostos por dois ou três veículos conectados) que se deslocam em grandes avenidas ligados a cabos aéreos de energia elétrica. Os “BUSES” são os ônibus comuns e em geral circulam por vias movimentadas e avenidas. O “COMMUNITY SHUTTLE” é um ônibus pequeno que é usado para circular em bairros e ruas menores.

Os ticket dos “Buses” também podem ser usados no metrô e no Seabus, tipo bilhete único. O valor do “single fare” é $2.75 (1 zone), $4.00 (2 zones), $5.50 (3 zones). O “monthly fare” sairia $91.00 (1 zone), $124.00 (2 zones), $170.00 (3 zones).

SKYTRAIN 
(metrô)

O SkyTrain é o metrô daqui de Metro Vancouver. Diferentemente dos tradicionais metrôs das grandes metrópoles, o SkyTrain não é subterrâneo, muito pelo contrário, possui suas redes ao ar livre em um exclusivo sistema elevado. As estações são grandes construções e sempre cobertas, ou seja, em dias de neve ninguém ficará branquinho e congelado.

Os preços são iguais aos dos “buses”, uma vez que os tickets são os mesmos. Sendo assim, o valor do “single fare” é $2.75 (1 zone), $4.00 (2 zones), $5.50 (3 zones). O “monthly fare” sairia $91.00 (1 zone), $124.00 (2 zones), $170.00 (3 zones).


SEABUS 
(ônibus aquático)

Este é o único de todos os transportes públicos que é desconhecido para os brasileiros, aliás, para muita gente mundo a fora. O Seabus é na verdade um tipo de “ferry boat” para pessoas. É a linha que conecta Vancouver à North Vancouver.  Estas duas regiões são separadas pelo Coal Harbor, que é uma parte do Burrard Inlet, ou seja, uma entrada de água (fjord) que divide as duas áreas, apesar de fazerem parte do continente... Geografia à parte, o que importa é que o Seabus é um tipo de ônibus aquático bastante usado por aqui, sobretudo como alternativa à pessoas que não querem enfrentar os congestionamentos das pontes nos horários de pico.

O ticket é o mesmo que o do SkyTrain e dos “buses”, portanto, o preço do “single fare” é $2.75 (1 zone), $4.00 (2 zones), $5.50 (3 zones). O “monthly fare” sairia $91.00 (1 zone), $124.00 (2 zones), $170.00 (3 zones).

WEST COAST EXPRESS 
(trem)

Chamado de WCE (West Coast Express) é o melhor de todos os transportes. É super confortável, mas também o mais caro. Apesar do alto preço, quando se adquiri o ticket (fare) do WCE, o usuário tem o direito de usar todos os outros transportes públicos. Apesar de ser o melhor e mais rápido, só vale a pena para longas distâncias, portanto para quem mora na região de Metro Vancouver, mas fora da cidade de Vancouver. Além disso, é bom para quem tem rotina fixa e/ou bem planejada, pois as saídas são apenas nos horários de pico. São 5 saídas no período da manhã e 5 no final da tarde.  Existem apenas 8 estações de trem na região: Waterfront (Vancouver Downtown), Port Moody, Coquitlam Central (perto da minha casa), Port Coquitlam, Pitt Meadows, Maple Meadows, Port Haney e Mission City.

Para quem tem o privilégio de usar o trem, caso do marido, faz o percurso com muito conforto. Os vagões possuem dois andares e há restaurantes e outros serviços a disposição, ou seja, muito melhor que o carro!

No caso do WCE, os preços não estão relacionados às "zones", mas sim, de acordo com o as estações a serem atravessadas. Neste caso, teria que acessar a tabela para ver as estações a serem percorridas. Mas como base, o preço do “single fare” pode ser $7.25 ou $9.00 ou $12.25. O “monthly fare” para os mesmos percursos sairia $201.00 ou $244.00 ou $335.75. Para maiores detalhes, os preços podem ser vistos em detalhe aqui.


HANDY DART 
(van serviços especiais)

Todos os transportes da Translink são preparados para assistir às pessoas com alguma necessidade especial. Apesar disso, a empresa ainda oferece um serviço exclusivo "door-to-door" como facilitador à aqueles que precisam de um apoio mais personalizado, chamado HandyDart.  Este é na verdade um ônibus completamente equipado para auxiliar as pessoas que precisam de alguma ajudinha extra para se deslocar pela cidade.

O HandyDart é compartilhado por mais de um usuário e oferece o serviço de locomoção entre origem e destino. Para usar este transporte, o interessado tem que agendar o percurso, podendo ser pré-agendado com alguns dias de antecedência ou no mesmo dia. Também pode ser programado para escalas fixas para pessoas que tem uma rotina bem definida e planejada. Mais detalhes são achados clicando aqui.

Assim como o SkyTrain, os preços são cobrados por "zones", sendo o “single fare $2.75 (1 e 2 zonas), $4.00 (3 zonas) e $5.50 (4 zonas).

BIKE
(bicicletas)

Esta é na verdade a melhor opção para quem pode e quer usar a bicicleta como transporte. Maridão opta pela bike às vezes durante o verão enfrentando 60km de viagem entre de ida e volta. E não, as bikes não são públicas. Mas o que o sistema oferece é uma rede de ciclo-faixas muito bem equipadas e preparadas para a segurança de todos. Caso a pessoa queira usar esta opção e não tenha a própria bicicleta, há bastante lojas que alugam a bike, assim como todo o equipamento necessário. 

A cidade é bem estruturada com muitas vias exclusivas para as bikes. E mesmo quando não há “ciclovia”, os carros respeitam muito os ciclistas. Bicicleta é literalmente vista como uma opção e muito, muito, muito usada por estes lados. Até mesmo nos dias de frio. Além disso, é uma boa alternativa para a saúde e o bolso, e claro, o meio ambiente agradece.

Mesmo para quem não é super atleta, é possível combinar a bike com qualquer outro transporte público. Então caso você não queria fazer o percurso todo, apenas parte dele, pode-se completar a viagem usando ônibus, trem, metrô e até mesmo o seabus. Se você é um ciclista profissional mas não está disposto a enfrentar a chuva no final do dia, basta coloca-la em um dos outros transportes públicos e voltar para casa.

O fato é que a bicicleta é vista como parte do sistema de transporte público e, portanto, respeitada em todos os sentidos, incluindo sinalização exclusiva, regras de trânsito e combinação com outros transportes.


PETs NO TRANSPORTE PÚBLICO


Sim, é possível levar o seu pet junto de você no transporte público. Mas isso não inclui todos, sobretudo a minha amada Jesse. É obrigatório o uso de kennel e, portanto, os de grande porte acabam sendo meio complicado de transportar. Não imagino eu levando uma Golden Retreiver no trem, até porque eu mesma não conseguiria carregá-la com os seus poucos 40kg (rsssss). 

Não há restrição de horário, mas é recomendado evitar os horários de picos para a segurança de todos, incluindo o do amigo peludo. Caso o fiscal entenda que o transporte não é apropriado, ele tem o direito de impedir a viagem do Pet. Por isso, apesar de ser considerado permitido, acho meio arriscado tentar andar com algum animal de estimação no transporte público. Claro que esta regra não se aplica para animais de assistência, que tem os meus direitos das pessoas, ou seja, podem utilizar todo e qualquer transporte da rede pública.

APPs

São várias as alternativas para se locomover por Metro Vancouver. Neste momento você deve estar imaginando: "e ela reclamando (...)". Na verdade não estou 100% insatisfeita, apenas acho que poderia ser melhor para estar de acordo com o país e a cidade, sobretudo se comparado à outras metrópoles canadenses como Toronto e Montreal. Mas enfim... 

No meio de tantas opções, inicialmente pode parecer tudo meio confuso. Mas fique tranquilo, tudo o que você precisa fica facilmente ao seu alcance, na palma da sua mão, ou melhor, no seu celular. É isso mesmo, a Translink oferece um aplicativo muito bom para o celular. Nele, basta inserir origem, destino e horários pretendidos que o App apresenta uma porção de alternativas de transporte, rotas e preços. Então, é só dar o download gratuitamente e planejar o percurso. E assim, os vancouverites, visitantes, turistas, imigrantes e toda população circulam por Metro Vancouver através do transporte público.

Abaixo, umas imagens dos transportes usados na região...

SkyTrain
West Coast Express
Seabus
HandyDart
Bike no ônibus

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